Kadão morre aos 73: o jornalismo perde um gigante

Por Luiz Cláudio Cunha

O Brasil ganhou um tesouro, em 2016, com o lançamento do livro “A força do tempo. Histórias de um repórter fotográfico brasileiro”.

O autor, Ricardo Chaves, conhecido na imprensa como Kadão, selecionou mais de 400 fotos de quase meio século de uma carreira descrita e resumida, por ele mesmo, em um texto admirável e delicioso de 184 páginas que mistura história, fotografia, jornalismo, talento e protagonismo.

Kadão conseguiu fazer com invulgar sucesso a migração da foto para o texto, proeza que raros profissionais conseguiram na imprensa brasileira.

Além de Kadão, só lembro de dois exemplos de fotógrafos talentosos que conseguiram mostrar a mesma excelência na arte de escrever: Marcos Sá Correa, o fotógrafo que se tornou um dos mais festejados textos do país, brilhando com maior destaque na revista Veja e no Jornal do Brasil, no final do Século 20, e Hélio Campos Mello, o fotógrafo que comandou a redação de três das mais importantes revistas de informação – Senhor, IstoÉ e Brasileiros.

Kadão – amigo, mestre e parceiro de mais de 50 anos de jornalismo, onde compartilhamos a noviça condição de ‘foca’ do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, no remoto ano de 1970 –  me convidou para escrever o prefácio de seu livro.

Dei ao texto o título atrevido de “Kadão, um chato”, o que soava como uma insolência diante do cabeçalho de  “O melhor fotojornalista do país”, conferido pelo autor do generoso e merecido posfácio, o jornalista Marcelo Rech, parceiro de Kadão em suas principais viagens internacionais pelo jornal gaúcho, mais tarde diretor de redação de ZH, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e do Fórum Mundial de Editores (WAN).

Na sexta-feira, 4 de abril, Kadão morreu aos 73 anos, em Porto Alegre, vencido por um câncer de bexiga detectado há sete meses. Meu texto, feito para ser uma homenagem em vida a um dos mais importantes profissionais de imprensa do país, agora ganha, diante de sua ausência, ainda mais relevância por revelar algo mais da carreira de sucesso de quem fez do jornalismo um inspirador exercício cotidiano de caráter, dignidade e talento.

Kadão não está mais aqui, mas continuará sempre presente, na memória e no coração de todos nós, pelo jornalismo de ética, coragem e relevância cada vez mais essenciais em tempos dominados pela mentira, pela covardia e pela estupidez.

Nesses momentos críticos para o jornalismo e para a democracia é que mais precisamos de um chato como Kadão.

Kadão, um chato

[prefácio de 2016 para o livro A Força do Tempo]

Ricardo Chaves, conhecido como Kadão, não é um fotógrafo. Este é o momento para uma grave revelação: Kadão é, antes de tudo, um chato.

Vamos aos fatos. Nunca se conforma com a primeira frase, a primeira cena, a primeira resposta. Rebate, implica, replica e pergunta de novo: “Mas, por quê?”.

A pergunta teimosa brota, natural, porque Kadão nunca é dominado pelo ato reflexo do músculo tenso do dedo indicador que, automático, comprime burocraticamente o obturador da máquina fotográfica. O gesto, em Kadão, passa antes pelo cérebro que processa, avalia e só então libera a decisão racional que permite o registro consciente da cena.

Atitude que vale para a fotografia, vale para a vida.

Kadão é um ser consciente, a todo o momento ancorado na dúvida ancestral que faz evoluir a raça humana. “Por quê?”, pergunta, indaga, desafia Kadão, sempre que é colocado diante de uma questão que outros, por preguiça ou desatenção, fingem ignorar, deixam passar. Não passa nada por Kadão. Nada que resista à sua força de trabalho ou sua enorme concentração. Afinal, Kadão é um chato.

O sadio ceticismo move a curiosidade humana, excita o cérebro, estimula questões, provoca o pensamento, arregala o olho — as reações naturais para quem sempre pergunta e se pergunta: por quê? Como fazem os chatos e, por definição, os repórteres, que duvidam das respostas que ouvem e nunca ficam passivos diante do que vêem. Um bom repórter é, assim, a outra definição para um chato exemplar.

Quanto mais chato, melhor repórter.

Kadão não é fotógrafo. É um tremendo chato.

E, por tudo isso, Kadão é um baita repórter.

É o melhor repórter que tive ao meu lado, em quatro décadas de aventuras no mundo trepidante do jornalismo. Eu digo porque sei, porque conheço Kadão como ninguém.

Nascemos no mesmo ano (1951), sofremos pelo mesmo time (Grêmio), compartilhamos as primeiras baforadas de cachimbo com a descoberta do perfumado Troost Aromatic Cavendish da boa cepa holandesa, começamos juntos (1970) como ‘focas’ inseguros e empolgados pelo mesmo jornal (Zero Hora), assombrados pela mesma ditadura (1964) que temia perguntas e espalhava certezas, chumbo e medo nos corações e mentes de todos nós — rebeldes pela idade, desconfiados por instinto, chatos por natureza.

Essa história comum de identidade incomum nos tornou amigos, chapas, parceiros, irmãos de fé, camaradas de uma vida inteira. Tamanha intimidade me deu o privilégio de apresentar (1971) ao Kadão uma amiga loira (Loraine), a eterna namorada que aguenta esse chato num inquestionável, interminável casamento (de 40 anos) que lhe proporcionou, sem maiores perguntas, suas melhores revelações: os dois filhos (Letânia e Leonel).

Para quem acha que não passa de um fotógrafo, Kadão ainda exibe outro lado inusitado: ele também escreve. E escreve bem. Nada mais chato do que isso, nada mais previsível para quem pensa. É uma qualidade rara entre os profissionais da fotografia brasileira, onde goza da ilustre companhia de Marcos Sá Correa (Veja e Jornal do Brasil) e de Hélio Campos Mello (IstoÉ e Brasileiros), dois talentos que migraram das imagens do início de carreira para o texto poderoso de jornais e revistas onde brilharam comandando equipes que Kadão, não por acaso, integrava.

O sangue de jornalista tem uma carga genética de forte caráter: o pai, Hamilton Chaves, ecoa na história brasileira como o homem que comandou a poderosa Rede da Legalidade. Foi a cadeia radiofônica nacional de 250 emissoras de rádio coordenada por Hamilton que deu voz e sentido à cívica rebelião do governador gaúcho Leonel Brizola, em agosto de 1961, na defesa da Constituição e da posse do vice-presidente João Goulart, vetada pelos ministros militares desde a renúncia de Jânio Quadros.

