O algoz que ronda o Palácio Piratini

Eduardo Leite: Discurso de candidato

O “desequilíbrio das contas públicas” que imobiliza o Rio Grande do Sul tem origem no déficit crônico – despesa maior do que a receita – que já sustenta uma série de mais de 40 anos, com hiatos circunstanciais.

É histórico o depoimento do então secretário da Fazenda, Jorge Babot Miranda, para uma comissão na Assembleia Legislativa, em 1977. Ele demonstrou a equação perversa do déficit estrutural: despesas crescentes, receitas em queda.

“Se nada for feito agora, dentro de dez anos o Estado estará ingovernável”, disse Babot com todas as letras.

Era tempo da ditadura. Os governadores nomeados, com plena cobertura do governo central, não tinham apetite para cortar despesas e, assim, a profecia de Babot não precisou de uma década para se confirmar.

Em 1986, após uma devassa nas contas públicas, o governador eleito, Pedro Simon, declarou o Rio Grande do Sul “ingovernável”.

A conta da carne para o Presídio Central em Porto Alegre dava para alimentar toda a população carcerária do Estado. E faltava carne no Presídio Central.

Simon atacou o problema por aí. Nomeou para a Fazenda o jovem deputado Cezar Schirmer, que nada entendia de finanças públicas, com a missão de “sentar em cima da chave do cofre”.

Ao final do segundo ano, Simon ganhava capa de uma revista nacional por ter “equilibrado as contas públicas do Rio Grande do Sul”.

Desde então, dez governos passaram. Todos em algum momento anunciaram que o tinham subjugado.

O déficit crônico, porém, permanece como um implacável algoz dos ocupantes do Piratini.

 

 

 

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