A polêmica do voto nulo

Paulo Timm – Economista
O cientista político Benedito Tadeu César fez uma conclamação contra o voto nulo em Porto Alegre. Volto ao assunto em  apoio à sua posição.
Sempre que a esquerda se isolou – e está caminhando de novo pra isso – liquidou-se.
Em 1954 , antes do suicídio de Vargas, os comunistas o combatiam como um emissário do imperialismo. Diante das manifestações populares na morte do Velho, tiveram que mudar de posição.
Antes disso, em 1935,  os comunistas também.haviam se isolado na tentativa de assalto ao poder e pagaram um preço alto. Não compreenderam as profundas mudanças que se estava processando com a Revolução de 1930, para a qual, inclusive, Prestes havia sido convidado para comandá-la. Conta-se que chegou a vir à Porto Alegre para encontro com Vargas. Um bom relato desses episódios está no livro ‘OS CAMARADAS’, escrito por William Waack com o filho de Prestes, graças aos arquivos soviéticos liberados em Moscou.
Em 1968, depois do golpe de 1964, que havia varrido a economia com as reformas liberais de Roberto Campos, houve o repique retardatário da campanha do VOTO NULO em 1970, defendida por BRIZOLA, a esquerda se isolou de novo. Deu no que deu… ANOS DE CHUMBO.
A razão disso é que o grande desafio brasileiro ainda  é o do DESENVOLVIMENTO e a construção da difícil DEMOCRACIA entre nós, para o que precisamos de um amplo ARCO SOCIAL e de sólidas alianças POLÍTICAS, como os que conseguimos na redemocratização que culminou na Constituinte de 88. É disso que se trata, de novo.
A hora não é de ‘reconstruir’ o PT, pois ele não está destruído, como o catastrofismo proclama. Tem história, tem organização e envergadura nacionais, tem grandes lideranças regionais, tem, enfim, um papel importante se não cair na tentação infantil de se isolar em defesa de ‘princípios’. Nada que uma boa autocrítica não resolva. E , veja-se, nem sou do PT, nem defendo a Política Econômica implantada pela Presidente Dilma. Mas defendo a sobrevivência da Política como um caminho para a saída da CRISE.
Aliás, há uma velha tradição que diz que, com amigos, a gente faz é festa. Política, se faz, com adversários. Gente que não pensa nem age como a gente. E se faz com a cabeça, não com o baixo ventre. E quando eles, adversários, porventura, se convertem em inimigos, prossegue a Política ‘por outros meios’, isto é, com a guerra.
A questão crucial, portanto, é, sempre, saber se já começou a hora da guerra, pois ela implica em sérias consequências. Uma delas, é o sacrifício da verdade; outra, é que jamais sabemos de antemão como ela vai se desenvolver, quantos vai matar, e quando vai acabar.

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