"Maioria não conseguirá cumprir as regras para se aposentar"

Eduardo Fagnani é professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho e coordenador da rede Plataforma Política Social – Agenda para o Desenvolvimento.
Nesta entrevista ao IHU Online, ele analisa o projeto de reforma da Previdência que o governo Bolsonaro acaba de enviar ao Congresso Nacional.
“O ponto central, diz Fagnani é que a reforma da Previdência precisa, necessariamente, ser vista em perspectiva com outras duas reformas: a trabalhista, que ocorreu no governo passado, e a tributária, que deve ser encaminhada ao congresso ainda em março. “A reforma tributáriaque devemos fazer, diz o governo, tem que ser aquela que reduza a carga tributária de 33% do PIB para cerca de 25% ou 27%. Há alguns balões de ensaio sobre a desoneração das pessoas jurídicas e outras coisas nessa linha. Não se pode esperar nada da reforma tributária, porque o objetivo é reduzir a carga, e a variável do ajuste é a seguridade social, que gasta 12% do PIB, que poderia ser reduzida para algo em torno de 6% ou 8%”, explica o economista.
Trocando em miúdos, a opção política do atual governo é reduzir os direitos sociais das camadas mais empobrecidas para reduzir a carga tributária dos grandes empresários e manter a política de isenção fiscal intacta. “Se somarmos R$ 400 bilhões de isenções fiscais, R$ 400 bilhões de juros e 500 bilhões de sonegação, temos R$ 1,3 trilhão todo ano, são mais de 13 anos de economia com a reforma da Previdência”, pondera. Claro, não dá para cortar tudo de uma vez, mas se o governo propuser cortar 30% desse R$ 1,3 trilhão, são cerca de R$ 400 bilhões por ano. Se cortar um terço desse programa extraordinário de distribuição de renda para os ricos, daria um montante de aproximadamento R$ 400 bilhões por ano, equivalente a quatro anos de economia da reforma da Previdência.
Ele resume: “Este projeto representa um avanço enorme do seguro social em contraposição à seguridade social, um sistema trabalhista precário e com bastante insegurança, capaz de financiar uma Previdência Social também precária. Tudo isso para poder viabilizar uma redução da carga tributária, que é o projeto liberal para o Brasil, o que, em última instância, acaba com os avanços de 1988”.
– O que se pode dizer sobre os pontos mais polêmicos do projeto?
Fagnani – O que posso dizer é que ele se coloca como um projeto que promoveria a justiça social, mas do meu ponto de vista esse projeto é mais injusto que a proposta do Temer.
– Por que ele é mais injusto?
Fagnani – Porque ele coloca muitas barreiras para que uma pessoa alcance os benefícios do INSS. Nesta questão, que atinge o grosso da população brasileira, são mais de 35 milhões de beneficiados diretos, incluindo assistência social, e considerando mais dois membros por família, o que significa 100 milhões de pessoas que ganham em média R$ 1,5 mil. Observe-se que cerca de 70% da economia estimada com a reforma incide sobre o INSS. Para essa população, a reforma coloca barreiras intransponíveis. Uma das questões de fundo que temos é que com esse projeto estamos transitando da seguridade social para o assistencialismo. A outra questão é que estamos transitando da seguridade social, que é um pacto da sociedade, para um sistema de capitalização social, de caráter individualista.
-Quais as consequências dessa mudança? 
-O Brasil que eu vejo daqui a 30 anos é um país onde o servidor público vai estar no sistema de capitalização, que já existe, o pessoal do regime geral também vai estar no regime de capitalização, que será criado, e a grande massa da população estará num sistema assistencial barato no sentido de que é precário e custa pouco. Então, é um sistema que exclui a população da Previdência, porque elas não irão conseguir comprovar as regras que estão sendo exigidas e vão pressionar a assistência social.  Então, o que está sendo feito? Eles colocam uma proteção, uma barreira, que consiste em baixar o benefício assistencial para R$ 400,00. Esse é o projeto. Tudo passa a ser definido por regulamentação complementar ou por atos do próprio Executivo, e não por uma regra, por exemplo, de reajuste do repasse. Então, esses R$ 400,00 podem ficar congelados durante três, quatro ou cinco anos, e com a inflação o poder de compra vai sendo reduzido. Desse ponto de vista, é uma reforma extremamente cruel e excludente.
– Por que o senhor qualifica essa mudança nas regras previdenciárias como “extremamente excludente”?
Fagnani – Essa reforma é extremamente excludente, por quê? De novo, estou falando do regime geral, que é o que mais me preocupa. Primeiro, porque praticamente elimina a possibilidade de uma pessoa ter aposentadoria integral. Talvez uma parcela muito pequena da população, entre 5% e 10%, terá direito ao benefício integral, por quê? Porque a reforma estipula a idade mínima de 65 anos de idade para homem, 62 para mulher e 40 anos de contribuição, e a esmagadora maioria da população, cerca de 90%, não vai conseguir atingir 40 anos de contribuição.
Segundo ponto importante: vai definir a idade de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, mas tem um mecanismo que está na PEC e que é um “gatilho de idade”, isto é, sempre que a expectativa de sobrevida do idoso aos 65 anos subir um ponto pela estimativa do IBGE, a idade subirá um ponto. Com isso, já se prevê que daqui a quatro anos o teto será de 66 anos para homem e 63 anos para mulher e isso irá mudando, ou seja, daqui a quatro anos irá para 66, daqui a 14 anos vai para 67.

