Brasil pode colher a maior safra de trigo este ano

Fim de agosto e os técnicos já anunciam a possibilidade de o Brasil colher este ano a maior safra de trigo da história. Ainda faltando três ou quatro semanas para o início da colheita no Paraná, onde o cereal é plantado mais cedo, as estimativas falam de 7,5 milhões de toneladas, uns 40% acima do ano passado.
A confirmar-se a boa safra, que se estende normalmente até novembro no Rio Grande do Sul, que planta mais tarde, o Brasil vai precisar importar “apenas” cerca de 4,5 milhões de toneladas de trigo para atender as necessidades nacionais de consumo de farinha, pão, biscoitos, massas e rações.
A queda das importações também é boa notícia, ainda mais num ano em que a Argentina, tradicional fornecedora de trigo, decidiu racionar as exportações para ajudar no combate à inflação interna. Em 2013, o Brasil importou 7,3 milhões de toneladas, pagando 332 dólares por tonelada, a média mais alta dos últimos cinco anos (a mais baixa foi em 2009, quando o Brasil importou 5,4 milhões de toneladas a 221 dólares a tonelada).
O que poderia ser motivo de festa – garantia de pão barato para a população num ano em que o circo foi derrubado pelo furacão alemão – começa a se tornar uma dor de cabeça para os produtores, que vêem os preços caírem abaixo do valor mínimo garantido pelo governo. A Expointer 2014, a partir de sábado (30/8), pode se tornar o muro de lamentações dos triticultores, pois as cenas se repetem.
Um levantamento da Fecoagro/RS reproduzido no volume Radiografia da Agropecuária Gaúcha, publicado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, mostra que entre 1997 e 2012, apenas em duas safras – 2001/2002 e 2009/2010, os preços mínimos superaram os custos de produção do trigo nacional, cuja cotação segue os valores internacionais, historicamente baixos.
Com o sucesso do trigo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aumentou para 193,5 milhões de toneladas a estimativa da produção nacional de grãos na safra 2013/14. Também um recorde.