Pesquisa da UFPel estima que há mais de 24,8 mil infectados por coronavírus no RS

Um total de 24.860 pessoas já pode ter sido infectado por coronavírus no Rio Grande do Sul – número nove vezes maior do que mostram os dados oficiais. É o que indica a terceira etapa da pesquisa de prevalência da população divulgada nesta quarta-feira (13) pelo governo do Estado e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Na fase anterior, há duas semanas, o levantamento apontava para 15 mil infectados. Na primeira, eram 5,6 mil.

“Os dados que temos dessa pesquisa, que mostram as condições atuais e a velocidade de propagação do vírus, são muito importantes porque fazem parte dos parâmetros que utilizamos para o Distanciamento Controlado, um modelo complexo que utiliza diversos critérios e indicadores, o que nos ajuda a traçar as melhores estratégias”, destacou o governador Eduardo Leite durante a divulgação dos dados.

Dos 4,5 mil testes rápidos aplicados entre os dias 9 e 11 de maio, 10 pessoas testaram positivo. Destas, quatro foram em Passo Fundo, município que vem apresentando números de casos e mortes elevados nas estatísticas oficiais. Os outros foram em Ijuí (2), Caxias do Sul (1), Pelotas (1), Porto Alegre (1) e Santa Cruz do Sul (1). Completam a lista de cidades onde a pesquisa foi feita Canoas, Santa Maria e Uruguaiana. Juntos, os nove municípios representam 31% da população gaúcha.

Na fase anterior, houve seis testes positivos e, na primeira, dois. Isso mostra um aumento progressivo no número de casos, mas em progressão aritmética, e não geométrica – como tem acontecido no Brasil e como foi nos países com os piores cenários.

“Importante salientar que temos, a cada pesquisa, uma fotografia, e o conjunto de fotografias começa a formar um filme. Com isso, na medida em que temos novas rodadas de resultados, podemos observar uma tendência sobre o comportamento do coronavírus no nosso Estado. E é muito positivo ver que não está acontecendo o movimento exponencial. É uma boa demonstração de controle até aqui no Rio Grande do Sul, o que se associa a outros indicadores, como o movimento das internações hospitalares, que não tem atingido picos”, pontuou o governador.

A terceira rodada do estudo de Epidemiologia da Covid-19 no RS (Epicovid19) detectou anticorpos em 0,22% do total de pessoas testadas. Na etapa anterior, esse índice foi de 0,13%, e no primeiro levantamento, há um mês, de 0,05%.

Os novos dados, portanto, estimam que haja um infectado a cada 454 gaúchos – na testagem anterior, era um caso positivo a cada 769 pessoas; na primeira, um a cada 2 mil.

“Os casos notificados representam apenas uma parcela do total, confirmando a nossa teoria do iceberg de que existe uma parte visível, representada pelas estatísticas oficiais, e uma parte submersa, que precisa ser conhecida para que sejam tomadas as melhores decisões para o seu enfrentamento”, lembrou o reitor da UFPel e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal.

Pesquisa indica número nove vezes maior do que mostram os dados oficiais/Reprodução

Se por um lado a prevalência de pessoas com anticorpos aumentou, por outro, o número de subnotificações reduziu. Nesta última rodada, a pesquisa estimou que, para cada caso notificado, haveria nove subnotificados. Na fase anterior, foram apontadas 12 subnotificações. Pela margem de erro, esse número pode variar entre quatro e 16.

Distanciamento social

O aumento da prevalência de pessoas com anticorpos no Estado veio acompanhado de uma diminuição do número de pessoas que respeitam as orientações de distanciamento social. Entre a primeira etapa e a última da pesquisa, o percentual da população que relatou sair de casa diariamente aumentou de 20,6% para 30,4%. Entretanto, em relação à segunda rodada, subiu de 28,3% para 30,4%, percentual considerado estável.

Com a nova política de Distanciamento Controlado, que passou a valer em todo o território após a última testagem, na segunda-feira (11/5), segmentando por região e setor as medidas, o governo espera ter um equilíbrio entre a preservação da vida e da atividade econômica, com restrições no local, no momento e na proporção que forem necessárias.

“Quero reforçar duas palavras: inovação e transparência. O governo do Rio Grande do Sul criou o Gabinete de Crise e uma série de comitês para melhor se informar e tomar decisões orientadas no que de melhor a ciência pode produzir. Todos os dados em que nos baseamos são divulgados de forma muito transparente. Além disso, o Estado é o único lugar no mundo onde há três rodadas de uma pesquisa com base amostral em que se consegue acompanhar e controlar de que forma caminha esse vírus”, afirmou a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos.

Letalidade maior

A pesquisa trouxe, pela segunda vez, a estimativa de letalidade. Se o cálculo for baseado nos casos notificados – 105 óbitos e 2.576 casos confirmados no dia 10 de maio –, a letalidade estimada seria de 4%. Isso significa que, a cada cem pessoas que contraírem o vírus, quatro morreriam por conta da Covid-19.

Quando o cálculo leva em consideração o total de casos estimado pela pesquisa de prevalência (24.860) e o número de óbitos confirmados (105), a estimativa de letalidade cai para 0,42%. Ou seja, seriam quatro mortes a cada mil infectados por coronavírus.

Municípios com registros de infectados até o dia 13 de maio, às 18horas/Reprodução

No resultado da rodada anterior de testes, a letalidade era menor: 3,6% levando em conta apenas casos confirmados e de 0,33% quando considerada a estimativa de infectados aponta pela pesquisa.

Sintomas mais comuns

Pela primeira vez, a pesquisa Epicovid19 divulgou resultados sobre os sintomas mais relatados pelas 18 pessoas que foram confirmadas com anticorpos nas três fases. O campeão foi dor de garganta (presente em 22% dos casos), seguido por tosse, diarreia e alterações de olfato/paladar (17%), tosse (11%) e, por último, febre (6%).

Novas rodadas no RS e início no Brasil

Ainda em andamento, o estudo Epicovid19 deve realizar pelo menos mais duas rodadas de testes e entrevistas. A próxima está prevista para os dias 23, 24 e 25 de maio. A seguinte ainda não tem data confirmada.

Os dados obtidos no atual estágio da pandemia são similares aos coletados em outros países, como Áustria (0,3% da população estaria infectada) e Islândia (0,6%), e se referem exclusivamente ao Rio Grande do Sul, mas o Epicovid19 também será replicado no Brasil inteiro.

A primeira fase do estudo nacional vai a campo nesta quinta-feira (14/5). A previsão é coletar amostras em 133 cidades em todos os Estados, realizando mais de 33 mil testes em cada uma das três fases, intercaladas por duas semanas, totalizando quase 100 mil pessoas.

O Epicovid19 é coordenado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela UFPel, mobilizando uma rede de 12 universidades federais e privadas: Imed Passo Fundo, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade La Salle (Unilasalle-Canoas) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).

O estudo tem um custo estimado em R$ 1,5 milhão e apoio da Unimed Porto Alegre, do Instituto Cultural Floresta, também da capital gaúcha, e do Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.

Clique aqui e acesse a terceira fase do Epicovid19.

(Vanessa Kannenberg – Secretaria Estadual da Saúde)

Sindicato dos municipários diz que é “irresponsável” retomar todas as atividades agora em Porto Alegre

O diretor-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – Simpa, Jonas Reis, classifica como “irresponsável” a decisão do prefeito Nelson Marchezan de determinar o retorno ao trabalho de todos os servidores públicos municipais, com exceção da Educação.

