Gigante da construção civil se instala em Cachoeirinha

A cidade de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, foi escolhida pela SIKA para construir sua sexta fábrica no Brasil. O município fica a apenas 20 quilômetros da capital e tem fácil acesso às principais vias de transporte. A SIKA, com sede em Baar, na Suíça, é um gigante global nos mercados de construção, de aditivos para concreto, grautes e impermeabilizantes.
Com 2.500 m² já construídos, a nova planta terá 4.600 m² e, neste primeiro momento, irá produzir produtos cimentícios (pó). Em uma segunda fase, iniciará a produção de aditivos líquidos e, na terceira, membranas líquidas para impermeabilização.
“A Sika quer estar mais próxima dos clientes da região Sul para fortalecer seu relacionamento e também, estabelecer novas parcerias de negócios com os agentes econômicos do mercado da construção nesta região”, diz o gerente de Target Marketing de Coberturas, Pisos Industriais e Reforço Estrutural da região Sul, Jorge Silva.
A empresa Promete disponibilizar serviços que vão desde o apoio comercial, a formação e os programas de treinamento, acrescentando a rapidez de entregas na parte logística.
Atualmente, segundo projeção da Sika Group, projetos de infraestrutura no país estão em construção com um volume de investimento de mais de CHF 80 bilhões (em francos suíços). Além disso, cerca de CHF 100 bilhões estão estimados em projetos que estão ou em fase de propostas ou concessão ou estão aguardando a construção. Esta nova fábrica ajudará a atender essas novas obras e reparações de infraestruturas de concreto, assim como a construção residencial e industrial e ainda, as manutenções industriais em diversas tecnologias.
Há 80 anos no Brasil, a marca Sika sempre esteve presente em obras marcantes para a engenharia nacional, em inúmeras obras civis, como pontes, túneis, instalações esportivas ou grandes hidrelétricas, nas quais os produtos foram utilizados em situações que exigiram o máximo desempenho sob serviço.
A empresa é uma das líderes em produtos químicos para a construção civil nas áreas de aditivos para concreto, impermeabilizantes, selantes e adesivos, pisos industriais e anticorrosivos, grautes e ancoragens, reparo e proteção do concreto e coberturas.
As outras cinco fábricas no Brasil estão em São Paulo (2), Lençóis Paulista, Pernambuco e Goiás.
 

Arena do Grêmio: peões retornam ao nordeste

Ainda não foi regularizada a situação no canteiro de obras da Arena do Grêmio.
Não é permitida a entrada no local, mas de fora dá para ver a semi-paralisação dos trabalhos.
Segundo os operários, nos últimos dez dias mais de 100 peões trazidos do nordeste para trabalhar na obra pela empreiteira OAS retornaram ao local de origem.
Uma história comum
Um dos operários trazidos do nordeste pela OAS conversou com o JÁ.
José Edison de Oliveira, corintiano, natural de Barrocas, cidade baiana com 14 mil habitantes, há 200 km de Salvador. Emancipada em 2000, sobrevive da pequena produção agrícola das antigas fazendas, na maioria oriundas do século XIX – com mais história que produção, da exploração da mina de ouro Fazenda Brasileira, do grupo canadense Yamana Gold Inc, e do comércio, concentrado num única rua, onde fica a pequena farmácia que Edison trabalhava.
Corria em Barrocas a notícia que uma empresa estava contratando trabalhadores e pagava bem.
Foi quando dois ônibus da OAS, empreiteira responsável pelas obras da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, apareceram na cidade. Edison embarcou, com outros 120 trabalhadores.
Durante a viagem no ônibus confortável, com ar-condicionado, Edison pensava em Carla, sua noiva e motivo da empreitada. Ele veio para Porto Alegre com esperança de juntar R$ 10 mil e comprar um terreno em Barrocas para que seu sogro libere o casamento. No trajeto, suas economias foram gastas em alimentação.
Desembarcando em Porto Alegre, dia 26 de março, uma surpresa: muitos operários, com histórias parecidas com a dele, estavam indo embora. A reclamação: salários menores que o prometido, demora na assinatura da carteira de trabalho, prazo para visitar os familiares – a cada quatro meses – desrespeitado.
Edison está assustado, não recebeu vale transporte, nem o dinheiro da alimentação gasto durante a viagem, apenas sua hospedagem foi paga, no Hotel Minuano, pois os alojamentos da área de vivência, incluindo os banheiros, refeitório e chuveiros foram interditados pelo Ministério do Trabalho pelas péssimas condições de higiene.
O jovem baiano irá esperar até o dia do pagamento, 30 de abril, se receber apenas o salário bruto de 660 reais vai tomar o caminho de volta, como os outros, e Carla terá que esperar.