Além disso, tem a regra de transição, que tem três opções – são todas ruins –, mas a mais importante é a questão dos pontos. Antes se tinha o fator previdenciário em que a pessoa tinha que contar 95 anos para o homem e 85 anos para a mulher. Em 2015 o governo criou o fator previdenciário móvel, que sobe um ponto a cada dois anos, então hoje a regra está 96/86, de modo que a partir de 2026 chegaríamos à proporção 100/90. Assim o homem para se aposentar teria que ter 65 anos de idade e 35 anos de contribuição, que já é um padrão europeu. Já está resolvida essa questão das aposentadorias por tempo de contribuiçãoque são precoces.
O que o governo faz? A regra de transição é muito curta com 10, 12 anos. Assim, essa proporção 100/90, em vez de chegar em 2027, já vai chegar em 2023 e vai continuar a subir todos os anos até chegar a 105/100, a partir de 2031. Ou seja, um homem para se aposentar tem que ter 70 anos de idade e 35 anos de contribuição para ter direito à aposentadoria integral, e a mulher passa de 85 para 100, aumentando em 15 anos o tempo para as mulheres. Também são regras muito exigentes, quase ninguém conseguiria alcançar isso porque é como uma corrida de obstáculos: todo ano aumenta a idade e todo ano aumenta a contribuição, hoje é de 15 anos e vai passar para 20 e seguirá subindo, assim como a idade. Daqui a quatro anos é provável que se tenha mais um ano na idade (crescimento da expectativa de sobrevida dos idosos); quando está prestes a se aposentar, tem uma outra regra que torna mais difícil.
Depois temos a questão da Previdência Rural, que muda a idade da mulher. Hoje, para o trabalhador rural a idade mínima é de 60 anos e para a trabalhadora rural é de 55 anos; com o projeto a idade da mulher passa para 60 anos, igualando homens e mulheres. Qual é a diferença? Que hoje a agricultura familiar contribui com 1,5% sobre a sua produção e não tem, necessariamente, que comprovar 15 anos de contribuição, só é preciso comprovar 15 anos de atividade na agricultura familiar; agora passa a 20 anos de contribuição. Deste modo, além da contribuição sobre a produção, ele tem que pagar pelo menos R$ 600,00 por ano. Dada a peculiaridade da agricultura familiar, é muito complicado conseguir comprovar 20 anos de contribuição. Então, daqui a 20 ou 30 anos, haverá 20% da população com cobertura previdenciária.
Também tem a questão da aposentadoria por invalidez. Está sendo criada a aposentadoria por invalidez de duas categorias: de primeira e de segunda classe. A invalidez de primeira classe é a que o segurado tem um acidente de trabalho e fica inválido; nesse cenário terá direito a 100% (proporcional) da média das contribuições. Mas se tiver um acidente que torne o segurado inválido no trânsito ou na sua casa, por exemplo, o beneficiário terá direito a 65% da média das contribuições; é outro rebaixamento.
Além disso, as pensões também têm primeira e segunda classe. Se a pessoa morreu no trabalho é uma coisa, se morreu em casa ou em outro local, é outra coisa. Em geral, reduz para 60% a média de contribuição que o cidadão fez ao longo da vida. Tem um outro rebaixamento aí. Há um outro escalonamento, por “faixa de renda”, de que quem ganha até três salários mínimos, por exemplo, tem uma reposição de cerca de 50%. Por exemplo, tem um aposentado que continua trabalhando, recebendo R$ 3 mil por mês, sendo R$ 1,5 mil de aposentadoria e R$ 1,5 mil de salário, se o marido morre, nessa família com dois filhos, o dependente terá uma aposentadoria que, ao invés de ser 100% da pensão, será 40%, e como essa mulher fará para sobreviver?
Esse conjunto de restrições, que impacta os mais pobres — estou falando só do regime geral — vai conduzir a seguridade social para o assistencialismo, para a Assistência Social, e aí o que eles pagam? R$ 400,00. Como uma pessoa com 65 anos, de baixa renda, porque não conseguiu comprovar as contribuições para a Previdência, pode viver com esse salário? Atualmente, o benefício é um salário mínimo.
– Qual vai ser o impacto na alteração dos critérios de admissibilidade do Benefício de Prestação Continuada – BPC?
Fagnani – É disso que estou falando: deixa de ser seguridade e passa a ser assistencialismo. O critério hoje abrange pessoas deficientes ou que têm renda per capita de até um quarto de salário mínimo, que tenham 65 anos e nessa idade têm direito a um salário mínimo. Como que vai ser? Eles dão esses R$ 400,00 desde que a pessoa tenha 60 anos, e o benefício só alcança um salário mínimo quando a pessoa tiver 70 anos. O problema é que são pessoas extremamente vulneráveis, desassistidas, que dificilmente chegam aos 70 anos e, se chegarem, terão uma sobrevida muito curta.

A reforma trabalhista, entrando em vigor com toda a força, o que vai fazer? Embora ela diga que são atividades formais — ela deixa tudo como se fosse formal, legal —, são modalidades precárias. Por exemplo, no caso do trabalho por hora — intermitente —, uma pessoa que trabalha 30 horas numa semana, mais 20 horas na outra, mais 15 horas na outra, alguém acha que ela terá condições de acumular 20 anos de contribuição para a Previdência? Se pegarmos uma pessoa que é contratada por trabalho temporário para o Natal, ela vai trabalhar nos meses de novembro e dezembro, em janeiro é demitida e vai ficar quatro ou cinco meses desempregada. E assim alguém acha que irá conseguir acumular todas as contribuições? O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieesetem um estudo interessante que mostra, antes da reforma trabalhista, que em função da rotatividade do trabalho, em média, o trabalhador, num período de 12 meses, contribui nove meses. O fato é: antes da reforma trabalhista, em função da rotatividade do trabalho, um trabalhador médio, num período de 12 meses, contribuiu durante nove meses. Essa conta se fazia antes da reforma do Temer, que eram 25 anos de contribuição.

Então, daqui a 20 ou 30 anos, haverá 20% da população com cobertura previdenciária, são pessoas que vão conseguir cumprir as regras, mesmo que seja para uma aposentadoria parcial, e cerca de 70% que vai estar com benefício assistencial de R$ 400,00.
– De que maneira esse projeto impacta os militares e a classe política?
 Fagnani – Os militares estão fora dessa PEC. Agora, os militares são importantes porque, do chamado déficit da Previdência do setor público, os militares detêm metade do contingente – algo em torno de 300 mil servidores públicos são militares num universo de 700 mil – e o déficit dos militares é um pouco mais da metade que o do servidor público. Então, tem que incluir esses militares na reforma. O que o governo diz? Que vai fazer um projeto, uma legislação específica para os militares. Talvez uma tendência desse projeto é a seguinte: você desconstitucionaliza tudo, tudo passa a ser aprovado por legislação ordinária. Então, o governo está dizendo que vai apresentar um projeto para os militares, mas na PEC não aparece nada.
– Não aparece mencionada essa intenção de fazer esse outro projeto que diga respeito à previdência dos militares?
Fagnani – Isso, exatamente. E ainda aponta para a questão da legislação complementar.
– E como ficou a classe política nesse projeto? Houve algum corte de privilégios para essa classe?
Fagnani – Pois muito se falou, inclusive durante a campanha, que era necessário acabar com privilégios. É preciso, entretanto, entender melhor o que conta no projeto, mas, aparentemente, passará, aos que forem eleitos a partir de agora, a sujeição das mesmas regras do INSS, ou seja, 65 anos de idade para homem, 62 para mulher, sendo 20 anos para aposentadoria parcial e 40 para aposentadoria integral. Aparentemente, o projeto aponta nesse sentido.