Alguns já retornaram na terça-feira, dia 5,  outros voltam ao trabalho a partir de segunda-feira, dia 11.

O prefeito está agindo contra os protocolos da Organização Mundial da Saúde, segundo o Simpa.

“É uma negligência absurda do prefeito com a saúde dos trabalhadores, porque desde março não há equipamentos de proteção individuais suficientes e sequer os servidores do grupo de risco, com mais de 60 anos, que estão trabalhando sem escalas na linha de frente na Saúde, foram dispensados do serviço”, acusa Reis, que é professor da rede municipal.

O decreto lançado pelo prefeito de Porto Alegre no dia 30 de abril determinou a volta ao serviço presencial inclusive de servidores em funções não essenciais, que estão funcionando de forma remota nesse período de aumento dos casos de contágios, segundo o dirigente sindical.

Jonas (ao microfone) defende direitos dos servidores defronte ao HPS. Fotos: Ederson Nunes/CMPA

“Com os servidores trabalhando em casa, reduzimos a circulação nas ruas e no transporte púbico bem como evitamos ao máximo a propagação do vírus nas repartições públicas. Tem locais de trabalho como a FASC (Fundação de Assistência Social e Comunitária) que funciona em casas pequenas, em que as pessoas trabalham aglomeradas, e não tem como manter um distanciamento seguro, por isso as escalas deveriam ser mantidas”, explica, ressaltando que a situação tende a se agravar no inverno com o aumento de pessoas buscando a assistência social. “Além do número alto de usuários, haverá mais servidores, e o pior, sem os equipamentos de proteção adequados”.

Reis diz que a Prefeitura não está entregando escudos faciais muito menos máscaras descartáveis suficientes. Além dos servidores da FASC, também os do DMAE, DMLU e da Saúde não receberam os EPIs.

Servidores do HPS com equipamentos adquiridos com recursos do sindicato
Representantes da Guarda municipal

“O Simpa está tentando ampliar parcerias para adquirir mais EPIs e já investiu por volta de 50 mil reais na compra de mais de três mil escudos faciais transparentes para distribuir aos servidores, ação que o Executivo deveria ter feito desde março e não o fez, uma negligência absurda com a saúde dos trabalhadores. Neste momento de pandemia, imagina só, não há EPIs suficientes para todos os servidores da área da Saúde. Têm unidades de saúde abandonadas, alguns hospitais ganharam doações de empresas privadas e a Prefeitura até agora não abriu uma licitação de peso para comprar equipamentos de proteção”.

Funcionários da Saúde com escudos faciais fornecidas pelo Simpa

De acordo com o Sindicato, que tem pouco mais de oito mil associados, o 1º lote de escudos, com 1.682 unidades, contou com recursos próprios do Simpa e com o apoio da Associação de Servidores do HPS. Foram entregues para equipamentos da Saúde (Hospital Materno Infantil Presidente Vargas – HMIPV, HPS, CS IAPI, CS Modelo, CS Navegantes, US Ceres, US Tronco e US São José), no Dmae e na Fasc. Ainda falta fornecer escudos aos servidores do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS) e algumas unidades básicas de saúde.

O 2º lote ainda será distribuído, com entrega de 1.500 unidades de escudos para a Saúde, Dmae e Dmlu. Este lote contou com recursos do Simpa, Asctec e Atempa. O escudo facial é um Equipamento de Proteção Individual adicional para ser usado à frente da máscara cirúrgica ou N-95.

Jonas acusa também a Prefeitura de não comprar respiradores mecânicos para o HPS (Hospital de Pronto Socorro), para o Postão da Cruzeiro, o HPV (Hospital Materno Infantil Presidente Vargas). “Daqui a 15 dias, depois dessa abertura de muitos postos de trabalho, provavelmente nós teremos mais doentes necessitando de respiradores e não teremos. E vem o inverno. O Postão da Cruzeiro tem apenas um respirador mecânico de uso adulto e dois de uso infantil”.

Outra medida equivocada, segundo o diretor do Simpa, foi permitir a redução dos horários de circulação dos ônibus. Têm linhas do transporte público em que as pessoas estão circulando em pé, com carros abarrotados, porque tem mais gente circulando e poucos coletivos. Perigo não só aos motoristas e cobradores mas aos usuários. A máscara ajuda mas não isola totalmente. Portanto, pessoas aglomeradas, mesmo com máscara, transmitem ou poder ser infectadas com o coronavírus”, completa.

O JÁ tentou contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura nesta manhã mas o telefone disponível no site não completa a ligação.

No seu portal na internet, há a notícia de que o Poder Público receberá 100 mil dólares para combate à Covid-19, do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). E que o valor, não reembolsável, será utilizado no combate à pandemia, especialmente na aquisição de testes para identificar casos de coronavírus. Mas não menciona a compra de EPIs nem quando o valor será depositado.

Carris recebeu EPIs da Defesa Civil do RS. Foto: Fernanda Schwengber Leal/Carris PMPA

Outra notícia publicada no site da Prefeitura é que os cobradores da Carris começaram a receber na terça-feira, 5,  viseiras de proteção de acrílico para uso concomitante com a máscara de tecido. Quatrocentos equipamentos de proteção individual (EPIs) foram doados à Carris pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul.

 

 

Porto Alegre flexibiliza atividades no dia em que o Brasil tem recorde de mortes

No dia em que o Brasil bateu recorde com 600 novas mortes por covid-19, prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, ampliou o número de atividades que podem voltar a funcionar na cidade.

Além de autônomos, profissionais liberais, microempreendedores individuais e microempresas, foram permitidas a partir desta terça-feira, 05, atividades físicas em academias, desde que um aluno por vez, acompanhado de instrutor profissional, serviços de advocacia, consultoria e contabilidade, conselhos de fiscalização profissional.

O aumento do movimento foi visível nas principais ruas do Centro da Capital. Na Rua dos Andradas, as pessoas formaram filas do lado de fora das lojas de telefonia celular, sendo permitida a entrada de dez pessoas por vez.

Porto Alegre ocupa a 14ª posição entre as capitais com maior número de casos de coronavírus, com 1.815 infectados, e a 10ª, em registros de óbitos, com 79.

O prefeito Nelson Marchezan advertiu, porém que a reabertura de algumas atividades econômicas poderão ser revistas. “O resultado da flexibilização  vai acontecer entre 10 e 15 dias e, talvez, tenhamos que retroagir, mas esperamos que não”, ressaltou.

Na Andradas, pessoas formaram filas nas lojas de telefonia celular

São Paulo se mantém como epicentro da pandemia no país, concentrando o maior número de falecimentos, 2.851. O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (1.213), Ceará (795), Pernambuco (749) e Amazonas (649).

Segundo o Ministério da Saúde, o total no país subiu para 7.921 mortes, um aumento de 8% em relação a segunda-feira, quando foram contabilizados 7.321 falecimentos. O índice de letalidade ficou em 6,9%.

O Brasil chegou a 114.715 pessoas infectadas. Nas últimas 24horas,  foram adicionadas às estatísticas mais 6.935 casos confirmados, incremento de 6% casos em relação a ontem, quando foram registradas 107.780 pessoas nessa condição. Após declínio estatísticas de novos casos em 24h no fim de semana, o número voltou a crescer e se aproximou do recorde de 7.218, registrado na quinta-feira (30/4).

