Bibi Jazz Band toca duas vezes na capital e mostra show com canções italianas na Festa da Uva

Higino Barros
Nascida no Uruguai, radicada em Caxias do Sul, a cantora Bibi Blue dá uma prova de sua versatilidade e capacidade vocal, ao montar o show “Parla Piu Piano”, para ser especialmente apresentado durante a Festa da Uva, em Caxias do Sul. Antes desses shows, a cantora e seu grupo, Bibi Jazz Band, se apresenta duas vezes em Porto Alegre, mostrando seu repertório tradicional de jazz.
Na capital gaúcha, a Bibi Jazz Band toca no próximo domingo, dia 24, às 18h30, no barco Cisne Branco. E na segunda-feira, dia 25, na casa noturna Dry, às 21h. Bibi já tem um público fiel na cidade. Enquanto a cena de jazz gaúcha tem variedade e quantidade de instrumentistas, são poucas as cantoras que se dedicam ao gênero no Estado. Bibi é uma das mais conhecidas. Além de liderar a Bibi Jazz Band, ela dá aula de Técnica Vocal em Caxias do Sul.

Fotos de Bruna Marchiori/ Divulgação
Sobre o novo trabalho do grupo, apresentando releituras da música popular italiana com clássicos como “Parole”,”Come Prima” , Citta Vuota, entre outras canções, ela promete fazer o público “tremer e se emocionar”. Segundo ela o ambiente, a Festa da Uva, favorece para que isso aconteça. Além dessas canções , a Bibi Jazz Band vai mostrar clássicos do jazz americano, interpretados em italiano.
Agenda de shows
24 Fev: Barco Cisne Branco – Horário Do Show 18:30hs
25 Fev: Casa Noturna Dry – Horário Do Show 21:00hs
28 Fev – Show Da Festa Da Uva ” Parla Piu Piano “- Horário- 20hs
Pavilhão – Nostra Iltalia
01 Mar Fest Uva Especial ” Parla Piu Piano “
Horário do Show -19hs
Pavilhão – Nostra Iltalia
07 Mar Fest Uva Especial ” Parla Piu Piano “
Horário Do Show 20:30hs
 Pavilhão – Nostra Iltalia

História de Janja rende a Pablito Aguiar prêmio internacional de quadrinhos

Higino Barros
O Instituto para o Desarrollo Rural de Sudamérica (IPRDS) é uma instituição sem fins lucrativos que visa contribuir para melhorar as condições teóricas, políticas e técnicas para o desenvolvimento rural na América do Sul. Sua sede fica em La Paz (Bolívia) e anualmente ele promove, para jovens, um concurso de ensaio e ilustração que tem como tema histórias de vida de pessoas que sobrevivem à violência e perseguição existentes no campo.

O quadrinista Pablito Aguiar, de Alvorada, colaborador do JÁ Porto Alegre, ficou em segundo lugar, na categoria ilustração, em resultado divulgado nessa terça-feira na capital boliviana.
O trabalho foi publicado originalmente na edição do JÁ Porto Alegre na edição de novembro de 2018, dedicada à realização da Feira do Livro. E conta a trajetória de Janja, personagem real, moradora de uma comunidade Quilombola, na Estrada dos Alpes, no bairro Glória, em Porto Alegre.
Pablito Aguiar vem publicando na edição impressa mensal do JÁ Porto Alegre histórias de trabalhadores anônimos da capital gaúcha, como fizera anteriormente em jornal da cidade de Alvorada, onde reside. O trabalho em Alvorada rendeu um livro, premiado no início de 2018, no Salão de Arte e Desenho de Porto Alegre.

"Relatório Ota do Sexo" , do consagrado quadrinista da revista Mad, vai virar documentário

 
Texto: Higino Barros- Fotos: Tânia Meinerz
O quadrinista e cartunista carioca Ota esteve em Porto Alegre no início dessa semana e retornou ao Rio de Janeiro, onde mora, na quarta-feira. Ele veio à capital gaúcha para tratar de uma versão para o cinema do documentário a ser feito sobre uma obra sua impressa, o “Relatório Ota do Sexo”, de 2010. Que ele define como “um documentário maluco, que mistura Roger Rabbit com documentário do History Channel, vozes de dubladores famosos e de Relatório Ota”.

