Começa hoje, no Centro de Porto Alegre, a rodada de cinco encontros regionais em que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) vai apresentar o novo Código de Limpeza Urbana à sociedade, elaborado para adequar os serviços às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos e protocolado na Câmara Municipal em 3 de setembro. As reuniões ocorrerão sempre a partir das 19h, entre hoje e 3 de outubro, nas regiões Centro, Norte, Leste, Sul e Extremo-Sul.
O material de divulgação dos encontros não faz referência ao fato de que o município vem celebrando sucessivos contratos de emergência para manter os serviços de limpeza urbana há quase dois anos (22 meses). Entre os destaques da proposta está o endurecimento da punição para o descarte irregular de resíduos, e determina que 20% das multas serão destinados à educação socioambiental.
“Vamos convidar os vereadores a participarem dos debates para que possam levar as sugestões populares para discussão do Legislativo. Ao fomentar este debate e estimular a participação de todos, pretendemos construir uma cidade mais limpa, ambientalmente sustentável e com melhor qualidade de vida para todos”, disse o diretor-geral do DMLU. André Carús.
O primeiro encontro, hoje à noite, será no auditório da Secretaria Municipal de Educação, na rua dos Andradas, 680. Os próximos serão na Zona Norte (dia 26, na Escola Municipal Grande Oriente do Rio Grande do Sul, na rua Wolfram Metzler, 600, Rubem Berta), na Zona Leste (dia 1o de outubro, no auditório da Escola Estadual Padre Rambo, na av. Bento Gonçalves, 1731), Extremo Sul (dia 2, no CTG Lanceiros da Zona Sul, rua Olavio José de Souza, 469, Belém Novo), e Zona Sul (dia 3, no auditório do Centro de Educação Profissional São João Calábria, rua Aracaju, 650, Nonoai)
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Primeira audiência pública sobre a lei do lixo
Os municípios do Vale do Sinos, Vale do Caí, do Paranhana e a região metropolitana de Porto Alegre terão no dia 19 a primeira audiência pública regionalizada sobre a adequação à “Lei do Lixo” (nº 12.305), sancionada pelo ex-presidente Lula em agosto de 2010.
Pela lei, as cidades teriam que eliminar os lixões a céu aberto ainda este ano e introduzir a coleta seletiva. Na prática, a própria Fepam acha impossível cumprir o prazo. Hoje, são menos de dez os municípios que se dizem adequados. Mesmo nesses, como Porto Alegre, há ajustes a fazer.
Os municípios do Vale do Sinos, Vale do Caí, do Paranhana e a região metropolitana de Porto Alegre terão dia 19 a primeira audiência pública regionalizada sobre a adequação à “Lei do Lixo” (nº 12.305), sancionada pelo ex-presidente Lula em agosto de 2010. Será na Feevale, em Novo Hamburgo.
Recém-instalada na Assembleia, para trabalhar por 120 dias, a Subcomissão dos Planos Municipais de Resíduos Sólidos ainda não tomou pé. Nesta quarta-feira (4), o coordenador, deputado Giovani Feltes (PMDB), participa da reunião do Condimma (Conselho dos Dirigentes Municipais do Meio Ambiente).
Pretende traçar um panorama de como cada prefeitura está se adaptando, mapear quais precisam de auxílio e difundir as boas experiências que estão em andamento.
O lado sujo da modernidade
O leigo que assiste a uma palestra ou debate sobre gestão do lixo certamente fica impressionado com o conhecimento técnico, o aparato legal e o vocabulário dos que lidam com o assunto. Na teoria, parece haver solução para qualquer problema relacionado com resíduos. Na prática, em toda cidade brasileira a gestão do lixo ainda é um deus-nos-acuda.
Tomemos um exemplo elementar do progresso da terminologia lixal: todo mundo já sabe o que é embalagem descartável, coleta seletiva e reciclagem de lixo, mas o leitor imagina o que vem a ser “logística reversa”?
Pois, embora não pareça e quase ninguém desconfie, esta é uma das chaves da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que está em implantação pelo Ministério do Meio Ambiente, depois de permanecer 21 anos em tramitação no Congresso.