De acordo com o Ministério da Saúde, deste total, 58.573 estão em acompanhamento (51,1%) e 48.221 já foram recuperados (42%), deixando de apresentar os sintomas da doença. Ainda são investigadas 1.579 mortes.

(Com informações de Jonas Valente – Agência Brasil)

 

Bolsonaro parte para o ataque e diz que acusação de Moro é “mentira deslavada”

Foi divulgado nesta terça-feira o depoimento de cinco horas que o ex-ministro Sérgio Moro prestou à Polícia Federal, sobre as acusações que fez ao presidente Bolsonaro ao deixar o cargo.

Moro reafirma que foi pressionado pelo presidente  para trocar o comando da Polícia Federal, especialmente a Superintendência do Rio de Janeiro.

Bolsonaro, que no dia da demissão de Moro admitiu que queria “interagir” mais  com os delegados da PF, agora desmente categoricamente: “Em nenhum momento eu pedi relatório de inquérito. Isso é mentira deslavada.”, declarou.

Bolsonaro também ironizou a relação de Sérgio Moro com a Globo. “Eu não preciso de acesso às investigações. É só ligar na Globo. Vaza tudo para lá”, ressaltou. “Isso é crime federal”, completou.

Confira abaixo a íntegra do depoimento do ex-ministro Sérgio Moro:

“Aos 02 dia(s) do mês de maio de 2020, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no Estado do Paraná, onde presente se encontrava CHRISTIANE CORREA MACHADO, Delegada de Polícia Federal, Matr. 10.568, Chefe do Serviço de Inquéritos da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado – DICOR, e WEDSON CAJÉ LOPES, Delegado de Polícia Federal, lotado no SINQ/DICOR, compareceu Sergio Fernando Moro

QUE tomou conhecimento pela imprensa sobre a determinação do Ministro Celso de Mello sobre a sua oitiva, tendo se colocado à disposição para prestar declarações, informando o fato à Polícia Federal;

QUE perguntado sobre sua definição sobre interferência política do Poder Executivo em cargos de chefia no âmbito da Polícia Judiciária, respondeu que entende que seja uma interferência sem uma causa apontada e portanto arbitrária;

QUE durante o período que esteve à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, houve solicitações do Presidente da República para substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, com a indicação de um nome por ele, e depois para substituição do Diretor da Polícia Federal, e, novamente, do Superintendente da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro, que teria substituído o anterior, novamente com indicação de nomes pelo presidente;

QUE, durante sua gestão, apenas concordou com a primeira substituição, pois, circunstancialmente, o Superintendente do RJ, RICARDO SAAD, havia manifestado interesse de sair, por questões familiares, e a sua troca já estava planejada pelo Diretor Geral, sendo nomeado um nome com autonomia pela própria Polícia Federal, o que garantia a continuidade regular dos serviços de Polícia Judiciária;

QUE na sua gestão preservou a autonomia da Polícia Federal, em relação a interferência política e pediu demissão no dia 24 de abril de 2020, com o mesmo objetivo;

QUE durante a sua coletiva ocorrida em 24 de abril de 2020 narrou fatos verdadeiros, cujo objetivo era esclarecer os motivos de sua saída, preservar autonomia da Polícia Federal, da substituição de Diretor e de Superintendentes, sem causa e com desvio de finalidade, como reconhecimento posteriormente pelo próprio Supremo Tribunal Federal em decisão proferida no dia 29 de abril que suspendeu a posse do DPF ALEXANDRE RAMAGEM;

QUE perguntado se identificava nos fatos apresentados em sua coletiva alguma prática de crime por parte do Exmo. Presidente da República, esclarece que os fatos ali narrados são verdadeiros, que, não obstante, não afirmou que o presidente teria cometido algum crime;

QUE quem falou em crime foi a Procuradoria Geral da República na requisição de abertura de inquérito e agora entende que essa avaliação, quanto a prática de crime cabe às Instituições competentes;

QUE em agosto de 2019 houve uma solicitação por parte do Exmo. Presidente da República de substituição do Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, RICARDO SAAD;

QUE essa solicitação se deu de forma verbal, no Palácio do Planalto;

QUE não se recorda se houve troca de mensagens sobre esse assunto;

QUE não se recorda se alguém, além do declarante e do Exmo. Presidente da República tenha presenciado essa solicitação;

QUE no entanto, reportou esse fato tanto ao Diretor da Polícia Federal, MAURÍCIO VALEIXO, como ao Dr. SAAD;

QUE os motivos dessa solicitação devem ser indagados ao Presidente da República,

QUE, após muita resistência, houve, como dito acima, concordância do Declarante e do Dr. VALEIXO, com a substituição;

QUE o presidente, após a concordância, declarou publicamente que havia mandado trocar o SR/RJ por motivo de produtividade;

QUE para o Declarante não havia esse motivo e a própria Polícia Federal emitiu nota pública, informando a qualidade do serviço da SR/RJ, o que também pode ser verificado por dados objetivos de produtividade;

QUE só concordou com a substituição porque o novo SR, CARLOS HENRIQUE foi uma escolha da PF e isso garantia a continuidade regular dos serviços da SR/RJ e a própria Polícia Federal informou na nota acima que ele seria o substituto;

QUE o Presidente, contrariado, deu nova declaração pública afirmando que era ele quem mandava e que o novo Superintendente seria ALEXANDRE SARAIVA;

QUE o Diretor da Polícia Federal ameaçou se demitir e que o Declarante conseguiu demover o Presidente;

QUE tem presente que ALEXANDRE SARAIVA é um bom profissional, no entanto não era o nome escolhido pela Polícia Federal,

QUE o presidente já havia indicado ao Declarante a intenção de indicar ALEXANDRE SARAIVA, mas que da sua parte entendia que a escolha deveria ser da Polícia Federal;

QUE mesmo antes, mas, principalmente, a partir dessa época o Presidente passou a insistir na substituição do Diretor da PF, MAURÍCIO VALEIXO;

QUE essa pressão foi, inclusive, objeto de diversas matérias na imprensa;

QUE conseguiu demover o presidente dessa substituição por algum tempo;

QUE o assunto retornou com força em janeiro de 2020, quando o Presidente disse ao Declarante que gostaria de nomear ALEXANDRE RAMAGEM no cargo de Diretor Geral da Polícia Federal e VALEIXO iria, então, para uma Adidância;

QUE isso foi dito verbalmente no Palácio do Planalto;

QUE, eventualmente o General Heleno se fazia presente;

QUE esse assunto era conhecido no Palácio do Planalto por várias pessoas;

QUE pensou em concordar para evitar um conflito desnecessário, mas que chegou à conclusão que não poderia trocar o Diretor Geral sem que houvesse uma causa e que como RAMAGEM tinha ligações próximas com a família do Presidente isso afetaria a credibilidade da Polícia Federal e do próprio Governo, prejudicando até o Presidente;

QUE essas ligações são notórias, iniciadas quando RAMAGEM trabalhou na organização da segurança pessoal do presidente durante a campanha eleitoral;

QUE os motivos pelos quais o Presidente queria substituir VALEIXO por RAMAGEM devem ser indagados ao Presidente;

QUE RAMAGEM, pela questão da proximidade, o Declarante afirma que o presidente, nessa época, lhe dizia que era uma questão de confiança;

QUE o presidente chegou a sugerir dois outros nomes para Diretor Geral da Polícia Federal, ao invés de RAMAGEM, mas que os nomes não tinham a qualificação necessária, segundo a opinião do Declarante;