Otacílio Costa d’Assunção Barros, o Ota, está com 64 anos, é referência entre seus pares, já que foi editor responsável e um dos autores mais cultuados da versão brasileira da revista humorística Mad. Atualmente ele faz um trabalho independente, longe das grandes editoras, mas igualmente mordaz como no passado. Tanto na internet como em edições impressas. Seu público tem a média de 35 a 45 anos, mas ele diz que com novos personagens como “A garota bipolar” está formando leitores das novas gerações.

A Mad era uma espécie de Bíblia do quadrinho norte-americano dos anos 1970. A edição brasileira nasceu em 1974, pleno período de censura e ditadura militar. Optou por um humor iconoclasta, irreverente e calcado em comportamento, em vez do humor político vigente na época, que tentara furar a barreira rígida da censura. É comum para ele ouvir depoimentos de pessoas que dizem que foram influenciados na profissão de desenhista de quadrinhos graças à Mad.
Para celebrar a estadia dele em Porto Alegre, cartunistas gaúchos, da Grafar, entre eles, Leandro Bierhals , o Bier, Edgar Vasques, Santiago, Fábio Zimbres e outros, se reuniram na terça-feira, no bar Parangolé, na Cidade Baixa. Na oportunidade Ota falou com a reportagem do JÁ.

Pergunta: O que viestes fazer em Porto Alegre?
Resposta: Vim para uma reunião sobre uma versão de um documentário que será feito, um documentário maluco, que mistura Roger Rabbit com documentário do History Channel, vozes de dubladores famosos e do Relatório Ota. Vai ter animações, entrevistas com pessoas falando sobre taras sexuais. Por falar nisso, quem quiser participar é só nos procurar nas redes sociais. Vai ter mulheres falando que traem maridos, velhinhas relatando como era no tempo delas, que só podia transar na moita. Espero que esse filme vá causar, como se diz hoje…
Pergunta: Os leitores de quadrinhos lembram do teu trabalho na Mad. Fale um pouco disso:
Resposta: A Mad não existe mais no Brasil, no Estados Unidos continua saindo. Há dez anos me afastei da revista, em 2008. Mas fiquei 38 anos trabalhando nela e foi onde publiquei o Relatório Ota, que me tornou conhecido no País. Eu falava de sexo, drogas, ecologia, energia nuclear, qualquer assunto da moda, da época virava tema de relatório.
Pergunta: Há quanto tempo está na profissão? E o como vê a cena do quadrinho brasileiro hoje, com o advento das redes sociais?
Resposta: Estou em atividade há 49 anos, vou completar 50, já que comecei bem cedo. Com a internet a gente abrange um número maior de leitores. Antes era preciso comprar uma revista na banca. Esse público enorme da internet pode viralizar sua publicação e embora não receba diretamente por isso, crio um público que acaba comprando minhas revistas e publicações impressas. Ando com elas embaixo do braço em feira de quadrinhos pelo País e onde me convidam. Eu já tenho uma certa fama, vender impresso não é tão difícil para mim. Mas para quem está começando agora é um pouco mais complicado. O certo é que o mundo está mudando e a gente tem que se adaptar. É o que estou fazendo.

 

Beatriz Araújo: "Cultura vai ser protagonista no governo Eduardo Leite"

Higino Barros – Fotos Arfio Mazzei
A pelotense Beatriz Helena Miranda Araújo assume a Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul no momento em que a pasta retoma a seu antigo formato, voltada exclusivamente para as atividades culturais, sem os acréscimos de Esporte Lazer e Turismo, que tinha no governo passado.
Beatriz tinha 22 anos, quando se tornou assessora da presidência na Fundação de Cultura, Lazer e Turismo de Pelotas (Fundapel), em 1985.
Desde então atua na área cultural. Dirigiu o Theatro Sete de Abril e, em 1992, deu início a trajetória como produtora cultural independente.
Na área de preservação de patrimônio, em Pelotas, trabalhou no restauro do prédio da Bibliotheca Pública Pelotense, a recuperação e modernização do Theatro Sete de Abril (2002) e a aquisição e restauro integral da casa de João Simões Lopes Neto. Coordenou projeto de instalação do Instituto João Simões Lopes Neto, com aquisição de mobiliário e equipamentos.
Em Porto Alegre produziu o projeto Jardim Lutzenberger, na Casa de Cultura Mario Quintana. Na literatura, de 1998 a 2002, captou recursos e produziu cinco edições da Feira do Livro de Pelotas, a publicação de livros de arte e patrimônio como “Lutzenberger e a Paisagem”, “História Iconográfica do Conservatório de Música de Pelotas”, “Sete de Abril – o Teatro do Imperador”.
Foi por duas vezes Secretária de Cultura de Pelotas, quando criou o Conselho Municipal de Cultura e o Sistema Municipal de Museus.
Entre 2015 e 2016 produziu projetos referentes ao Biênio Simoneano, como a exposição sobre a vida e obra de João Simões Lopes Neto, no Santander Cultural, em Porto Alegre, e a criação e instalação no Centro Histórico de Pelotas de escultura em tamanho natural de Simões.
Em 2018 atuou na coordenação e produção executiva da 11ª Bienal do Mercosul e do Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense, de Aldyr Garcia Schlee, a ser lançado em março de 2019. Também coordenou o projeto que viabilizou a primeira etapa da restauração da Casa de Garibaldi, em Piratini.
Há 15 dias no cargo de Secretária Estadual de Cultura, ela falou ao JÁ:

Qual o papel da Cultura no governo Eduardo Leite?
 Primeiro é importante falar do político Eduardo Leite, para perceber a importância da Cultura no governo dele. O Eduardo se elegeu pela primeira vez vereador com 19 anos. Eu era ativista cultural em Pelotas, trabalho desde os 22 anos nessa área e naquele período em que ele foi vereador, havia um problema com a Secretaria Municipal de Cultura que não queria fazer uma Conferência Municipal de Cultura. Os trabalhadores de Cultura da cidade foram então à Câmara de Vereadores e buscamos um suporte para que a conferência acontecesse. O Eduardo não só chamou para si, ele era presidente da Câmara, a responsabilidade da realização da conferência, como também a presidiu. Não protocolarmente, mas também participou de trabalhos de grupos, dos resultados e da síntese do evento que aconteceu ali. Depois levou tudo à prefeitura, pleiteando o atendimento das demandas dos trabalhadores de Cultura.
Quando ele se elegeu prefeito, me convidou para a Secretaria da Cultura. Foi na minha casa, acompanhado pela sua vice, a Paula, e me fez o convite. Fiquei surpresa e lisonjeada, mas disse que não poderia aceitar devido à condição que teria para exercer o cargo. Ele ouviu o que eu disse, agradeceu, mas antes de ir embora, perguntou. Posso saber qual é essa condição? Respondi que era de não aceitar nenhuma indicação política para a Secretaria da Cultura. Eu precisava de gente qualificada, vocacionada para as funções, com talento e trabalhadores da cultura. E com indicação política se comprometeria os resultados pretendidos. Ele respondeu de pronto. Está aceito. E pude montar minha equipe pelos critérios técnicos. Passaram quase dois anos e tive que largar o cargo, já que sou produtora cultural e minha empresa ficou fragilizada, com a ida da minha sócia para uma graduação no Rio de Janeiro. Expliquei tudo ao Eduardo que, no outro dia quando fui comunicar me afastamento, solicitou que minha equipe continuasse à frente da secretaria.  Até hoje, esta equipe continua trabalhando lá, com bons resultados para a comunidade. Alguns projetos que deixei foram depois executados, como o edital do Prêmio Movimento, que o cidadão que não sabe escrever pode participar desse edital e ganhar um prêmio pelo trabalho cultural que ele desenvolve na sua comunidade. Esse projeto ajuda o desburocratizar um pouco a obtenção de recursos públicos para uma camada da população que tem enormes dificuldades para obter isso. Esse foi uma ação que ele, como prefeito, fez questão de por em prática.
No PAC das Cidades Históricas, o Eduardo teve também uma atuação muito presente. Ele foi comigo à Brasília quando fui pleitear os recursos para o PAC. Ele tinha participado da confecção de cada projeto que na hora de sua apresentação, foi ele quem fez, de tal conhecimento que tinha de cada assunto. Combinamos eu e ele de nos olharmos durante a apresentação, se algo estivesse diferente. Pois ele tinha tanto domínio da questão que não me olhou nenhuma vez, não precisou de nenhuma participação minha. Então esse é o governador. A cultura sempre foi e é prioridade para ele. Que entende que a cultura transforma, que a arte tem que fazer parte do dia a dia do cidadão. Tenho certeza que ele vai dar um suporte para a Cultura que nenhum governador deu. Assim tenho que ser mais eficiente e melhor do que os secretários que me antecederam, já que vou ter mais do governador do que eles tiveram.