“Logística reversa”, para não deixar pergunta sem resposta, é o nome do esquema para que as embalagens poluentes, ao contrário das descartáveis, voltem às fontes de produção.
Na aparência, uma beleza. Na realidade, um jogo de empurra que faz parte do costume nacional de jogar a sujeira nos rios e nas ruas, quando não para baixo dos tapetes.
Toco de cigarro, papel de bala, jornal velho, garrafa vazia, pneu careca: quase tudo ainda é descartado irresponsavelmente. Todo mundo ainda se comporta como se o lixo não fosse um problema comunitário, mas um dever das administrações públicas. É por causa dessa mentalidade arcaica que as nossas fontes d’água estão poluídas.
O comportamento individualista é visível nas atitudes mais elementares. Por exemplo, mesmo em cidades com leis que mandam os donos de cachorros recolherem as fezes dos seus animais domésticos, os transeuntes vivem pisando em cocô canino nas calçadas. É um resíduo do tempo da escravidão, quando havia uma criadagem sempre pronta a tirar a sujeira do caminho.
Mestre em recursos hídricos e diretor de ambiente urbano do MMA, o engenheiro Silvano Silvério da Costa tem viajado pelo país para participar de audiências públicas, nas quais tenta demonstrar que o maior desafio da Lei dos Resíduos Sólidos é acabar com os lixões e implantar os aterros sanitários controlados até 2014.
Numa entrevista dada em setembro ao portal EcoDesenvolvimento.org, Costa esclareceu que a prioridade da logística reversa é organizar o retorno das embalagens de medicamentos, óleos lubrificantes, eletroeletrônicos e lâmpadas de vapor de sódio e mercúrio. Já funciona razoavelmente a logística reversa de pilhas e embalagens de agrotóxicos. Também está organizado o esquema de reciclagem de óleos lubrificantes, um trabalho iniciado em 1989.
Segundo a engenheira química Carmen Níquel, da Fepam-RS, há no Brasil 500 pessoas habilitadas para lidar com a reciclagem de óleo lubrificante usado. “Óleo usado é o primo rico da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, diz a engenheira. Ainda assim, junto com o óleo comestível descartado nas pias domésticas e em restaurantes, os lubrificantes são responsáveis por 10% da poluição. Ou seja, os resíduos não param de encher o buraco negro da vida moderna.
O governo federal promete aportar recursos para que municípios e estados eliminem os lixões e incrementem a coleta seletiva do lixo, de modo a aumentar a reciclagem no país, o que implica a reorientação profissional dos catadores que ciscam nos lixões.
Nos últimos dez anos, segundo Silvano Silvério da Costa, mesmo sem investimentos públicos e sem uma lei específica, já houve uma redução dos resíduos que iam para os lixões e um aumento dos que vão para reciclagem. Em 2000, 35% dos resíduos gerados acabavam em aterros. Em 2008, este índice saltou para 58%.
Os números indicam progresso, mas é inegável que a gestão de resíduos sólidos ainda funciona precariamente em todo o país. A maior dificuldade é a implantação de aterros em pequenos municípios, justamente os mais atrasados nesse aspecto. Como não se pode implantar aterros em todos os municípios, será facilitada a criação de consórcios intermunicipais.
Uma coisa é certa: a gestão do lixo não pode ficar no fim da fila das prioridades governamentais. Por trás de cada montanha de lixo construída numa comunidade, existe uma arapuca sanitária.
* Catador de notícias recicláveis
LEMBRETE DE OCASIÃO
“A roda (do lixo) só gira se for viável economicamente”
Eduardo Torres, técnico veterano em gestão ambiental no Rio Grande do Sul
Terça Ecológica discute o futuro da gestão do lixo
As cidades brasileiras estão diante de um novo desafio ambiental: elaborar seus planos de gestão do lixo urbano, depois que a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi finalmente aprovada, em agosto de 2010. Também as indústrias e o comércio terão que se adequar.
A lei nacional estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, o que envolve fabricantes e seus fornecedores, importadores, distribuidores e comerciantes, além dos consumidores e dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Só em Porto Alegre, a média diária por habitante é de quase um quilo, quase 1,4 tonelada de resíduos recolhidos na cidade diariamente.
