100 DIAS DE DILMA E TARSO: O QUE HÁ EM COMUM?

Elmar Bones
Os altos índices de aprovação que ambos registram são ainda reflexos da eleição. Só podem surpreender àqueles que acreditam no que a mídia tem dito, tanto lá como cá.
O problema da mídia é o mesmo de todos nós: uma certa perplexidade diante da nova realidade política do país. Não é fácil enxergar o novo.
Na mídia é mais grave porque de certa forma todos nós dependemos dela para entender o que está acontecendo.
Ela tem raízes mergulhadas no passado que o país quer superar. As lentes que está usando para olhar o presente estão contaminadas pelo mofo do velho regime.
Por isso não conseguiu (não quis) entender a candidatura Dilma Rousseff e apostou do início ao fim na sua inviabilidade. Deu com os burros nágua, na mais fragorosa derrota que sofreu, depois da crise do mensalão.
Por isso não entende os movimentos do novo governo.
O mesmo se dá com o governo de Tarso Genro, no Rio Grande do Sul. Para avaliar os seus cem dias, ponderam medidas e ações administrativas, contabilizam investimentos, soluções imediatas.
Fica em segundo plano o que é essencial no governo Tarso: o seu projeto de conciliação política, que nem chega a ser uma proposta nova. É uma demanda que o eleitorado já expressou.
Germano Rigotto já ganhou uma eleição com esse discurso. Yeda Crusius também deve sua vitória, em grande parte, ao fato de ser uma alternativa ao confronto naquele pleito.
Por razões diversas, nenhum dos dois levou à prática aquilo que o eleitorado esperava – uma verdadeira concertação no campo político, indispensável para que o Estado possa avançar.
Fazer aqui o que Lula fez no Brasil – criar um bloco hegemônico pluriparditário para viabilizar um projeto de desenvolvimento de longo prazo.
Tarso entendeu isso claramente e a novidade de seu projeto é que ele conseguiu convencer setores importantes do PT gaúcho a abrir mão do seu irredentismo.
Seu desafio principal é, em primeiro lugar, manter aglutinadas as forças políticas que o elegeram e, em seguida, ampliar essa base aproveitando a força indutora da aprovação popular.
Já Voltamos.