Justiça impede inauguração do Camelódromo

Por Pedro Lauxen
Uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público do RS impediu que o Camelódromo fosse inaugurado nesta segunda-feira, 26, como estava previsto. A medida do MP prevê que a prefeitura só possa inaugurar o empreendimento após obter a carta de habitação – o Habite-se – e a licensa do Corpo de bombeiros. Como a justiça acatou o pedido e os documentos necessários ainda não foram expedidos, fica adiada por tempo indeterminado a abertura do Centro Popular de compras aos consumidores.
O Corpo de Bombeiros fez uma vistoria na tarde de domingo e detectou alguns problemas estrururais, como a existência de um degrau na saída de emergência. Além disso, a corporação recomendou a instalação de válvulas de gás. Somente depois de cumprir as exigências, o camelódromo ganhará o alvará dos bombeiros.
Erguida sobre o terminal Rui Barbosa, a construção abrigará 800 lojas alugadas pelos comerciantes populares que hoje ocupam vários pontos do centro da capital.

Espaços vão ganhando identidade.

Projetada para retirar das ruas os vendedores informais, a obra conta com três pavimentos, incluindo o terminal de ônibus totalmente remodelado. No segundo andar, as bancas dos antigos camelôs e a praça de alimentação. O terceiro piso está reservado para o estacionamento para 216 veículos e um restaurante com vista para o Lago Guaíba.
Praça de alimentação já está em fase de

ÚLTIMOS DETALHES
Os proprietários fazem os últimos retoques nos seus espaços, na expectativa pelo início do trabalho no novo endereço. Leonel Dobre Costa, 53 anos, está ultimando os detalhes da sua banca de artigos religiosos. Artesão como a esposa Lolita e os três filhos, Costa vai se mudar da frente da Rodoviária – aonde vendia seus trabalhos há oito anos – para o camelódromo. Nos últimos dias, está dividido entre as vendas no antigo ponto e os ajustes no estabelecimento quase pronto. Pega o ônibus em alvorada às 6h, desembarca em POA uma hora depois e começa o rodízio entre os negócios, a marcenaria e a pintura. Entre uma pincelada e outra nas prateleiras da loja 564, ele se mostra entusiasmado com a novidade. “Somos privilegiados. Pra mim essa é a plataforma do progresso”, define.
Leonel faz os últimos retoques na loja

Na área da alimentação, Vilson José da Silveira também está ansioso. Morador do bairro Floresta, ele tinha uma lanchonete no terminal Mauá e se sentiu traído quando recebeu a informação de que deveria desocupar o local e alugar um lugar no novo prédio. “O espaço era bem maior e eu tinha licença por dez anos. Completados sete tive que sair”. Mesmo tendo que investir R$10 mil para equipar sua banca e pagar mais R$2 mil de aluguel (fora da praça de alimentação o valor cai para R$500), Silveira já está se acostumando com a idéia. “Estou apostando tudo aqui, tenho boas expectativas. O lugar é organizado, tem segurança”, explicou.
Vilson iniciou as atividades mais cedo

NOVA REALIDADE
Coordenador da Comissão dos vendedores da Praça XY, José Montaury e Vigário José Inácio, que será dissolvida após a inauguração do Camelódromo, Alfonso Linberger acompanhou todos os detalhes do projeto. É provavelmente a pessoa que mais conhece o local e suas particularidades. Por isso, é também mais requisitado. “Alfonso, quando vai inaugurar?” é a pergunta mais escutada por Linberguer nos últimos dias. Nem mesmo ele, que tem trânsito livre na Smic, é capaz de respondê-la.
Voto vencido na época da votação da proposta, Linberger decidiu que seu papel seria ajudar os companheiros na transição. “Assimilei a derrota e resolvi colaborar no processo todo. O pessoal tem que se adaptar a essa realidade diferente. Não teremos mais o consumidor eventual, agora vai funcionar diferente e todos precisam entender isso”, frisou.
FUTURO DO CENTRO
Após a inauguração do CPC, fica proibido todo e qualquer comércio de rua no centro da cidade. Para o secretário da Smic, Idenir Cecchin, a medida vai funcionar porque haverá fiscalização rígida. “Não vai ter. Se alguém teimar vai perder a mercadoria e pagar multa.”, disse. Além disso, acredita que próprios donos de bancas no camelódromo devem colaborar neste sentido. “Eles serão nossos aliados, pois também não querem ninguém na rua”.

0 comentário em “Justiça impede inauguração do Camelódromo”

  1. Parabéns Pedro, até agora não tinha lido, em nenhum lugar, a data oficial de abertura do camelódromo. Os porto alegrenses esperam pra ver como vai ficar a situação dos ambulantes nos próximos tempos.

  2. A princípio me espantei com o valor 15 milhões. Mas abrigando 800 lojas, com dois pisos, praça de alimentação, estacionamento, justifica e muito.
    Investimento de R$ 18.750,00 pra cada camelô. Legal!
    Boa sorte pro pessoal que irá trabalhar lá, como o senhor Vilson José!

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