O debate sobre a situação na capital, e como esta lei está repercutindo no Estado, será o tema da Terça Ecológica deste dia 21, evento do NEJ (Núcleo dos Ecojornalistas do RS), este mês realizado em parceria com o Jornal JÁ.
Os convidados são a engenheira química da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Carmem Níquel, o repórter e editor do Coletivo Catarse, André de Oliveira, e o diretor técnico do Instituto Venturi para Estudos Ambientais e diretor da Consulte Ambiental, Eduardo Mc Mannis Torres.
Carmem Níquel trabalha há 30 anos na Fepam e atua no serviço de licenciamento de atividades industriais em implantação; André de Oliveira é um dos responsáveis pela produção do vídeo sobre lixo doméstico, a ser exibido durante o evento; e Eduardo Mc Mannis Torres é engenheiro químico com larga experiência em gestão ambiental.
A Terça Ecológica é um evento mensal do NEJ-RS, realizado desde 1994. O evento de hoje será no auditório pequeno do Instituto Federal Rio Grande do Sul (ex-Escola Técnica), na Ramiro Barcelos, 2777, às 19 horas, com entrada franca.
Conteiners para lixo serao instalados em 11 bairros
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) está em contagem regressiva para a implantação da coleta automatizada do lixo através de contêineres em uma área piloto da cidade.
Na primeira etapa da modernização, cerca de 9% da população será contemplada.
O edital de licitação foi publicado no dia 9 de dezembro. Os envelopes de habilitação serão abertos em 12 de janeiro, e o resultado será divulgado no dia 20.
A previsão é de que a empresa vencedora da concorrência instale 1,2 mil contêineres para a coleta de lixo domiciliar em 11 bairros a partir de junho.
A população de Porto Alegre, em especial os 123.600 habitantes que utilizarão diretamente o novo serviço, será informada e esclarecida dos detalhes da mudança através de uma ampla campanha de divulgação.
As informações começam a ser divulgadas com 30 dias de antecedência e ao longo dos primeiros 30 dias de uso da nova coleta, inclusive para deixar bem claro que, por enquanto, a coleta seletiva não mudará.
Área-piloto – A área de implantação do projeto-piloto da nova coleta domiciliar será limitada pelo Guaíba a oeste, pelo Arroio Dilúvio a sul, pelas avenidas Silva Só e Goethe e pela rua Dr. Timóteo a leste, e, a norte, por um contorno que, da Dr. Timóteo, irá pela Cristóvão Colombo até a Ramiro Barcelos e desta para a Voluntários da Pátria e Conceição, até a Mauá.
Os contêineres de dois tamanhos diferentes – 2,4 mil litros e 3,2 mil litros – estarão distantes no máximo 100 metros um do outro e ficarão estacionados (75%) na via pública, ocupando o espaço semelhante ao de um automóvel. Apenas 300 contêineres precisarão ficar sobre calçadas, por falta de estacionamento em determinadas vias.
As vantagens imediatas da coleta de lixo domiciliar em contêineres – aos moldes do que é feito em Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e nas cidades uruguaias de Punta del Este e Montevidéu – serão o desaparecimento quase total dos caminhões de lixo (ficam só quatro) no trânsito dentro desta área de muito movimento de carros, o fim da ação da chuva, do vento e de animais nos sacos de lixo, que poderão ser dispostos nos contêineres a qualquer hora do dia ou da noite, e a diminuição da ação de catadores informais. (Assessoria de Imprensa)
Lixo tóxico se espalha e ameaça Rio dos Sinos em Sapucaia
Por Carlos Matsubara
Dezenas de tanques de decantação estão abandonados no local
Dias de chuva forte causam arrepios nos trabalhadores da Central Gaúcha de Transporte, às margens da BR-116 no bairro Três Portas em Sapucaia do Sul. O temor do pessoal de lá e de moradores do entorno é pela iminência de mais um desastre ecológico no Rio dos Sinos. “É impossível não se lembrar da mortandade de peixes de 2006”, diz um deles. O medo é justificado pelos 30 mil metros cúbicos de um tipo de lixo industrial que está espalhado no terreno dos fundos da empresa e em dois açudes próximos. A visão é desoladora. Com uma chuva mais intensa os açudes transbordam levando suas águas contaminadas para o rio.