Fagnani – Há dois aspectos aí. Primeiro: o que me dá profunda irritação é este argumento de que sem a reforma da Previdência o país quebra. Isso é de um primarismo, algo quase rudimentar, por várias razões. Se eu tenho um problema de receita e despesa, que gera um déficit, tenho que trabalhar nas duas pontas. Ou eu corto a despesa, enfrento só as causas endógenas, ou aumento a receita. A previdência do INSS urbano, durante quase sete anos, entre 2007 e 2014, foi superavitária porque a economia cresceu. Então, se a economia cresce, cai a taxa de desemprego, aumentam os salários, aumenta a receita.
Outra fonte da seguridade social é, por exemplo, a contribuição sobre o faturamento. Se a economia cresce, aumenta o faturamento, aumenta o lucro e aumenta a receita. É evidente que sempre que a economia entra numa recessão você tem problemas, mas quando a economia cresce você resolve uma parte desses problemas. Então, a saída passa, em primeiro lugar, pelo crescimento da economia. Evidente que é isso, mas esse debate está completamente fora.
Uma outra questão também para contrapor essa ideia de que sem a reforma da Previdênciao país quebra é a de que essa reforma vai dar uma receita de um trilhão em dez anos. São R$ 100 bilhões por ano. No Brasil, existe o maior programa de transferência de renda dos ricos do mundo. Somente de isenções fiscais, só o governo federal abre mão todo ano de quase R$ 400 bilhões. Nós pagamos 400 bilhões de juros e a sonegação no Brasil é de mais de 500 bilhões anuais. O governo, em vez de combater a sonegação com os instrumentos da tecnologia que estão disponíveis hoje – aliás, desde os anos 1990 a sonegação não é crime, a pessoa não vai presa porque sonega –, premia a sonegação com refinanciamento. Além disso, a PEC não propõe o fim do refinanciamento para enfrentar a inadimplência da Previdência: ela diz que o refinanciamento tem que ser de 60 meses — cinco anos, porque atualmente é de 25 anos —, mas este prazo de cinco anos não resolve o problema, pois o devedor não vai pagar para tirar um refinanciamento, ele vai pagar por dois anos e deixará de pagar de novo.

Como eu posso dizer que se o Brasil não fizer reforma da Previdência ele quebra? Isso sem falar na reforma tributária, porque o sistema tributário brasileiro é um dos mais injustos do mundo. A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – Anfip e a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital – Fenafisco fizeram um estudo que mostra que tecnicamente é possível aumentar as receitas da tributação sobre a renda e o patrimônio em cerca de R$ 360 bilhões. A reforma tributária é o antídoto contra essa outra estultice, que se fala muito, que é a do terrorismo demográfico, pois o que eles dizem? Que antigamente havia dez trabalhadores ativos para um aposentado e isso tende a cair, e daqui a 30 anos serão dois ou três para cada aposentado, portanto não tem alternativa — isso está na primeira página do Power Point.
Essa é uma tendência que já está ocorrendo e que vai se intensificar com a revolução tecnológica — esse é um debate que se faz hoje na Europa — e os países capitalistas desenvolvidos resolveram isso em meados do século passado. Isto é, tem que fazer uma reforma tributária que seja progressiva, onde transita da base salarial para a base de renda e sobre o patrimônio. Logo, a saída para a Previdência é a reforma tributária. Mais um equívoco desse pensamento é que a Previdência é financiada apenas pelo trabalhador ativo, o que é uma mentira. Se pegarmos os países europeus, a Previdência é parte da Seguridade, e a Seguridade é financiada pelo sistema tripartite: empregador, empregado e governo através dos impostos gerais, que são progressivos nos países desenvolvidos. Em uma média que fizemos com 20 países europeus, a participação do Estado, nesse sistema tripartite, é de 55%, dos empregadores cerca de 30% e dos empregados aproximadamente 15%. Então, não é verdade que o financiamento da Previdência depende do trabalhador ativo.
Brasil tem um sistema de financiamento tripartite desde a gestão Getúlio Vargas, e a Constituição Federal aprimorou esse sistema mas não fez a reforma tributária. Desde 1988 a seguridade social, que inclui a Previdência, é financiada pelo Cofins, a contribuição do empregado e do empregador. Nós copiamos o que foi possível copiar da experiência europeia. Outra alternativa para a questão demográfica (contribuintes x beneficiários) passa pela reforma tributária.
Então nós temos crescimento da economia, reforma tributária, revisão de isenções fiscais, combate à sonegação e redução da taxa de juros. Esses são os males, o que está errado no Brasil não é a Previdência, mas as inconsistências da política macroeconômica que garante um conjunto de benesses às camadas de maior renda. Nisso ninguém quer mexer. Vem cá, o objetivo não é acabar com os privilégios? Esses privilégios que eu acabei de falar são os verdadeiros privilégios.

Fagnani – Isso foge um pouco da minha área, mas o que tenho percebido é que a coordenação política do governo no Congresso apresenta muitos problemas. Outra coisa que estou percebendo é que a reforma do Bolsonaro é mais crítica, em termos de impacto, que a reforma do Temer. Se as pessoas começarem a fazer a conta – fazendo os cálculos em relação ao tempo de contribuição e idade, levando em conta a regra atual e a regra proposta – e perceberem as diferenças dos modelos, elas vão levar um susto. Isso terá rebatimento na classe política e o movimento social tem que mostrar para as pessoas qual o custo dessa reforma, o que certamente chegará aos parlamentares.
– De tudo que se sabe até agora sobre o projeto, quais são, então, as questões de fundo?
Fagnani – Os dois pontos centrais são: o fim da solidariedade do sistema social e a migração para o assistencialismo e para o sistema de seguro social. O seguro individual são esses planos de capitalização, cuja responsabilidade é do indivíduo. É como o plano de saúde, se você paga a prestação tem direito, se não paga não tem. A diferença, no caso da Previdência, é que se tem que pagar durante o período de 30 e poucos anos. Dada a situação do mercado de trabalho brasileiro, a população não tem condições de investir em um plano desses.
Se olharmos para daqui três décadas, veremos que saímos da seguridade para o seguro, porque o sistema de capitalização já foi implantado pelo servidor público, o Funprev, que é um fundo individual. Trata-se da legitimação de uma reforma implementada ainda no governo Fernando Henrique Cardoso em que os servidores passam a ter uma conta e um fundo individual, durante 35 anos. Ninguém discutiu esses custos, porque o que ocorre é que os novos entram nesse regime de capitalização, no plano federal, e o estoque tende a se esvaziar, porque as pessoas vão morrer. Então daqui a 35 anos haverá um megafundo de capitalização do servidor público, sendo que os custos dessa transição, que são elevados, nunca foram discutidos.
– Qual a origem do déficit previdenciário do serviço público?
Fagnani – Em parte pelos militares, em parte pela ausência de contribuição do setor público durante vários anos na transição dos anos de 1990. E, em parte porque os servidores públicos deixaram de contribuir para o sistema público e passaram a contribuir para os fundos individuais. No caso do INSS a ideia é criar a carteira [de trabalho] amarela, em que os jovens que entrarem no mercado de trabalho a partir de agora poderão optar por ela. O que vai acontecer é que esse jovem não vai ter opção, porque as empresas somente vão contratar pela carteira amarela, dizendo que não pagam benefícios e encargos sociais e o jovem será obrigado a pagar sozinho a própria previdência. Estamos caminhando da seguridade social para o seguro social. É uma transformação enorme.