QUE, ainda em janeiro, o Declarante sugeriu dois nomes para o Presidente, FABIANO BORDIGNON e DISNEY ROSSETI para substituir VALEIXO;

QUE a troca geraria desgaste para o Declarante, mas, pelo menos, não abalaria a credibilidade da Polícia Federal ou do Governo;

QUE a substituição sem causa do DG e a indicação de uma pessoa ligada ao Presidente e a sua família seriam uma interferência política na PF;

QUE os dois outros nomes eram ANDERSON TORRES e CARRIJO e ambos não tinham história profissional na Polícia Federal que os habilitassem ao cargo, além de também serem próximos à família do presidente;

QUE no começo de março de 2020, estava em Washington, em missão oficial com o Dr. VALEIXO;

QUE recebeu mensagem pelo aplicativo Whatsapp do Presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, agora CARLOS HENRIQUE;

QUE a mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”;

QUE esclarece que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos Superintendentes; QUE essa escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal;

QUE nem mesmo indicou o Superintendente da Polícia Federal do Paraná;

QUE os motivos para essa solicitação entende que devem ser indagados ao Presidente da República; QUE falou sobre a solicitação de troca do Diretor VALEIXO, ainda em Washington;

QUE até aventaram a possibilidade de atender ao Presidente para evitar uma crise;

QUE, no entanto, o Diretor VALEIXO afirmou que não poderia ficar no cargo se houvesse uma nova substituição sem causa do SR/RJ por um nome indicado pelo Presidente da República;

QUE o Diretor VALEIXO declarou que estava cansado da pressão para a sua substituição e para a troca do SR/RJ; QUE por esse motivo e também para evitar conflito entre o Presidente e o Ministro o Diretor VALEIXO disse que concordaria em sair;

QUE nesse momento não havia nenhuma solicitação sobre interferência ou informação de inquéritos que tramitavam no Rio de Janeiro;

QUE, por esse motivo, o Declarante, apesar da resistência, cogitou aceitar as trocas, desde que o substituto do Diretor Geral fosse de sua escolha técnica e pessoa não tão próxima ao presidente;

QUE depois, porém, entendeu que também não poderia aceitar a troca do SR/RJ sem causa;

QUE a partir de então cresceram as insistências do PR para a substituição tanto do Diretor Geral quanto do SR/RJ;

QUE, certa feita, provavelmente, no mês de março o PR passou a reclamar da indicação da Superintendente de Pernambuco;

QUE essas reclamações sobre o superintendente no Estado de Pernambuco não ocorreram anteriormente;

QUE entende que os motivos da reclamação devem ser indagados ao Presidente da República;

QUE é oportuno destacar que as indicações para Superintendentes vêm da Direção Geral, mas passam pelo crivo da Casa Civil e que não houve nenhum óbice apontado em relação a esses nomes;

QUE o Presidente não interferiu, ou interferia, ou solicitava mudanças em chefias de outras Secretarias ou órgãos vinculados ao Ministério da Justiça, como, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal, DEPEN, Força Nacional;

QUE o presidente, apenas uma vez, solicitou a revogação da nomeação de Ilona Szabo para o Conselho Nacional de Política Criminal do Ministério da Justiça, órgão consultivo, e que o Declarante, após relutar, concordou em aceitar a solicitação;

QUE o Declarante perguntado se as trocas solicitadas estavam relacionadas à deflagração de operações policiais contra pessoas próximas ao Presidente ou ao seu grupo político disse que desconhece, mas observa que não tinha acesso às investigações enquanto ainda evoluíam;

QUE crescendo as pressões para as substituições, o Presidente lhe relatou verbalmente no Palácio do Planalto que precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência;

QUE perguntado se havia desconfiança em relação ao Diretor VALEIXO, o Declarante respondeu que isso deve ser indagado ao Presidente; QUE o próprio Presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, ocorrida em 22 de abril de 2020, quando foi apresentado o PRÓ-BRASIL, a substituição do SR/RJ, do Diretor Geral e de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal;

QUE o presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao MJSP, se não pudesse trocar o Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça;

QUE ressalta que essas reuniões eram gravadas, como regra, e o próprio Presidente, na corrente semana, ameaçou divulgar um vídeo contra o Declarante de uma dessas reuniões;

QUE nessas reuniões de conselho de ministros participavam todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto;

QUE a afirmação do Presidente de que não recebia informações ou relatórios de inteligência da Polícia Federal não era verdadeira;

QUE o Declarante, em relação ao trabalho da Polícia Federal, informava as ações realizadas, resguardado o sigilo das investigações;

QUE o Declarante, por exemplo, fazia como ministros do passado e comunicava operações sensíveis da Polícia Federal, após a deflagração das operações com buscas e prisões;

QUE o Declarnte fez isso inúmeras vezes e há mensagens de Whatsapp a esse respeito ora disponibilizadas;

QUE ilustrativamente, isso aconteceu após as buscas e prisões envolvendo o atual Ministro do Turismo e o Senador Fernando Bezerra, mas que essas informações não abrangiam dados sigilosos dos inquéritos;

QUE pontualmente comunicou essas operações antecipadamente, em casos sensíveis e que demandavam um apoio do presidente, como na expulsão do integrnte do PCC, vulgo “FUMINHO” de Moçambique;

QUE quanto a relatórios de inteligência, esclaree que a PF não é órgão de produção direta de inteligência para a Presidência da República;

QUE os relatórios de inteligência da Polícia Federal sobre assuntos estratégicos e de Segurança Nacional são inseridos pela sua diretoria de Inteligência no SISBIN e que a ABIN consolida essas informações de inteligência, juntamente, com dados de outros órgãos e as apresenta ao Presidente da República;

QUE o próprio Declarante já recebeu relatórios de inteligência da ABIN que continham dados certamente produzidos pela inteligência da Polícia Federal;

QUE o próprio Presidente da República em seu pronunciamento na sexta-feira, dia 24 de abril de 2020, declarou que um dos motivos para a a demissão do Diretor Geral da PF seria a falta de recebimento de relatórios de inteligência de fatos nas últimas 24 horas;

QUE o argumento não procede, pois os relatórios de inteligência estratégica da Polícia Federal eram disponibilizados ao Presidente da República via SISBIN e ABIN;
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QUE também não justificaria a demissão do Diretor VALEIXO a susposta falta de disponibilização dessa inteligência, já que cobrada pelo Presidente ao Declarante dois dias anteriores à exoneração do Diretor;

QUE o presidente nunca solicitou ao Declarante a produção de um relatório de inteligência estratégico da PF sobre um conteúdo específico, causando estranheza que isso tenha sido invocado como motivo da demissão do Diretor Geral da PF;

QUE perguntado se o presidente da República, em algum momento lhe solicitou relatórios de inteligênca que subsidiavam ingestigaçãoes policiais, o Declarante respondeu que o Presidente nunca lhe pediu até porque o Declarante ou o Diretor  VALEIXO jamais violariam sigilo de investigação policial;

QUE na quinta-feira, dia 23 de abril de 2020, o Presidente enviou ao Declarante por mensagem de Whatsapp um link de notícia do site “oantagonista” informando que a PF estaria no encalço de Deputados Bolsonaristas, QUE antes que o Declarante pudesse responder, o Presidente mandou outra mensagem afirmando que este seria mais um motivo para a troca da PF;

QUE o Declarante ficou apreensivo com a mensagem;