O orçamento da Secretaria da Cultura tradicionalmente é baixo. Em época de crise isso tende a reforçar. Como a senhora vai lidar com esse problema?
Não vejo a secretaria em nenhuma situação caótica. Parte dos equipamentos sob responsabilidade da secretaria, muitos estão em situação precária. Precisam de manutenção. Mas isso não é questão só desse governo. Em todos os governos não existe uma política de manutenção de prédios históricos.
Mas a questão imediata é de organização da volta da secretaria da Cultura, a organização de seu quadro funcional e do próprio orçamento que era para três pastas, tinha Esportes e Turismo, Lazer. Também e agora volta a ser separado. É uma situação que não é confortável, dá para dizer e tem sido um trabalho quase braçal nesses primeiros dez dias de governo.
Há perspectiva de aumento desse orçamento logo?
Resposta: Nós vamos trabalhar com nossa fatia, o que já foi destinado a cada área.  Não é uma situação confortável de todos que estão assumindo, mas o governador espera que eu trabalhe também na busca de parceiros. Tanto na iniciativa privada como nas pastas que podem de alguma forma atuar nessa transversalidade. Vamos buscar diálogo como a Ciência e Tecnologia , na Educação, na Saúde e outras áreas, para viabilizar entregas e na parceria privada para que a gente possa potencializar nossa ações.
De orçamento sabemos o que está previsto para a LIC (Lei de Incentivo à Cultura) e para o Fundo de Apoio à Cultura, são os recursos destinados a atender a ponta. Para a LIC há previsto R$ 35 milhões em 2019. Esse orçamento existe há seis anos, não aumentou em nada. Sendo que o orçamento do Estado nesse período aumentou. Está congelado. Hoje representaria R$ 130 milhões. Ou seja, há uma enorme defasagem entre o que é e o que poderia ser. Dá para ver que o orçamento em cultura hoje está bastante acanhado.
E trabalhamos com a lógica que isso será mudado. Foi o que aconteceu em nível municipal em Pelotas, onde foi gradativamente havendo um aumento dentro das possibilidades. Não estou trabalhando com percentuais ainda porque há muitas tarefas urgentes a serem feitas, antes de chegar ao governador, negociar e dizer. Nós temos essa proposta para os quatro anos, no plano plurianual. Queremos aumentar o orçamento da Cultura em tanto. Não sabemos em quanto vai ser essa proposta. Mas que ele vai aumentar não tenha dúvida. Pode me cobrar isso.
E do Fundo de Apoio à Cultura. O que dizer?
 Há pouco mais de R$ 9 milhões previstos e alguns entraves. Já estamos em contato com o Secretário da Fazenda para garantir que não haja mais saques desse fundo. No governo passado alguns saques foram realizados e isso acaba inviabilizando o trabalho da Secretaria da Cultura.
A crise atingiu também os financiamentos da iniciativa privada na Cultura. Como superar esse cenário?
-As grandes empresas dão um suporte muito grande para projetos importantes na área de Cultura e houve um encolhimento nesse setor, visível. Mas nosso cliente maior, se dá para chamar assim, está em outro universo. São 497 municípios e a gente tem que entender que essas políticas públicas têm que chegar lá. Em Porto Alegre temos equipamentos bárbaros, alguns eventos que são fundamentais para o Estado, mas temos que pensar e dar atenção especial aos outros municípios. E isso não é com a grande empresa. Por exemplo, as estatais têm uma abrangência muito grande em muitas regiões e cidades diferentes. Desafio é ver uma forma que a gente possa construir um consenso para que os recursos das estatais para que tenham essa orientação. De atender os municípios menores, e não ter somente uma concentração na capital.
Cultura com suporte de governo no interior quase não existe, fora dos centros maiores. Isso vai mudar?
Certamente. Nosso foco de trabalho passa pela Economia Criativa, que  vai ser um braço forte da Secretaria e já trabalhamos sempre pensando em todos. Nossos contatos passam, por exemplo, com o Comdimic (Conselho Municipal de Dirigentes Municipais de Cultura), o Codic e o Sesc, que têm uma capilaridade grande. A partir daí dá para trabalhar essas políticas com mais força nos municípios.
Algumas instituições culturais ligadas ao Estado, como Ospa, Biblioteca Pública Estadual, a Casa de Cultura e o Theatro São Pedro, permanecerão com diretores escolhidos na gestão anterior. O que sinaliza essa continuidade?
A lógica brasileira é de trocar o governo e romper o que existe, começar tudo de novo, na lógica do nunca antes nesse país, mas a lógica que trabalhamos é outra. O que estou cuidando é observar atentamente o que vem funcionando e bem e reconduzir os gestores para obter melhores resultados ainda. Eu tenho a sorte de estar à frente da Secretaria da Cultura que tem um governador que prioriza a Cultura. Isso significa que se as instituições funcionavam bem, vão ter que funcionar melhor necessariamente. Vale para todos. Algumas reconduções estão acontecendo, mas isso não significa que as coisas aconteçam como antes. Certamente nós vamos deixar nossa marca.
E qual é essa marca?
Ah, eu levo horas para falar nisso. Mas vamos condensar em três pontos . Queremos evoluir o que a já acontece bem, usar a Economia Criativa e ter um olhar atento aos municípios. Queremos ver se podemos ter aqui um polo de Cultura no Estado, suficientemente atraente que possa trazer talentos. Com gente que se envolve com arte e cultura em outros lugares e que possa ser atraído, tenhamos chance de acolher e de dar condições de trabalho adequado e inspirador.
Não temos preocupações de atuar mais em uma área em detrimento de outra. Nos editais, por exemplo, a ideia é que todos os setores sejam contemplados. Naturalmente uns são mais articulados e mais fortes do que outros. Mas isso não muda nossa postura de ver a Cultura como um todo e não por segmentos. Existe muita capilaridade e quem souber fazer uso desses mecanismos que vamos incrementar, o resultado vai acontecer, seja em que for o setor.
 Uma questão um pouco relevada na área de Cultura é do Patrimônio Histórico. O que a senhora pensa disso?
Nessa questão, a educação vem antes do que a preservação patrimonial. Temos que trabalhar os jovens para não causarem pichação, uma preocupação grave que atinge prédios, monumentos e outros equipamentos. Em geral, o jovem não se reconhece naquele monumento, por isso ele o está danificando. Então um exemplo de como agir é disponibilizar, para o pequeno município, um edital que quer queira desenvolver algum projeto de preservação patrimonial. Um projeto de R$ 5 mil a R$ 25 mil, no caso de um pequeno município é suficiente para desenvolver uma atividade que será relevante ali.
Já conversei com o pessoal da área para que possamos no segundo semestre ter uma atividade de educação patrimonial juntos aos municípios. É importante que o cidadão tenha acesso a esses equipamentos públicos que normalmente não estão disponíveis. Em Pelotas temos um evento dessa área, o Dia do Patrimônio, que se tornou a festa cívica mais importante da cidade. Em um final de semana todos os bens materiais ou imateriais do município são acessíveis aos cidadãos. Prédios históricos municipais como a Secretaria da Cultura, o gabinete do prefeito e outros locais podem ser visitados. Além disso, um tema é escolhido a cada edição para que as pessoas possam conversar e refletir acerca do seu patrimônio. Grupos artístico fazem a programação artística do evento, sem cachê, já que é uma festa cívica. É um trabalho voluntário. A prefeitura só disponibiliza os espaços e organiza a agenda. Mas quem faz é a comunidade. Nós vamos fazer isso em todo o Rio Grande Sul.

