Bloco de Lutas pelo Transporte Público permanece na Câmara de Porto Alegre

Uma centena de pessoas do Bloco de Lutas pelo Transporte Público passou a segunda noite consecutiva no plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre, que eles agora chamam de Câmara Popular. A ocupação se repete nos legislativos de Passo Fundo e de Santa Maria.
Em São Leopoldo, ontem à noite, houve desentendimento entre os cerca de 150 manifestantes acampados em frente à Câmara, que foram expulsos. Duas pessoas seguiram de ambulância para o Hospital Universitário.
Em Porto Alegre, os ocupantes da Câmara farão nova assembleia no final da manhã desta segunda-feira, para decidir se vão apresentar um projeto de lei instituindo o passe livre. Também querem abertura de contas das empresas de transporte, com auditoria, e há quem fale em encampação das concessionárias pelo poder público.
A última assembleia foi ontem à noite. Nas assembléias, participa quem vier, fala quem se inscrever. Volta e meia, vem o lembrete para não deixar lixo esparramado, cuidado para não pisar nas flores! Ao final, pediram que permanecesse só que tinha vindo para “ocupar”. Foram atendidos. “Aqui não vai rolar uma festa, nós estamos aprendendo a fazer, agora temos que cuidar do espaço e da segurança”.
Eles fazem sua própria segurança. Na portaria, quatro guardas acompanham o vaivém e a triagem que decide quem entra ou não. Um dos guardas pede: “Preciso que um de vocês fique aqui, senão vou ter que fechar o portão e vai dar um revertério”.
Só conhecido
Já os que vão ‘ocupar’ o plenário da casa precisam ser identificados. Não com documentos, mas conforme as indicações de confiabilidade. Só entra quem é conhecido ou conhece alguém que já entrou. “Esse é da Biologia”, avisa alguém de dentro para tutelar a entrada do que está fora.
Eles não querem a imprensa. Mas a divulgação não é bom pro movimento? “É, mas eles editam o que a gente diz, distorcem tudo.” Então também fazem a própria divulgação, pelos canais da internet www.postv.org e Mídia Ninja. Depois do passe livre, vão brigar pela regulação da mídia.
O movimento, criado em Porto Alegre durante o Fórum Social Mundial de 2003, é tão informal quanto organizado. Não despreza a democracia representativa, e sim a sua inoperância no atendimento das demandas populares. Tanto é que estão no Plenário. Exigem apenas que os parlamentares os representem de fato, respaldados pelas manifestações de junho.
Aos de fora que quiserem ajudar, pedem pão e água, frutas, sucos e café, copos, talheres, muitos panos, sacos de lixo e material de limpeza. Querem deixar a casa em ordem. Ocupação é diferente de invasão.
Na entrada do plenário, sob a placa metálica que registra que o auditório foi reinaugurado em 2 de janeiro de 1995, foi colada uma folha de papel onde está escrito à mão: “reinaugurado em 10 de julho de 2013”.

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