QUE o Declarante reuniu-se com o Presidente às 9h do dia 23 de abril de 2020, e trataram da substituição do Diretor Geral da Polícia Federal;

QUE o Presidente lhe disse que VALEIXO seria exonerado, a pedido, ou de ofício, e que nomearia o DPF ALEXANDRE RAMAGEM, porque seria uma pessoa de confiança do Presidente, com o qual ele poderia interagir;

QUE o Declarante informou ao Presidente que isso representaria uma interferência política na PF, com o abalo da credibilidade do  governo, isso tudo, durante uma pandemia;

QUE o Declarante também disse poderia trocar o Diretor VALEIXO desde que houvesse uma causa, como uma insuficiência de desempenho ou erro grave, mas não havia nada disso;

QUE o Declarante pediu ao Presidente que reconsiderasse, mas que se isso não ocorresse o Declarante seria obrigado a sair e a declarar a verdade sobre a substituição;

QUE o Presidente lamentou, mas disse que a decisão estava tomada;

QUE o Declarante reuniu-se  em seguida com os ministros militares do Palácio do Plananto e relatou a reunião com o Presidente;

QUE a reunião foi com os Ministros Generais RAMOS, HELENO e BRAGA NETTO;

QUE o Declarante informou os motivos pelos quais não podia aceitar a substituição e também declarou que sairia do governo e seria obrigado a falar a verdade;

QUE na ocasião o Declarante falou dos pedidos do Presidente de obtenção  de Relatórios de Inteligência da PF, que inclusive havia sido objeto de cobrança pelo Presidente na reunião de conselho de ministros, oportunidade na qual o Ministro HELENO afirmou que o tipo de relatório de inteligência que o Presidente queria  não tinha como ser fornecido;

QUE os Ministros se comprometeram a tentar demover o Presidente,

QUE o Declarante retornou ao MJSP na esperança de a questão ser solucionada;

QUE logo depois vazou na imprensa que o Planalto substituiria VALEIXO e que, em decorrência, o Declarante sairia do governo;

QUE o MJSP foi contatado por muitos jornalistas e políticos querendo confirmar, mas que o Declarante entendia que não poderia confirmar, já que tinha esperança de que o Presidente mudaria de idéia;

QUE à tarde do dia 23 de abril de 2020, recebeu uma ligação do Ministro RAMOS indagando se seria possível uma solução intermediária, com a saída de VALEIXO, mas a nomeação de um dos nomes que o Declarante já havia informado antes, a saber: FABIANO BORDIGNON ou DISNEY ROSSETI;

QUE o Declarante informou que haveria um impacto ao governo e à sua credibilidade, mas que, garantida a nomeação técnica e de pessoa não proximamente ligada à familia do presidente, a solução seria aceitável;

QUE ligou para o Diretor VALEIXO, que concordou com a substituição sugerindo o nome de DISNEY ROSSETI;

QUE o Declarante ligou em seguida ao Ministro RAMOS e então manifestou a sua concordância, mas ressaltou que seria a única mudança e que não concordava com a troca pretendida do superintentdente da SR/RJ;

QUE o Ministro RAMOS ficou de levar a questão ao Presidente e de retornar, mas não o fez;

QUE à noite do dia 23 de abril de 2020, recebeu informações não oficiais de que o ato de exoneração do Diretor VALEIXO havia sido encaminhado para publicação;

QUE buscou a confirmação do fato no Planalto com os ministros BRAGA NETTO e RAMOS, tendo o primeiro informado que não sabia e o segundo informado que iria checar e retornar, mas não o fez;

QUE, durante a madrugada do dia 24 de abril de 2020, saiu a publicação, o que tornou irreversível a demissão do Declarante;

QUE o Declarante não assinou o decreto de exoneração de MAURÍCIO VALEIXO e não passou pelo Declarante qualquer pedido escrito ou formal de exoneração do Diretor VALEIXO;

QUE na manhã do dia 24 de abril de 2020, encontrou-se com VALEIXO e ele lhe disse que não teria assinado ou feito qualquer pedido de exoneração;

QUE VALEIXO disse ao Declarante que, na noite do dia 23 de abril de 2020, teria recebido uma ligação do Planalto na qual o Presidente teria lhe dito que ele, VALEIXO, seria exonerado no dia seguinte e lhe perguntado se poderia ser “a pedido”;

QUE VALEIXO disse ao Declarante que como a decisão já estava tomada não poderia fazer nada para impedir, mas reiterou que não houve, nem partiu dele, qualquer pedido de exoneração;

QUE VALEIXO poderá esclarecer melhor o conteúdo dessa conversa;

QUE perguntado em regra, como ocorrem as exonerações no âmbito do Ministério da Justiça e como se dá o processo de assinatura no Diário Oficial da União, respondeu

QUE pedidos de nomeação e de exoneração são assinados eletronicamente pelo Declarante e enviados ao Palácio do Planalto;

QUE não delegava essa função a subordinados;

QUE decretos assinados pelo Presidente da República e em concurso com o Declarante, quando sua origem era um ato produzido pelo MJSP, o que seria o caso da exoneração do Diretor VALEIXO, sempre eram assinados previamente pelo Declarante, pelo sistema eletrônico SIDOF, antes de encaminhados ao Planalto;

QUE nunca, pelo que se recorda, viu antes um ato do MJSP ser publicado sem a sua assinatura, pelo menos, eletronicamente;

QUE em virtude do ocorrido decidu exonerar-se e informar em pronunciamento coletivo os motivos de sua saída;

QUE o Declarante entendeu que havia desvio de finalidade na exoneração do Diretor MAURÍCIO VALEIXO, à qual se seguiria a provável nomeação do DPF ALEXANDRE RAMAGEM, pessoa próxima à família do presidente, e as substituições de superintendentes, tudo isso sem causa e o que viabilizaria ao Presidente da República interagir diretamente com esses nomeados para colher, como admitido pelo próprio Presidente, o que ele chamava de relatórios de inteligência, como também admitido pelo próprio Presidente;

QUE reitera que prestou as declarações no seu pronunciamento público para esclarecer as circunstâncias de sua saída, para expor o desvio de finalidade já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal e com o objetivo de proteger a autonomia da Polícia Federal;

QUE reitera que em seu pronunciamento narrou fatos verdadeiros, mas, em nenhum momento, afirmou que o Presidente da República teria praticado um crime e que essa avaliação cabe às instituições competentes;

QUE posteriormente, no mesmo dia 24 de abril de 2020, o Presidente da República fez um pronunciamento no qual confirmou várias declarações feitas pelo Declarante, como a de que o presidente poderia substituir o Diretor Geral, os superintendentes, qualquer pessoa na pirâmide do Poder Executivo Federal; que o Presidente da República, apesar disso, apesar disso, não esclareceu o motivo pelo qual realizaria  essas substituições, salvo que o Diretor VALEIXO estaria cansado mas, mais uma vez, o Declarante  reitera que o cansaço do diretor VALEIXO era oriundo das pressões por suas substituição e de superintendentes;

Que o Presidente também reconheceu que uma da causas para a troca seria a falta de acesso a relatórios de inteligência da PF, mas que, como o Declarante já esclareceu acima, o Presidente já detinha esse acesso, do que legalmente poderia ser acessado, via SISBIM e ABIN;

Que ademais, como dito acima, nunca houve pelo Presidente, um pedido ao Declarante de algum relatório específico de inteligência propriamente dito e que, portanto, não teria sido atendido;

