Entidades pedem posse de diretor eleito há oito meses

Oito meses depois de iniciado o processo para eleger o diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam), o eleito para o cargo, Flávio Wiegand, ainda não foi empossado.
A demora levou à Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do RS (APEDeMA) a enviar ofício à Fepam, exigindo o comprimento da nomeação, de acordo com a lei.
A APEDeMA entende que “a eleição autônoma do diretor técnico pelos servidores é uma das principais conquistas democráticas da Política Ambiental em nosso Estado. O processo garante que o licenciamento ambiental e demais atividades da Fundação procedam de forma independente aos interesses políticos do governo, ao contrário do que vem ocorrendo na hipótese de ser ele indicado pela governadora. Por esses motivos, as entidades ambientais requerem a pronta nomeação de Flávio Wiegand”.

Lugar de xixi é no chuveiro


Por Carlos Matsubara
Uma campanha nacional, promovida pela ONG SOS Mata Atlântica, está em curso para divulgar a importância de economizar água nas residências.
O objetivo desta vez será o de mostrar às pessoas que uma descarga evitada por dia pode resultar na economia de 4.380 litros de água potável por ano.
De acordo com o diretor de Mobilização da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, a campanha “Xixi no Banho”, propõe levar para o público em geral, de maneira mais descontraída, como um simples ato pode contribuir com a preservação do meio ambiente, ou seja, economizando água.
“O meio ambiente agradece a quantidade de água poupada em cada descarga, que chega a 12 litros. Uma descarga por dia corresponde a 4.380 litros de água por ano”, ressalta o ambientalista.
Somente em São Paulo poderia ser economizado mais de 1.500 litros de água por segundo. Uma informação importante para aqueles que têm dúvida se é uma prática higiênica: o xixi é composto 95% de água e 5% de outras substâncias como uréia e sal.
“Xixi no Banho” será um dos destaques durante a semana Viva a Mata 2009, que acontece no Parque Ibirapuera na capital paulista o entre os dias 22 e 24 de maio.
O Viva a Mata tem como objetivo comemorar o Dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio), promover a troca de informações e experiências entre os que lutam pela conservação deste Bioma, realimentar o movimento ambientalista e informar e conscientizar a sociedade. Na edição passada, o evento reuniu mais de 100 projetos e recebeu mais de 75 mil pessoas interessadas em conhecer o que está sendo feito no País pelo Bioma e aprender sobre como melhorar sua relação com o meio ambiente.
Assista o vídeo produzido pela F/Nazca Saatchi & Saatchi clicando xixi no banho

Estudo relata impactos da monocultura do eucalipto sobre mulheres do Rio Grande do Sul

Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ
A ONG Amigos da Terra Brasil (NAT) apresentou no dia 19 na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul um estudo que apontou possíveis impactos da monocultura de eucalipto sobre as mulheres.
Entre outros impactos, o estudo de autoria da bióloga e mestre em Educação Ambiental, Cíntia Barenho, relata situação de violência e assédio sexual. Foi relatado que a chegada de trabalhadores incitou formas de assédio sexual, atitudes machistas e sexitas.
“A Aracruz geralmente não contrata funcionário do município, então, os que vêm de fora mexem com as mulheres, não se tem caso de abuso, mas de assédio sexual sim, ficam chamando as mulheres de ‘gostosas’, inclusive no interior, quando as mulheres vão fazer caminhadas, isso acontece cotidianamente,” disse uma agricultora não identificada pelo estudo.
Para Cíntia, esta forma de migração pendular que ocorre, cria uma situação favorável (comunidade “desconhecida”, família não está presente) a tais fatos. As mulheres relataram a bióloga que a presença destes trabalhadores desconhecidos promove medo e insegurança por parte das mulheres e suas famílias. “Anteriormente, se ocorresse qualquer eventualidade era possível contatar algum empregado da estância ou propriedade, porém agora devido aos maciços de eucaliptos, dificilmente encontra-se alguém que possa ajudar”, diz, ao fazer a ressalva que não há casos conhecidos de prostituição.
O estudo que foi feito em parceria com a Friends of the Earth e Movimiento Mundial por los Bosques Tropicales (WRM), traz ainda relatos como assaltos a propriedades rurais. Conta uma agricultura, que uma prima sua teve a casa assaltada, coincidentemente depois de ter negado vender suas terras para uma empresa de celulose e papel. “Após o assalto ela se sentiu coagida, com medo e resolveu pela venda”, diz Cíntia.
Também em Encruzilhada do Sul, uma residência cercada pelos eucaliptos teria sido assaltada. A família ficou com receio de permanecer por lá e mudou-se para a casa os pais da esposa. Para uma das mulheres entrevistadas, além da presença de homens desconhecidos, também as estradas têm facilitado os roubos (devido a melhoramentos realizados).
Contaminação da terra
Ainda entre os impactos relacionados pelas mulheres, o estudo de caso mostra dificuldades com relação às condições sociais e de sobrevivência diária, como a contaminação do ambiente e de animais devido a utilização de grande quantidade de agroquímicos nas lavouras de eucalipto; a precária situação das estradas rurais devido ao tráfego de veículos pesados; escassez de água; degradação da terra e condições de trabalho são precárias. “Como conseqüência a reforma agrária está neutralizada e o abandono do campo tem se intensificado”, destaca a bióloga.
O estudo contou com a participação de vinte mulheres de movimentos sociais do campo e da cidade que relataram diferentes impactos da silvicultura em suas vidas. As participantes moram em Rio Grande, Hulha Negra, Piratini, Encruzilhada do Sul, Barra do Ribeiro, São José do Norte, Santana do Livramento, Herval e Porto Alegre.
O “desempoderamento” das mulheres
O trabalho de Cíntia faz parte de um projeto desenvolvido pelas ONGs intitulado “A função da União Européia no desempoderamento das mulheres no Sul através da conversão dos ecossistemas locais em plantações de árvores”.
“É uma importante ferramenta não só para a luta contra a expansão dos megaprojetos de celulose e papel dos movimentos sociais e ambientalistas, mas também para todos os setores da sociedade porque mostra a realidade de mulheres que pouco ou quase nada têm sido divulgado pela mídia,” afirma a bióloga. Conforme ela, a situação destas mulheres ainda é de invisibilidade social, apesar de elas já estarem protagonizando lutas de resistência.