No Brasil a sociedade aparece com sua população bastante irreverente. Grandes manifestações, início de articulação entre diversos setores sociais e o começo da construção de propostas políticas mostram aspectos neste sentido. É significativo que os alunos secundaristas de São Paulo, com a ocupação de escolas, conseguem obrigar o governador a derrubar o Secretário de Educação. O Governo Federal “fechou” e depois “abriu” em menos de dez dias o Ministério de Cultura, também em decorrência de pressões semelhantes. Hoje a participação do cidadão é decisiva para a construção de uma alternativa consistente ao país.
Mudou muito a estrutura e a dinâmica da sociedade. O simples crescimento contínuo do país como um todo e a política progressista que seu governo apresentava não respondem mais às exigências do momento. É necessário definir novas e profundas soluções ao seu desenvolvimento. O caminho da política conservadora é o golpe de Estado. Para a população a solução só com Democracia.
Hoje o domínio do capital financeiro é muito agudo sobre as Relações de Produção e impõe mudanças profundas nas Relações de Trabalho, Condições de Vida, Política, valores da Ideologia e Cultura. A exploração atual da mão de obra faz a resistência dos trabalhadores ficar fragilizada. O tempo de emprego do trabalho é curto, dispensável e exige qualificação profissional, o que gera concorrência através da utilização da tecnologia e do aumento do desemprego.
Mas outros fatores conduziram a este confronto. Com a aceleração do êxodo rural nos anos de 70 a 75, um terço da população do país se deslocou do campo para as concentrações urbanas e gerou graves alterações. A ditadura só respondeu com repressão e até hoje as respostas a estes desequilíbrios nas cidades e aos prejuízos da população são insuficientes. Hoje as Condições de Vida são fundamentais na inserção social dos brasileiros e determinantes para alcançar o Mercado de Trabalho. Este fator impõe definições e objetividades rápidas e precisas na vida dos cidadãos. Um elemento básico para as reações críticas das mobilizações sociais.
As manifestações “Fora Temer”, são imensas e continuadas. É o foco atual. Os objetivos maiores são no sentido de construirmos um “Sistema da Democracia”, com estrutura e valores participativos que respondam ao tipo de desenvolvimento de toda a sociedade. Os eventos públicos anteriores eram bastante grandes e realizavam uma disputa política entre os que propunham a queda da presidenta Dilma e os que a defendiam. O elemento inicial era só para enfrentar a corrupção. A ida às ruas realizava um debate na sociedade e cada vez mais ficou a necessidade do desenvolvimento com democracia.
É de alguns anos a origem destes movimentos sociais com forte significado político como agora. Para reiniciar a construção da Democracia tivemos as enormes manifestações “Diretas Já”. Não alcançou vitória em sua proposta naquele ano, mas modificou a escolha para presidente da República logo adiante. Antes, no final da década de 80, as grandes greves de trabalhadores em todo o Brasil foram decisivas para derrubar a ditadura, fortalecer os sindicatos e importante para a construção de um caminho popular em todo o país.
No ano de 2013 surgiu com espontaneidade um poderoso movimento, ainda pouco analisado, que alcançou dimensões enormes. O elemento inicial deste confronto foi o preço das passagens de transporte público das cidades brasileiras. Em sua evolução houve uma ampliação grande com outros temas. Em relação ao deslocamento urbano surgiu um significativo desdobramento na proposta para “Um novo Sistema de Transporte”. Não ficou reduzido só à habitação/trabalho, mas ampliado ao direito de deslocamento em toda a área urbana e a todo o tempo.
Nos movimentos sociais recentes os partidos políticos não alcançaram uma significativa liderança. O candidato conservador a presidente da República e o governador de São Paulo foram vaiados pela população de suas tendências. Esta rejeição não ocorre nas manifestações progressistas. É necessário, entretanto, observar que foi realizada a unidade de muitas forças partidárias e as de representatividade social. Não é no momento a liderança só de um partido.
Muitas considerações alternativas têm aparecido em vários países. A organização política do PODEMOS na Espanha é um exemplo. Também são feitas observações à França que apresenta fortes confrontos dos franceses com o governo que apresentou projeto de lei ao Congresso prejudicando a renda dos trabalhadores.
Existe a pergunta de como realizar maior participação dos moradores dos bairros da periferia urbana e também a articulação dos diversos setores atualmente em disputa social e muitos outros a serem incorporados. Bastante foi discutido sobre o sistema de representatividade no sistema político nacional. No atual momento é essencial também acrescentar a participação com poder de decisão direta da população. É fundamental propor a democratização de toda a sociedade e não limitar ao Estado.