Nos porões do Palácio Piratini, que Kadão já frequentava como um guri excitado naquela década que começava trepidante, Hamilton Chaves, então secretário de imprensa do governador, instalou o microfone com que Brizola mobilizou o povo gaúcho, conquistou a adesão do III Exército, quebrou a unidade militar, frustrou o golpe e garantiu a posse de Jango na presidência. Por todos os motivos, Hamilton era o herói de Kadão, na vida e no jornalismo. Um ídolo que ele enterrou precocemente em maio de 1985, no dia exato em que o pai completava 60 anos, repartido entre o coração de filho e o olho de repórter: apesar do pranto, Kadão não deixou de fazer os derradeiros registros fotográficos de quem em vida foi seu modelo de ética na política e de convicção no jornalismo.

Uma década antes, também chorando, mas inquebrável em sua determinação como repórter, Kadão cobriu fotograficamente para a revista Veja o velório e o enterro de outra figura marcante de sua vida: Lupicínio Rodrigues, o maior compositor popular do Rio Grande, parceiro do pai em algumas músicas e companheiro incansável de Hamilton Chaves na boemia da noite de Porto Alegre.

O difícil equilíbrio entre a emoção e a técnica, a exigida harmonia entre o que pensava o homem e o que fazia o profissional fizeram de Kadão uma figura especial, rara, indispensável. A partir de nosso encontro pioneiro em Zero Hora, tive a preocupação, sempre que podia, em ter Kadão ao meu lado, como escora fundamental de qualidade, talento, lucidez e inspiração de trabalho.

Assim foi na década de 1970, em Porto Alegre, quando o levei para a sucursal da revista Veja, que eu chefiava. Assim se repetiu no final da década de 1980, em Brasília, quando o chamei para trabalhar na sucursal da Agência Estado, que eu dirigia. Os anos de convivência nos davam a segurança de conversas ancoradas na experiência da vida, na emergência dos fatos. Não tinha ao meu lado um fotógrafo, um subordinado. Tinha o amigo de sempre, a quem procurava nos momentos de dúvida, de incerteza, para usurpar daí o seu lugar de chato e fazer a pergunta de praxe para um discípulo: “Mas, e por quê, Kadão?”.

Com a autoridade de quem sabia fazer as perguntas certas, na hora exata, Kadão dava a resposta que me abria caminhos e me iluminava a mente.

Aprendi com ele esta lição simples e empolgante: para aprender, basta o vício regenerador da pergunta, sucedida por outras, novas e melhores perguntas. Seja cético, insistente, persistente, inconformado, desconfiado, sugeria Kadão. Resumindo: seja chato, para ser um repórter melhor.

Nunca fiz nada melhor do que seguir, na prática do jornalismo , essa ‘doutrina Kadão’. Para minha sorte, Kadão estava ao meu lado na mais longa, mais difícil e mais gratificante reportagem de minha carreira de quase quatro décadas: a investigação sobre o sequestro em Porto Alegre dos refugiados uruguaios Universindo Rodríguez Díaz e Lilián Celiberti, e seus dois filhos, em novembro de 1978.

Um telefonema anônimo me levou a um apartamento do bairro do Menino Deus, numa sexta-feira chuvosa, naquele dia acompanhado pelo fotógrafo JB Scalco, da revista Placar. Kadão só não estava ali, naquele momento, porque cumpria uma pauta no litoral, onde entrevistava o senador recém-eleito Pedro Simon.

Coube a Scalco e a mim, então, a inesperada recepção no apartamento por homens armados, agentes de uma operação binacional clandestina das ditaduras do Brasil e do Uruguai que atropelaram até as leis escritas do arbítrio para sequestrar e torturar cidadãos estrangeiros em solo brasileiro.

Scalco foi decisivo para identificar os dois policiais do DOPS, o escrivão Didi Pedalada e o inspetor Irno, que nos receberam com pistolas na cara.

O voo criminoso da Operação Condor em Porto Alegre foi denunciado pela imprensa, a ação clandestina foi abortada e os sequestrados sobreviveram, escapando do assassinato de rotina da repressão uruguaia.

Nas 86 semanas seguintes, quase dois anos até a sentença final da Justiça condenando os sequestradores, em julho de 198o, Kadão foi a figura mais decisiva do caso.

O sequestro certamente seria desvendado por minha equipe, eventualmente sem a minha presença, mas a investigação não chegaria a lugar nenhum sem a insistência, o dedo e o olho de Kadão.

Era preciso um chato para fazer avançar a reportagem e deslindar o sequestro. E ele felizmente estava ali, ao meu lado: Kadão, o repórter chato.

Sentado no banco traseiro de um táxi em meados de dezembro, um mês após a denúncia do sequestro, Kadão não se rendia ao deserto de pistas que se abria diante de mim.

Teimoso, inconformado, insistia comigo que algo havia passado em branco, alguma coisa devia ter escapado. E pedia que eu contasse, mais uma vez, tudo o que se passara no apartamento.

A única maneira de satisfazer aquele chato era fazer o que ele pedia, capitulei. Desanimado, repeti toda a história, de onde Kadão acabou resgatando o elo esquecido que levaria, horas depois, à foto perdida de Didi Pedalada — o fio da meada para revelar o envolvimento do DOPS do delegado Pedro Seelig e da ditadura brasileira no sequestro dos uruguaios.

Sem Didi, o sequestro não seria desvendado. Sem Kadão, Didi não seria descoberto. Scalco e eu apenas reconhecemos a foto de Didi que Kadão colocou diante de nossos olhos. A reportagem do sequestro de Lilián e Universindo tem começo, meio e fim. Kadão está em todos eles.

No começo, em dezembro, desencavou a foto redentora de Didi. No meio, três meses depois, Kadão fez a foto da escrivã do DOPS Faustina, que manteve a guarda provisória dos filhos de Lilián, Camilo (8 anos) e Francesca (3). Após duas horas de espera, com a teleobjetiva de câmera apontada para a janela do primeiro andar do prédio onde morava a policial, Kadão viu enfim chegar o seu momento: num segundo fugaz, Faustina botou a cara na janela, pressentiu o perigo e tentou escapulir. Mas, já tinha caído na rede de Kadão, que teve uma só chance para um disparo certeiro, preciso, fatal.

A única foto capturada pelo dedo ágil e pelo olho agudo de Kadão foi levada horas depois a Montevidéu, onde o garoto Camilo confirmou a identificação da sequestradora.

No fim, em outubro de 1979, um ano após o sequestro, Kadão fez a foto que desmascarou a derradeira tentativa de fraude da polícia gaúcha, que apresentava o sequestrador Irno com um visual fabricado, exatamente oposto ao descrito por Scalco e por mim.

Originalmente cabeludo, sem barba e de bigode, Irno foi exibido na entrevista coletiva como um careca, barbudo e sem bigode, uma novidade devastadora que desmoralizava as testemunhas e comprometia toda a denúncia da imprensa.

