Prisão de milicianos complica ainda mais a situação de Flávio Bolsonaro

O enredo é perfeito para quem gosta de teorias da conspiração.
No exato dia em que o presidente Jair Bolsonaro cumpre seu primeiro compromisso internacional discursando para os ricos do mundo em Davos, o nome de seu filho deputado e agora senador, ganha as  manchetes, associado a milicianos presos como integrantes do “Escritório do Crime” do Rio de Janeiro.
A polícia chegou a eles no curso das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, crime político de grande repercussão internacional.
No prontuário de dois dos milicianos presos, consta que foram homenageados em 2003 e 2004 pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro e a mãe e a esposa de um deles não apenas trabalharam no gabinete de Flávio,  como são citadas no relatório do Coaf.
Em nota, Flávio Bolsonaro  disse que é alvo de uma “campanha difamatória que tem por objetivo atingir o presidente”.
Reconheceu, porém,  a contratação da mãe e da esposa do Capitão PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como o chefe do Escritório do Crime. Mas atribuiu a responsabilidade pelas nomeações a seu ex-assessor Fabricio Queiroz, o que complicou  mais a situação.
Queiroz, um ex-policial militar íntimo da familia Bolsonaro, ex- funcionário do gabinete de Flávio na Assembléia do Rio,  é alvo de investigação pelo Ministério Público.
Um relatório do Conselho de Controle Financeiro que aponta movimentações suspeitas na sua conta bancária. Com salário de pouco mais de R$ 5 mil, ele movimentou R$ 1,2 milhão em um ano.
Chamado a explicar desde dezembro, quando o caso veio à tona, Queiroz tem alegado problemas de saúde, inclusive um câncer que operou, para adiar o depoimento.
O repórter Lauro Jardim, no entanto, sustenta que pelo menos em alguns dias nesse período de quase dois meses ele se refugiou em casa de amigos no bairro Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.
Coincidência: segundo a polícia, é no Rio das Pedras que funciona o Escritório do Crime, dos milicianos agora presos.
No centro de uma região populosa, o bairro é dominado pela maior milícia do Rio de Janeiro, da qual o Escritório do Crime seria o braço armado.
Essas revelações culminam uma escalada de suspeitas que envolvem o deputado agora senador eleito, Flávio Bolsonaro, iniciada na sexta-feira, quando foi revelado que ele também, e não só o assessor Queiroz, como sustentava, é investigado pelo MP por movimentações financeiras suspeitas.
No fim de semana novos detalhes da movimentação financeira “atípica” do filho do presidente foram reveladas e mesmo com as duas entrevistas que deu no domingo para esclarecer os fatos, muitas contradições permanecem alimentando suspeitas
Esses fatos ofuscaram a atuação de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e deixam uma interrogação pairando acima de seu governo.
Nos próximos dias, ele terá que se submeter a uma cirurgia para livrar-se da bolsa de colostomia e já adiantou que vai despachar do hospital, para evitar que o vice assuma novamente o poder.
 

Deixe uma resposta