Ainda há a correlação entre as reformas da Previdênciatrabalhista e tributária. Eu estou chamando isso de reforma trigêmea. Foi feita uma reforma trabalhista que rebaixa os custos do mercado de trabalho e precariza as condições dos trabalhadores. Essa reforma “desfinancia” a Previdência pública; quer dizer que uma pessoa que trabalha por hora não vai contribuir para a Previdência. Para quem tem uma micro ou pequena empresa, a contribuição é muito menor do que a do empregado com carteira de trabalho. Nesse contexto o governo propõe uma reforma previdenciária que caiba na capacidade de financiamento de mercado de trabalho precário. Ela tem de ser muito exigente, colocando obstáculos para que as pessoas não consigam se aposentar e, com isso, reduzir os custos da Previdência.
reforma tributária que devemos fazer, diz o governo, tem que ser aquela que reduza a carga tributária de 33% do PIB para cerca de 25% ou 27%. Há alguns balões de ensaio sobre a desoneração das pessoas jurídicas e outras coisas nessa linha. Não se pode esperar nada da reforma tributária, porque o objetivo é reduzir a carga, e a variável do ajuste é a seguridade social, que gasta 12% do PIB, que poderia ser reduzida para algo em torno de 6% ou 8%, reduzindo os custos da União para 27%. Esse é o projeto que vamos ter para o país, um avanço enorme do seguro social em contraposição à seguridade social, um sistema trabalhista precário e com bastante insegurança, capaz de financiar uma Previdência Social também precária. Tudo isso para poder viabilizar uma redução da carga tributária, que é o projeto liberal para o Brasil, o que, em última instância, acaba com os avanços de 1988. Esse é o desenho de país que vai se refletir daqui a 25, 30 anos.
 

Ong ambiental recebe verba para conter invasão de pinus na Lagoa do Peixe

A Associação Socioambientalista Igré, de Porto Alegre, foi a única entidade ambiental gaúcha contemplada pela Fundação Grupo Boticário com uma verba para executar um projeto de controle da proliferação de pinus no  entorno da Lagoa do Peixe, em Mostardas.

O Igré nasceu dentro da UFRGS por inspiração do biólogo Ludwig Buckup.

O projeto já está em andamento sob a coordenação do professor Gerhard Overbeck. Em anos anteriores, o Igré já recebera ajuda para projetos envolvendo alunos de mestrado e doutorado da UFRGS.

Criado em 1986 para proteger aves migratórias e ecossistemas litorâneos do Rio Grande do Sul, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe enfrenta há décadas o problema da expansão de pínus na região, onde essa árvore de origem norte-americana provocou mudanças ecológicas e econômicas: se por um lado degrada o ambiente natural, por outro gera emprego e renda via exploração da sua madeira.

Após destinar, este ano, R$ 1,8 milhões a 15 projetos em 11 estados onde ambientalistas buscam conservar ambientes costeiros e marinhos, a Fundação Boticário, com sede em Curitiba, abriu inscrições para o seu 57º edital com a temática Novas Ideias para a Conservação da Natureza.

Interessados de todo o Brasil podem inscrever trabalhos até 31 de março pelo site da instituição (www.fundacaogrupoboticario.org.br) Ao todo, serão R$ 2 milhões destinados aos projetos selecionados.

Nesta nova edição, serão selecionados projetos dentro das temáticas: ambientes marinhos; unidades de conservação de proteção integral e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs); inovações e novas tecnologias para a conservação da natureza; e espécies ameaçadas.

Os projetos inscritos devem estar vinculados a instituições sem fins lucrativos, como fundações de universidades, organizações não governamentais (ONGs) e associações. Dúvidas podem ser encaminhadas por e-mail para edital@fundacaogrupoboticario.org.br.

A Fundação Grupo Boticário foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. Desde 1991, a Fundação Grupo Boticário apoiou 1.563 iniciativas, somando um investimento de cerca de R$ 80 milhões.

Apiterapia: a picada de abelha que faz bem à saúde

Reconhecida pelo Ministério da Saúde como Terapia Integrativa em 2018, técnica existe há mais de 100 anos e usa produtos das abelhas, sendo o principal deles o veneno
 Picada de abelha pode fazer bem. É o que garantem especialistas que utilizam a apiterapia, um tipo de terapia natural que usa como base do tratamento as toxinas liberadas na picada de abelha e tem substâncias analgésicas e anti-inflamatórias.
A técnica existe há mais de 100 anos, mas só agora foi reconhecida como tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, a apiterapia passa a integrar as 19 terapias alternativas adotadas pelo Ministério da Saúde.
Do total, 19 datam de 2006 e, dez, de 2018. Vale lembrar que o Ministério da Saúde aponta evidências científicas que têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares.
Entre os principais benefícios desta terapia, o baixo custo, assertividade e  resultado, além do equilíbrio ecológico e respeito à natureza.
De acordo com Lilian Rosana dos Santos Moraes, coordenadora do curso de Terapias Integrativas da Unicesumar, dentro dos tratamentos desta técnica é verificado o fortalecimento e equilíbrio do sistema imunológico.
“A apiterapia tem como objetivo estimular o organismo a produzir substâncias de defesa para fortalecer o sistema Imunológico, orientando-o a superar suas próprias barreiras de defesa, por meio de uma estimulação apropriada”.
Embora muitos ainda desconheçam a terapia das abelhas, a tendência é que a procura aumente, especialmente no tratamento de dores crônicas e inflamações.
Vale lembrar que a apiterapia pretende proporcionar ao médico e ao apiterapeuta um número maior de ferramentas, que venham a completar e ampliar o programa terapêutico do paciente. “A base do trabalho da apiterapia vale-se de vários produtos das abelhas, sendo o principal deles o veneno”, afirma a professora.
Mas como o veneno pode ser benéfico? Basta saber que um dos componentes do veneno, a Melitina, é 200 vezes superior ao mais potente corticoide sintético, e a Apamina inibe a destruição da Mielina, responsável pelas relações entre as células nervosas.
E segundo a coordenadora, o maior poder de \piterapia reside na mistura de vários produtos e na exploração sinérgica entre eles.
A terapia utiliza produtos naturais, uma forma de Medicina Verde das mais antigas na história da humanidade. “Para se ter uma ideia, é mais antiga que qualquer medicamento industrial. Como um medicamento verde, a apiterapia harmoniza a pessoa em primeiro plano, e então, a enfermidade”, completa Lilian Moraes.