Sindicato denuncia construtora da arena do Grêmio

Com a alegação de que há escassez de mão de obra na cidade, a OAS está importando mão de obra barata do nordeste para construir a arena do Grêmio, no Humaitá.
Cerca de 500, de um total de mil nordestinos, já estão trabalhando no local.
No início de março, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Porto Alegre foi conferir a situação e se deparou com um caso de polícia: trabalhadores sem carteira assinada, condições de trabalho indignas, alojamento insalubre.
A denúncia foi protocolada na Delegacia do Trabalho pelo secretário geral do Sindicato, Gelson Santana. .
No dia 2 de março, auditores do Ministério do Trabalho interditaram a área de vivência, que inclui os banheiros, refeitório, chuveiros e alojamentos.
Em greve durante três semanas, por ganharem menos do que o prometido e não poderem visitar seus familiares no período estipulado, a maioria dos trabalhadores não teve a carteira de trabalho assinada.
Genário de Jesus, um dos operários vindo do Maranhão conta que a empresa não pagou nem os 300 reais gastos com a viagem.
Além de manter o assunto longe da mídia até o momento, a OAS obteve uma liminar da Justiça que afasta o Sindicato de Porto Alegre do caso. Os representantes do Sindicato estão proibidos de entrar no canteiro de obras, nos alojamentos e de contatar os trabalhadores.
O Sindicato vai recorrer.

Plano feito em cinco anos está há sete em revisão

Números levantados pelo Jornal do Comércio (JC 20.05) mostram que em quatro meses – de novembro a março – foram aprovados 1.289 projetos imobiliários em Porto Alegre, num total de 1,5 milhão de metros quadrados de área construída, algo como 15 mil apartamentos de 100 metros quadrados.
É um indicador do boom imobiliário, que é nacional.
No caso de Porto Alegre estes números mostram também um caso exemplar, de como o poder público pode frustrar as iniciativas da cidadania, atendendo o interesse de minorias organizadas.
Todas essas construções seguem o Plano Diretor, que vigora desde janeiro do ano 2.000, mas está em revisão desde 2003.
A revisão era prevista no plano original, mas ganhou força com o surgimento de um forte movimento comunitário, iniciado no Moinhos de Ventos, um dos bairros onde primeiro se fizeram sentir os efeitos do plano.
Com a liberação das alturas, os amplos terrenos com casarões que caracaterizam o bairro se tornaram o principal alvo, para dar lugar a espigões de 20 andares.
Até inéditas passeatas de protesto aconteceram e o movimento em pouco tempo se reproduzia em mais de 20 bairros da região mais impactada pelas novas regras de construção.
“Porto Alegre Vive”, “Fórum de Entidades”, “Em Defesa da Orla”. Passeatas, atos públicos, assembléias, audiências públicas…
A Secretaria do Planejamento levou quatro anos para preparar a proposta de revisão, que a Câmara deveria votar. Só em 2007, quando José Fortunatti assumiu a secretaria do Planejamento, o texto foi para o legislativo.
Lá esteve três anos. Os vereadores mais antigos não lembram algo semelhante. Foi aprovado em novembro passado, mas como dispensaram os consultores técnicos logo depois da votação, a preparação do texto final levou cinco meses.
Agora está pronto, vai para o prefeito. Se tudo correr bem, em 60 dias estará valendo.
É de se perguntar: num período de boom imobiliário, levar sete anos para revisar um Plano Diretor, que foi feito em cinco, não é o mesmo que botar água num balde sem fundo?

Projeto prevê condominio de luxo de 20 andares

A história de um terreno 3.500 metros quadrados na rua Germano Petersen Júnior, no bairro Auxiladora, é um caso exemplar de como se dá o “desenvolvimento urbano” de Porto Alegre.
Os registros mais remotos, revelam a ocupação da área por famílias negras, depois da libertação dos escravos em 1889.
Ninguém sabe ao certo como, mas aos poucos essas famílias foram expulsas dali e, anos mais tarde, um antigo morador, conhecido como “Polaco”, obteve a propriedade da área por usucapião.
Na década de 1970 a Associação dos Moradores conseguiu reverter a situação, o usucapião foi anulado e o terreno foi gravado como Área de Interesse Especial, para ser uma praça, já que o bairro não tinha nenhuma.
Passaram-se quase 40 anos, a prefeitura nada fez.