Passado o susto inicial, emergiu na coletiva o lado chato de Kadão, o repórter teimoso que não se conformava com o monumental equívoco que se desenhava na denúncia que a polícia tentava desqualificar. Um suposto erro dos repórteres, naquele momento decisivo, consagraria a mentira e daria espaço para uma assustadora contraofensiva do aparato repressivo, jogando por terra um ano de investigação e desmoralizando todo o trabalho da imprensa.

Desconfiado como sempre, chato como nunca, Kadão não acreditou na imagem inesperada que via à sua frente, no auditório da polícia. Ousado, Kadão trocou a lente normal por uma teleobjetiva de 200mm, impensável para o espaço exíguo da sala. Com a tele, Kadão começou a pentear aquela imprevista careca, da qual só um chato seria capaz de duvidar.

E, com a lente de aproximação, Kadão descobriu um fato notável, que apenas ele percebeu: aquela careca era recente, fabricada, falsa. Os fios de cabelos cortados rente, imperceptíveis para o auditório, denunciavam pela lente esperta de Kadão o uso ardiloso de uma navalha, que transformou o genuíno sequestrador cabeludo num fingido policial careca. Uma sequência posterior de fotos, recolhidas por Kadão em antigos locais de trabalho de Irno, acabaram comprovando fotograficamente a farsa de uma polícia acuada pelas próprias mentiras que fabricava.

Uma ditadura pode qualquer coisa. Ela só não consegue imaginar um chato capaz de desmascará-la. Um chato como Kadão.

O Kadão de todos nós é a síntese entre emoção e técnica, o equilíbrio entre ação e reflexão, a transição entre a imagem que passa e a cena que fica, o homem capaz de captar o instante fugidio que ele congela e preserva na eternidade da história.

Porque esse é o Kadão. (LCC)

Um bendito chato!

O fotógrafo Ricardo Chaves morreu na sexta-feira 4 de abril, aos 73 anos, em Porto Alegre.

 Lixo em Porto Alegre: novo contrato, novos contêiners, velhos problemas

Estão sendo instalados os 2.250 novos conteiners para a coleta automatizada, que atende 19 bairros e recolhe cerca de 20% do lixo domiciliar de Porto Alegre.

Importados da Itália, ao custo de R$ 18 mil cada um, são mais robustos e 20% deles possuem “bocas de lobo” para evitar o acesso de catadores, que abrem os conteiners em busca de material reciclável e acabam espalhando todo o conteúdo ao redor.

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Mas, os problemas, detectados desde que se implantou o sistema, há mais de uma década, persistem. Mesmo nos novos equipamentos com boca de lobo, o lixo segue sendo espalhado ao redor.

A chamada “coleta automatizada” do lixo em Porto Alegre foi implantada em julho de 2011, quando 1.200  contêiners foram instalados em 18 bairros. Colocados nas esquinas, com tampas flexíveis,  24 horas disponíveis para descarte do lixo residencial. Periódicamente caminhões com dispositivos automáticos  recolhem o conteúdo.

Detalhe: somente o lixo orgânico deveria ser colocado ali. O material descartável deveria ser destinado para a coleta seletiva.

Os problemas apareceram nas primeiras semanas. Sebastião Melo era vice-prefeito em exercício no final de julho daquele ano, quando as reclamações chegaram à imprensa.

Em entrevistas, ele reconheceu que não estava funcionando e apontou a causa principal: “A população está jogando lixo misturado, os catadores de material reciclável entram nos contêiners, acabam espalhando todo o lixo”.

Segundo o DMLU, quase um terço do volume recolhido dos conteiners e levado para o aterro sanitário de Minas do Leão ( a 70 quilômetros de Porto Alegre) é material reciclável, resultado do descarte errado feito por moradores.

É o principal problema desde o início e não houve melhoria, embora a prefeitura tenha trocado pelo menos três vezes a prestadora do serviço.

A última troca foi em fevereiro de 2023,  quando foi rescindido o contrato com o consórcio Porto Alegre Limpa. Foi contratada de forma emergencial (sem licitação) a ConeSul Soluções Ambientais, por mais de R$ 2,1 milhões por mês.

O contrato emergencial foi renovado em março de 2024 com vigência até março de 2025. Enquanto isso, a prefeitura fez nova licitação para, através de uma PPP, entregar serviço de coleta, transporte e descarte de todo lixo em Porto Alegre a uma  única empresa.  São  1,5 mil toneladas de lixo domiciliar gerado diariamente, em Porto Alegre. Em torno de 20% desse volume corresponde à coleta automatizada.

A licitaçao foi vencida pelo consórcio Porto Alegre Ambiental, formado pela própria empresa Conesul associada à RN Freitas. O  contrato por 35 anos foi assinado em julho do ano passado.

Prevê a ampliação do número de conteiners  com previsão de chegar a 6.000 nos próximos anos. .

Os novos contêiners, importados da Italia, deveriam estar nas ruas em novembro do ano passado, mas houve atraso na entrega.

Outros 500 serão exclusivos exclusivos para resíduos recicláveis serão instalados em quatro bairros — Centro Histórico, Praia de Belas, Cidade Baixa e Menino Deus — e ficarão ao lado de contêineres para orgânicos e rejeitos.

O novo contrato prevê uma equipe de educação ambiental que vai atuar nos quatro bairros que receberão os contêineres para recicláveis.

Além dos modelos “boca de lobo”, o restante dos novos contêineres terão formato semelhante aos já existentes, mas mais robustos. contêineres antigos, que eram mais frágeis. Além do pedal frágil, a tampa era de um alumínio  Começaram a tirar essas tampas e vender no mercado clandestino.

Como funciona a coleta

Porto Alegre tem no lixo a coleta automatizada, coleta domiciliar e coleta seletiva. Entenda a seguir o funcionamento de cada uma:

  • Automatizada: é o sistema que recolhe o resíduo descartado nos contêineres de cor cinza, instalados nas ruas de 19 bairros da Capital. A coleta automatizada recebe apenas resíduos domiciliares, ou seja, resíduos orgânicos e rejeito.
  • Domiciliar: é também conhecida como coleta “porta a porta”, em que as pessoas colocam a sacola com o resíduo em frente ao imóvel para ser recolhido pelo poder público. É realizada em todas as ruas da cidade pelo menos três vezes por semana.A coleta domiciliar recebe apenas resíduos domiciliares, ou seja, resíduos orgânicos e rejeito.
  • Seletiva: a coleta também é feita “porta a porta” e recebe somente os resíduos recicláveis, também conhecido como “lixo seco”. A coleta seletiva é realizada em todas as ruas que comportam a entrada do caminhão. Passa três vezes por semana nos bairros atendidos pela coleta automatizada e duas vezes por semana nos demais bairros.

Bairros atendidos totalmente – Auxiliadora, Bom Fim, Bela Vista,  Centro Histórico, Cidade Baixa, Farroupilha, Higienópolis, Independência, Moinhos de Vento, Mont’Serrat,  Praia de Belas  e Rio Branco.