PET-VET : um mercado de R$ 20 bilhões por ano no Brasil

 Quase 500 pessoas se inscreveram no workshop “O Novo Cenário Nacional do Mercado Vet e Pet”  promovidopela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, na semana passada.

Organizado pelos professores Pérsio Talarico e Antônio Jesus Cosenza, o evento apresentou o panorama de um mercado que cresce vertiginosamente no Brasil e que carece de formação acadêmica de excelência para as lideranças do setor.

O workshop gratuito trouxe duas das principais referências do segmento no país: José Carlos Rapacci, presidente da Mars Petcare Brasil, empresa detentora de marcas como Pedigree, Royal Canin, Optimum e Whiskas, e Sergio Zimerman, presidente do Grupo Petz, rede com mais de 80 petshops espalhados pelo Brasil.

O diretor de Educação Executiva da FGV, Paulo Mattos de Lemos, fez a abertura do evento, destacando a importância de a instituição mais uma vez liderar a iniciativa de integrar um novo segmento à área acadêmica.

Mercado em expansão

Com mais de R$ 20 bilhões movimentados pelo setor, o Brasil fechou 2018 como o segundo maior mercado pet do mundo, superando o Reino Unido e ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Estima-se, ainda, que a população de cachorros e gatos de estimação deve subir de 80 milhões para 89 milhões até 2023, o que evidencia o potencial de crescimento do mercado.

“Essa população cresce de forma muito acelerada. Cada vez mais pessoas estão percebendo os aspectos positivos de ter um animal de estimação dentro de casa”, apontou José Carlos Rapacci, presidente da Mars Petcare.

Apesar das oportunidades que o setor deve proporcionar nos próximos anos, Rapacci também fez um alerta para os cuidados necessários em um mercado que ele denomina como fantástico e com enorme potencial, mas extremamente complexo.

“Os stakeholders são veterinários, donos de petshops, grandes e pequenos varejistas, balconistas, criadores, tutores… tem muita gente envolvida.

Além disso, são várias espécies de pets, de diferentes portes e costumes. Quem não aprender a lidar com todas essas variáveis terá muita dificuldade no mercado”, concluiu.

Cesta básica para PETs

O mercado PET poderia crescer mais, segundo os empresários, se não fosse tão alta a informalidade e, principalmente a alta carga tributária, o que explica porque o mercado brasileiro, embora seja o segundo maior do mundo, ainda seja tão inferior ao americano.

“A carga tributária é um fator que impede que o mercado se desenvolva mais. Quando comparamos com o mercado americano, por exemplo, existe uma enorme desproporcionalidade”, explicou Sergio Zimerman, presidente do Grupo Petz.

“Os governos precisam entender que pet é essencial. Pet food deveria ter o tratamento que a cesta básica tem. Falta sensibilizar políticos para que eles percebam essa nova realidade”, enfatizou o executivo, eleito empresário do ano de 2018 pela Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop).

Novo curso para qualificação permanente

O evento também apresentou aos participantes o novo curso oferecido pela FGV, “Pet Market – Gestão do Negócio PET”, que se propõe a capacitar gestores, empreendedores e demais players do mercado com técnicas operacionais e mercadológicas.

“Percebemos uma ineficiência do mercado em termos de gestão de pessoas, de processos e performance, e chegamos ao entendimento de que podemos trazer conteúdo para complementar as áreas de pet e vet, sobretudo em assuntos como marketing, trade e vendas. O setor precisa se modernizar e fazer frente aos novos hábitos dos consumidores”, explicou Pérsio Talarico, um dos coordenadores do curso.

Com carga horária de 20 horas/aula, a primeira turma terá início no dia 30 de março, na unidade FGV Itapeva, localizada na Rua Itapeva, 432 – Bela Vista. O site da entidade contém mais detalhes sobre conteúdo programático e valor do investimento.

Curso à distância oferece pós-graduação em gestão de igrejas

Aumento de instituições religiosas incentiva criação de novo curso
Conhecido por sua diversidade religiosa, o Brasil está passando por um aumento no número de igrejas.
De acordo com levantamento do jornal O Globo junto à Receita Federal, 67.951 entidades se registraram sob a rubrica “organizações religiosas ou filosóficas” entre janeiro de 2010 e fevereiro de 2017, uma média de uma por hora.
Motivado por esse aumento, o Centro Universitário Internacional Uninter inaugura a pós-graduação em Gestão de Igrejas e Instituições Sociais.
“Embora a gestão de igrejas tenha muitos pontos em comum com a gestão empresarial, instituições religiosas têm suas especificidades e precisam de profissionais especializados”, explica Patrícia Carla Ferreira, professora e coordenadora do curso.
Logo, além de disciplinas tradicionais de supervisão, gerência e direção, os estudantes contarão com matérias específicas, como gestão financeira e legislação aplicadas às igrejas e instituições sociais. O curso visa religiosos, teólogos e gestores.
“Igrejas e instituições sociais têm objetivos específicos, que só serão atingidos com uma boa gestão. Por isso esse profissional se faz cada dia mais importante”, pontua a professora.
A formação é ofertada na modalidade à distância, em que as aulas são disponibilizadas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Os estudantes têm acesso ao material didático digital e podem interagir com professores on-line. Também contam com a estrutura do polo de apoio presencial da Uninter mais próximo de sua casa.
 

