Elmar Bones
O presidente da Aracruz, Carlos Aguiar, disse nesta quarta-feira que as negociações com a Votorantim não devem influir nos três grandes projetos de silvicultura e celulose programados para o Rio Grande do Sul e que totalizam investimentos de US$ 4,5 bilhões.
“Quem decide essas coisas é o mercado”, afirmou Aguiar. “Se forem mantidas as tendências atuais, os três projetos irão em frente, se o mercado mudar nos próximos dois ou três anos, eles podem ser revistos”.
Até o momento, apesar da desaceleração da economia chinesa e da crise americana, o mercado mundial de celulose se mantém aquecido, com demanda crescente e, portanto, com espaço para aumentos de produção. “Há lugar para todos os projetos em andamento no Brasil”, disse o executivo.
Quanto ao negócio entre as duas gigantes da celulose nacional, o que ocorreu até agora, segundo Aguiar, foi uma proposta do grupo Votorantim para comprar as ações da Aracruz que pertencem ao grupo Lorentzen.
Erling Lorentzen, empresário norueguês, hoje com mais de 80 anos, é um dos fundadores da Aracruz e tem 28% do capital da empresa, pelos quais a Votorantim Celulose e Papel (VCP) ofereceu R$ 2,7 bilhões.
A proposta foi aceita, mas a conclusão do negócio depende da anuência do outro sócio controlador, o Banco Safra, que também tem 28% do capital da Aracruz e pelo contrato de acionistas tem preferência na compra das ações.
Segundo Aguiar, o banco pode simplesmente manter sua posição atual e deixar que a VCP, que já tem 28% das ações da Aracruz, se torne controladora. Mas pode também o Safra exercer o direito de preferência e se tornar o controlador da empresa.
Pode ainda ocorrer um acordo entre o Safra e a Votorantim para fundir Aracruz e VCP, dividindo ambos o controle. Não é descartável, ainda, segundo Aguiar, a hipótese de o Safra preferir vender também a sua parte na Aracruz para a VCP, que ficaria sozinha no negócio.
O Safra têm até o dia 4 de novembro para se manifestar.