Bairros atendidos parcialmente – Azenha, Floresta, Petrópolis, Menino Deus, Santa Cecília,  Santana e São João.

Resíduos que devem ser colocados nos contêineres (basicamente orgânicos): cascas e restos de frutas e legumes, sobras de comida, papel higiênico e fraldas descartáveis usados, guardanapo e toalha de papel sujos, plantas, restos de podas e varrição, pó de café e erva-mate.

Projeto piloto

A implementação dos 450 equipamentos menores faz parte de um projeto piloto, visando a melhora na coleta de resíduos nos bairros Centro Histórico, Cidade Baixa, Praia de Belas e Menino Deus.

 

Pampa ameaçado: a cada ano bioma perde 1% da vegetação nativa

O Pampa, bioma que ocupa dois terços do território do Rio Grande do Sul, perdeu 28% de vegetação nativa entre os anos de 1985 e 2023 (28 anos), segundo levantamento realizado pelo MapBiomas em 2024.

Esse índice serve como um alerta à necessidade de pensar estratégias de crescimento sustentável, conforme avaliou o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas (PT), durante a abertura do Fórum Internacional de Meio Ambiente (Fima), promovido pela Associação Riograndense de imprensa, no Memorial do Legislativo.

“Juntamente com o Cerrado, o Pampa foi o bioma que, proporcionalmente, mais perdeu vegetação nativa. Isso é dramático”, lamentou Pepe Vargas, cuja gestão na presidência tem foco no “Pacto RS 2025: Crescimento Sustentável”.

O presidente do Parlamento rio-grandense ressaltou que é preciso considerar que as medidas adotadas à preservação ambiental não são suficientes.

“A primeira constatação que precisamos considerar é: o que estamos fazendo não é suficiente ou é inadequado. Do contrário, não estaríamos nesta situação ambiental.”

Conforme o presidente, para que a preservação do bioma seja eficiente, é essencial ouvir e compreender os anseios da população que vive nele e dele retira seu sustento. “É essencial ouvirmos a população que mora no Pampa, entender sua cultura, seus conhecimentos e saberes, e combinar essa sabedoria local com o que a ciência vem desenvolvendo – seja nas universidades, nas áreas de pesquisa, nos órgãos públicos, nas ciências naturais, com biólogos, engenheiros florestais, geólogos e tantos outros especialistas”, destacou.

A discussão sobre o crescimento sustentável do bioma Pampa, segundo o parlamentar, deve envolver questionamentos como: “É correto flexibilizar a legislação ambiental? O uso de águas subterrâneas profundas em detrimento dos mananciais superficiais é viável? Como garantir a manutenção das áreas de preservação permanente e das matas ciliares?”

Por dois dias (26/27/03) evento reuniu palestrantes e especialistas de diversas áreas, como climatologia, administração, agronomia, direito, engenharia agronômica, geografia, jornalismo e veterinária.

Para o presidente da ARI, José Nunes, a discussão em torno do bioma Pampa é essencial e merece a atenção da sociedade. “Que pensamos refletir sobre como é possível estabelecer uma relação de harmonia entre a conservação do Pampa e as atividades econômicas”, afirmou.

Participaram da abertura de Fima, a vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargadora Lusmary Turelly da Silva; a representante da Procuradoria-Geral de Justiça, Ana Marchezan; o presidente da Associação do Ministério Público Estadual, Fernando Andrade Alves; o secretário municipal de Comunicação de Porto Alegre, Luiz Otávio Prates; secretária do Meio Ambiente do Estado, Kátia Gonçalves; e a superintendente do Ibama, Diara Sartori. Também esteve presente o deputado Miguel Rossetto (PT).

Concurso desafia inventores a criarem “bengalas inteligentes”

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o governo do Paraná lançam nesta quarta-feira (2) o edital do concurso “Desafio de Inovação: Bengalas Inteligentes”.

A iniciativa, pioneira no Brasil, tem a finalidade de reconhecer e premiar protótipos de bengalas ou dispositivos complementares utilizados por pessoas com deficiência visual, que permitam detectar obstáculos acima da linha da cintura como, por exemplo, um galho de árvore.

De acordo com o Censo do IBGE de 2022, cerca de 6,5 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência visual, sendo que 582 mil são cegos.

Atualmente, o estado do Paraná tem mais de 82 mil pessoas com deficiência visual, e as bengalas disponíveis no mercado limitam-se à identificação de objetos posicionados abaixo do quadril. Diante disso, o concurso busca promover o desenvolvimento de tecnologias que ampliem a eficiência e a segurança desses artefatos, promovendo mais autonomia a seus usuários.

O concurso de inovação será aberto à participação de projetos de todo o país e não se limita, portanto, ao Paraná.

Somado a isso, o edital “Desafio de Inovação: Bengalas Inteligentes” tem ainda o objetivo de disponibilizar os dispositivos inteligentes no mercado brasileiro a preço acessível.

Coordenado pelo Escritório de Encomendas Tecnológicas da ABDI (Hubtec) , em parceria com o governo do Paraná, o concurso utiliza os instrumentos de Compras Públicas de Inovação para promover e estimular a inovação. De acordo com o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, a iniciativa é bastante relevante, pois permite demonstrar que licitações na modalidade Concurso (conforme a Lei de Licitações e Contratos Nº 14.133/2021) são instrumentos efetivos de fomento ao processo inovativo.

Cappelli destaca que a iniciativa pretende estimular o desenvolvimento de uma solução acessível financeiramente, adequada às condições brasileiras e elaborada com o maior nível possível de tecnologia nacional incorporada.

“Queremos não só atender às demandas de acessibilidade com esses projetos, mas também incorporar tecnologias avançadas, promovendo a segurança, autonomia de pessoas com deficiência visual e, sobretudo, a inclusão social”, explica.
O secretário da Inovação do Paraná, Alex Canziani, afirma que o objetivo do concurso é desenvolver uma solução inovadora e acessível para as pessoas cegas, garantindo que essa tecnologia possa chegar ao mercado a um custo mais baixo e beneficiar toda a comunidade cega no Brasil.

“Queremos estimular o desenvolvimento de bengalas tecnológicas mais duráveis e eficientes, para que a inovação cumpra seu papel de melhorar a vida das pessoas”, diz.
Premiação
O concurso tem a finalidade de resolver o seguinte desafio: “Como permitir que pessoas cegas, usuárias de bengala, possam antecipar obstáculos estáticos acima de sua linha de cintura?”

O edital destinará R$ 2,8 milhões para as soluções mais inovadoras. O concurso será realizado em duas etapas: Na primeira fase, denominada “Etapa de Evolução”, o edital selecionará até dez propostas em estágio de ideação/conceito. Nessa fase, os projetos serão contemplados com R$ 180 mil para execução do plano de trabalho e amadurecimento da solução.