No terreno a situação é ainda pior. São montanhas de resíduos como raspas de couro e outros materiais contaminados por cromo hexavalente e espalhadas em uma área de quase um quilômetro até a beira do rio. Fora o que está enterrado em quatro metros de profundidade, contaminando o lençol freático.
Pequenas montanhas de lixo tóxico espalhadas em todo terreno
O cromo hexavalente é reconhecido como um carcinogênico humano e foi muito usado para a produção de aço inoxidável, corantes têxteis, preservação da madeira, curtimento de couro e como anti-corrosivo. Por seus altos níveis de toxicidade, tem sido substituído por alternativos.
No caso de Sapucaia, o lixo tóxico é um passivo ambiental deixado pelo Curtume WAC, fechado em 1998, cujo terreno foi comprado por Gregório Michelski e Silvio Santos, um homônimo do famoso apresentador, mas que não falam sobre o assunto. Um dos vizinhos do lixão diz que o caso já foi parar até no Ministério Público e na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), mas que nenhuma providência foi tomada. A Fepam apenas estipulou que os proprietários devem limpar a área, o que custaria a bagatela de R$ 3 milhões. Muito mais do que vale todo o terreno.
Mortandade de peixes
Os açudes transbordaram alguns dias antes da maior tragédia ambiental do Estado, quando em oito de outubro de 2006 mais de 80 toneladas de peixes mortos foram encontradas num local bem pertinho dali, entre Sapucaia e Portão. Como suas lonas de politileno já perderam a validade há tempos, além de transbordar, os açudes também vazam periodicamente. E a parede de pedras-lajes, colocadas para reforçar a segurança, foram retiradas por invasores que as utilizam para pavimentação de uma pequena vila atrás dos trilhos do trem.
Água contaminada escorre aos poucos para arroios vizinhos
Um pouco mais em direção à BR estão os cinco tanques de decantação, que serviam na etapa de tratamento dos efluentes do curtume. Dois deles ainda estão cheios com uma água densa de cor azul-esverdeada. À primeira vista parece uma água parada com limo, mas o cheiro que exala dela é, certamente, de algo muito mais sujo.
SESC Redenção recolhe óleo de cozinha usado
A unidade do SESC Redenção, em parceria com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), implantou um novo ponto de recolhimento de óleo de cozinha usado na sua sede da Avenida João Pessoa, 835, no bairro Cidade Baixa.
De acordo com Roberta da Silveira Pinto, monitora do programa de reciclagem de óleo de cozinha do SESC, o objetivo é colocar um serviço à disposição da população para destinar o óleo de fritura usado de forma adequada.
Em Porto Alegre são recolhidos em torno de 3.000 litros por mês em 56 pontos de coleta espalhados pela cidade. O óleo recolhido pelo SESC será transferido para quatro empresas, que fazem a reciclagem e dão a destinação correta. A Oleoplan S.A., indústria que atua no processamento de óleos vegetais, com sede em Veranópolis, é uma delas. Ela faz o recolhimento do óleo nos postos do DMLU e nos restaurantes de Veranópolis, transformando-o em biodiesel.
Os danos do óleo de cozinha
O óleo de cozinha usado é menos denso que a água, e não se dilui ao entrar em contato com a mesma. Além disso, é muito ácido. Ao ser colocado nas redes coletoras de esgoto, provoca a retenção de sólidos, entupimentos e problemas de drenagem. Nos arroios e nos rios, dificulta a troca de gases entre a água e a atmosfera, causando danos aos animais, pois forma uma camada e não permite a entrada de luz. Cada litro de óleo contamina até 20 mil litros de água.
Mais informações pelos telefones (51) 3226.0631/ 3211-0661
ou email: sacredencao@sesc-rs.com.br
Capital poderá ter fundo para retirar carroceiros das ruas
Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ
Porto Alegre é uma cidade com boa fama, pode-se dizer assim. Possui atrativos dignos de serem conhecidos como museus, teatros, parques, além da costumeira hospitalidade dos pampas. Alguns são bem manjados como o pôr do sol do Guaíba. Mas também é conhecida pelos inúmeros carroceiros que perambulam pelas ruas atrás das sobras dos outros como forma de sobrevivência.
