Professor pesquisa substâncias no cocão que podem agir sobre a dopamina

Cocão, espécie criticamente ameaçada

Cleber dioni tentardini
O professor e farmacêutico Arno Hofmann Junior está estudando uma espécie de cocão da coleção viva de plantas raras do Jardim Botânico de Porto Alegre para desenvolver sua tese de doutorado junto ao Laboratório de Toxicologia (Labtoxico), da Faculdade de Farmácia da UFRGS.
Essa espécie, encontrada somente no Sul do Brasil, é do mesmo gênero da planta da coca, de onde se obtém a cocaína, e está criticamente ameaçada de extinção. “O Jardim Botânico está tendo fundamental importância pois possibilitou a coleta de espécie de difícil identificação na natureza”, destaca o pesquisador.
Sua orientadora na Universidade é a professora Renata Limberger, farmacêutica especializada em Toxicologia e coordenadora do laboratório.
Hofmann busca identificar os componentes que essas espécies produzem e avaliar a influência de algumas destas plantas sobre a neurotransmissão da dopamina, substância presente no cérebro de mamíferos e que está relacionada a doenças como Mal de Parkinson, Dependência Química e Esquizofrenia.

Arno Hofmann
Arno diz que planta é muito difícil de ser encontrada/Divulgação

“Meu objetivo não é relacionar às doenças, mas a identificação de espécies que atuem sobre este neurotransmissor, o que possibilitará futuros estudos sobre suas potencialidades toxicológicas e terapêuticas, afirma o docente e coordenador do Curso de Farmácia, da Faculdade IDEAU, no município gaúcho de Getúlio Vargas.
Hofmann explica que o gênero Erythroxylum é conhecido principalmente por ser a fonte natural de alcaloides com núcleo ecgonina como a cocaína. “É verificado que outros compostos presentes nas folhas da ‘coca’ são biologicamente ativos e contribuem para os efeitos verificados pelo chá e pela pasta de coca, como os danos à saúde e a redução da fome e do cansaço. Devido às espécies pesquisadas no sul do Brasil pertencer ao mesmo gênero da ‘coca’, é possível que alguns destes componentes também estejam presentes”, ressalta Arno.
(Cleber Dioni Tentardini)

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