Há pouco mais de um ano, a Associação dos Moradores da Auxiliadora ficou sabendo do projeto da Maiojama, para erguer no local um prédio de 20 andares. “Foi uma surpresa para toda a comunidade”, diz João Volino, o atual presidente da AMA.
Desde então ele e seus companheiros da diretoria tentam obter informações sobre o processo de venda do terreno, bem como a aprovação e o licenciamento da obra.
Pedidos já foram encaminhados à Secretaria Municipal de Obras e à Secretaria de Meio Ambiente, sem resposta até agora. “O que sabemos é que em quatro meses a Maiojama conseguiu aprovar tudo, mas não conseguimos detalhes do processo”, diz Volino.
“Já pedimos à SMOV cópia do processo, mas eles alegam que precisam de autorização do proprietário e ainda não liberaram”. Em novembro último, a Associação recorreu ao Ministério Público para obter as informações.
O processo está com o promotor Fabio Roque Sbardelotto, da Promotoria de Defesa da Habitação e da Ordem Urbanística, que deu prazo até a próxima semana para a prefeitura liberar as informações sobre Estudo de Viabilidade Urbana e as demais licenças para a obra.
localizacao
Enquanto isso, a empresa instalou um show-room no local e, segundo a Associação, já vendeu 70% dos apartamentos do novo condomínio de luxo.
Liberação da área ocorreu em 2001
Resumo do processo de desoneração do terreno de nº 409 e 439 da rua Germano Petersen Júnior, segundo informações obtidas pela Associação dos Moradores:
– Na década de 1970, a comunidade do bairro Auxiliadora, através de sua associação que se reunia no salão de festas da Igreja Nª.Sª da Auxiliadora, reivindicou junto ao executivo municipal uma área de lazer no bairro, visto que, de acordo com os padrões urbanísticos,o bairro era totalmente carente de área de lazer,pois não há uma praça num raio de 2 km que este abrange.
– Atendendo à reivindicação, o prefeito Guilherme Sócias Vilella tornou um terreno situado na rua Germano Petersen Jr,nº409/439, objeto de reserva para equipamento de lazer público.
– Na época, o lançamento de um empreendimento com 5 pavimentos em terreno lindeiro a esta área, onde o projeto contempla todas as janelas das salas(de grandes dimensões) dos apartamentos, totalmente voltadas para a futura praça, foi argumento de venda da construtora,tal a garantia que a comunidade havia recebido da prefeitura.
– A partir da década de 80, o proprietário, através de inúmeros pedidos e pelo intermédio de vários profissionais arquitetos e engenheiros, solicitou a permissão para construção no local de uma garagem, no que não obteve êxito.
– Sucederam-se outros pedidos para os mais diversos usos comerciais, mas como envolviam construções, também não vingaram, pois a área estava reservada.
– Em 1986, vem novamente uma solicitação de estudo de viabilidade para atividade de garagem e estacionamento, o que foi indeferido e no despacho vem a justificativa de que a área objeto faz parte de reserva de área verde,destinada ao lazer público.
– Em 1987, o proprietário solicita permuta por índice – indeferido.
– Em 1988, o proprietário solicita uma certidão à prefeitura que ratifique o ônus da área. A certidão foi emitida em março/1989, e está no processo e diz que a área objeto da certidão está totalmente (o grifo é do documento) vinculado à equipamento comunitário(lazer público).
– Em 1999, entra novamente, através de outra profissional arquiteta um pedido de estudo de viabilidade para garagem e estacionamento, e é novamente indeferido.
– Em Julho de 2000, entra com pedido de desgravame da área. Estão juntados a este pedido no processo, inúmeros despachos de técnicos engenheiros e arquitetos da SMOV, indeferindo a liberação, ou desoneração da área para quaisquer atividades.
– Um dos despachos solicita informação sobre a possibilidade de se fazer a transferência de gravame, o que é respondido negativamente por não haver área disponível para tal. Em fevereiro de 2001, novo despacho indeferindo o pedido devido à carência de praça no bairro.
– O proprietário insiste através de outros pedidos. Logo, no decorrer do processo, vê-se um despacho enviando o processo para reunião do Conselho do Desenvolvimento Urbano para substituir o gravame desta área por outra que é um próprio da prefeitura,defronte a esta área e que se destinava à construção de uma Escola Municipal.
– O processo conclui com a reunião do Conselho em 10 de setembro de 2001, aprovando o desgravame da área e liberando-a para o proprietário.
– O curioso é que na ata da reunião do Conselho não se reconhece uma só assinatura de seus membros, muito menos uma identificação
dos mesmos.
– Resumindo, a área para uma escola foi permutada por um gravame de terreno fronteiro que era destinado a uma praça e foi liberado para ser um espigão de 20 pavimentos.
– O que também causa espécie é o fato de o empreendimento estar tramitando, ou seja, ainda não foi aprovado e a obra já iniciou com
suas instalações, galpões de obra, e show-room de vendas. O processo está na SMAM “em tramitação”. Processo nº 002 315669 00 9 00000
Associação pediu audiência ao prefeito