Ainda que prestem um serviço informal de coleta de lixo, causam polêmica, principalmente com os protetores dos animais que se incomodam com os maus-tratos impostos aos cavalos. Estimativas dão conta de que esses catadores informais recolham cerca de 500 toneladas por dia de lixo das ruas da cidade.
Em junho deste ano a Câmara de Vereadores aprovou um Projeto de Lei, de autoria de Sebastião Melo (PMDB), que prevê o fim da circulação de veículos de tração animal em oito anos.
O que causou preocupação foi uma emenda de última hora do vereador Beto Moesch (PP) que incluiu na lei a eliminação dos veículos de tração humana com objetivo de incluir também os chamados carrinheiros. Conforme Alex Cardoso, integrante do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCT), a medida com a emenda pode afetar mais de 80 mil catadores, com e sem cavalo.
Aprovada um pouco antes das eleições municipais a lei tem todo jeito de quem jogou pra torcida, já que no papel garante renda e ocupação a essa mão-de-obra toda que ficará sem função. Cardoso lembra o óbvio de que nem tudo o que está previsto em lei é cumprido e que, por isso, a nova legislação não é garantia do sustento dos catadores e de suas famílias.
O catador ainda levanta uma questão. Se os catadores informais vão sair das ruas, quem irá fazer este serviço? Segundo ele, ao retirar esse pessoal, uma empresa privada irá ocupar a vaga. Hoje a prefeitura gasta em torno de R$ 250 por tonelada.
Construção Civil pode ser destino de catadores
Nesta semana um outro Projeto de Lei foi protocolado nessa direção. O autor Adeli Sell (PT) diz que seu projeto prevê a criação de um Fundo que garantirá recursos para cursos de capacitação e reciclagem de mão-de-obra para inserção dos catadores no mercado de trabalho em outros setores como o da construção civil e segurança. Conforme o político são dois setores que reclamam reiteradamente da falta de pessoal qualificado. “Não adianta criar leis que exijam a retirada deles sem oferecer uma alternativa real”, diz.
Os recursos poderiam vir do orçamento da prefeitura. Mas para isto ocorrer, é necessário que seja votado até o fim do ano. Algo que o próprio autor admite ser uma tarefa complicada. Caso não seja possível, a prefeitura ainda poderia estabelecer parcerias com a iniciativa privada e organizações não-governamentais para buscar a qualificação e recolocação dessas pessoas no mercado de trabalho.
Adeli lembra que o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) sinalizou diversas vezes que seria parceiro nessa empreitada. Outra entidade que apóia a idéia é o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação, que também necessita de pessoal capacitado para ocupar vagas em aberto.
Prefeito deve sancionar lei
O prefeito-candidato José Fogaça já admitiu publicamente que irá sancionar a lei. Ele gosta de comparar a situação dos carroceiros com a dos camelôs do centro da cidade. Para os ambulantes a solução foi a construção do camelódromo, cuja inauguração está prevista para o fim de outubro.
Conforme a prefeitura, a lei possibilitará a inclusão destas pessoas para outras atividades como a hortifruticultura nas ilhas do Guaíba ou sua continuidade no mercado da reciclagem por meio de cooperativas.
Para o presidente da Associação dos Carroceiros de Porto Alegre (Ascapoa), Teófilo Rodrigues Motta Júnior, a lei não deve ser sancionada. Ele promete continuar nas ruas. “Vamos nos organizar ainda mais agora e continuar trabalhando”, afirma.
Projetos esquecidos
Alardeados como soluções para o problema do lixo em Porto Alegre, três projetos foram completamente abandonados. Conforme o site Máfia do Lixo são eles: “Projeto da Incineração de Lixo”, o “Projeto da Unidade de Triagem, Central de Comercialização e Usina de Beneficiamento de Plástico” e a “Central de Tratamento de Resíduos de Saúde”.
O primeiro nunca teve os equipamentos instalados desde que foi projetado em 1991 pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) para ser instalado na zona sul da cidade. Embora polêmica, a queima do lixo poderia servir para gerar energia.
O “Projeto da Unidade de Triagem, Central de Comercialização e Usina de Beneficiamento de Plástico” seria construído no Distrito Industrial da Restinga e teve parte das máquinas e equipamentos roubados. Neste, o DMLU chegou a receber o “Prêmio Top de Ecologia”.
