Rio Grande embarca milho do Centro-Oeste

Neste sábado, o navio Maritime Unit termina de ser carregado com 55.310 toneladas de milho vindo do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Zarpará do terminal Termasa, no Porto de Rio Grande, rumo à Indonésia.
É o segundo navio que embarca milho de outros estados em Rio Grande. A expectativa da Termasa, do grupo CCGL, é embarcar um milhão de toneladas de milho do Centro-Oeste, aproveitando que esta não época tradicional de milho no Rio Grande do Sul.
O diretor-superintendente do Porto, Dirceu Lopes, destaca o posicionamento do porto gaúcho no ranking dos cem portos incluídos numa pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o Porto do Rio Grande aparece em 1º lugar no Brasil, e 7º lugar no mundo, em eficiência portuária para movimentação de grãos.
Os gargalos de operação nos portos do Sudeste estão fazendo-os perder também carga marítima em contêineres para os portos mais ao Sul. Em Santos (SP), o tempo médio de espera do navio para atracar saltou de 18,5 horas no segundo trimestre para 38,9 horas em julho (a média em 2012 foi 16 horas). Naturalmente, vão se agravando também os gargalos no Sul.
O vice-governador Beto Grill e o prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, foram ao Rio de Janeiro esta semana atrás de mais investimentos para o Pólo Naval. Em reunião no BNDES, apresentaram uma proposta para a recuperação do Porto Velho de Rio Grande.
Outra notícia para o Estado veio na audiência com o Comandante Geral da Marinha, Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, que falou da possibilidade da Marinha do Brasil construir um estaleiro para fabricação e reparos de navios de guerra.
Com informações da Secom/RS e do Valor

