Luis Nassif*
A aventura irresponsável de Veja – recorrendo a uma matéria provavelmente falsa para pedir o impeachment de um presidente da República – não se deve a receios de bolivarianos armados invadindo a Esplanada.
Ela está sendo derrotada pelo mercado, pelo fato de que, pela primeira vez na história, a Internet trouxe o mercado para o setor fechado, derrubando as barreiras de entrada que permitiram a sobrevida de um jornalismo anacrônico, subdesenvolvido, a parte do país que mais se assemelha a uma republiqueta latino-americana.
É um caso único, de uma publicação que se aliou a uma organização criminosa – de Carlinhos Cachoeira – e continuou impune, fora do alcance do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
A capa de Veja não surpreende. Há muito a revista abandonou qualquer veleidade de jornalismo.
Acusa a presidente da República Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula de conhecerem os esquemas Petrobras com base no seguinte trecho, de uma suposta confissão do doleiro Alberto Yousseff:
– O Planalto sabia de tudo – disse Youssef.
– Mas quem no Planalto? – perguntou o delegado.
– Lula e Dilma – respondeu o doleiro.
Era blefe.
Na sequência, a reportagem diz:
“O doleiro não apresentou – e nem lhe foram pedidas – provas do que disse. Por enquanto, nesta fase do processo, o que mais interessa aos delegados é ter certeza de que o depoente atuou diretamente ou pelo menos presenciou ilegalidades”.
Na primeira fase da delação premiada tem-se o criminoso falando o que quer. Enquanto não apresentar provas, a declaração não terá o menor valor. E Veja tem a fama de colocar o que quer nas declarações de fontes.
Ligado ao PSDB do Paraná, o advogado de Yousseff desmentiu as informações. Mas não se sabe ainda qual é o seu jogo.
As apostas erradas da Abril
Golbery do Couto e Silva dizia que a mentira tem mais valor que a verdade. A verdade é monótona, tem uma só leitura. Já a mentira traz um enorme conjunto de informações a serem pesquisadas, as intenções do mentiroso, a maneira como a mentira foi montada.
Daí a importância da capa de Veja: permitir desvendar o que está por trás da mentira.
A primeira peça do jogo é entender a posição atual do Grupo Abril.
Apostas de altíssimo risco só são bancadas em momentos de altíssimo desespero.
A tacada da Veja torna quase irresistível a proposta de regulação da mídia e de repor as defesas do cidadão que foram suprimidas pelo ex-Ministrio Ayres Britto, ao revogar a Lei de Imprensa.
Qual a razão de tanto desespero nessa aposta furada?
A explicação começa alguns anos atrás.
No mercado de mídia, o futuro acenava para o advento da Internet e da TV a cabo e para o fim das revistas e do papel. As apostas da Abril foram sempre na direção errada.
Ela montou um dos primeiros portais brasileiros, o BOL, que posteriormente fundiu-se com a UOL. Graças à sua influência política, conseguiu frequências de UHF e canais de TV a cabo.
A editora endividou-se e, para tapar buracos, Civita foi se desfazendo de todas as joias da coroa. Passou os 50% que detinha na UOL para a Folha – por um valor insignificante; vendeu a TV A para a Telefonica.
Associou-se ao grupo sul-africano Naspers, em uma operação confusa, visando burlar o limite de 30% para capital estrangeiro em grupos de mídia, previstos na lei.
Não parou por aí.
Adquiriu duas editoras – a Atica e a Scipionne –, que dependem fundamentalmente de compras públicas, confiando no poder de persuasão dos seus vendedores junto à rede escolar. A decisão do MEC (Ministério da Educação) de colocar todos os livros em uma publicação única, para escolha dos professores, eliminou sua vantagem comparativa.
Aí decidiu investir em cursos apostilados para prefeituras, um território pantanoso. Finalmente, “descobriu” o caminho das pedras, passando a direcionar todas suas energias para a área de educação.
Para tanto, criou uma nova empresa, a Abril Educação, colocou debaixo dela as editoras e os cursos e contratou um executivo ambicioso, Manoel Amorim, que aumentou exponencialmente o endividamento do grupo, para adquirir cursos e escolas.
