Os outros lagos da Redenção


Segunda-feira, dia 2, choveu tanto em Porto Alegre que a Redenção ficou praticamente debaixo d’água. Quem tentava atravessar o Parque Farroupilha acabava por participar de uma dança conduzida por saltos e pés de bailarina enquanto tentava driblar as insistentes poças que surgiam pelo caminho.
Fora das regiões com calçamento, era praticamente impossível se aventurar, já que em muitos pontos a água chegava à altura dos tornozelos. Em outras regiões lagos artificiais se formavam com rapidez e impediam o avanço dos pedestres.
Nem o Monumento ao Expedicionário escapou do problema que o parque enfrenta nos dias de chuva. Problema antigo e que ainda não tem uma previsão concreta para ser solucionado.
A Redenção não possui um sistema de drenagem, fato inconcebível quando nos referimos ao maior parque da capital. Existe um projeto no DEP, mas que se encontra no papel, parado, talvez esquecido.
Enquanto isso nos resta esperar… Ou aproveitar a paisagem.

Projeto Reviver das Águas ensina a conservar arroios de Porto Alegre

Trilha
Por Luiza Oliveira Barbosa

Porto Alegre registra números alarmantes da poluição que atinge os seus 27 arroios. Em 19 meses, o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) retirou mais de 100 milhões de quilos de entulhos, numa média de 5 milhões por mês.
Convencido de que o ato de jogar lixo nos arroios é reflexo da falta de conscientização, o órgão municipal tenta reverter esse quadro realizando um trabalho de educação ambiental nas escolas, através do projeto Reviver das Águas.
O projeto consiste em promover cursos e palestras de conscientização, onde é destacada a importância e o papel dos arroios nas cidades, principalmente em grandes metrópoles como a capital gaúcha onde são produzidos grandes volumes de resíduos. São trabalhadas as causas e conseqüências, como o alagamento das ruas pelo entupimento das redes pluviais, a destinação correta do esgoto cloacal (doméstico) para estações de tratamento de esgoto, os aterros sanitários, e a importância de separar, reduzir e reutilizar o lixo.
O engenheiro Francisco Pinto, diretor da divisão de conservação do DEP, informa que, de 2005 a 2007, a Educação Ambiental do departamento já atendeu mais de 42 mil pessoas entre alunos e comunidade participante das atividades. “É um trabalho de base, de longo prazo, para que as crianças cresçam conscientes”, explica.
A Escola Evaristo Flores da Cunha, na zona Sul, participa desse trabalho. A diretora Rosane Moraes ressalta que, por estar localizada dentro de uma praça, com o Guaiba nos fundos, a escola mantém um trabalho permanente com diversas formas de conscientização ambiental, não só com o DEP. “Sempre trabalhamos essa questão, para que as pessoas valorizem essa riqueza natural”, afirma.
Segundo a diretora, os alunos também participam de iniciativas do DMAE e de mutirões de limpeza da orla do Guaiba, para em seguida realizar um trabalho interdisciplinar sobre o lixo recolhido. “Eles gostam muito dos trabalhos, sabem que estão cuidando do ambiente onde moram, aprendem a valorizar a natureza e pensarem no que querem para o futuro”, diz Rosane.
Limpando os arroios
Os arroios da Capital necessitam de dragagem pelo menos a cada dois anos. De 2005 a 2007, o DEP realizou a dragagem e limpeza de arroios, valas e canais em 218.140 metros de extensão.
Na primeira fase da dragagem do Arroio Manecão, no Lami, concluída no mês de junho, foram retirados 3,9 milhões de quilos de materiais, sendo 3 milhões de quilos da foz, junto ao Lago Guaíba, e mais 900 mil quilos em 150 metros de extensão do leito. Foi a primeira vez que o Arroio Manecão recebeu dragagem. Na forte chuva do início de maio, o Arroio Manecão transbordou e alagou casas do Jardim Floresta, na Estrada do Lami.
O DEP draga o Arroio Sarandi desde o final de abril. Até o momento foram retirados 9,5 milhões de quilos de material do leito do Sarandi. Do Arroio Dilúvio, desde outubro de 2006, foram retirados 76,5 milhões de quilos de entulhos. Foram retirados 18 milhões de quilos do Canal da Vila Dique e 1,5 milhões de quilos do Canal da Ceasa, que tiveram suas dragagens concluídas.
Segundo o engenheiro Pinto, os resíduos são depositados no lixão do DMLU, ou é feito um dique natural, aproveitado para fazer reacervos”.
Como participar
O Projeto Reviver das Águas realiza palestras gratuitas nas escolas, com duração média de uma hora. As inscrições podem ser feitas pelos telefones (51) 3289-2215, 3289-2216 ou e-mail ambiental@dep.prefpoa.com.br.

