A disputa do asfalto da José Bonifácio

Por Daiane Menezes

Indígenas disputam espaço com feirantes.

O convívio na Redenção entre índios e brancos não tem sido tranqüilo. Os feirantes reclamam que os indígenas ocupam espaço além do permitido e comercializam produtos não-artesanais, o que é proibido pelo regulamento do Brique. Eles chegam a acusar os índios, que justificam a situação, de terem virado camelôs.
O vice-cacique caingangue, Cláudio, diz que “eles estavam reclamando que o material não estava sendo muito natural”. Mas explica: “Muitos não têm mais o material que tinham nas aldeias. Se não tem casca tem que fazer com linha, se não tem linha, faz com arame”. Ao observar as bancas dos índios, percebe-se que algumas têm todos os seus artigos feitos à mão, ainda que alguns comprem sementes por não conseguirem colhê-las. Vendem-se brincos com penas, correntes e pulseiras, tapetes e bolas de cipós, balaios e cestas, suporte para panelas e casas de passarinhos, cobras, corujas e felinos pintados.
Existem, no entanto, bancas que vendem também produtos industrializados, como prendedores de cabelo de plástico e correntes de metal. Cláudio admite que isto acontece, mas “mais com os índios que trabalham também na Praça da Alfândega durante a semana”. Ao parar ao lado de uma dessas, vê-se que os possíveis compradores perguntam mais freqüentemente por uma pulseira industrializada de dadinhos ou uma corrente de metal do que pelos artigos feitos de sementes. Tudo o que os índios parecem fazer é adaptar-se a lei da oferta e da procura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *