A Revolução Eólica (8) – “ESTE É O PRIMEIRO PARQUE DE MUITOS”

Por Cleber Dioni Tentardini
O diretor de Engenharia e de Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio, entusiasmou-se durante a inauguração do Setor de Manutenção de Santana do Livramento, cujos técnicos farão o controle das linhas de transmissão e das subestações de energia na fronteira, no trecho de Uruguaiana e Candiota, que fazem a interligação elétrica com o Uruguai e a Argentina.

Custódio, ao micronone: "O vento das pandorgas vai gerar emprego e renda" | Mauricio Munhoz/PMSL
Custódio, ao micronone: “O vento das pandorgas vai gerar emprego e renda” | Mauricio Munhoz/PMSL

Diante de cinquenta convidados, o executivo revelou que há outros dois investimentos eólicos para a região, de médio e grande porte. “Vamos explorar toda a mina de vento desta coxilha de Santana e, se Deus quiser, e ele vai querer, Cerro Chato será o primeiro de muitos parques eólicos”, afirmou.

A Eletrosul aguarda que o Ministério de Minas e Energia defina a data em que ocorrerá o próximo leilão de energias alternativas. Hoje, a empresa têm habilitados a participar da concorrência cinco parques eólicos pequenos em Livramento, que somam 42 MW.

Há dois projetos grandes onde está sendo feita a medição dos ventos – de Coxilha Negra, em Livramento, e de Santa Vitória do Palmar – que só poderão participar do leilão se estiverem prontos os estudos de Impacto Ambiental (EIA-Rima).

Antes de descerrar a placa que marca o início de funcionamento do Setor de Manutenção, ao lado do prefeito de Livramento, Wainer Machado, da deputada federal Emília Fernandes, de autoridades locais e funcionários da Eletrosul, o executivo mandou um recado à população. “Toda essa energia que será gerada aqui tem de servir para reforçar a energia dos santanenses, que nunca imaginaram, dez ou vinte anos atrás, que os ventos que levantavam nossas pandorgas na semana santa, serviriam para produzir atividade econômica e renda ao nosso município”, ressaltou Cusódio.

Eletrosul era proibida de investir

Durante seu discurso, o diretor de Engenharia e de Operação da Eletrosul, que já contabiliza 21 dos 48 anos de idade como funcionário da estatal, lembrou que a medição dos ventos no Estado começou em 1999, no governo Olívio Dutra, para produzir o Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, e que os estudos em Santana do Livramento iniciaram somente em 2005, quando a Eletrosul deixou de ser proibida por lei de realizar investimentos para geração de energia elétrica.

Em 2005, o ex-presidente Lula enviou uma medida provisória ao Congresso, elaborada pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que reorganizava o setor elétrico no país e retirava as estatais do Plano Nacional de Privatizações, incluindo a Eletrosul.

Ainda em 2005 dois funcionários da Eletrosul foram designados para vir a Santana do Livramento todos os meses fazer as medições de vento, inicialmente na Coxilha Negra e, depois, Cerro Chato, e hoje estamos aqui inaugurando algo que é consequência de ações técnicas e políticas”, observou o diretor, lembrando que além da construção da subestação coletora de energia em 230 mil volts, estão sendo instaladas 75 linhas de transmissão ao longo de 25 quilômetros, da campanha até a zona urbana.
Isso, por si só, é um grande investimento, mas faremos mais porque já fomos autorizados pelo governo federal a construir uma linha de transmissão e uma subestação de 500 mil volts em Candiota para incrementar a interligação energética Brasil-Uruguai”, completou.

A Revolucao Eólica (2): CATAVENTOS GIGANTES VIRÃO EM 1.200 CARRETAS

Aerogeradores virão em 1.200 carretas
Começam a chegar, ainda em janeiro, os equipamentos das torres e dos aerogeradores do primeiro parque da Usina Eólica do Cerro Chato. Serão necessárias 1.200 carretas para transportá-los.
A Wobben é a fabricante dos geradores, a mesma que forneceu para a Usina em Osório e da futura eólica de Tramandaí.
As peças vem da Alemanha para serem montadas na Wobben, sediada em Sorocaba, São Paulo, e depois enviadas para a fronteira.
As torres são formadas por vários anéis de concreto, fabricados em Gravataí, também o mesmo fornecedor de complexo eólico de Osório.
A partir de determinada altura, as torres são formadas por anéis metálicos até chegar aos aerogeradores, cujo centro estará a 108 metros do chão, chegando a 149 metros de altura no ponto mais alto da pá.
Cada uma das três pás que compõem o aerogerador possui 41 metros de comprimento.
A disposição das torres segue critérios estabelecidos pelos medidores de vento, os anemômetros, e não ficarão alinhados como em Osório. A distância entre as torres varia muito, de 300 metros a 1.000 metros.
Segundo o gerente-administrativo das obras, o carioca Nélio Catarina Pinto, as 15 cavas onde serão erguidas as torres já estão prontas, duas já estão tendo suas bases concretadas.
Cada base possui um diâmetro de 18 metros, onde estão sendo utilizados 450 metros cúbicos de concreto e 55 toneladas de ferro.