Foi uma sucessão de compras extremamente onerosas, que deixaram o grupo em má situação financeira. A solução foi vender parte do capital para um grupo estrangeiro. Nem isso resolveu sua situação.
No ano passado, em conversa com especialistas do setor de mídia, Gianca Civita, o primogênito, já antecipava que a editora iria ser reduzida a meia dúzia de revistas e à Veja. Colocara à venda suas concessões de UHF e esperava que algum pastor eletrônico se habilitasse.
O cartel da jabuticaba
A editora viu-se depauperada em duas frentes. Uma, a própria decadência do mercado de revistas; outra, a descapitalização ainda maior para financiar a aventura educacional da Abril.
Além disso, foi vítima do maior tiro no pé da história da mídia brasileira: o “cartel da jabuticaba”.
Um cartel tradicional consiste em um pacto comercial entre competidores visando aumentar os preços e os ganhos de todos. O “cartel da jabuticaba” brasileiro foi uma peça genial (da Globo) em que todos se uniram contra a distribuição de parte ínfima da publicidade pública para a imprensa regional e para a Internet.
Alcançaram seu intento, mas não levaram o butim. A Internet não cresceu mas o resultado foi uma enorme concentração de verbas na TV aberta — e, dentro dela, na TV Globo.
Poucos meses atrás, o próprio João Roberto Marinho – um dos herdeiros da Globo – manifestava a interlocutores sua preocupação com a concentração da mídia. A Globo jogou em seu favor, óbvio; mas não contava com o despreparo das demais empresas sequer para entender onde estavam seus interesses.
Quando o faturamento do papel minguou, todos pularam para a Internet. Mas a piscina estava vazia graças às pressões que eles próprios fizeram sobre a Secom e as agências.
Hoje em dia, o mercado de TV a cabo passou a disputar acirradamente as verbas publicitárias. Se indagar de um executivo do setor se a disputa é com as revistas e jornais, ele dará de ombros: a imprensa escrita não tem mais a menor relevância; a disputa é com a TV aberta.
A bala de Fábio Barbosa
É esse quadro de crise nas duas frentes que explica a bala de prata de Fábio Barbosa.
Nos últimos meses, Fábio Barbosa contratou o INDG, de Vicente Falconi, para um trabalho de redução de custos da Abril, paralelamente à própria redução da Abril..
Falconi constatou o que o Blog já levantara alguns anos atrás: a estrutura de Veja era superdimensionada para o conteúdo semanal.
Na época, montei um quadro com todas as reportagens de uma edição, estimei o tempo-hora de cada repórter e editor e, no final, mostrava que seria possível entregar o mesmo conteúdo com um terço da redação.
Com metodologia muito mais gerencial, Falconi chegou às mesmas conclusões, resultando daí a demissão de várias pessoas em cargos-chave – inclusive Otávio Cabral, repórter das missões sensíveis da revista, que acabou indo trabalhar na campanha de Aécio.
Apenas amenizou um pouco a queda. Com as duas frentes comprometidas, a Abril entrou em uma sinuca de bico.
Com a morte de Roberto Civita, começou a enfrentar dificuldades crescentes para renovar os financiamentos. Desde o início do ano, os herdeiros de Roberto Civita estão buscando compradores para a outra metade da Abril Educação.
Antes disso, desde o ano passado, decidiram sair definitivamente da área editorial. Mas a legislação não permite à Naspers ampliar sua participação na editora. E, se não teve nenhum corte de verba oficial para suas publicações, por outro lado a Abril jamais encontrou espaço no governo Dilma para acertos e grandes negócios, como uma mudança na legislação sobre capital estrangeiro na mídia..
É nesse quadro dramático, que o presidente do grupo, Fábio Barbosa, tenta a última tacada, apostando todas as fichas em Aécio.
A última chance
A carreira anterior de Barbosa foi no mercado bancário. Foi sucessivamente presidente do ABN Amro, depois do ABN-Real, quando o banco holandês adquiriu o Real; depois do Santander, quando o banco espanhol adquiriu os dois.
