"O Topo da Montanha", com Lázaro Ramos e Taís Araújo, retorna a Porto Alegre para falar de Martin Luther King

A peça O Topo da Montanha, com Lázaro Ramos e Taís Araújo continua sua carreira de sucesso, tendo já sido vista por cerca de 200 mil espectadores, além de ter recebido uma indicação ao Prêmio Shell, de melhor atriz, para Taís Araújo. Desde sua estreia em São Paulo, em outubro de 2015, o espetáculo percorreu 11 estados brasileiros e visitou 15 cidades, sempre com sessões esgotadas – desta vez a peça retorna a Porto Alegre no Theatro São Pedro, nos dias 19, 20 e 21 de julho, sexta e sábado, às 21h e domingo às 18h, em uma coprodução entre as empresas BR Produtora e Silvia Abreu Produções Artísticas e Culturais. Os ingressos já estão à venda no local (confira no Serviço).

Fotos Juliana Hilal/ Divulgação

Para celebrar a segunda incursão de Taís e Lázaro em Porto Alegre com a montagem após o sucesso das primeiras apresentações na cidade, em junho de 2017, a dupla chega, desta vez, um pouco mais cedo a capital para participar de um bate-papo no Instituto de Cultura da PUCRS, no dia 18 de julho, às 19h, com entrada gratuita e sujeito a lotação – o encontro será mediado pela jornalista Carol Anchieta e pelo diretor da universidade, Ricardo Barberena – para falar de suas carreiras e responder perguntas do público.

A encenação que conquistou tantos espectadores relembra que há mais de cinquenta anos, no dia 4 de abril de 1968, o mundo se despedia de Martin Luther King Jr, o pastor protestante e ativista político que se tornou ícone por sua luta pelo amor ao próximo e pelo repúdio à segregação racial norte-americana. Vale lembrar que somente entre 1883 e 1959, cerca de cinco mil negros foram linchados nos estados do Sul do país – e é este o momento histórico que a jovem dramaturga Katori Hall desconstrói na ficção.

Grande discurso

Topo da Montanha faz alusão ao último grande discurso de Martin Luther King  (I’ve Been to the Mountaintop). Em Memphis, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, Luther King acabara de realizar seu último sermão. É exatamente neste cenário, um dia antes de seu assassinato, cometido na sacada do Hotel Lorraine, do quarto 306 – e na sequência de suas derradeiras palavras públicas -, que Martin Luther King, interpretado por Lázaro Ramos, conhece Camae, encenada por Taís Araújo, a misteriosa e bela camareira em seu primeiro dia de trabalho no estabelecimento. Repleta de segredos, ela confronta o líder em clima de suspense e simultaneamente debochado. Deste modo, em perfeito jogo de provocações, faz o reverendo se lembrar que, como todos, é humano. Por meio do humor e da emoção, faz rir e pensar com retórica atual, seja para americanos ou brasileiros.

A escrita, diga-se, faz sentido mesmo quando comparada à situação política daqueles tempos. Para citar uma frase do espetáculo: “parem a guerra do Vietnã e comecem a lutar contra a pobreza” – vista sob a ótica do presente, ela ainda parece possível ser proferida e ressalta as características de um líder que “teve a força de amar aqueles que jamais puderam o amar de volta”. “Este texto me perseguiu como ator por dois anos, por meio de pessoas que diziam que tinha de fazê-lo no Brasil. E é contemporâneo porque é uma história também sobre enfrentar medos. Sobre os trilhos da coragem e do afeto”, resume Lázaro. “Tínhamos muito receio de que o texto fosse americano demais e não tocasse as pessoas. Mas o tempo e uma boa tradução nos convenceram que as questões do amor e da igualdade são relevantes e próximas a todos nós”, complementa Taís.

A boa tradução para o português a que se refere Taís é de Silvio José Albuquerque e Silva, responsável por dar vida a temas universais e ainda envolventes. “Hall revela um líder ao mesmo tempo radical e pragmático, profético e imprevidente, sonhador, sedutor, frágil e, sobretudo, humano”, resume Silvio.

Caminhos de acasos

Também produtores da versão brasileira, Lázaro Ramos e Taís Araújo continuam a trajetória de sucesso ascendente da montagem num caminho de acasos que os levou a ela. O primeiro a vê-la, em Manhatan, foi um amigo do casal que a mencionou a Lázaro Ramos. Mais tarde, o diretor João Falcão apresentou ao ator o texto original, em inglês, ainda se dispondo a dirigi-lo. Feita uma primeira tradução, a conclusão da dupla Taís e Lázaro parecia irrevogável: o script era distante da realidade brasileira e demasiado americano, portanto não envolveria ninguém do lado de baixo da linha do Equador.