Como foi sua recepção pela comunidade cultural?
Senti o peso da responsabilidade. Vejo como uma missão. Saio da minha zona de conforto para fazer um trabalho que gosto muito. Estou tirando umas pessoas também dessa condição para estarem do meu lado nesse trabalho. Sei que Porto alegre tem seus nomes, tem uma intelectualidade, gente que poderia muito bem atender essa demanda da Secretaria da Cultura. Mas quando o governador me convidou e disse. Eu quero uma secretária que brigue pela Cultura dentro do governo, eu não podia pensar diferente. Ele continua o mesmo. E vai dar protagonismo para a Cultura. Nas entrevistas e nas reuniões do secretariado, noto que ele sempre fala sobre o papel da Cultura. Ao mesmo tempo que isso me deixa tranquila, aumenta minha responsabilidade. A gente vai ter que se puxar. Eu tenho a compreensão que ele faz parte de uma coligação de partidos, não há como negar essa condição. Mas a lógica e prioridade primeira é essa. Se é indicação de partido tem que estar vocacionado e que seja à altura da função que vai exercer. Assim, cada ocupação de função será feita por gente capacitada. Essa é uma garantia de nossa administração.
QUEM É
Beatriz Helena Miranda Araújo nasceu em Pelotas em 1962. Iniciou as atividades na cultura aos 22 anos, em 1985, como assessora da presidência na Fundação de Cultura, Lazer e Turismo de Pelotas (Fundapel). Atuou de 1988 a 1992 na direção do Theatro Sete de Abril. Em 1992, deu início a trajetória como produtora cultural independente.
Na área de preservação de patrimônio, em Pelotas, trabalhou no restauro do prédio da Bibliotheca Pública Pelotense, a recuperação e modernização do Theatro Sete de Abril (2002) e a aquisição e restauro integral da casa de João Simões Lopes Neto. Coordenou projeto de instalação do Instituto João Simões Lopes Neto, com aquisição de mobiliário e equipamentos.
Em Porto Alegre produziu o projeto Jardim Lutzenberger, na Casa de Cultura Mario Quintana. Na literatura, de 1998 a 2002, captou recursos e produziu cinco edições da Feira do Livro de Pelotas, a publicação de livros de arte e patrimônio como “Lutzenberger e a Paisagem”, “História Iconográfica do Conservatório de Música de Pelotas”, “Sete de Abril – o Teatro do Imperador”.
Foi por duas vezes Secretária de Cultura de Pelotas, quando criou o Conselho Municipal de Cultura e o Sistema Municipal de Museus. Entre 2015 e 2016 produziu projetos referentes ao Biênio Simoneano, como a exposição sobre a vida e obra de João Simões Lopes Neto, no Santander Cultural, em Porto Alegre, e a criação e instalação no Centro Histórico de Pelotas de escultura em tamanho natural de Simões.
Em 2018 atuou na coordenação e produção executiva da 11ª Bienal do Mercosul e do Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense, de Aldyr Garcia Schlee, a ser lançado em março de 2019. Também coordenou o projeto que viabilizou a primeira etapa da restauração da Casa de Garibaldi, em Piratini.
Atuou na Associação de Produtores Culturais do RS desde a criação da entidade (1999) em defesa da manutenção da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, bem como no seu aperfeiçoamento, em parceria com o deputado Bernardo de Souza e que proporcionou a participação de pequenas empresas, até então excluídas do sistema.
De 2010 a 2012 presidiu o Conselho Municipal de Cultura de Pelotas.
 
