O mico do grupo X pode pesar nas eleições?

Foi feio o tombo de Eike Batista, cuja petroleira OGX acaba de pedir concordata, mas se engana quem acha que ele faliu de todo. Suas outras empresas ainda não afundaram. Estão à deriva, cercadas por tubarões e urubus.
Sim, o megalômano filho de Eliezer Batista “perdeu” em poucos meses mais de 90% de sua hipotética fortuna, estimada, poucos anos atrás, em US$ 30 bi. Foi um baita tombo, mas nosso “sifu made man” está peleando pra não morrer. Certamente vai sair do vendaval com pelo menos US$ 1 bilhão. Duvida? A gente conversa ali adiante.
Enquanto isso, o jornal inglês Financial Times disse que a queda de Eike envergonhou a presidenta Dilma Rousseff, que dera força a seus projetos nas áreas de petróleo, mineração, energia e logística.
De fato, o caso arranha a credibilidade da política econômica do governo, que aposta desesperadamente em investimentos de infraestrutura. Mas daí a tirar votos de Dilma em sua campanha pela reeleição…só se a oposição for muito mais inteligente do que o governo.
É verdade que todo governo tem seus aliados e heróis no mundo empresarial, mas a transfiguração do astro em vilão não significa que ele mereça ser abandonado ou fuzilado.
O fato é que, além de seduzir o governo, o diabo do homem engambelou centenas de especuladores que acreditaram em seus projetos de infraestrutura, todos de longa maturação.
Isoladamente, são projetos aparentemente viáveis. Eles preenchem alguns elos faltantes de certas cadeias econômicas… O x do problema é que, juntos, formaram um bolo enorme que ficou carente de sustentação cotidiana.
Por incrível que pareça, o mega Eike esqueceu que precisava de receitas enquanto os seus grandes negócios não davam resultado. A barca fez água antes de chegar ao outro lado, mas é claro que ainda pode ser resgatada, só que por um valor bem abaixo do que acreditaram os espertos “experts” do mercado financeiro. Bem feito para todos.
Ainda que não dê bandeira e aja como quem não tem nada a ver com o peixe, o governo não pode esquecer os projetos. Até porque o BNDES é sócio e credor deles. A maior dificuldade talvez seja convencer Eikinho de que ele não pode tudo e precisa – precisa! – compatilhar a gestão de seus belos empreendimentos. Um bom sinal é que o pedido de recuperação judicial (novo nome da concordata) foi assinado pelo competente advogado Sérgio Bermudes.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“O órgão mais sensível do corpo humano é o bolso”
Delfim Netto