No ABN e no Santander foi responsável por uma das maiores operações imobiliárias do mercado. No ABN participou do empréstimo de R$ 380 milhões para a WTorres adquirir o esqueleto da Eletropaulo, na marginal Pinheiros. Seis meses depois, a companhia não tinha mais recursos para quitar o financiamento. Entregou parte do capital aos credores.
Em 2008, ainda na condição de presidente indicado para o Santander, Fábio anunciou a aquisição da torre pelo banco por R$ 1 bilhão. “A aquisição desse imóvel é um marco e demonstra a determinação do Santander em investir para que tenhamos um Banco cada vez mais forte e competitivo”, afirma ele. (http://migre.me/ms7aW).
Atuou no início e no final da operação, assessorado por seu homem de confiança, José Berenguer Neto.
Em pouco tempo começaram a pipocar os problemas da WTorre. Atrasou a entrega da sede do Santander, que ingressou em juízo com pedido de indenização de R$ 135 milhões. A dívida fez com que a WTorre desistisse de lançar ações na Bolsa de São Paulo.
Em outubro de 2010 a obra continuava causando transtorno, sem ser entregue (http://migre.me/ms7Pc)
Em agosto de 2011, Fabio saiu do Santander. O clima azedou quando a direção se deu conta dos problemas criados. O presidente mundial Emilio Botin colocou um homem de confiança como espécie de interventor, levando Fabio a se demitir. Junto com ele saiu José Berenguer Neto, que assumiu um cargo na Gávea Investimentos, para atuar na área imobiliária.
Na época, executivos do banco ouvidos pela imprensa disseram que no ABN Fabio tinha plena liberdade; no Santander, não mais. Fabio deixou o banco sendo elogiado pelo sucessor.
O episódio não causou tanto estardalhaço quanto a tentativa de Barbosa, no comando da Veja, de tentar um golpe de Estado armado com um 3 de paus.
Revista enfrenta sete processos por calúnia
O PT e os partidos que fizeram parte da Coligação Com a Força do Povo, que reelegeu Dilma Rousseff presidente no domingo (26), encaminham sete ações na Justiça contra a revista Veja. A publicação cravou, sem provas e a dois dias do segundo turno, que tanto Dilma quanto Lula “sabiam de tudo” no caso da Petrobras, investigado na Operação Lava Jato.
Um dos pedidos foi encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral. A Corte chegou a condenar Veja a publicar direito de resposta à Dilma e considerou a “reportagem” um peça eleitoral em favor do adversário Aécio Neves (PSDB), determinando a suspensão de sua publicidade.
Foi necessário que o TSE emitisse um novo despacho após a condenação, ameaçando multa de R$ 500 mil por hora, para que o portal da revista cumprisse a decisão judicial nos termos apresentados pelo ministro Admar Gonzaga.
“Ao TSE, será encaminhado pedido de direito de resposta, inclusive na revista Veja Online, por se tratar de reportagem mentirosa, caluniosa e difamatória. Encaminha-se, ainda, uma representação para impedir qualquer publicidade desta edição da revista em rádio, TV e outdoor por configurar propaganda eleitoral negativa”, informou o PT.
Ao Ministério Público Federal, um pedido de instauração de procedimento de investigação para apurar os abusos cometidos pela revista com a intenção de prejudicar a candidatura de Dilma e influenciar o resultado das eleições presidenciais de 2014 também foi encaminhado.
*Fonte: Jornal GGN, com o título “A última tacada de Fábio Barbosa e da Editora Abril”
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Morre Roberto Manera, bom de foto, bom de texto
José Antonio Severo
Ele foi um dos integrantes mais destacados da geração de jornalistas riograndenses que se mudaram para o centro do País na década de 1960, participando do desenvolvimento da imprensa brasileira, numa fase em que surgiram as principais revistas e os jornais tiveram reformas modernizadoras.
Manera começou no jornalismo em 1967, como fotógrafo da Zero Hora. Nesse ano o chefe de fotografia daquele jornal, Assis Hoffmann, recrutou um grupo de jovens gaúchos para formar um departamento de fotografia diferenciado. Esse grupo foi apelidado de geração Blow Up, porque eram rapazes recrutados nas universidades, embalados pelo sucesso do filme de Michelangelo Antonioni, Blow Up, em que o fotógrafo aparecia como uma figura charmosa e irresitível. Também nesse projeto Assis introduzia no Estado as câmeras de filmes de 35 milímetros, abolia o flash e criava um novo conceito de fotojornalismo.