 
 
 
 

Bibi Blue abre temporada musical da Fundação Ecarta com show irretocável de jazz canção

 
Higino Barros 
O ano de 2019 começou bem para a cena de jazz canção de Porto Alegre. A cantora uruguaia radicada em Caxias do Sul, Bibi Blue, acompanhada por André Viegas (guitarra) e Rodolfo Arnold (contrabaixo) fez um show irretocável no sábado passado, dia 12, abrindo a temporada de apresentações musicais da Fundação Ecarta, em 2019.
Em um formato diferente do habitual (seu grupo inclui o pianista Marcelo Fabro e o baterista Mateus Mussato) Bibi prendeu a atenção da plateia o tempo todo com um repertório de standards do gênero, reconhecível, mas não menos sofisticado e que exige dos músicos pleno domínio da função.
O formato com guitarra e contrabaixo abre mais espaço para André Viegas e Rodolfo Arnold, “já que o piano normalmente assume um papel monopolizador nos arranjos”, arrisco a comentar em tom de pergunta e o baixista Arnold registra, “ e a bateria traz um ritmo diferente. Sem ela, nossa responsabilidade fica maior, nos obrigando a cobrir todos os espaços”.
Chimarrão na plateia
O palco da Fundação Ecarta é pequeno e no local cabe um público reduzido que fica junto aos músicos. Havia pessoas de todas as faixas etárias e como o horário favorecia tinha expectadora tomando chimarrão também. O auditório estava com sua plena capacidade de ocupação, havendo pessoas que não conseguiram ter acesso ao show. A cantora comentou essa proximidade durante sua apresentação e entrou no palco, como observou depois, “com unhas e dentes”.
“É importante para os músicos que moram no interior ter acesso a uma cena de jazz como a de Porto Alegre, consolidada e formada por gente de todas as idades. Estou vendo uma menina sentada no fundo ali”, comentou Bibi. Após o show a cantora conheceu a menina, Lavínia, filha do fotógrafo do JÁ Porto Alegre, Ricardo Stricher. E registrou em rede social; “é imensa alegria registrar que conquistamos corações desta meninada nova que curte Jazz canção sim!”.
A próxima apresentação de Bibi Blue e grupo em Porto Alegre está prevista para o dia 24 de fevereiro, no projeto musical do barco Cisne Branco.
Fotos de Ricardo Stricher