Com metade do quadro funcional, DMAE está à beira do colapso

O rompimento de uma adutora deixou mais de 30 bairros da Zona Leste de Porto Alegre sem água na sexta-feira, 22.
Foi apenas mais um dos incidentes que tem colocado o Departamento Municipal de   Águas e Esgotos de Porto Alegre nas manchetes desde o final do ano passado.
Num dos bairros mais populosos da capital, a Lomba do Pinheiro, os moradores desde o início do ano realizam passeatas protestando contra a falta d´agua que atinge quase 100 mil pessoas na região.
Segundo os termos de uma  Inspeção Especial promovida pelo Tribunal de Contas do Estado, há um claro processo de precarização dos serviços da autarquia municipal.
Dados colhidos pelo Tribunal no Portal da Transparência da Prefeitura  apontam que, dos 3.634 cargos existentes no DMAE, 2056 estão vagos.
Significa que há uma defasagem de 56% no quadro funcional, “situação que gera risco na continuidade e na qualidade dos serviços prestados pelo DMAE”, conforme a cautelar do ministro Pedro Henrique Figueiredo, do Tribunal de Contas do Estado (TCE) com data de 31 de janeiro.
A cautelar atende a uma representação do procurador-geral do Ministério Público de Contas, Geraldo da Camino, e cobra providências do prefeito Marchezan, alertando para “os graves riscos à saúde pública decorrentes deficiência dos serviços do DMAE”.
“Há grave deficiência no quadro de pessoal, situação que gera risco para a prestação de serviço de captação, tratamento e distribuição de água como coleta de água e esgoto sanitário. Medidas emergenciais são imperiosas”, diz o documento do Tribunal.
Uma das causas do problema da deficiência de pessoal, segundo a inspeção resulta da interferência do Poder Executivo na autonomia financeira e administrativa do DMAE, que está numa “situação de submissão”.
Segundo a avaliação do Tribunal o prefeito está editando atos normativos que ferem a lei que criou o DMAE como autarquia municipal, com autonomia administrativa e financeira.
Dois decretos de Marchezan são citados: um que veda a admissão ou contratação de pessoal efetivo, outro que institui o Comitê de Gestão Orçamentária vinculado ao gabinete do prefeito,  que “tem ultrapassado a função de orientação estabelecendo cortes em horas extras, suspensão das substituições de FGs e cargos em comissão, vetando a concessão de reajuste anual, entre outras”.
“Os decretos municipais referidos impedem que a autarquia execute seu orçamento e reponha seu quadro de pessoal”.
O elevado número e horas extras para manter regularidade do serviço “acarrreta aumento de riscos de acidentes operacionais e de trabalho”.
Segundo o Tribunal, “o DMAE possui plena capacidade de custeio e manutenção dos servidores solicitados”. A “manutenção do risco de desatendimento de serviços é injustificado segundo esse aspecto”.
É destacado, o pedido de concurso para Técnico de Tratamento de Água e Esgotos, que tornou-se uma questão emergencial “uma vez que há risco de não se conseguir mais operar as estações de tratamento de água e de esgoto por absoluta indisponibilidade de servidores com essa atribuição”.
Na representação do Procurador Geral, que resultou na cautelar emitida pelo ministro Figueiredo, é citada a correspondência eletrônica ao procurador municipal, na qual o Diretor Geral do DMAE afirma que “o cenário indica que estamos em um limite perigosíssimo de termos descontinuidade da prestação desses serviços” ( refere-se ao tratamento da água e do esgoto).
“As consequências de quaisquer descontinuidade desses serviços serão inúmeras e graves, com a falta de atendimento à população e inclusive a incriminação e criminalização dos profissionais servidores perante seus conselhos”, diz o email, de 2017..
A representação do Procurador Geral cita também um email do diretor de Tratamento e Meio Ambiente ao diretor geral, apontando que “em face de um cenário de incerteza de alteração da legislação previdenciária muitos servidores se aposentaram aumentando o déficit na área operacional”.
“Para evitar situações de colapso, adotaram-se medidas aumento de horas extras, fechamento de laboratórios, conversão de férias, mas executivo proibiu a venda de férias”, diz o diretor. Ele indaga: “Como justificar possíveis falhas nos padrões da água para consumo humano e no tratamento de esgoto em decorrência da falta de pessoas?”
Segundo o diretor, a situação tende a se agravar pois há a previsão de que cerca de 30% dos funcionários em atividade nas Estações de Tratamento de Água e de Esgotos se aposentem nos próximo dois anos.
Na cautelar, o ministro dá 30 dias para que o prefeito apresente esclarecimento sobre esses fatos arrolados na Inspeção Especial e que:
1)   O Prefeito Municipal de Porto Alegre se abstenha de praticar atos que, interferindo na autonomia da autarquia, possam afetar o adequado funcionamento do DMAE, e
2)   Que o Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE adote providências a fim de evitar riscos de comprometimento ou interrupção da prestação adequada do serviço público de água e esgoto.
O prazo para o prefeito se manifestar termina na proxima semana.(30 dias a partir de 31 de janeiro)
Reportagem de Marcelo Gonzatto, no Diário Gaúcho, revela que a crise no abastecimento das regiões Leste e Sul da capital tem origem antiga.
“Em 2011, conforme a atual direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), o órgão já havia realizado estudo apontando que as zonas Leste e Sul da cidade caminhavam para o desabastecimento”.
“A solução encontrada foi a construção de uma nova estação de tratamento, batizada Ponta do Arado, no sul da cidade. A estrutura deve ser capaz de gerar 2 mil litros de água por segundo — o dobro da capacidade do sistema Belém Novo”.
— O problema é que a obra nunca foi feita. Estamos buscando um financiamento para realizar esse investimento agora — afirma o diretor-geral do Dmae, Darcy Nunes dos Santos.
O custo do novo sistema é estimado em R$ 280 milhões, dos quais R$ 232 milhões, que permitiriam a construção das estruturas principais, como a estação de tratamento da água, viriam de financiamento. Obras complementares seriam custeadas com recursos próprios do DMAE.
“Santos diz que gestões anteriores deixaram de fazer a obra, entre outras razões, pela decisão de que a autarquia superavitária deveria socorrer os cofres do município”.
‘Entre 2013 e 2016 (na gestão de José Fortunati), por exemplo, teriam sido repassados R$ 262,7 milhões do Dmae para o caixa único da Prefeitura”.
Descapitalizado, o departamento não conseguiu tocar os investimentos necessários.
— Houve uma decisão de não iniciar (a obra). Decidiram postergar para um outro momento e socorrer (financeiramente) a prefeitura — relata Santos.
Procurado, o ex-prefeito José Fortunati disse ao repórter que não poderia se manifestar sobre a descapitalização do Dmae. Perguntado sobre as transferências que teriam impedido a realização de melhorias no abastecimento, declarou:
— Não lembro. Não poderia responder neste momento.
 

