Articula-se um novo governo

PINHEIRO DO VALE
A presidente afastada Dilma Rousseff está quase convencida de que precisa dar um novo rumo à sua campanha para voltar ao Palácio do Planalto.
Seus assessores da ala pacifista estimam que o projeto belicoso em curso não alcance oobjetivo de interromper o processo de impeachment e nem mesmo de barrar a condenação no plenário do Senado.
A proposta em estudo é deixar para trás o simples retorno ao mais do mesmo reivindicado no bordão ”Volta Dilma” e entrar com uma outra proposta para o País, com novo formato político, de forma a romper o atual impasse em que nem ela nem seu vice, atual presidente interino Michel Temer, têm solução.
O grande cacife é a legitimidade da eleição direta vencida pela presidente. A manobra criativa seria Dilma ressurgir com uma nova proposta de salvação nacional, compondo todas as forças políticas sem hegemonias. Neste caso, o PT seria apenas mais um partido da sua base, tal como o PMDB e outros integrantes do centrão.
Os partidos de oposição voltariam para seus lugares, mas haveria um entendimento para conter a derrocada da economia e do quadro fiscal. A decisão final seria adiada para 2018, quando essas forças irão se medir nas urnas.
A solução política para formar um governo estável seria a mesma do impasse anterior de 2005, quando a governabilidade se esvaiu engolfada pelo impasse das forças no Congresso abrindo espaço para o domínio do baixo clero, representado pelo então presidente da Câmara Severino Cavalcanti.
Esta situação repetiu-se com a eleição de Eduardo Cunha. O deputado carioca é um político bem mais dotado que Severino, mas sua fonte de poder tem a mesma origem. E o resultado se repete.
A diferença é que na década passada o então presidente Lula (que chegou a usar a seu favor o esdrúxulo Severino), rapidamente deu uma guinada e compôs uma solução salomônica, como a foi a eleição do deputado do PCdoB Aldo Rebelo para a presidência da Câmara, compondo uma mesa de transição que levou a nau dos insensatos a bom porto.
Dilma já está consciente do impasse e ouve sem gritos os cenários desses conselheiros. Terá de dar uma guinada e se apresentar às forças políticas com nova proposta. Sua força é a legitimidade, Sua fraqueza sua incapacidade política.
Neste caso, deve chamar para “primeiro-ministro” desse semiparlamentarismo ad hoc uma liderança com credibilidade e trânsito em todas as forças políticas.
A hipótese anterior, fracassada, seria levar Lula para o comando do governo. Entretanto, com o ex-presidente tão abalado pelas vicissitudes da crise, seu nome não seria uma saída para a pacificação.
Procura-sem outro nome com grande trânsito e credibilidade para, uma vez mais, recompor a imagem estilhaçada.
O futuro ministro líder deveria preencher as necessidades do momento: vir de im partido de fora do circuito PT, PSDB ou PMDB. O ideal seria ver é de uma agremiação de cunho programático, isento das supeitas de motivação fisiológica.
Coisa rara no quadro partidário brasileiro.
Com isto é possível, acredita-se (e dizem que Dilma já quase concorda) que colocando o objetivo nacional à frente pode-se recuperar a confiança.
Este é o ponto de inflexão, pois se a base da economia, os pequenos, entenderem que não vão falir, reabrindo suas oficinas, suas lojas, seus institutos de beleza, chamando de volta empregados dispensados no turbilhão do medo, a economia rapidamente readquire condições de se reerguer.
A pequena fábrica, a oficina, a loja, o salão, reabertos; o trabalhador, o mecânico, o caixeiro, a cabeleireira de volta o comércio se reaviva, a arrecadação aumenta, os pedidos se  ampliam.
Restaura-se o que os economistas chamam de “consumo das famílias”, que é o verdadeiro motor da sociedade de consumo.
Fora isto, a situação macroeconômica ainda não apresenta sinais de desastre total, com câmbio estável, balança comercial positiva, sistema bancário saudável, que são alguns dos espaços positivos para retomar a construção civil, as estradas, os portos e assim por diante.
O País está na UTI, mas ainda respira sem aparelhos. É o que dizem os otimistas.
Um novo governo. Um novo projeto. Passar a borracha e andar em frente. O mundo observa o Brasil. Uma solução de altíssimo nível e a modernização de suas instituições seria um sinal decisivo para manter o Brasil na sua posição de grande potência, de onde parece despencar neste momento.
Uma posição que o País não pode perder. A História não poupará.
Quanto a Dilma, do alto de sua legitimidade poderá ser o (ou a) árbitro (a?) das grandes reformas. Uma delas é da própria Presidência.
 

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