Logo em seguida, Assis Hoffmann, que era o mais famoso fotógrafo do Rio Grande do Sul, foi contratado pela Editora Abril para atuar na sucursal gaúcha e servir mais diretamente à revista Veja, que estava sendo lançada. Manera, ao lado de Sérgio Arnoud e Leonid Straliev, foi convidado a fazer parte da equipa de free lancers da Abril. Ali ele se revelou.
Logo se destacou com uma foto sobre a competição acirrada entre os dois gitgantes da indústria de refrigerantes mundial, Coca-Cola e Pepsi-Cola. O Rio Grande do Sul era um teatro singular dessa guerra comercial, pois era o único lugar do mundo em que a Pepsi vencia a Cola. Manera fez a foto emblemática: em frente a um bolicho numa estrada remota do Estado, as duas placas, desgastadas e quase caindo, estavam frente a frente, e na imagem se via um burrico magro passando. Era o retrato dessa luta em todos os espaços. Manera era o autor da foto que vale mais que mil palavras, como se dizia na época.
Como fotógrafo free lancer, muitas vezes fazendo coberturas sem repórter, tinha de escrever relatórios para a redação explicando a imagem. Qual não foi sua surpresa ao ser convidado para integrar a equipe fixa da revista Quatro Rodas e saber que o chefe de reportagem, Nilo Martins, o convidava para ser redator da publicação. Daí em diante Manera abandonou o clique pelas “pretinhas”, como se chamavam as letras da máquinas de escrever.
Deixou o rio Grande do Sul em 1970 e foi trabalhar como repórter de Quatro Rodas na sucursal do Rio de Janeiro. Transferido para São Paulo, integrou a equipe central da revista. Daí seguiu sua carreira, que incluiu outras publicações da Abril, como Guia rural, do qual foi redator-chefe. Também trabalhou no jornal O Globo, no Rio, e foi chefe da sucursal de Porto Alegre durante algum tempo. Voltando ao grupo da Abril, foi diretor de redação da revista Aero Magazine.
Então adoeceu, colhido por uma diabetes violenta, e sua carreira foi perdendo o ímpeto. Ainda assim integrou a última equipe de Sérgio de Souza, o Serjão, na revista Caros Amigos. Depauperado pela enfermidade, aposentou-se e se mudou para Florianópolis, onde viveu até a semana passada, longe de seus dois filhos, um em Porto Alegre e outro no Rio, e das muitas ex-mulheres.
"A população está vendo o que vocês estão fazendo"
O fotógrafo paulista Mauro Donato conversou com a garota da capa da revista Veja desta semana.
Ela estava indignada com a matéria, apontou os erros de informação e disse que vai escrever uma carta aberta à revista da editora Abril. Ela é uma das manifestantes acampadas no Ocupa Cabral, no Rio de Janeiro, e adepta do black bloc.
Mauro Donato relatou a conversa com ela no site Diário do Centro do Mundo.
Emma, de 25 anos, integrante dos black blocs no Rio”, conforme legenda que identifica o rosto coberto por uma camiseta na capa da Veja, está indignada. E afirmou que irá redigir uma “Carta aberta à Veja”.
Na tarde de sábado, logo após a revista chegar às suas mãos, Emma, acampada no Ocupa Cabral, apoderou-se do celular que fazia transmissão ao vivo pelo TwitCasting e passou mais de uma hora vociferando contra a publicação (vídeo aqui).
Revoltada, demonstrava discordar de A a Z da matéria. Ainda na capa, ela aponta um erro que considera primário ao inseri-la como membro de um grupo. “Black bloc não é grupo e sim uma tática de manifestação. Não tenho como ser integrante de uma coisa que não existe.” A chamada (O bando dos caras tapadas) também desperta ira quanto ao trocadilho que ela diz ser “digno do Zorra Total” e que jornalistas deveriam se envergonhar de trabalhar numa revista como aquela.