Relatório científico alerta para o "colapso dos polinizadores"

Foi publicada no início de fevereiro a primeira versão do relatório sobre polinizadores e polinização, documento que sintetiza o status quo das interações entre seres vivos – animais e vegetais – e que se refletem na queda dramática da biodiversidade.
A redação foi iniciada em agosto de 2017 e passou pela mão de 12 pesquisadores e professores que tocam em frente um trabalho de duas décadas em torno da preservação dos polinizadores, entre os quais se destacam as abelhas melíferas européias e as abelhas nativas.
Para conhecer o documento, de 93 páginas, basta entrar no site www.bpbes.net.br. A quem não tiver tempo para chegar nesse endereço eletrônico, basta ler o parágrafo que, logo nas primeiras páginas do documento, resume a dependência dos vegetais aos polinizadores:
“A maioria das plantas, cultivadas ou nativas, é polinizada por animais e depende destes para sua reprodução (Klein et al. 2007; Ollerton et al. 2011; Roubik 2018). Nas comunidades tropicais, 94% das plantas são polinizadas por animais (Ol – lerton et al. 2011). Os animais polinizadores são em sua maioria insetos, tais como abelhas, moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros e tripes (insetos diminutos com 1 mm de comprimento ou menos, de corpo delgado e asas franjadas), mas também há polinizadores vertebrados, como aves, morcegos, mamíferos não voadores e lagartos”.
“As abelhas são o grupo de polinizadores mais abundante na agricultura, pois visitam mais de 90% dos 107 principais cultivos agrícolas já estudados no mundo (Klein et al. 2007). Considerando-se apenas as plantas cultivadas polinizadas por animais, 70% do total de 1.330 cultivos nas regiões tropicais produzem frutos e sementes em maior quantidade e/ou com melhor qualidade quando polinizadas adequadamente (Roubik 2018)”.
O que falta compreender — autoridades, agricultores e consumidores – é que a polinização dos vegetais está sendo sufocada pelo uso abusivo de venenos agrícolas em lavouras, de onde esses produtos altamente tóxicos (herbicidas, inseticidas, acaricidas, fungicidas) se espalham, tocados pela deriva (do vento), para pastagens, matas e cursos d’água.
No pampa sulriograndense, além das abelhas que aparecem mortas nas caixas de coleta de mel, os agrotóxicos provocaram no final de 2018 danos em vinhedos mantidos por fazendeiros emergentes ou tradicionais.
Embora os danos ambientais sejam importantes, os cientistas vêm se preocupando em demonstrar o impacto econômico-financeiro negativo da não-polinização. É de ressaltar o trecho sobre os valores envolvidos na interação insetos-plantas:
“O potencial da polinização como serviço ecossistêmico pode ser ressaltado quando associado à produção de alimentos. A primeira valoração econômica global do serviço ecossistêmico da polinização apontou o montante de US$ 70 bilhões/ano (Costanza et al. 1997). Mais recentemente, esse serviço ecossistêmico foi avaliado em € 153 bilhões (Gallai et al. 2009). Esse número foi atualizado no Relatório de Avaliação sobre Polinizadores, Polinização e Produção de Alimentos da IPBES, sendo estimado entre US$ 235 bilhões e US$ 577 bilhões (IPBES 2016). No Brasil, calcula-se que a polinização relacionada à produção agrícola tem um valor anual de US$ 12 bilhões (Giannini et al. 2015b).”
Entre os fatores que concorrem para ameaçar os polinizadores e a polinização, o documento destaca: mudanças no uso da terra, agricultura intensiva e de larga escala, uso indiscriminado de agrotóxicos, poluição ambiental, mudanças climáticas globais e alterações biológicas recorrentes, como o surgimento de espécies invasoras, os efeitos indiretos do uso de organismos geneticamente modificados, pragas e patógenos, e, ainda, a interação entre eles (IPBES 2016).”
Esse relatório é o mais contundente documento ambiental lançado no Brasil desde a Conferência Mundial do Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992.
Continuar ignorando os problemas da polinização por interferência dos agrotóxicos e outras causas equivale a fechar os olhos para as mudanças climáticas.

Carta ao Exército: qual o sentido de uma guerra contra a Venezuela?

 Divisão de Relações Públicas do Exército Brasileiro – CCOMSEx (faleconosco@ccomsex.eb.mil.br),

 

Prezados Senhores Militares,

 Vejo com muita tristeza e apreensão as notícias de uma possível declaração de guerra dos EUA contra a Venezuela, com especulações de possível colaboração, e até participação, das Forças Armadas Brasileiras.

Tristeza, porque será quebrado nosso elogioso recorde humanitário de 150 anos sem guerras. Esse é o verdadeiro feito da nossa Pátria, de nossas Forças Armadas.

Tristeza, também, porque a Venezuela nunca nos fez mal, ao contrário, tem colaborado com o Brasil e, acredito, o Brasil com ela.

Apreensão porque é um privilégio ter a maior reserva de petróleo nas nossas fronteiras; ter, o Brasil, uma empresa estatal com a capacidade de exploração e refino como a Petrobras, ao lado dessa reserva, é uma vantagem incomensurável. Não há interesse algum, por parte do Brasil, em quebrar, com o vizinho país irmão, esse laço de amizade, e essa teia de oportunidades recíprocas.

Apreensão, também, porque o Brasil e seu povo vivem grandes dificuldades internas e seria um grande malefício agregar mais um.

A Venezuela tem, sim, seus problemas, como muitos países do mundo e como nós temos, em maiores ou menores proporções. Cada um deve resolver os seus problemas e, para tanto, a própria ONU estabelece cláusula de não interferência recíproca.

Governos com suas vocações doutrinárias e modelos de gestão passam céleres e são substituídos por outros, muitas vezes, bastante diferenciados. Mas, a agressão bélica recebida por um país pelo seu vizinho, principalmente numa situação crítica, deixa cicatrizes profundas e décadas podem não ser suficientes para estancar a sangria. Ademais, a história nunca inocenta agressores.

A natureza pacífica do nosso povo, com certeza, não aprovaria uma interferência do Brasil em assuntos internos de outros países, principalmente se for, apenas, para atender a exigências de outro país que sempre fez, da guerra, um instrumento de Estado para resolver os problemas do mundo, e sem conseguir resolvê-los, na maioria dos casos. 

