Higino Barros
Cinco prefeitos, de praças da região central de Porto Alegre foram empossados na manhã de sábado, dia 28, durante solenidade realizada na Praça da Alfândega.
O prefeito da Capital, Sebastião Melo, entregou o crachá e o certificado para os escolhidos e assinou o Pacto de Governança com a comunidade do Centro Histórico.
Acompanhado por César Schirmer, secretário Municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Melo falou dos planos do seu governo para a revitalização do centro e alguns de seus gargalos administrativos.

“Vamos acabar com o Esqueletão, aquilo é uma excrecência, o retrato da decadência do centro. Vamos dar uma solução para o Cais Mauá, ampliar o acesso da população à orla do Guaíba e fazer do centro uma área que seja mais habitada por sua população. Para isso precisamos de por em prática um pouco do espírito dessa cerimônia. a junção do interesse público com o privado.”
Sobre a praça da Alfândega prometeu que abrirá novamente o banheiro público que havia no local, voltará a instalar mesas para a prática do jogo de damas e outras iniciativas que “tornam a praça mais humana, mais frequentada e desfrutada”, não apenas em ocasiões especiais, como a Feira do Livro.
Os cinco prefeitos nomeados foram o jornalista Ayres Cerutti, da Praça da Alfândega e Ivan Carlos Borella para a Praça Padre Gregório de Nadal. Igualmente foram nomeados Waldo Dias para a Praça Júlio de Castilhos, Erika Lammel para a Praça General Daltro Filho e Lucas Brizola para a Praça General Osório.
O prefeito da praça será responsável por cuidar dos espaços públicos, acompanhar os serviços de manutenção feitos pelos parceiros e deverá comunicar problemas para que a prefeitura ou o adotante possa realizar a ação necessária. Os cargos são de voluntariado e não são remunerados.

O protetor das árvores e das ruas do Centro.
Os amigos do jornalista Ayres Cerutti costumam brincar. Cada vez que alguém se encontra com ele, casualmente ou não, sai presenteado com três mudas de árvores para plantar. Exageros à parte, Ayres tem mesmo essa paixão por verde, planta e terra. Somado à sua indignação pelo mau estado das ruas e calçadas do Centro Histórico recebem do poder público e de parte de seus moradores, está formado o perfil ideal para ser “prefeito” da Praça da Alfândega.

A Praça da Alfândega é a cereja do bolo de um conjunto de praças situadas no Centro Histórico. Espaço público, histórico e turístico é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural ( IPHAN) e cercada por importantes edificações, algumas delas igualmente históricas e antigas, tais como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs), o Memorial do Rio Grande do Sul, o antigo Sandanter Cultural, agora Farol Sandanter e o Clube do Comércio de Porto Alegre. Está à espera de conclusão também o Centro Cultural da Caixa Econômica Federal. Também na Praça da Alfândega ocorre, tradicionalmente todos os anos desde 1955 a Feira do Livro
Quem é:
O jornalista Ayres Cerutti é natural do município de Concórdia SC. Formado em Comunicação Social e Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Durante a Faculdade, estagiou no jornal Diário de Notícias, dos Diários Associados. Formado, foi convidado a trabalhar em Zero Hora. Primeiro, na editoria de Esportes e depois na de Economia. Paralelamente passou a colaborar na Editora Intermédio para lançamento da revista Programa.
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Sobre Porto Alegre e o Centro.
“Já são cinco décadas de Porto Alegre. Primeiros anos, a efervescência da cidade grande para quem nasceu na pequena Engenho Velho, como se fosse uma vila medieval. Dia a dia novas surpresas como o primeiro concerto da OSPA no Araújo Viana. Ir de bonde ao cinema na Benjamim Constant. A convivência com os colegas de faculdade.
A entrada no Diário de Notícias, direto como repórter de Polícia, logo percebi o outro lado da cidade grande. Nos plantões , de Delegacia em Delegacia, fui conhecendo o mapa dos bairros.
Nos primeiros dias de redação um convite do saudoso João Batista Marçal.
– Vamos à Feira do Livro. Vou me encontrar com o Dyonélio.
O Marçal era conterrâneo e amigo do Dyonélio Machado. Autor do clássico Os Ratos. Com o Marçal e o Dyonelio passei a cumprimentar e a ouvir os deliciosos comentários entre as bancas da Feira na Praça da Alfândega. Como não se apaixonar por este espetáculo?
Ao participar da edição da revista PROGRAMA, passei a viver Porto Alegre “editorialmente”. Na pequena Intermédio eu pouco saia para a rua, mas ziguezagueava entre as salas do quarto andar da Galeria Chaves , entre redatores, vendedores de anúncio e os produtores de arte.
Sempre com a firme orientação do Polibio Braga, com a expansão da Editora para a produção de jornais de empresa, convivi com tanta gente admirável que dá vontade de pesquisar o expediente das edições. Como são tantos, para os colegas de jornalismo só vou citar dois nomes que, infelizmente, já não estão por este mundo, como o Catarina e o Chimba. Imaginem os dois conversando com o Luiz Carlos Merten. Com a intervenção de um estagiário chamado Carlos GUION Schmidt.
.O editor de turismo busca promover o charme , o maravilhoso de uma cidade. Informações e mais informações. De bares, restaurantes, teatros, parques, museus. Os cartões postais.
Como jornalista, passei a observar o lado menos “cartão postal” da cidade. Na revista, a informação objetiva, de serviço, de guia. Na Facebook, com a facilidade da tecnologia de um celular, passei a registrar pedras soltas na calçada como um revisor de texto

Como surgiu o convite para “prefeito”
Com o foco em turismo para a edição da revista PROGRAMA, como morador, para viver no dia a dia, a partir de comentários, fui convidado a participar da Associação dos Moradores do Centro Histórico. Por essa participação, fui indicado pela presidente Ana Maria Engers Lenz para assumir o cargo voluntário de PREFEITO da Praça da Alfândega.
Qual a sua visão sobre a praça?
Um conceito em expansão. Considero a Praça que já foi Da Quitanda, o maior Centro Cultural do Sul do Brasil. Poucos se dão conta do valor do conjunto. A pé, no entorno da Praça da Alfândega, pode-se visitar hoje, cinco instituições culturais: o MARGS, o Memorial, o FAROL Santander, a Fundação Força e Luz e o Museu Hipólito da Costa. E, mais dia, menos dia, o Centro Cultural da Caixa Econômica Federal.
Que Praça do Sul do Brasil pode apresentar tanta atração cultural?
Estes monumentos da arquitetura representam a sedimentação de dois séculos e meio de história.
Por algum tempo, a Praça mais assustava que atraia. Com flores de dia e luzes à noite tornar-se-á, lutemos uma grande referência cultural e turística.
O que atrapalha, o que ajuda?
Pode ser um jogo de palavras. O que atrapalha pode ser o que ajuda. Quem reclama, é por que ama. Toda reclamação traz em si a proposta de uma ação.
Nestes poucos dias, desde que fui indicado para assumir esta atividade me dei conta que mais do que tudo é preciso ação.”