Que, quanto às informações ou relatórios sobtre investigações sigilosas em curso, o Presidente nunca pediu nada da espécie ao Declarante ou ao Diretor VALEIXO, até porque, ele sabe que não seria atendido.;

Que o Presidente também alegou como motivo da exoneração de VALEIXO uma suposta falta de empenho da Polícia Federal na investigação de possíveis mandantes da tentativa de assassinato perpetrada por ADÉLIO;

Que a Polícia Federal de Minas Gerais fez um amplo trabalho de investigação e isso foi mostrado ao Presidente ainda no primeiro semestre do ano de 2019, numa reunião ocorrida no Palácio do Planalto, com a presença do Declarante, do Diretor VALEIXO, do Superintendente  de Minas Gerais e com delegados responsáveis pelo caso;

Que na ocasião, o Presidente não apresentou qualquer contrariedade em relação ao que lhe foi apresentado;

Que essa apresentação ao Presidente decorreu da sua condição de vítima e ainda por questão de Segurança Nacional, entendendo o Declarante que não havia sigilo legal oponível ao Presidente pelas circunstâncias especiais;

Que a investigação sobre possíveis mandantes do crime não foi finalizada em razão de decisão judicial contrária ao exame do aparelho celular do advogado de ADÉLIO;

Que o Presidente tinha e tem pleno conhecimento desse óbice judicial;

Que o Declarante entende que antes do final das investigações não é possível concluir se ADÉLIO agiu ou não sozinho e que, de todo modo, o Declarante, ao contrário do que afirmado publicamente pelo Presidente da República na data de hoje (02 de maio de 2020) jamais obstruiu essa investigação, ao contrário, solicitou à Polícia Federal o máximo empenho e ainda chegou a informa à AGU, na pessoa do Ministro ANDRÉ MENDONÇA, da importância de que a AGU ingressasse na causa para defender o acesso ao celular, não pelo interesse pessoal do Presidente, mas também  pelas questões relacionadas à Segurança Nacional;

Que o Presidente, no pronunciamento de sexta-feira 24 de abril, também reclamou da falta de empenho do Declarante e da Polícia Federal para esclarecer as declarações do porteiro de seu condomínio  acerca do suposto envolvimento do Presidente no assassinato de MARIELE e ANDERSON;

Que tal reclamação não procede pois foi o próprio Declarante que solicitou  a atuação do MPF e da Polícia Federal na apuração do caso e a Polícia Federal colheu depoimento do porteiro no qual ele se retratou, além de realizar outras diligências;

Que, após pronunciamento do Presidente da República, no qual este afirmou que o Declarante mentia, e que ainda teria condicionado a troca do Diretor Geral à nomeação do Declarante ao Supremo Tribunal Federal, o Declarante, ao responder consulta do Jornal Nacional sobre o que foi dito pelo Presidente, reputou necessário, para restabelecer a verdade dos fatos encaminhar ao Jornal Nacional as mensagens trocados com o Presidente na manhã do dia 23 de abril de 2020, e ainda a troca de mensagens com a Deputada Federal, CARLA ZAMBELLI, pessoa muito ligada ao Presidente, a qual, inclusive, estava no pronunciamento do Presidente;

Que nas mensagens com a Deputada, fica clara a posição do Declarante  de rejeitar a possibilidade de aceitar a substituição do Diretor Geral e  no nome de ALEXANDRE RAMAGEM como condição para sua indicação ao STF;

Que de todo modo tal ofensa ao Declarante sequer faz sentido, pois se tivesse interessado na indicação ao STF, teria simplesmente aceito a substituição;

Que lamenta muito ter repassado as mensagens trocados em privado, mas que não teria como aceitar as afirmações feitas pelo Presidente no pronunciamento dele, a respeito do Declarante; Perguntado: Como o Presidente da República reagia a respeito de operações da Polícia Federal desencadeadas em razão de mandato deferidos pelo Supremo Tribunal Federal?  Havia algum interesse específico do Presidente da República sobre alguma investigação em curso no STF? Respondeu Que no tocante às indagações, o Presidente enviou mensagem ao Declarante na manhã do dia 23 de abril de 2020 com o link de matéria de jornal a respeito do Inquérito no STF contra deputados bolsonaristas, e agregou que este, seria “mais um motivo para a troca na PF”;

Que o Declarante esclareceu ao Presidente que a Polícia Federal cumpria ordens nesse inquérito, mas o Declarante entende que o Presidente jamais poderia ter elencado esse Inquérito como motivo para a troca do diretor Geral da PF;

Que deve ser indagado ao Presidente os motivos dessa mensagem e o que ele queria dizer;

Que há uma outra mensagem do Presidente sobre esse tema ora disponibilizada;

Que o Presidente jamais pediria ao Declarante ou ao Diretor VALEIXO qualquer interferência ou informações  desse Inquérito porque sabia que nem o Declarante e nem o Diretor VALEIXO atenderiam uma solicitação dessa natureza;

Que o Declarante gostaria de sintetizar as provas que pode indicar a respeito do seu relato;

Que inicialmente indica como elementos de prova o depoimento do Declarante;

Que, segundo, a mensagem que recebeu do Presidente da República no dia 23 de abril de 2020 e as demais mensagens ora disponibilizadas;

Que, terceiro, todo o histórico de pressões do presidente de troca do SR/RJ, por duas vezes e do DG e que, inclusive, foram objetos de declarações públicas do próprio Presidente da República, inclusive em uma delas com invocação de motivo inverídico para a substituição do SR/RJ, ou seja, a suposta falta de produtividade;

Que quarto, as declarações efetuadas pelo Presidente da República em seu pronunciamento, nas quais ele admite a intenção  de trocas dois superintendentes, inclusive, novamente o do Rio de Janeiro, sem apresentar motivos, também admite a substituição do Diretor VALEIXO invocando motivo inconsistente, já que o cansaço do Diretor era provocado pelas próprias pressões do Presidente, também admite que um dos motivos para a troca era obter acesso ao que  ele denomina relatórios de inteligência produzidos pela PF através da SISBIN e da ABIN, ou seja, jamais tinha ele acesso a toda informação de inteligência da PF a qual ele tinha legalmente  acesso;

Que, quinto, as declarações do Presidente no dia 22 de abril de 2020, na reunião com o conselho de ministros, e que devem ter sido gravadas como é de praxe, nas quais ele admite a intenção de substituir o superintendente do Rio de Janeiro, o Diretor Geral e até o Ministro, ora Declarante, e também admite no mesmo contexto sua insatisfação com a informação e no que ele denomina relatórios de inteligência da PF aos quais afirma que  não teria acesso, o que, como já argumentado, não é verdadeiro;

Que, sexto, podem ser requisitados à ABIN os protocolos de encaminhamento dos relatórios de inteligência produzidos com base em informações a ela repassadas pela PF e que demonstrariam que o Presidente da República já tinha, portanto, acesso às informações de inteligência da PF as quais legalmente tinha direito;

Que, sétimo, esses protocolos podem também ser solicitados à Diretoria de Inteligência da PF, Que, oitavo, as declarações apresentadas peo Declarante, podem ser confirmadas entre outras pessoas,  pelo DPF VALEIXO, pelo DPF SAAD, pelos SRMG, e pelos ministros militares acima mencionados;