Exmo. Senhor Prefeito,
A AMA AMA/Associação dos Moradores e Amigos da Auxiliadora de Porto Alegre inscrita sob o CNPJ nº 10.532.338/0001-48 vem encaminhar pedido de Audiência Pública, de acordo com Código Estadual do Meio Ambiente: Art. 85 (*), com o objetivo de resguardar o Princípio de Publicidade pelo Poder Público junto à comunidade do bairro Auxiliadora, a cerca do desgravamento de Área de Especial Interesse Cultural e Ambiental (processo SMOV nº 2.226.075.00.1.000), destinada a praça pública, para construção de prédio de 20 andares, volumetria em flagrante desacordo com o PDDUA de Porto Alegre.
Outrossim, a AMA solicita que sejam sustadas as licenças emitidas como ação prudente que estanque o início da obra, haja vista andamento de Inquérito Civil (nº 94/2009) pela Promotoria de Justiça da Habitação e Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público Estadual.
Atenciosamente
João Volino Corrêa, presidente
Maria Rosa Fontebasso, Vice-presidente
(*) A convocação e a condução das audiências públicas obedecerão aos seguintes preceitos: I – obrigatoriedade de convocação, pelo órgão ambiental, mediante petição encaminhada por no mínimo 1 (uma) entidade legalmente constituída, governamental ou não, por 50 (cinqüenta) pessoas ou pelo Ministério Público Federal ou Estadual;
Nota da Redação: a carta não obteve resposta até o momento.

Sábado começa com embate sobre o Pontal do Estaleiro

Naira Hofmeister
A partir das 9h da manhã o trecho da avenida Diário de Notícias entre o museu Iberê e o BarraShopping Sul vai ser palco de duas ações simultâneas: uma de apoio e outra contrária à construção do pontal do Estaleiro.
Os moradores que criticam o projeto se agruparam sob o Fórum Municipal de Entidades, nome oficial dado ao grupo após o adiamento da revisão do Plano Diretor na Câmara Municipal, do qual participaram ativamente desde 2007.
Aqueles que defendem a construção assinam suas correspondências como Movimento em Prol do Desenvolvimento Sustentável de Porto Alegre, que reúne a Associação dos Amigos do Cristal e o Clube de Mães do Cristal.
Os primeiros já haviam marcado sua manifestação desde a semana passada e estavam divulgando através de folhetos e listas na Internet. Apesar da tentativa de não alertar publicamente o outro lado – releases para a imprensa foram divulgados apenas na sexta-feira, 26 de setembro – temendo uma reação, o movimento opositor definiu na tarde dessa sexta-feira promover uma mobilização simultânea.
Ambas estão previstas para iniciar às 9h, porém, os ativistas críticos do projeto prometem o auge de sua mobilização para às 15h. Está prevista uma exposição de fotografias da Orla e a coleta de assinaturas contra o Pontal do Estaleiro. “Buscamos sensibilizar as pessoas a paisagem natural e despertar o interesse de preservação de suas funções”, revela um dos integrantes.
Assim que souberam do protesto, o movimento que quer a construção dos prédios começou sua mobilização. Num blog que divulga algumas idéias do movimento, a notícia foi recebida com desdém. “Não sei quem eles encontrarão nesta área, por que tirando as pessoas que visitam o Museu, a área não tem circulação significativa de pedestres”, escreve o autor.
Apesar da crítica, no mesmo texto, os integrantes comunicam que também se organizarão “para mostrar a realidade e não inverdades como os ambientalistas radicais estão mostrando”.
Os endereços das entidades na Internet são
Fórum Municipal de Entidades
http://poavive.wordpress.com/ e http://gonçalodecarvalho.blogspot.com/
Movimento em Prol do Desenvolvimento Sustentável de Porto Alegre
http://portoimagem.zip.net