Na segunda fase, intitulada “Dia do Desafio”, as soluções selecionadas serão avaliadas por meio da realização de pitchs, nos moldes de Shark Tank, e por testes dos protótipos em um circuito que simula ambiente real. Os três primeiros colocados receberão um prêmio total de R$ 1 milhão, divididos dessa forma:  1° lugar ganhará R$ 500 mil; 2° lugar terá direito a R$ 300 mil; e o 3° lugar, premiação de R$ 200 mil.

Além dos prêmios em dinheiro, os três primeiros colocados receberão assessoramento técnico da ABDI para acessar o ecossistema de inovação brasileiro e internacional a fim de escalar os protótipos premiados.

Edital
As inscrições são gratuitas e estarão abertas a partir das 14h de hoje (2) até as 17h do dia 5 de maio no site www.abdi.com.br/bengalasinteligentes

Podem participar pessoas jurídicas de direito público ou privado, com ou sem fins lucrativos, e consórcios entre empresas, incluindo parcerias com instituições estrangeiras. Será aceita apenas uma proposta por CNPJ. É proibida a participação de pessoas físicas.

Ditadura de 1964 é tema de aula pública em praça onde havia quartel

Uma “aula pública” ao ar livre vai abordar “o golpe  civil-empresarial-militar ocorrido em 1º de abril de 1964”,  além de debater as violações de direitos humanos que marcaram os 21 anos de regime ditatorial no Brasil.

A atividade será realizada na Praça Raul Pilla, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre/RS, um espaço emblemático e carregado de memória. Durante o período da ditadura, a área onde é praça abrigava o Quartel da 6ª Companhia da Polícia do Exército, onde ficavam presos políticos.

O evento ocorre dia 6 de abril, com início ás 9h30 e também celebra a restauração das placas do projeto “Marcas da Memória”, uma iniciativa do Movimento de Justiça e Direitos Humanos.

Uma dessas placas, que resgata a história e homenageia as vítimas do regime, está instalada na própria praça, reforçando a importância do local como um espaço de memória e conscientização.

Os convidados-palestrantes para esse evento são:

Jair Krischke – Fundador e Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos;
Solon Viola –Doutor em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Professor aposentado do Programa de Pós-graduação da Unisinos. Membro fundador da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos;
Anita Carneiro – Doutoranda em Ensino de História (Prof. de História/UFRGS), professora na Prefeitura Municipal de Gravataí (RS) e idealizadora do projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre.

O evento é gratuito e aberto. Os organizadores recomenda levar “itens para poder sentar (cangas, cadeiras, etc.)”.  Em caso de chuva ou calor extremo, o evento será remarcado.

Preço dos medicamentos: reajuste médio é o menor desde 2018

Aumento máximo ficou em 5,06%, mas maior parte dos remédios sobe 2,6%
Os medicamentos terão o menor reajuste médio desde 2018, conforme a resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), publicada nesta segunda-feira (31) no Diário Oficial da União.

Embora o teto de reajuste tenha ficado em 5,06%, equivalente à inflação oficial acumulada em 12 meses, esse percentual só incidirá sobre cerca de 7% dos remédios.

O aumento não é automático e depende de as empresas farmacêuticas enviarem o relatório de comercialização à CMED. Após essa fase, o reajuste, na prática, só é cobrado à medida que os estoques das farmácias forem repostos.

Como todos os anos, a resolução da Cmed divide os medicamentos em três níveis de reajuste, conforme o grau de concorrência. Os percentuais são os seguintes:

Nível 1: 5,06%;
Nível 2: 3,83%;
Nível 3: 2,6%.
Os remédios do nível 1, no entanto, só representam 7,8% do total de medicamentos. O nível 2 corresponde a 15%. O nível 3 representa 77,2%.

Ao considerar a série histórica, os percentuais de aumento para os remédios de nível 2 e 3 são os mais baixos desde 2018, quando o nível 2 ficou em 2,47% e o nível 3, em 2,09%. Em relação aos medicamentos de nível 1, o aumento de 5,06% é superior ao reajuste de 4,5% de 2024, mas inferior à alta de 5,6% em 2023.

Entenda o cálculo
O aumento nos preços de medicamento ocorre sempre em 31 de março de cada ano. A prática é regulamentada pela Lei 10.742/2003, que estabelece as diretrizes para a regulação de preços.

Para calcular o reajuste dos medicamentos, a Cmed considera primeiramente a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de março do ano anterior a fevereiro do ano atual. Para chegar aos três níveis de reajuste, o órgão pega o IPCA e considera os seguintes parâmetros:

subtração de um fator de produtividade (fator X);
acréscimo de fator de ajuste de preços relativos entre setores (fator Y);
acréscimo de fator de ajuste com base na concorrência dentro de um mesmo setor (fator Z), que mantém, reduz ou anula o desconto no fator X.
Divulgado todos os anos por meio de nota técnica, o fator de produtividade é estabelecido com base em projeções de ganhos de produtividade da indústria farmacêutica. Se houver previsão de queda no Índice de Produtividade do Trabalho do Setor Farmacêutico, o fator X deve ser igual a zero.

O fator Y representa custos de produção não medidos pelo IPCA, como tarifas de energia, variação cambial e preços de insumos. O fator Z corresponde a concorrência e custos não captados pelo IPCA específicos de um setor.

O percentual de reajuste de cada medicamento é calculado pegando o IPCA em 12 meses até fevereiro (5,06% em 2025), subtraindo o fator X e somando os fatores Y e Z. Caso o fator X fique em zero, o fator Z também será zero.

No fim de janeiro, a Cmed divulgou que houve ganho de produtividade de 2,459% de 2024 para 2025. No fim de fevereiro, o órgão informou que o fator Y ficou negativo em -0,70904 e, portanto, ficará em 0 para este ano.

Usado para classificar os medicamentos em níveis 1, 2 e 3, o nível Z é definido da seguinte forma:

Nível 1: medicamentos em mercados mais competitivos e sem desconto do Fator X;
Nível 2: medicamentos em mercados moderadamente concentrados, com desconto de 50% do Fator X;
Nível 3: medicamentos em mercados muito concentrados, com desconto integral do Fator X.

(Com Agência Brasil)

Fintech reúne securitizadoras, fintechs e gestores de recebíveis em Porto Alegre

A fintech AmFi, que no final de 2024 atingiu a marca de US$ 610 milhões de ativos financeiros tokenizados, realiza no dia 1 de abril, o primeiro evento da Rota AmFi, iniciativa que vai percorrer 9 cidades no Brasil para mostrar como o uso de novas tecnologias está revolucionando o mercado ao dar aos originadores maior acesso a capital.

“O mercado de recebíveis de crédito passará de R$ 570 bilhões para R$ 1 trilhão em dois anos. Para aproveitar esse ótimo momento, estamos em busca de novos parceiros em todo o Brasil. Por isso, vamos realizar a Rota AmFi, uma série de encontros em 10 cidades e Porto Alegre será a primeira delas, no dia 1º de abril. O Rio Grande do Sul é uma das maiores economias do país, com muitas empresas que podem finalmente entrar no mercado de capitais digitais porque as condições são mais acessíveis”, explica Paulo David, CEO da AmFi e cofundador da fintech com João Pirola, Artur Malabarba e Rodrigo Souza.