Que, nono, o Declarante disponibiliza, neste ato, seu aparelho celular para extração das mensagens trocadas, via aplicativo Whatsapp, com o Presidente da República (contato “Presidente Novíssimo”) e com a Deputada Federal CARLa ZAKMBELLI (contato Carla Zambelli II) e que são as relevantes, no seu entendimento, para o caso, Que o Declarante esclarece que não  disponibiliza as demais mensagens pois tem caráter privado (inclusive as eventualmente apagadas), ou se tratam de mensagens trocadas com autoridades públicas, mas sem qualquer relevância para o caso, no seu entendimento;

Que o Declarante esclarece que tem só algumas mensagens trocadas com o Presidente, e mesmo com outras pessoas, já que teve , em 2019, suas mensagens interceptadas ilegalmente por HACKERS, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente,

Que o Declarante esclarece que apagava as mensagens não por ilicitude, mas para resguardar privacidade e mesmo informações relevantes sobre a atividade que exercia, inclusive, questões de interesse nacional;

Que, além da mensagem acima mencionada, o Declarante, revendo o chat de conversa com o Presidente identificou várias outras mensagens que podem ser relevantes para a investigação, inclusive outra mensagem sobre o Inquérito no STF e outra com determinação do Presidente de que o Dr. VALEIXO seria “substituído essa  semana a pedido ou ex-ofício”, além de outra com indicativo de desejo dele de substituição do SR/PE;

Que o Declarante destaca ainda mensagens que, de maneira geral, amparam outras declarações prestadas pelo Declarante como a de que comunicava ao Presidente operações sensíveis, após deflagração; Aberta a palavra ao Declarante para esclarecimentos adicionais:

Que, respeitosamente, diante das declarações públicas do Presidente da República, entende que a caberia a ele esclarecer os motivos das sucessivas trocas pretendidas na SR/RJ, da troca efetuada do DG da Polícia Federal bem como, que caberia a ele esclarecer que tipo de informação ou relatório de inteligência de PF pretendia  obter mediante interação pessoal com o DG ou SR/RJ, além de esclarecer que tipo de conteúdo pretendia nesses relatórios de inteligência, já que tinha acesso à produção de inteligência da PF via SISBIN e ABIN e, igualmente, esclarecer porque essa demanda reiterada no dia 23 de abril de 2020 ao Declarante justificaria as substituições do Diretor Geral, de superintendentes e até mesmo  do Ministro da Justiça e Segurança Pública;

Que, por fim esclarece, diante das ofensas realizadas pelo Presidente da República, que o Declarante permanece fiel aos compromissos de integridade e transparência, bem como de autonomia das instituições de controle, superiores a lealdade pessoais; Consigno as presenças dos Procuradores da República ANTÔNIO MORIMOTO JUNIOR, Matrícula 1088, HERBERT REIS MESQUITA, Matrícula 1383 e JOÃO PAULO LORDELO GUIMARÃES TAVARES, Matrícula 1464, os quais foram designados pela Procuradoria Geral da República para este ato, conforme autorizado pelo Ministro Relator, os quais realizaram questionamentos complementares ao longo deste ato. Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Foi então advertido (a) da obrigatoriedade de comunicação de eventuais mudanças de endereço em face das prescrições do Art.224 do CPP. Encerrado o presente que, lido e achado conforme, assinaram com a Autoridade Policial, com o Declarante, com os Advogados, GUILHERME SIQUEIRA VIEIRA, OAB/PR 73938, VITOR HUGO SPRADA ROSSETIM, OAB/PR 70386  e RODRIGO SANCHEZ RIOS., OAB/PR19392, que apresentaram procuração para ser juntada aos autos, e comigo FRANCISCO ANTONIO LIMA DE SOUSA, Escrivã (o) de Polícia Federal, Matr. 17.990, lotado (a) e/ou em exercício nesta DICOR/PF, que o lavrei.

TVE vai exibir aulas preparatórias para o Enem a partir de 18 de maio

As aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio serão veiculadas diariamente pela TVE, a partir de 18 de maio, de segunda a sexta-feira, das 19h às 22h15, totalizando 20 aulas semanais e 344 horas de preparação para todos os componentes curriculares. Os alunos ainda terão acesso às aulas pelo Portal da Educação e poderão conversar com os professores via chat.

O Pré-Enem RS, que contará com quatro períodos diários de 60 minutos e vai contemplar 86 horas/aula para cada área do conhecimento, inclui eixos ligados às disciplinas de Física, Química, Biologia, Matemática, História, Geografia, Filosofia e Sociologia, Literatura, Língua Portuguesa, Artes, Língua Estrangeira (Inglês e Espanhol) e Redação. As aulas seguem até 31 de outubro, semana que antecede o início das provas.

Os alunos que perderem algum conteúdo durante a semana poderão acessar o canal do YouTube diretamente no site da Seduc ou por meio do Portal da Educação.

O diretor do Departamento de Educação, Roberval Furtado, acrescenta que, quando o aluno não tiver acesso à televisão ou internet para acompanhar as aulas, a escola deve proporcionar um espaço de estudos, conforme a orientação da Seduc. “Os primeiros 15 dias de aulas servirão para o alinhamento e a revisão dos componentes curriculares já vistos no decorrer do Ensino Médio. Em seguida, terá início a preparação para o Enem. Os professores selecionados para participar têm competências e habilidades para falar a linguagem dos jovens”, afirma Furtado.

Pré-Enem Seduc RS

A carga horária dos componentes curriculares foi definida de acordo com a ocorrência das disciplinas nas questões do Enem. O tempo de aulas será dividido em parte introdutória de cada eixo, explanação sobre o assunto, problematização em relação aos acontecimentos atuais e disponibilização de lista de exercícios, ocorrendo, por fim, interação em tempo real de questões de alunos via chat.

Cidades cobertas pelo sinal da TVE:
• Alegrete
• Santa Cruz do Sul
• Erechim
• Carazinho
• Palmeira das Missões
• Frederico Westphalen
• Itaqui
• Santana do Livramento
• Santa Bárbara do Sul
• Santa Rosa
• Santo Ângelo
• São Luiz Gonzaga
• Vacaria
• Região Metropolitana de Porto Alegre

Com mais de cem mil casos e sete mil mortes, Brasil pode ser novo epicentro da pandemia

O Ministério da Saúde divulgou no domingo novos números sobre a pandemia do novo coronavírus (covid-19) no país. De acordo com levantamento diário feito pela pasta, o Brasil tem 101.147 casos confirmados da doença e 7.025 mortes foram registradas. A taxa de letalidade é de 6,4%. O número de pessoas recuperadas da covid-19 é de 42.991.

A região Sudeste registra 48.115 (47,6% dos casos) pacientes com a doença. Em seguida, aparecem as regiões Nordeste (30.022 – 29,7%), Norte (14.376 – 14,2%), Sul (5.526 – 5,5%) e Centro-Oeste (3.108 – 3,1%).

Saúde contrata grupo investigado por fake news para monitorar Covid-19

Não são as cifras bilionárias das ações do governo para combater a Covid-19 que vêm acendendo o alerta de especialistas em orçamento público. É a falta de transparência. Do total de R$ 55 bilhões destinados à crise do coronavírus, R$ 2,7 bilhões referem-se a compras sem licitação do Ministério da Saúde, incluindo um contrato milionário com um grupo de telefonia com histórico de má gestão com o poder público.

Por R$ 46,8 milhões, o Ministério da Saúde contratou para gerenciar o sistema de telefonia que monitora a saúde da população um grupo empresarial investigado por explorar consumidores na TV e manipular eleitores fluminenses.

