PINHEIRO DO VALE
A decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recorrer as Nações Unidas pedindo proteção é uma providência de longo alcance, com força legal para barrar, inclusive, alguma tentativa de constrangimento caso ele seja admoestado pela polícia internacional, a Interpol, em meio a alguma viagem ao Exterior.
É um perigo real. Lula é uma figura internacional, seguidamente convidado a eventos fora do País. Não é descabido admitir que algum delegado de polícia afoito e com ganas de notoriedade acione a Interpol quando ele estiver lá fora, respaldando-se na denúncia aceita pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília. Ainda não é o juiz Sérgio Moro a pegar no pé do líder petista.
Com cobertura da ONU Lula pode barrar um pedido de extradição. Ainda que fosse o caso, ele poderia se qualificar como perseguido político e se asilar em algum país amigo.
Também a presidente afastada Dilma Rousseff estaria na mira. Segundo se comenta em Brasília, espera-se apenas que ela perca seu mandato para se abrir processos com denúncias de irregularidades em campanhas passadas.
Neste momento, Dilma está ainda inimputável por atos anteriores à sua última posse em janeiro de 2015. Revogada essa imunidade, ela teria suas contas eleitorais vasculhadas, sujeita às penalidades e responsabilizações.
Muita gente sensata diz não acreditar que se chegue a esse ponto.
Não haveria interesse de jogar mais gasolina na fogueira. Há razões para esses raciocínios. O acordo dos grandes partidos para a eleição do novo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM, seria uma demonstração de racionalidade política.
As forças responsáveis, esquerda e direita, uniram forças para explodir o Centrão, que se fortalecia e configurava uma força deletéria que ameaçava as bases da democracia parlamentar.
Rodrigo Maia seria uma volta aos trilhos, não obstante tivesse sido uma locomotiva do trem golpista.
Esse acórdão revelou-se uma soma de resultado positivo a todas as forças já no seu primeiro dia. Antes mesmo de qualquer outro ato, Maia impugnou um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as finanças da União Nacional de Estudantes (UNE).
Com isto o novo presidente da Câmara cortou o pavio de uma bomba que a direita hidrófoba lançara no meio do plenário do Congresso. Maia fez valer seus poderes, desarmando essa casca de banana, demonstrando-se um verdadeiro contraponto à figura politicamente esquizofrênica de Eduardo Cunha, com suas pautas bombas.
As forças políticas responsáveis perceberam que a CPI da UNE seria cutucar com vara curta uma casa de marimbondos. Irresponsavelmente, pretendia-se insuflar milhares de militantes de movimentos sociais em nome de um moralismo canhestro.
O argumento da denúncia era que estariam causando problemas a irrequietos jovens esquerdistas, seus adversários ideológicos. Esse propósito,no entanto, não seria limitar-se a UNE, mas abrir a tampa de uma caixa e ir puxando os fios de uma fieira interminável.
São milhares (mais de20 mil, segundo um último número vazado há quatro anos por funcionários indiscretos do Ministério do Planejamento) de minúsculas entidades que recebem algum tipo de subvenção não têm condições administrativas para atendera todas as minúcias das exigências legais, como prestações de contas detalhadas e licitações demoradas e complexas.
Com a desculpa de atingir no pé uma pretensa máquina eleitoral, pretendia-se chamar aos tribunais milhares de gestores dessas organizações conveniadas, a esmagadora maioria beneficiadas com pequenas quantias. A UNE é uma entidade que repassa alguns recursos de convênios específicos. Por aí se iria desfiando a teia.
Essa proposta foi enterrada. O ex-presidente Lula foi o grande articulador que viabilizou a quebra do Centrão, uma atitude até agora pouco compreendida por segmentos intransigentes da esquerda.
Por estas e por outras que as forças adversárias querem bani-lo do cenário. Lula é um prego na sola do sapato da direita. Certamente por isto que precisa do resguardo das Nações Unidas, pois está travando forças poderosas e obscuras.
Um comentário em “Prego na sola do sapato”
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Muito boa análise.