Entre os palestrantes estão Márcio Schettini, referência do mercado de capitais e CEO da Coruja Capital; Fred Renner, Sócio Fundador do Tijolo Hub Luiz Staub, Chairman Fundo Amanhã, Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira; ; Guilherme Previdi, CEO do Grupo Baru , Marcio Aguilar, Presidente do SINFAC RS,  Magno Neto, CEO da SPC Grafeno, Juliano Bacelo, CEO da Nexo Consultoria, além de Paulo Davi.

Os interessados podem solicitar a participação na Rota AmFi acessando o site https://pages.amfi.finance/rotaamfi.

Sobre a AmFi

A AmFi é uma fintech que está transformando o mercado brasileiro de capitais com sua plataforma proprietária de gerenciamento de recebíveis, utilizando a blockchain como tecnologia principal. Foi criada em 2022 por Paulo David, Artur Malabarba e João Pirola, que também fundaram a Grafeno e Biva, que mudaram o mercado financeiro do país. A AmFi foi a primeira a ter autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para oferta pública de ativos tokenizados. Desde então, ofereceu mais de R$ 610 milhões. Opera com mais de 70 parceiros entre fintechs, securitizadoras e gestores de recebíveis que se beneficiam da redução de até 70% do tempo de acesso ao mercado de capitais e de até 40% dos custos para estruturação de uma operação. Para os investidores, oferece produtos com rentabilidade e gestão de risco superiores aos do mercado tradicional.

Ato contra a ditadura retoma Esquina Democrática interditada há três anos

Depois de ter ficado interditada desde março de 2022 para obras, a Esquina Democrática  volta a ser o espaço das grandes manifestações populares em Porto Alegre.

Está marcado para as 17h desta segunda-feira, 31 de março, o ato Sem Anistia, Golpistas na Prisão, no cruzamento da avenida Borges de Medeiros com a rua da Praia,  reunindo movimentos sindicais, sociais e políticos em repúdio à tentativa de golpe do 8 de janeiro e em defesa da democracia, contra a anistia dos indiciados nos atos golpistas.

A mobilização está sendo organizada pelas centrais sindicais e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

O ato faz parte de uma ampla programação de organizações de defesa da democracia neste 31 de março que assinala os 61 anos do golpe militar de 1964.

Na Sala Redenção, no campos central da Ufrgs, será exibido o filme “Doutor Araguaia”, a história de João Carlos Haas Sobrinho, médico e militante político nascido em São Leopoldo (RS)  –  31 de março, às 19h, e 1º de abril, às 16h.

João Carlos participou da Guerrilha do Araguaia, contra a ditadura militar. Foi assassinado  em 1972. Seu corpo nunca foi encontrado.

Às 12h, será realizada uma visita ao Monumento aos Mortos e Desaparecidos pela Ditadura Militar no RS, localizado na Avenida Edvaldo Pereira Filho, em Porto Alegre.

A revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, lança nesta segunda-feira (31) uma edição especial sobre a ditadura civil-militar no Brasil. No Plenarinho da Assembleia Legislativa, às 19h.

Participam do lançamento  Raul Pont, Céli Pinto, Tarso Genro, Juçara Dutra e Carlos Henrique Árabe, que comentarão o conteúdo da publicação.

1º de abril

O sarau Poesia contra todas as ditaduras será realizado às 19h no Macunaíma, localizado na Rua da República, 153, em Porto Alegre. O evento, organizado por Mariam Pessah (Sarau das Minas), contará com a participação do Sarau da Invencionática, Sopapo Poético, Encontros Bom Fim, Voz Base, Gente de Palavra e Pororoka – Grupo de Leitura.

Às 11h30, acontecerá o ato unitário “Rubens Paiva Vive na Luta por Memória e Justiça”, no Monumento aos Mortos e Desaparecidos do RS, localizado na esquina das avenidas Ipiranga e Edvaldo Pereira Paiva, na capital gaúcha.

8 de abril

Uma homenagem a Vladimir Herzog acontecerá das 9h às 11h30 na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico/Ufrgs) em Porto Alegre.

A mediação será do professor Luiz Artur Ferraretto e o evento destacará o papel do jornalismo na resistência ao regime militar e a importância da defesa da liberdade de imprensa.

13 de abril

O Ato em homenagem às vítimas da ditadura às 10h no Parque Marinha, em Porto Alegre, em frente ao Monumento aos Mortos e Desaparecidos.

(Com informações do Brasil de Fato)

 

Livro expõe a colaboração da Folha de São Paulo com a ditadura de 1964

Foi lançado em São Paulo esta semana o livro “A Serviço da Repressão” resultado de uma pesquisa realizada por seis professores (de diferentes instituições) sobre a colaboração do jornal Folha de São Paulo com a ditadura militar de 1964.

Um dos casos relatados é o de Adriano Diogo, hoje com 75 anos, vereador em São Paulo pelo PT. Adriano tinha 23 anos, estudava geologia quando foi preso no dia 17 de março de 1973 e levado para uma sessão de tortura no Doi Codi.

“Eles quase me mataram”, recordou Diogo, falando sobre o livro em entrevista à Agência Brasil.

Diogo foi encapuzado, agredido, torturado e levado para o Complexo do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Vila Mariana, onde funcionava a Operação Bandeirante (Oban), o aparelho repressivo da ditadura.

O veículo utilizado nesta operação era uma caminhonete da Folha de São Paulo, um dos principais jornais do país. Segundo o livro não foi um caso isolado de colaboração direta da Folha de S. Paulo, com o regime militar.

Pesquisadores do livro “A Serviço da Repressão” que mostra a colaboração da Folha de S. Paulo para a ditadura militar. Foto: Unifesp/ArquivoFlora Daemon, professora de Jornalismo e uma das autoras diz que o estudo, resultado de dois anos de trablho, serviu de base para que o Ministério Público Federal abrisse um inquérito contra o grupo Folha.

A investigação, segundo o MPF, corre em segredo de justiça e, por isso, não comenta o andamento dos trabalhos. A professora foi uma das responsáveis pelas mais de 40 entrevistas para a pesquisa.

Investigação

Os recursos para o levantamento das provas surgiram depois que a Volkswagen, que também colaborou com a repressão, assinou um termo de ajustamento de conduta (no valor de R$ 4,5 milhões).

De acordo com a pesquisadora, o Ministério Público Federal definiu que uma parte desses recursos deveria ser destinada para investigações de outras empresas com indícios de terem aderido aos atos da ditadura (a partir do relatório final da Comissão Nacional da Verdade). O MPF escolheu a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para a gestão desse processo.