Artistas se unem para ajudar Instituto do Câncer Infantil

As lives nas redes sociais são alternativas comuns durante a quarentena e isolamento social para entreter e informar quem está em casa. Mas já pensou assistir a um show em casa e ainda poder contribuir para a causa do câncer infantojuvenil? O Instituto do Câncer Infantil será beneficiado em algumas dessas atividades.

Durante as transmissões ao vivo, os interessados poderão doar através do QR Code na tela – que reencaminhará para a página de doações do ICI – ou poderão entrar em contato através do WhatsApp da instituição no (51) 99230-9593. O ICI precisa de alimentos, material de higiene e limpeza, máscaras descartáveis, álcool em gel, luvas e vestuário.

Confira a lista de artistas que farão transmissões em prol do ICI. Assista, contribua e se divirta:

25/04 – Live no YouTube do Mc Jean Paul às 20h

26/04 – Live no Youtube do Ehexpresso às 20h

27/04 – Live no Instagram @Virozueira às 18h30

Apesar do sucesso inicial, Alemanha não garante controle da Pandemia

Mariano Senna, de Berlim/Alemanha

Após 40 dias fechados, estabelecimentos de até 800 metros quadrados reabriram na quarta-feira (22/04) na Alemanha. Também indústrias, como a de automóveis, retomaram as atividades com ocupação reduzida. Tudo seguindo as novas regras de higiene e prevenção, incluindo a distância mínima, luvas e máscaras.

No caso das montadoras, além da quebra da produção, há uma quebra acumulada da demanda da ordem de dois milhões de veículos. Quatro milhões de trabalhadores do setor não sabem o que o futuro lhes reserva. “Não creio que o governo possa salvar todo mundo”, diz Albert Reiss, diretor-presidente da ARKU Machinenbau de Baden-Baden.

Mesmo com a retomada das atividades, em setores como o de turismo, o prejuízo pela crise pode fechar um terço dos negócios, dizem os prognósticos. No total, até o momento mais de 700 mil trabalhadores entraram com pedido ajuda do governo por conta da redução ocupacional.

Enquanto políticos profissionais como o Ministro da Saúde, Jens Spahn (CDU) comemoravam a autorização para o início de testes de uma vacina, especialistas criticavam como o processo de reabertura acontece na prática.

“Estamos arriscando perder as conquistas que obtivemos”, alertou o principal virólogo assessor do governo, Prof. Dr. Christian Drosten, Chefe do Instituto de Virologia da prestigiosa Charité de Berlin.

Na Alemanha morreram até o momento 5.100 pessoas vítimas do Covid-19, quatro vezes menos do que na Espanha, quem tem menos da metade do numero de habitantes.

Como um dos descobridores do Coronavírus da SARS em 2003, Dr. Drosten foi um dos principais responsáveis pelo “Lockdown” alemão. Desde o início da crise ele aposta a própria credibilidade contra todos os críticos e defensores da abertura ou do isolamento vertical. “Pela forma como as coisas vêm sendo conduzidas nessa reabertura, eu não me surpreenderei se tivermos em Maio e Junho uma situação fora de controle nos hospitais”, alerta o virologista.

O titular da saúde, Jens Spahn, preventivamente avisou em seu pronunciamento no parlamento: “Teremos que estar preparados para perdoamo-nos, pois nunca na história da humanidade se decidiram tantas coisas significativas e importantes, em um ambiente de tamanha incerteza e em tao curto espaço de tempo”.

O que significa isso? O prenúncio daquilo que em breve ocupará os alemães? Nas ruas da capital Berlin a vida voltou quase ao normal. Lojas abertas, mas muitas ainda vazias. Nos supermercados quase ninguém usa máscara, nem mesmo os caixas. Isso apesar da obrigatoriedade, que vem ganhando espaco Estado após Estado. “Máscara serve só para quem está doente”, justifica a Rosa Pankowa, gerente de Loja de uma grande rede no bairro de Neukölln, em referência a um dos dicensos dessa crise.

A estratégia do governo é criar uma rede de informações sobre a infecção. Todas as pessoas infectadas e aquelas com quem essas tiveram contato devem ser cadastradas e acompanhadas. Cinco pessoas serão responsáveis por seguir, interpretar os dados coletados por 150 times móveis para teste e diagnóstico por todo o país. Em complemento, será implementada a obrigatoriedade das notificações de testes (positivos e negativos) em todos os níveis da federação.

Em contra-ponto está a política de testes em vigor. Idosos e trabalhadores de asilos, como um dos grupos de risco, ainda não são sistematicamente testados. Médicos, enfermeiros e profissionais da saúde ainda não são sistematicamente testados.

Como exemplo de inovação em termos de medidas de controle, o correspondente em Pequim da rede ZDF, Ulf Röller, cita o aplicativo desenvolvido pelo governo Chinês. Em Wuhan, qualquer pessoa que queira ir a uma loja precisa baixar o App. Ele autoriza e controla a circulacao de pessoas por todos os lugares. “É um tipo de sistema de vigilância total através do celular, pois você não entra em lugar nenhum sem a autorização do aplicativo”, relata o jornalista. Segundo ele, os chineses estão achando uma maravilha o controle epidemiológico digital, tamanho o pânico da morte pelo Covid-19.

Justiça suspende decreto municipal e proíbe acesso às praias de Balneário Camboriú

TJ acolhe mandado de segurança impetrado pelo MPSC e suspende decreto municipal que permite a frequência das praias de Balneário Camboriu

Com a decisão liminar, o acesso às praias de Balneário Camboriú volta a ser proibido, em consonância com os decretos estaduais que determinam as medidas de distanciamento social para evitar os riscos de contágio pela covid-19. Com isso, prevalece o entendimento de que a defesa da saúde é um direito maior e os municípios não podem adotar medidas menos restritivas do que os decretos estaduais que tratam da contenção da pandemia do novo coronavírus.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) atendeu ao pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e suspendeu, por meio de liminar, o Decreto n. 9.876/2020, do Município de Balneário Camboriú/SC, que permitia a prática de esportes individuais nas praias do município, o que contraria as medidas de distanciamento social determinadas pelos decretos estaduais emitidos para combater a pandemia de covid-19 no estado. A decisão foi proferida pela Desembargadora Denise Volpato por volta das 15 horas deste domingo (19/4).

O MPSC ingressou com um mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça após decisão monocrática que manteve abertas as praias de Balneário Camboriú ao negar o recurso do MPSC contra o decreto municipal que contraria os decretos estaduais sobre o enfrentamento à covid-19.

Decisões recentes do Supremo Tribunal Federal reconheceram que, em situações de emergência como a que vive o estado neste momento, os municípios só podem adotar medidas mais restritivas que as definidas nos decretos estaduais ou federais.

No caso de Balneário Camboriú, o Ministério Público atacou a inconstitucionalidade do Decreto Municipal n. 9.876/2020, por contrariar diretrizes sanitárias estabelecidas pelo Estado de Santa Catarina no Decreto n. 562/2020.

Em sua decisão, a Desembargadora argumentou que reconhece os prejuízos econômicos e sociais das medidas de distanciamento social estabelecidas para combater a covid-19, mas afirmou que, “no choque entre o direito ao lazer (e seus consectários para o turismo e atividade econômica local) e o princípio de preservação da vida e saúde dos cidadãos, imperioso reconhecer a prevalência do primeiro”.