Adesivos nas vitrines mostram a preocupação dos lojistas (Fotos: Carla Ruas/JÁ)
Carla Ruas
Desde que os moradores da rua Marquês do Pombal conseguiram alterar a rota do Conduto Àlvaro Chaves-Goethe para salvar as árvores que formam o “túnel verde”, os comerciantes da avenida Cristóvão Colombo, entre Dr. Timóteo e Félix da Cunha, começam a se organizar com o mesmo objetivo.
Os lojistas temem que o bloqueio da pista e as escavações na rua afastem a clientela. “Se a minha calçada ficar esburacada durante o segundo semestre vou ter que fechar” avisa o proprietário da loja Raízes Livraria e Diskeria, Edison Freitas. Ele é um dos organizadores do movimento composto por cerca de 20 pessoas empresários da regiãio.
O grupo está se reunindo uma vez semana para planejar ações, já iniciou um abaixo assinado, e expôs faixas e adesivos nas vitrines e nas fachadas, com os dizeres: “Sim ao comércio da Cristóvão. Não ao conduto”. A idéia´é entregar o manifesto ao prefeito nos próximos dias.
Apesar do protesto, Freitas diz que é a favor do projeto. “Sou porto-alegrense, sei que vai ser bom para a cidade, que vai diminuir os alagamentos. Mas temos que pensar primeiro nas pessoas, nos seus empregos. Se o movimento despencar, as demissões serão inevitáveis”. A solução proposta pelo movimento é que a Prefeitura espere até janeiro para começar a obra. “No verão, nosso movimento cai 50%”.
Apesar da pressão, o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) divulgou nota oficial informando que não existe a possibilidade de alterar novamente o trajeto ou atrasar o cronograma da empreitada. No projeto original, esse trecho da Cristóvão Colombo, entre Dr. Timóteo e Félix da Cunha, já estava na lista das vias que sofreriam a intervenção.
Freitas mostra o abaixo-assinado que será entregue ao prefeito
A única diferença causada pelo desvio da Marquês do Pombal é a maior profundidade dos buracos. “O tempo do trabalho será o mesmo, o encanamento segue com 1,20 metro de diâmetro. A novidade é construção de galerias pluviais”, explica o diretor-geral do DEP, Ernesto Teixeira. A previsão é o trabalho demore 60 a 70 dias. Nesse período, uma pista da avenida será bloqueada.
O DEP enfatiza que é essencial a passagem do conduto pela Cristóvão Colombo, o que permite que a água seja levada ao Lago Guaíba por pressão. Para esclarecer o caso para os moradores, empresários e trabalhadores da região, uma reunião está marcada para a quarta-feira 21 de junho, às 19h30, na Associação Cristóvão Colombo (Rua Câncio Gomes, 786).
O conduto é a maior obra de drenagem urbana dos últimos 30 anos em Porto Alegre. Teve início em 2 de maio de 2005. O objetivo é controlar os alagamentos em pontos críticos de nove bairros da Capital, como a avenida Goethe. Com investimento de R$ 43,1 milhões, tem financiamento de 66% do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e 34% de contrapartida da Prefeitura. O trabalho deve durar 24 meses para ser concluído.