Mas o tempo passou, e Lázaro Ramos entrevistaria Joaquim Barbosa. Seu chefe de gabinete, Silvio Albuquerque, admirador e conhecedor de Martin Luther King, entregou uma nova tradução a ele – inicialmente deixada de lado até que Taís a lesse. “A nova tradução era muito boa e ora eu ri, ora me emocionei. Finalmente fazia sentido e tive a convicção de que era viável para o Brasil. Insisti para que Lázaro a revisse e, mais tarde, com a impossibilidade do João Falcão dirigir, pressionei para que ele a assumisse”, relembra Taís. “Dirigir não estava em meus planos, principalmente porque conciliar a direção com a atuação era algo que eu sempre disse que não faria. Taís, minha grande parceira de cena e de vida, me convenceu a encontrar e acreditar na força de Martin Luther King”, prossegue Lázaro.

É um encontro, afinal, completo para o casal Taís Araújo e Lázaro Ramos – que à parte a vida conjugal comum, os trabalhos na televisão e no cinema, possuem carreiras sólidas também nos palcos. A carioca Taís Araújo faz desta sua décima peça teatral como atriz e a terceira como produtora – já esteve no elenco de Orfeu da ConceiçãoPersonalíssimaGimba; Liberdade para as BorboletasSolidoresO Método GrönholmAmores, Perdas e Meus VestidosDisse que Disse e Caixa de Areia.

Já o soteropolitano Lázaro realizou mais de 20 espetáculos com o Bando de Teatro Olodum de 1994 a 2002, entre eles; Sonhos de Uma Noite de VerãoÓ Pai Ó e Ópera dos 3 Vinténs. Após sair de Salvador, destaque para A MáquinaMamãe Não Pode Saber e o Método Grönholm, além de ter dirigido e escrito os infantis As PaparutasA Menina Edith e a Velha Sentada, bem como esteve à frente da direção dos adultos Campos de Batalha e Namíbia, Não e da codireção de O Jornal, entre outros.

Ficha Técnica

Texto de Katori Hall

Direção de Lázaro Ramos

Codireção de Fernando Philbert

Tradução de Silvio Albuquerque

Consultoria Dramatúrgica de Angelo Flávio

Assistência de direção Thiago Gomes

Com Lázaro Ramos e Taís Araújo
Voz Inicial da Mãe de Martin Luther king de Léa Garcia

Preparação vocal de Edi Montecchi

Cenografia de André Cortez

Assistência de Cenografia de Carmem Guerra
Construção Cenário de Ono Zone Estúdio/ Fernando Bretas e Waldir Rosseti
Iluminação de Walmyr Ferreira
Assistência de Iluminação de Marcos Freire

Figurinos de Teresa Nabuco

Trilha sonora de Wladimir Pinheiro
Desenho de Som de Laércio Salles
Projeções de Rico Vilarouca e Renato Vilarouca

Fotos de estúdio de Jorge Bispo

Fotos de cena de Valmyr Ferreira e Juliana Hilal

Projeto gráfico da Dorotéia Design, Adriana Campos e Tamy Ponczyk

Revisão de Regina Stocklen

SERVIÇO ESPETÁCULO

O Topo da Montanha. Espetáculo teatral com Lázaro Ramos e Taís Araújo.

Duração: 1h30m | Classificação: 14 anos | Gênero: Comédia Dramática

Datas: 19, 20 e 21 de julho de 2019

Horários: Sexta-feira e Sábado – 21h |Domingo: 18h

Local: Theatro São Pedro – Praça Marechal Deodoro, s/n° | Centro Histórico | Porto Alegre/RS

Telefones: (51) 3227.5100 | 3227.5300

Ingressos:

Plateia: R$ 120,00

Cadeira extra: R$ 120,00

Camarote central: R$ 100,00

Camarote lateral: R$ 100,00

Galerias: R$ 80,00

Descontos

50% para associados da AATSP (ingressos limitados)

50% para estudantes, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência

50% para idosos

Horário da Bilheteria

Das 13h até o horário de início do espetáculo

Quando não há espetáculo, das 13h às 18h30min

Sábados e domingos:

Das 15h até o horário de início do espetáculo

I

SERVIÇO DEBATE LÁZARO RAMOS E TAÍS ARAÚJO

Debate com Taís Araújo e Lázaro Ramos e mediação da jornalista Carol Anchieta e do diretor da universidade, Ricardo Barberena

Data: 18 de julho, às 19h

Onde: Instituto da Cultura da PUCRS, prédio 41 – Av. Ipiranga, 6681

Capacidade: 700 pessoas

Ingressos:  Haverá distribuição de senhas a partir das 18h, na entrada do mesmo prédio, com limitação de público sujeita à capacidade do local. 

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