Auxiliada por um mascarado que a ajuda a folhear a revista cujas páginas estão rebeldes por causa do vento da praia, Emma vai analisando e xingando trechos preconceituosos e moralistas. Sua revolta (e dos que estão ao redor) aumenta diante do relato sobre consumo de drogas e sexo promíscuo. “Entre um baseado e um gole de vodka, (…) vinho barato e cocaína ! Onde isso?”
Ela segue jogando molotovs na Veja até chegar ao quadro de fundo cinza, parte que considera ter sido feita especialmente para si. Abaixo de uma foto em que aparece lendo História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman, o texto procura atingi-la de modo a reduzir suas insatisfações a desvarios adolescentes. Emma ridiculariza a tentativa da revista de expor intimidades e frases soltas apenas para diminuí-la.
O mascarado também faz seu desabafo: “Isso foi tudo inventado. A grande mídia faz assim, ela conta a história que ela quer. Essa matéria aqui é completamente mentirosa, não é nem falaciosa, é mentirosa mesmo. A intenção é manipular a opinião pública”, diz ele.
Emma aponta a câmera para as barracas: “Olha lá, todo mundo transando e se drogando.” Ela se enfurece com o golpe baixo ao ser chamada de namoradeira e suspeita que gente infiltrada a delatou na passagem em que “fica” com dois acampados num mesmo dia.
Assunto polêmico
As fotos nas quais ela aparece (capa e miolo) são assunto polêmico. Ainda que através de uma elíptica fenda apenas se revelem os olhos azuis, sobrancelhas finas e um pouco do nariz, todos de traços sugestivamente médio-orientais e de ar misterioso, fica evidente que Emma mexe com a curiosidade. Enquanto conta que o fotógrafo se fez passar por membro de agência internacional, Emma recebe um elogio à sua beleza através do chat interativo.
“Obrigada, mas a reportagem não mexeu com meu ego. Não adianta nada a foto estar bonita se o conteúdo é escroto”, disse. “Não vendi foto nenhuma, publicaram isso sem minha autorização”. Uma senhora que estava ao lado pergunta se ela pode processar a revista por uso indevido de imagem. “Sim”, responde Emma.
Um outro espectador bem humorado diz ter sentido falta de um poster central na revista. “Poster o caralho, já falei para parar com a idolatria. Não vim aqui para mostrar a bunda, vim mostrar o que tenho no cérebro.”
Emma diz ter sido procurada no acampamento por uma repórter da Veja e também pelo Globo. Dá a entender que recusou ambos os convites por não concordar com a grande mídia. Afirmou ter dito à repórter da Veja que não conversaria com ela pois o editor manipularia tudo conforme seu interesse. Contudo, enquanto lia a reportagem, por diversas vezes declarou: “Eu não disse isso, desse jeito.”
Além dos equívocos denunciados por Emma, a matéria afirma que os blacks blocs são um grupo pequeno e não chegariam a duzentos miilitantes. Apenas na frente da Assembleia Legislativa de São Paulo, na semana passada, havia um grupo de aproximadamente cem indivíduos. Comunidades black blocs no Facebook são encontradas em São Paulo, Caxias do Sul, Minas, Ceará, Niterói, Rio de Janeiro. Só a do Rio possui mais de 23 mil “curtidores”.
Também não é verdade quando a revista afirma que black blocs haviam queimado uma catraca durante uma manifestação (o ato é simbólico e religiosamente proporcionado pelo MPL, não teve nada a ver com black blocs) ou quando alega que nenhum McDonald’s ou Starbucks escapem ilesos de protestos em que haja pelo menos um mascarado (na noite de sexta-feira, novamente na Assembleia, nenhuma guerra de spray ou gás ocorreu mesmo na presença de 60 ou 70 black blocs).
Criticando professores universitários admiradores do movimento, a Veja incita a polícia a enquadrar os “arruaceiros” pelo crime de formação de quadrilha, algo ainda não feito, obviamente, por não ser possível juridicamente (como foi dito por um membro dos Advogados Ativistas aqui no Diário).
Na Carta ao Leitor da mesma edição, lê-se que “VEJA sempre se pautou pela busca da informação correta em nome do interesse público.” Ao encerrar sua participação no Twitcasting, Emma diz para a Editora Abril: “A população está vendo o que vocês estão fazendo.”