Já o terceiro projeto, a “Central de Tratamento de Resíduos de Saúde” teve uma parceria da Prefeitura de Porto Alegre com a empresa Cavo Serviços e Meio Ambiente S/A. O município cedeu o terreno também na Restinga e a Cavo construiu um pavilhão, que logo foi abandonado com a empresa encerrando suas atividades.
Projeto Reviver das Águas ensina a conservar arroios de Porto Alegre
Por Luiza Oliveira Barbosa
Porto Alegre registra números alarmantes da poluição que atinge os seus 27 arroios. Em 19 meses, o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) retirou mais de 100 milhões de quilos de entulhos, numa média de 5 milhões por mês.
Convencido de que o ato de jogar lixo nos arroios é reflexo da falta de conscientização, o órgão municipal tenta reverter esse quadro realizando um trabalho de educação ambiental nas escolas, através do projeto Reviver das Águas.
O projeto consiste em promover cursos e palestras de conscientização, onde é destacada a importância e o papel dos arroios nas cidades, principalmente em grandes metrópoles como a capital gaúcha onde são produzidos grandes volumes de resíduos. São trabalhadas as causas e conseqüências, como o alagamento das ruas pelo entupimento das redes pluviais, a destinação correta do esgoto cloacal (doméstico) para estações de tratamento de esgoto, os aterros sanitários, e a importância de separar, reduzir e reutilizar o lixo.
O engenheiro Francisco Pinto, diretor da divisão de conservação do DEP, informa que, de 2005 a 2007, a Educação Ambiental do departamento já atendeu mais de 42 mil pessoas entre alunos e comunidade participante das atividades. “É um trabalho de base, de longo prazo, para que as crianças cresçam conscientes”, explica.
A Escola Evaristo Flores da Cunha, na zona Sul, participa desse trabalho. A diretora Rosane Moraes ressalta que, por estar localizada dentro de uma praça, com o Guaiba nos fundos, a escola mantém um trabalho permanente com diversas formas de conscientização ambiental, não só com o DEP. “Sempre trabalhamos essa questão, para que as pessoas valorizem essa riqueza natural”, afirma.
Segundo a diretora, os alunos também participam de iniciativas do DMAE e de mutirões de limpeza da orla do Guaiba, para em seguida realizar um trabalho interdisciplinar sobre o lixo recolhido. “Eles gostam muito dos trabalhos, sabem que estão cuidando do ambiente onde moram, aprendem a valorizar a natureza e pensarem no que querem para o futuro”, diz Rosane.
Limpando os arroios
Os arroios da Capital necessitam de dragagem pelo menos a cada dois anos. De 2005 a 2007, o DEP realizou a dragagem e limpeza de arroios, valas e canais em 218.140 metros de extensão.
Na primeira fase da dragagem do Arroio Manecão, no Lami, concluída no mês de junho, foram retirados 3,9 milhões de quilos de materiais, sendo 3 milhões de quilos da foz, junto ao Lago Guaíba, e mais 900 mil quilos em 150 metros de extensão do leito. Foi a primeira vez que o Arroio Manecão recebeu dragagem. Na forte chuva do início de maio, o Arroio Manecão transbordou e alagou casas do Jardim Floresta, na Estrada do Lami.
O DEP draga o Arroio Sarandi desde o final de abril. Até o momento foram retirados 9,5 milhões de quilos de material do leito do Sarandi. Do Arroio Dilúvio, desde outubro de 2006, foram retirados 76,5 milhões de quilos de entulhos. Foram retirados 18 milhões de quilos do Canal da Vila Dique e 1,5 milhões de quilos do Canal da Ceasa, que tiveram suas dragagens concluídas.
Segundo o engenheiro Pinto, os resíduos são depositados no lixão do DMLU, ou é feito um dique natural, aproveitado para fazer reacervos”.
Como participar
O Projeto Reviver das Águas realiza palestras gratuitas nas escolas, com duração média de uma hora. As inscrições podem ser feitas pelos telefones (51) 3289-2215, 3289-2216 ou e-mail ambiental@dep.prefpoa.com.br.