Público na Expointer já supera os dois últimos anos

Nos dois primeiros dias de feira, até as 17 horas de domingo, 119.558 pessoas haviam ingressado para conhecer as novidades da maior feira do agronegócio da América Latina. Supera os dos dois últimos anos da feira, no mesmo período.
Os portões da Expointer estão abertos das 9h às 20h até o próximo domingo (07/09). Os ingressos custam R$ 12,00 para a entrada inteira, R$ 6,00 para estudantes e R$ 30 para veículos, com direito à entrada do motorista.

Um parque para os negócios do campo

Por Geraldo Hasse |

A 37ª. Expointer que começa no fim de agosto vai ser um teste decisivo para o projeto de transformar o Parque Estadual Assis Brasil num grande centro de eventos ligados ao agronegócio, com atividades permamentes em seus 141 hectares.
O projeto, já em andamento, prevê a construção de um agroshopping, um hotel, um centro tecnológico e um centro educacional agrorural.
Tudo em regime de parceria público-privada – o Estado cede os espaços, os empreendedores privados ocupam e exploram os negócios.
“Já existem interessados, inclusive de capital internacional”, garante Adeli Sell, subsecretário da Agricultura, responsável pelo parque.
Dois contratos já foram fechados com a concessão de duas das maiores áreas do parque de Esteio parque de Esteio para a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e o Sindicato da Indústria de Máquinas (Simers).
Com os quatro grandes espaços a serem concedidos por 25 anos, renováveis por outro tanto, o subsecretário espera completar a “transição para a sustentabilidade” iniciada este ano com as duas concessões já contratadas.
Responsável por uma das principais atrações da Expointer – as finais do Freio de Ouro, disputado por cavalos da raça crioula –, a ABCCC vai cobrir a arena de provas, de modo que a partir dos próximos anos, em caso de chuva, cavalos e ginetes ficarão livres das poças d’água e da lama.
Somado a obras de infraestrutura a serem feitas pelo governo do Estado, o investimento previsto para a área de 7,5 hectares da ABCCC é de R$ 15 milhões. O cavalo crioulo representa a grande maioria do rebanho equino gaúcho, estimado em 4,6 milhões de animais.
Cláudio Bier, presidente do Simers, apresentou recentemente ao governador Tarso Genro um esboço da estrutura que pretende construir dentro dos 12,4 hectares reservados às máquinas no parque, mas admite que depende de conversas com os grandes fabricantes que todo ano expõem em Esteio.
O Simers possui 160 associados, entre eles as norte-americanas John Deere e a Agco, as maiores fabricantes de tratores e colheitadeiras do país, ambas com fábricas no Rio Grande do Sul.
Como tradicionalmente montam estandes onerosos na Expointer, esses gigantes e os fabricantes menores, como as nacionais Agrale e Tramontini, com seus tratores para a agricultura familiar, provavelmente vão investir na construção de estruturas permanentes que poderão ser usadas durante todo o ano, de forma compartilhada, com revendas regionais.
O investimento previsto na área do Simers é de R$ 25 milhões.

Prefeito Gilmar Rinaldi Esteio visitou em maio as obras da Unibraspe, empresa paranaense de logística de combustíveis instalada junto à refinaria Alberto Pasqualini / Foto Divulgação PM Esteio / Divulgação
Prefeito Gilmar Rinaldi Esteio visitou em maio as obras da Unibraspe, empresa paranaense de logística de combustíveis instalada junto à refinaria Alberto Pasqualini / Foto Divulgação PM Esteio / Divulgação

Independentemente do encaminhamento desses grandes projetos, o parque de Esteio tende a evoluir para a operação permanente durante todo o ano e não apenas sazonalmente, com grande destaque para a Expointer, no final de agosto.
Desde março o parque está sendo aberto ao público nos fins de semana. Em dias de sol, milhares de pessoas ocupam as áreas verdes.
A direção promete criar atrações para que a população regional tenha uma nova opção de lazer.
Está decidido que a “casa branca”, antiga sede fazenda existente no local, será transformada no museu da agricultura e da pecuária do Rio Grande do Sul.
Também será implantado o Brique de Esteio. No inicio de novembro será realizado ali a November Fest, tendo como protagonistas as cervejas artesanais do RS.
Está previsto também um grande encontro religioso. E uma feira de automóveis. Na realidade, cabe quase tudo no parque. Faltava pique para a inovação.
Segundo Adeli Sell, há diversos interessados na dinamização do espaço administrado desde 1968 pela Secretaria da Agricultura.
A Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios (Apil) poderá construir sua sede dentro do parque. O mesmo pode acontecer com a Associação dos Municípios da Grande Porto Alegre (Agrampal), que precisa instalar em algum lugar sua central de compras.
A expectativa da direção do parque é que lhe seja permitido construir além do gabarito vertical de 16 metros (quatro pisos). “Não há nenhum motivo para que não possam ser construídos prédios mais altos neste local”, diz Sell.
O projeto do “Hotel Expointer” depende expressamente da liberação do gabarito. “Sem problemas”, diz o prefeito Gilmar Rinaldi, seguro de que uma eventual mudança na legislação passa tranquilamente pela Câmara, com 10 vereadores (Esteio tem 84 mil habitantes).
Com mandato até o final de 2016, o prefeito do PT está animado com as mudanças em curso não apenas no Parque Assis Brasil, mas no entorno. A inauguração da BR-448 (Rodovia do Parque), de Sapucaia do Sul a Porto Alegre, mudou o fluxo de veículos da BR-116.
Em maio passado, ele visitou as obras da Unibraspe, a nova vizinha da Expointer. Trata-se de uma empresa paranaense de logística de combustíveis que veio construir tanques de armazenagem perto da Refinaria Alberto Pasqualini.
Primeira ocupante do Loteamento Industrial de Esteio, a Unibraspe comprou 70 hectares de uma das últimas áreas pertencentes a herdeiros da família Kroeff, antiga dona da fazenda existente na região.
O último pedaço, com 600 hectares, foi comprado pela Bolognesi Empreendimentos, que não esconde sua intenção de construir ali, no futuro, condomínios residenciais para a classe média, como vem fazendo em Porto Alegre, Canoas e Cachoeirinha.
Antes disso, ela poderá negociar áreas para projetos comerciais ou industrais.
Para atrair parceiros, ela realiza pequenas obras de infraestrutura para evitar, por exemplo, enchentes como a de 2013, quando as águas de um afluente do rio dos Sinos inundaram boa parte do recinto de máquinas da Expointer.
Mostrando-se boa vizinha, a Bolognesi construiu um dique e um acesso para facilitar os negócios do parque de Esteio.