Finalmente, a morte de jovens brasileiros numa guerra sem propósito como essa, afetaria profundamente a estrutura psíquica das nossas famílias. 

Contamos com um gesto verdadeiramente soberano das nossas Forças Armadas.

 César Cantu

21.02.19

Serra catarinense celebra a excelência de seu vinho com Vindima de Altitude

A região da serra de Santa Catarina é conhecida no Brasil por  atrair turistas de todo os recantos por  causa de suas baixas temperaturas no inverno. Agora mais um grande acontecimento na região se junta à essa atração : a sexta edição da Vindima de Altitude de Santa Catarina, evento que reúne em março as vinícolas de Santa Catarina que produzem vinhos na região da serra.
Segundo José Eduardo Bassetti, presidente da Associação Vinhos de Altitude Produtores e Associados, este ano a Vindima vai de 1º  a 31 de março, envolvendo 15 vinícolas localizadas nos municípios de São Joaquim, Campo Belo do Sul, Urubici e Bom Retiro. Além das vinícolas citadas, também fazem parte da “Vinhos e Vinícolas de Altitude de Santa Catarina”, outras duas vinícolas – embora não participem neste evento – que são a Villaggio Grando, no Planalto Catarinense,  e a Santa Augusta, no Centro do Estado.

Uma das novidades de 2019 é que o evento será realizado na praça central (Cezário Amarante) de São Joaquim, em espaço aberto onde haverá degustação de vinhos nos dois primeiros fins de semana do mês. Nos três finais de semana seguintes os interessados poderão agendar visitas e acompanhar a colheita da uva nas próprias vinícolas. A abertura da festa, na noite de 1º de março, terá a apresentação de espetáculo da Camerata Florianópolis, com o concerto Música para Cinema.
Atrações variadas
Cada vinícola terá uma programação própria que inclui visitações, almoços e jantares harmonizados, sunsets e passeios. A programação prevê outros shows, cursos, workshops e oficinas sobre a variedade de uvas cultivadas na Serra catarinense, análise sensorial de vinhos e características olfativas, visuais e gustativas de vinhos brancos e roses de altitude.
A Vindima tem a presença confirmada das vinícolas Abreu Garcia, D’Alture, Hiragami, Suzin, Quinta da Neve, Leone di Venezia, Serra do Sol, Thera, Vivalti, Villa Francioni, VillaggioBassetti, Villaggio Conti, Vinhedos do Monte Agudo, Pericó e Zanella Back. A organização é da Associação de Produtores de Vinhos de Altitude, que tem 35 filiados em 10 municípios do Estado – alguns deles ainda à espera da maturação dos vinhedos ou em fase de testes dos vinhos produzidos.
Um milhão de toneladas
O presidente da Associação Vinhos de Altitude Produtores e Associados, José Eduardo Pioli Bassetti, proprietário da vinícola Villaggio Bassetti, prevê que a colheita de uvas, que vai até maio, deverá chegar a um milhão de toneladas nas regiões produtoras vinhos de altitude.
Este ano marca o 20º aniversário dos primeiros plantios de parreiras nos campos de altitude da Serra catarinense. Cinco anos depois vieram os primeiros testes e, em 2005, os vinhos pioneiros, que evoluíram a ponto de o produto estar hoje nas gôndolas, restaurantes e casas especializadas de todo o Brasil. “Em 15 anos, nossos vinhos se tornaram referência em qualidade e ganharam prêmios nacionais e internacionais”, destaca Eduardo Bassetti, acrescentando que ele e sua Diretoria da “Vinhos e Vinícolas de Altitude de Santa Catarina”, estão empenhados “na busca da nossa Indicação Geográfica, com o nome de registro  “Vinhos de Altitude de Santa Catarina”!.

De acordo com o presidente da comissão de organização da Vindima, Acari Amorim, nos dois primeiros fins de semana de março, de sexta-feira a domingo, as vinícolas farão uma exposição de seus produtos na Praça Cezário Amarante onde os visitantes poderão degustar os vinhos. Ele diz que a última safra foi muito boa e que o clima, com chuvas regulares e sem geadas tardias, colaborou para os bons resultados do ano. Proprietário da vinícola Quinta da Neve, ele informa que no período escolhido para a Vindima muitas pessoas sobem a Serra ou vêm de outros estados, visitando a região na fase de colheita da uva.

Foto: Divulgação

Empresas de energia solar movimentaram R$ 7,4 bilhões em 2018

Empresa de porte médio que mais cresce no Brasil, a Renovigi Energia Solar, finalizou o ano de 2018 atendendo a 35,9% das empresas que revendem equipamentos fotovoltaicos no país.
Os dados foram apresentados no último levantamento feito pela Greener, empresa de pesquisa e consultoria especializada no setor, e publicado neste mês de janeiro.
“Até final de  2017 tínhamos cerca de 60 mil painéis solares instaladas em todo o território nacional, hoje já ultrapassamos 220 mil. Se considerarmos o consumo médio no Brasil, isso significa energia para mais de 50 mil residências”, comemora Alcione Belache.
Segundo dados divulgados nesta mesma pesquisa da Greener, o setor movimentou R$ 7,4 bilhões no ano passado, sendo que deste montante R$ 4 bilhões no segmento de geração distribuída, e R$ 3,4 bilhões na área de parques solares de grande porte.
Já as empresas que projetam, vendem e instalam módulos fotovoltaicos, cresceram  mais de 120%, de 2,7 mil em janeiro de 2018 para mais de 6 mil até o início deste ano.
“As pessoas estão percebendo, dia após dia, as vantagens de produzir a sua própria energia a partir de uma fonte gratuita e disponível a todos, que é o sol.
Estes números que demonstram o aumento da procura, tanto por parte das empresas instaladoras, quanto por parte do consumidor final. Mostra que o nosso trabalho de conscientização está dando certo. É preciso enxergar a geração de energia fotovoltaica como um investimento”, finaliza Alcione.
Sobre a Renovigi
Com mais de 220 mil painéis solares já distribuídos no Brasil, a Renovigi se destaca no mercado fotovoltaico brasileiro pela excelência no atendimento e pela qualidade de seus produtos. Hoje a empresa é líder em satisfação do consumidor, com 99,8% de clientes que indicariam a marca para um amigo, além disso, está no pódio nacional de preferência das empresas instaladoras e foi premiada pela EXAME e Deloitte como a Média Empresa com maior crescimento no Brasil. Esses números são fruto do empenho mútuo entre a equipe Renovigi e suas mais de 3000 empresas credenciadas, espalhadas por todas as regiões do país.