A equipe incumbida de investigar os atos da Folha, uma das 10 instituições investigadas, inclui, além da professora Flora, os docentes Lucas Pedretti, Ana Paula Ribeiro, Amanda Romanelli, André Bonsanto e Joëlle Rouchou.

“A gente buscou provas, indícios e materialidades para qualificar esse material para apresentar ao Ministério Público”, explica Flora Daemon, que é professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da pós-graduação da Universidade Federal Fluminense.

Pela memória

Entidades ligadas ao jornalismo apoiaram a realização da investigação ao entender que a pesquisa dos professores é fundamental para a preservação da memória.

 

A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas, Samira de Castro, destaca a importância de reavaliar o papel da imprensa no período. – Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil

“Acho importante avaliar e reavaliar o papel da imprensa, tanto a atuação dos proprietários como dos profissionais”, afirmou a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira Castro.

Diretor da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Moacyr Oliveira Filho afirma que é importante estabelecer a verdade para que as novas gerações fiquem sabendo de tudo que aconteceu e que isso não se repita. “Houve uma participação direta da Folha, não só no apoio político à ditadura, através dos seus jornais, mas também no empréstimo de carros”.

Entrevistas

O grupo de pesquisadores sabia que, além dos documentos, o valor dos testemunhos seria central para a coleta de provas. “A gente entrevistou 44 pessoas diretamente ligadas à Folha de S. Paulo ou à repressão. E todas elas apontavam para o fato de que o jornal colaborou com a ditadura”, afirmou.

Entre as entrevistas, há testemunhos de pessoas que foram presas em emboscadas a partir da utilização de carros do grupo, como o que ocorreu com Adriano Diogo. “Temos pessoas que testemunharam essas cenas, além de agentes do próprio DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) que explicaram como era feito o empréstimo desses carros da Folha à repressão”.

Os carros serviram de disfarce para ações dos militares em vigilância, campanas, sequestros, assassinatos e desaparecimentos forçados de militantes, apontam os pesquisadores no livro. “Cruzamos as informações de indivíduos de origens diferentes para assim poder sustentar algo contundente”, diz Flora Daemon.

“Como uma delegacia”

A pesquisadora contextualiza que os jornais do Grupo Folha atuaram de maneiras distintas ao longo do período ditatorial. “Conhecíamos também o papel que o jornal Folha da Tarde, um dos órgãos do grupo, com manchetes grotescas e violentas. A Folha da Tarde ficou muito associada ao papel mais sujo, editorial, por parte do grupo”.

Adriano Diogo, entrevistado para o livro, relembrou à Agência Brasil, por exemplo, que a redação da Folha da Tarde funcionava como uma delegacia de polícia, tal era a mistura de papéis entre o jornalismo e a repressão. Editorialmente, a Folha de S. Paulo também chamava de terroristas as pessoas que defendiam a democracia.

“Carros no estacionamento”

O jornalista Ivan Seixas foi preso e torturado em 1971, com apenas 16 anos de idade. Foto: Arquivo pessoal

Outra testemunha desse envolvimento é o jornalista Ivan Seixas, preso e torturado em 1971, com apenas 16 anos de idade, junto com o pai, o operário Joaquim (que foi assassinado nas instalações do DOI-Codi, em São Paulo). “Quando nós fomos capturados, eu vi carros dos jornais [do grupo Folha] dentro do estacionamento do DOI-Codi”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Em uma saída temporária da prisão, o então adolescente viu na capa do jornal Folha da Tarde que o pai dele tinha morrido. Mas Joaquim ainda estava vivo, o que demonstrava que o órgão estava a serviço das desinformações da ditadura.

Revólver na mesa

Outra conclusão da pesquisa é que diversos policiais trabalhavam dentro do Grupo Folha. “Atuavam até como jornalistas, trabalhando inclusive com armas em cima da mesa. Conseguimos mapear a presença de dois delegados do alto escalão do DOPS contratados com vínculo direto ao gabinete dos dirigentes do grupo, Otávio Frias Oliveira e Carlos Caldeira Filho”, reforça Flora Daemon.

Esses delegados eram os irmãos Robert e Edward Quass. Eles estavam dentro do Grupo Folha com toda a estrutura operacional dos carros e também monitorando e vigiando jornalistas. “Havia mais de uma dezena de policiais que trabalhavam no Grupo Folha de maneira colaborativa com a repressão”.

Isso foi testemunhado pelos jornalistas da empresa que trabalhavam na época e foram perseguidos. A então repórter Rose Nogueira, por exemplo, que atuava na Folha da Tarde, foi presa quando estava de licença maternidade. Mesmo assim, na ficha funcional, constava que ela havia abandonado o emprego.

Chave na ignição

O livro traz relatos testemunhas que afirmam que os motoristas da Folha recebiam a orientação, dentro da empresa, a deixar o carro em um determinado ponto da cidade, disponibilizar a chave na ignição, se afastar do carro e retornar em um horário a combinar.

A equipe de pesquisa elaborou, em parceria com a plataforma do ICL, uma série documental de quatro episódios (de aproximadamente 35 minutos cada um), com toda a história. Segundo a equipe de pesquisa, os relatos não deixam margem de dúvidas sobre o que ocorreu.

Uma das entrevistas que Flora considera especialmente representativa foi com um ex-agente do DOI-Codi de São Paulo: Marival Chaves. Ele ajudou as comissões da verdade a elucidar detalhes sobre a operação dos empréstimos dos carros à repressão. “Essa entrevista foi um divisor de águas”.

Antes do golpe

O grupo de pesquisadores conseguiu provar que a Folha apoiava a ditadura até mesmo antes do golpe de 1964, com um documento de colaboração financeira em nome de Otávio Frias de Oliveira, dirigente do jornal, ao Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipês), grupo responsável pela organização e planejamento do golpe.

Outra evidência, conforme explica o pesquisador Andŕé Bonsanto, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), é que, no dia 31 de março de 1964, a edição do jornal chega à casa das pessoas “comemorando o golpe”, antes mesmo que estivesse oficializado.

Há um suplemento chamado “64 – Brasil Continua” com mais de 30 páginas. “Foi um caderno especial de celebração ao golpe. Faz a gente questionar, obviamente, que, naquela época, seria impossível lançar um caderno especial exatamente no dia. Significa que eles já estavam elaborando com alguns meses de antecedência”, afirma o professor.

Outro lado

O atual secretário de redação da Folha, Vinicius Mota, encaminhou à Agência Brasil uma apuração do veículo, publicada em 2023, sobre a colaboração com a ditadura. Nesse texto, o jornal admite que errou ao apoiar o golpe contra João Goulart, mas reproduz posicionamento do então diretor Otavio Frias Filho (1957-2018), de que a cessão de veículos ocorreu de forma episódica e sem conhecimento ou autorização da direção.

