Mariângela Fialek, a Tuca, ex-assessora do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta sexta-feira.
Segundo as investigações, ela está no centro de um esquema que opera o orçamento secreto e organiza a indicação das emendas parlamentares.
Tuca, atualmente, trabalha na liderança do PP na Câmara.
Policiais fizeram buscas em salas utilizadas pela funcionária na Câmara e também na casa dela, onde apreenderam um celular e outros pertences.
O ministro Flávio Dino determinou a operação no âmbito do inquérito que apura irregularidades na destinação de verbas públicas através de emendas parlamentares.
“Mariângela Fialek, que desponta exercer o controle de indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto em benefício de uma provável organização criminosa voltada à prática de desvios funcionais e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional”, diz trecho de manifestação da Procuradoria Geral da República destacado por Dino.
Depoimentos
No curso das investigações, foram colhidos os depoimentos dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ), José Rocha (União Brasil-BA), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União Brasil-SP) e Dr. Francisco (PT-PI). Também foi ouvido o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e uma servidora da Câmara.
“Tais oitivas direcionaram as apurações à Representada, indicada como a principal responsável pela operacionalização do chamado ‘orçamento secreto’ no âmbito daquela Casa Legislativa”, diz a decisão de Dino.
Os depoimentos colhidos revelam que Mariângela Fialek atuava “diretamente na operacionalização do encaminhamento de emendas” e que efetuava as indicações em nome de Arthur Lira, ex-presidente da Câmara.
“Tais circunstâncias evidenciam fortes indícios de que a Representada integra uma estrutura organizada voltada ao indevido direcionamento de emendas parlamentares, supostamente atuando sob ordens diretas da antiga Presidência da Câmara dos Deputados, exercida pelo Deputado Arthur Lira, fato que ainda está em apuração”, disse.
“Constatou-se, ainda, que, mesmo após a alteração na Presidência da Casa, ela permaneceu no exercício da função”, completa o documento.
Segundo Dino, a investigação da PF encontrou, na nuvem da servidora, indícios de que a alocação de recursos era feita de maneira totalmente informal, a partir de manuscritos de Tuca, como no caso do envio de recursos previstos para Nova Russas (CE) e realocados para Reriutaba (CE) a pedido do deputado Júnior Mano (PSB-CE) — investigado em outro inquérito sob suspeita de desviar emendas.
“Destaque-se, aliás, o incomum desapego à formalidade na formulação orçamentária; uma anotação à mão, realizada de maneira rudimentar, foi responsável pela realocação de recursos de um Município para outro”, diz o despacho.
“Lamentavelmente, não há como não comparar a maneira de controlar e organizar o orçamento secreto coordenado por Tuca a uma ‘conta de padaria’. A anotação transparece que milhões em recursos públicos eram direcionados a partir de comandos verbais, sem qualquer preocupação com projetos ou interesses republicanos de fato”, completou Dino, citando a PF.
“Mais uma vez, portanto, o indício é claro de que TUCA era a responsável por organizar o orçamento secreto. E, mais uma vez, com recursos vinculados à CODEVASF, onde Tuca mantinha assento no conselho fiscal.”
Mariângela não falou à imprensa ate agora. A assessoria de Lira afirmou ao G1 que Mariângela “não é assessora do deputado e que ele não tem o que comentar porque não é investigado”.