Plano hidroviário está pronto, falta o dinheiro para as obras

Geraldo Hasse
Plano Hidroviário: Tudo gira em torno de Rio Grande
O porto de Rio Grande é hoje a principal alavanca de expansão da economia gaúcha no século XXI.. O fato de estar situado na Metade Sul, a mais pobre do estado, ajudou a transformá-lo em prioridade.
Segundo o plano estratégico de investimentos concluído no governo passado (2003-2006), seria de R$ 1,5 bilhões o custo total das obras de logística necessárias para transformar Rio Grande no principal porto do Cone Sul, superando as condições operacionais dos portos de Buenos Aires e Montevideo, limitados a receber navios de 55 mil toneladas.
As principais obras terrestres seriam uma ferrovia ligando o porto de Rio Grande à região metropolitana de Porto Alegre, o que exigiria uma ponte sobre o rio Jacuí; a duplicação da rodovia BR-116 entre Porto Alegre e Tapes e da BR-392 entre Pelotas e Rio Grande; e melhorias no acesso ao porto de Rio Grande.
Na água, a prioridade é investir na dragagem do canal da barra de Rio Grande e no aprofundamento dos canais de acesso aos terminais de embarque e desembarque. Com isso, o porto ficaria em condições de receber navios de 100 mil toneladas.
Para melhorar a navegabilidade até a região metropolitana, o plano recomenda também a dragagem da hidrovia da Laguna dos Patos, dos canais de acesso ao porto de Porto Alegre e do rio Taquari, num total de R$ 243 milhões. Cita ainda cinco projetos de melhoramento do porto de Rio Grande, um deles visando implantar um terminal de produtos florestais para atender a VCP, que vai custar R$ 337 milhões.
Dinheiro que vem do PAC
Os projetos logísticos do governo gaúcho ficariam indefinidamente no papel, por falta de recursos, se o governo federal não tivesse incluído Rio Grande no pacote de investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no primeiro semestre de 2007.
Além de garantir recursos para o melhoramento das operações portuárias em Rio Grande, o governo Lula (2003-2010) deu um passo decisivo ao mandar fixar ali uma base da indústria naval.
Além de poder participar das concorrências para fabricar barcos de diversos modelos, a cidade fundada por Silva Paes foi escolhida para a implantação do Dique Seco, a única instalação brasileira para construção, manutenção e reparo de plataformas de prospecção de petróleo. Com 350 metros de comprimento, 160 metros de largura e 16 metros de profundidade, o dique tem área suficiente para a construção simultânea de até três plataformas como a P-53, montada em Rio Grande entre 2007 e 2008.
Com isso, Rio Grande torna-se um ponto de convergência de verbas públicas e investimentos privados, com uma tendência de ampliação do movimento de cargas. Segundo maior porto do país em movimentação de contêineres e o principal pólo exportador de maquinário agrícola, Rio Grande é a porta de saída tratores, colheitadeiras, automóveis, óleo e farelo de soja.
O terminal de contêineres planeja um cais específico para a operação de barcaças, permitindo o aumento do fluxo de cargas entre Rio Grande, o porto de Porto Alegre e o terminal Santa Clara (em Triunfo).
Inspirado pelos projetos de exportação de celulose dos grupos Aracruz, Votorantim e Stora Enso, o maior projeto em andamento em Rio Grande é o terminal de produtos florestais. Com 318,7 mil metros quadrados, teve o valor mínimo de arrendamento (por 25 anos prorrogáveis por mais 25) fixado em R$ 201,7 milhões.
Cabe ao vencedor da licitação pública a construção de um cais de 600 metros apto a receber navios de 80 mil toneladas, a implantação de equipamentos de carga e descarga e a montagem de um armazém para estocagem de 10 mil metros cúbicos de carga.
O terminal não é exclusivo para celulose; poderá movimentar também chapas, compensados e cavacos de madeira. Este último subproduto florestal já é exportado de Rio Grande para a China pela Tanac, que utiliza os terminais da Bianchini e da Terbrasa.
Segundo a Superintendência do Porto de Rio Grande, o terminal é de uso público e visa atender não apenas produtores florestais gaúchos, mas de todo o Mercosul, especialmente o Uruguai, que tem três vezes mais eucalipto plantado do que o Rio Grande do Sul.
Ampliação dos molhes foi retomada em junho
Uma das maiores obras de engenharia portuária do mundo, a construção dos molhes de Rio Grande, concluída em 1915, foi uma epopéia que ofereceu segurança inédita à navegação. Durante sete décadas a obra não precisou de manutenção. Nos anos 1980 o molhe leste, com 4 200 metros, cedeu em vários pontos e a areia começou a invadir o canal, colocando em risco a navegação.
A recuperação dos molhes teve início em 1995 com o lançamento de mais meio milhão de toneladas de pedras e 100 mil toneladas de blocos de concreto. Simultaneamente, foi iniciada a obra do prolongamento dos molhes: mais 370 metros no lado leste e mais 700 no oeste.
Paralisada em dezembro de 2002 por interferência do Ibama, a obra foi retomada em junho de 2008. Ela é necessária para o aprofundamento do canal de acesso de 14 para 18 metros no canal externo (13 quilômetros, fora dos molhes) e de 14 para 16 metros no canal interno (12 quilômetros, entre os molhes e o píer petroleiro). Além disso, a largura dos canais que hoje é de 200 metros passará para 310 metros (externo) e 250 metros (interno). Na parte externa, o plano é retirar 9, 1 milhões de metros cúbicos de sedimentos e na parte interna 5,5 milhões de metros cúbicos.
Ao custo de R$ 146,7 milhões já garantidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a execução da obra de dragagem de aprofundamento vai permitir a recepção de navios de 15 metros de calado e até 100 mil toneladas de porte bruto nas áreas de granéis sólidos e de granéis líquidos. Na área de contêineres será possível receber navios com 14,5 metros de calado.
A dragagem de manutenção do canal, depois de aprofundado, vai exigir R$ 21,7 milhões por ano e será custeada pela tarifa portuária. Estima-se que o trecho mais crítico do canal, com 3 mil metros, acumule por ano 900 mil metros cúbicos de sedimento, principalmente areia, fruto do encontro das correntes de águas doces da vazante e das águas salgadas da maré montante. Também contribuem para atulhar o canal as mudanças de temperatura, a variação da salinidade, os ventos e as chuvas.
Universidade tem projeto para reativar a navegação da Lagoa Mirim
A exploração florestas plantadas no Uruguai, três vezes maiores do que no Rio Grande do Sul, podem viabilizar a reabertura da navegação na Lagoa Mirim, segundo projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas, onde está ancorada a Agência da Lagoa Mirim desde a extinção da Superintendência do Desenvolvimento do Sul (Sudesul).
A madeira colhida em território uruguaio desceria pelo rio Cebollati, alcançaria a Lagoa Mirim, passaria pelo canal de São Gonçalo e chegaria a Rio Grande pela Laguna dos Patos. Outros produtos poderiam circular de Montevideo a São Paulo por 700 quilômetros de hidrovia (Treinta y Três-Estrela) e o restante por ferrovia.
Foi estimado em R$ 20 milhões o custo da reativação da navegação na Lagoa Mirim, a começar pela dragagem de trechos da lagoa, reequipamento do porto de Santa Vitória do Palmar e sinalização náutica, beneficiando também o município de Jaguarão, onde a Marinha brasileira chegou a ter uma base, quando havia transporte de cargas e passageiros por essa hidrovia, no século XIX.
No lado uruguaio, o investimento seria de R$ 18 milhões na construção de um terminal portuário e na dragagem da foz do Cebollati. O deputado federal gaúcho Eliseu Padilha, quando ministro dos Transportes, esforçou-se para restaurar essa hidrovia, que faz parte do PAC e está na agenda orçamentária da União para 2009.