O veículo admitiu um episódio, ocorrido antes do golpe de 1964, em que o repórter Antônio Aggio Jr. utilizou um carro do Grupo Folha para camuflar a entrada de conspiradores em um quartel e também o telex da sede e da sucursal do Rio para passar uma mensagem cifrada. “A direção do jornal não foi informada na ocasião”, garantiu a publicação. Essa situação teria contrariado Frias, segundo a Folha.

A respeito do episódio de perseguição à jornalista Rose Nogueira, a Folha entende que o episódio lança dúvida sobre eventual participação na repressão.

“Não é possível afirmar que, nesse caso, o Grupo Folha tivesse agido de acordo com os interesses da repressão. Não existem indícios suficientes de que isso tenha de fato ocorrido. O que há, apenas, é uma suspeita levantada pela vítima, com base em coincidência de datas. Por outro lado, não existe explicação para a versão que consta de sua ficha profissional. Todo o grupo da ALN [Ação Libertadora Nacional] que trabalhava na FT acabou preso”.

A respeito da presença de militares na redação do grupo, a empresa reforçou o posicionamento de Frias que alegou haver dificuldades financeiras no grupo, o que teria impedido uma reação contra o governo. “Nessas condições, não haveria como resistir a pressões. Enfrentar o governo seria bravata. Eu nunca fui homem de bravatas”, afirmou Frias em entrevista.

(Com Agência Brasil)

Dengue em Porto Alegre: 1.900 casos este ano, um óbito e três variantes do mosquito identificadas

Porto Alegre tem 1.892 casos confirmados de dengue, com um óbito registrado em 2025 (até 22 de março), segundo o último boletim epidemiológico da Secreteria Municipal da Saúde.

Tem também um caso (importado, com infecção fora da Capital) no mesmo período. Ambas as doenças se enquadram na categoria das “arboviroses”.

Dengue, a que mais preocupa, tem 5.823 notificações de suspeitas registradas de 29 de dezembro de 2024 a 22 de março deste ano.

Há confirmação de três sorotipos do vírus da dengue circulando em Porto Alegre neste ano entre os quatro que existem: DENV1, DENV2, DENV3.

Os bairros com maior incidência de dengue por 100 mil habitantes são Passo das Pedras, Jardim Itu, Jardim Floresta, Jardim Sabará e Morro Santana.

O cenário epidemiológico leva a Secretaria de Saúde de Porto Alegre a emitir um informativo epidemiológico semanal sobre as arboviroses (dengue, chikungunya e zika) na cidade.

O vírus da dengue é transmitido pela picada de fêmeas do mosquito infectadas com o vírus.

A enfermeira Raquel Rosa, responsável pela vigilância da dengue na Diretoria de Vigilância em Saúde, explica que neste momento é importante que todas as notificações de suspeitas sejam formalizadas ao setor por serviços de saúde.

Ela destaca que as pessoas que sentirem sintomas como febre acima de 38ºC acompanhada de dor de cabeça e dores no corpo devem procurar atendimento de saúde. “Febre, dor no corpo e dor de cabeça são os principais sintomas relatados por pessoas com confirmação de dengue em 2025”, diz a enfermeira.

Pessoas que viajaram antes de sentir os sintomas devem informar a viagem no atendimento médico.

Comparando a situação deste ano com 2024, o número de casos notificados e confirmados de dengue em 2025 é menor. “No entanto, houve a introdução de um novo sorotipo viral (DENV-3) e aumento na letalidade. Embora 2024 tenha registrado mais casos confirmados, o número de óbitos permaneceu igual nos dois anos até a SE 12”, enfatiza a enfermeira.

Infestação do mosquito – Neste momento de alta população de mosquitos, os cuidados com o ambiente em residências, comércios, ambientes de trabalho devem ser redobrados.

Medidas importantes:
Evite água parada.
Descarte o lixo corretamente.
Verifique se a caixa d’água e as lixeiras estão bem tampadas.
Limpe as calhas e coloque telas nos ralos.
Trate a água das piscinas.
Evite deixar água parada em piscinas plásticas.

Vacina para crianças e adolescentes – A Secretaria Municipal de Saúde mantém a oferta da vacina contra dengue para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. O esquema de vacinação é de duas doses para garantir proteção contra os quatro sorotipos do vírus da doença. “É importante que pais, mães e responsáveis verifiquem a carteira de vacinação para completar o esquema ou iniciar a vacinação”, diz a enfermeira Renata Capponi, chefe da Equipe de Imunizações da secretaria. O maior quantitativo de doses de vacinas está nas 15 unidades de saúde e clínicas de família que têm atendimento em horário estendido – até as 19h ou 22h.

Confira a lista de unidades:

Clínica da Família Álvaro Difini
Rua Álvaro Difini, 520 – Restinga
(51) 4076-5011 (WhatsApp)

US Belém Novo
Rua Florêncio Farias,195 – Bairro Belém Novo
(51) 3289-5723 (WhatsApp)

Clínica da Família Campo da Tuca
Rua Cel. José Rodrigues Sobral, 958 – Bairro Partenon
(51) 3289-5660 (WhatsApp)

US Chácara da Fumaça
Avenida Estrada Martim Félix Berta, 2432 – Bairro Mário Quintana
(51) 3289-6577 (WhatsApp)

Clínica da Família José Mauro Ceratti Lopes
Estrada João Antônio da Silveira, 3330 – Restinga
(51) 3289-5203 (WhatsApp)

Clínica da Família IAPI
Rua Três de Abril, 90 – Passo D’Areia
(51) 3289-3446 (WhatsApp)

US Moab Caldas
Avenida Moab Caldas, 400 – Bairro Santa Tereza
(51) 3289-4070 (WhatsApp)

US Modelo
Avenida Jerônimo de Ornelas, 55 – Bairro Santana
(51) 3289-2555 (WhatsApp)

US Morro Santana
Rua Marieta Menna Barreto, 210 – Bairro Protásio Alves
(51) 3289-5493 (WhatsApp)

US Navegantes
Avenida Presidente Franklin Roosevelt, 5 – Bairro São Geraldo
(51) 3289-8214 (WhatsApp)

US Primeiro de Maio
Avenida Professor Oscar Pereira, 6199 – Bairro Cascata
(51) 3289-5676 (WhatsApp)

US Ramos
Rua K esquina Rua R C, S/N  – Vila Nova Santa Rosa, Bairro Rubem Berta
(51) 3289-8255 (WhatsApp)

US Santa Marta
Rua Capitão Montanha, 27 – Bairro Centro Histórico
(51) 3289-2935 (WhatsApp)

US São Carlos
Avenida Bento Gonçalves, 6670 – Bairro Partenon
(51) 3289-5526 (WhatsApp)

US Tristeza
Avenida Wenceslau Escobar, 2442 – Bairro Tristeza
(51) 3289-5764 (WhatsApp)

(Com informações da Secretaria Municipal da Saúde)