Prefeitura desentope esgoto em frente Igreja Santa Terezinha

Gabriel Sobé
Durante a manhã desta segunda-feira, 9 de maio, o Departamento de Esgotos Pluviais da capital (DEP), enviou uma equipe para fazer a remoção do lixo que entupiu a rede de esgoto na Avenida José Bonifácio, em frente ao parque da Redenção.
Durante as últimas semanas, quem freqüentou a Igreja Santa Terezinha foi obrigado a conviver com o mau cheiro e com a água suja que corria a céu aberto. O entupimento já durava duas semanas. Segundo o Frei Marcos Bialzor, conventual da paróquia, “o cheiro entrava na igreja durante as missas e provocava a indignação de quem pretendia orar tranquilamente”. Segundo ele, os fiéis ficaram indignados pela demora da prefeitura para resolver o caso.
Como o esgoto cloacal naquele ponto é despejado na rede pluvial, a água fedorenta que saía do bueiro,se espalhava pelo contorno do quarteirão, atrapalhando quem pretendia chegar à calçada.
A nascente do alagamento era ao lado de uma rampa de acesso a cadeirantes em frente à paróquia. O Frei pedia urgência na resolução do caso, “pois grande parte das pessoas que participam das celebrações no templo, têm uma idade avançada e necessitam de cadeira de rodas para chegar até a igreja”.
Uma fiel de 89 anos, moradora da Rua Santa Terezinha, não quis se identificar e fez seu protesto. “Todos nós achamos um desrespeito, não só com quem passa, mas também com a natureza”.
Marlene Motta Lopes, 67 anos, fiel da Igreja Santa Terezinha desde 1979, cobrou seus direitos como cidadã. “É insuportável o cheiro de esgoto que se alastrastou durante quase 3 semanas”.
A Rua José Bonifácio possui uma rede mista, ou seja, a água da chuva que entra pelas bocas de lobo se encontra com o esgoto cloacal da região.

Moinhos de Ventos no buraco

Graças às obras do Conduto Álvaro-Chaves Goethe, “canteiro de obras” é a expressão que melhor resume a condição atual das principais vias do Moinhos de Vento e oito bairros dos arredores. Atualmente, a Cristóvão Colombo e a Coronel Bordini estão com trechos interrompidos que não serão liberados antes de novembro e dezembro, respectivamente.
O trânsito, especialmente na Marquês do Pombal – utilizada como desafogo da Cristóvão –, está caótico. Buzinas e o motor das máquinas acabam com a tranqüilidade do bairro. Além da poeira acumulada e da dificuldade de acesso a determinadas áreas cujos retornos são longos. Os pedestres são prejudicados pela redução das calçadas – que constantemente são utilizadas como “via alternativa” por motoboys apressados.
A construção começou em 2005 e a previsão inicial para conclusão era julho deste ano, mas um desvio na Marquês do Pombal – que evitou a derrubada do recém declarado Túnel Verde – provocou um adiamento.
O diretor de obras do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Sérgio Zimmermann, assegura que estará pronto até o fim do ano. “A Cristóvão vai estar concluída este mês, depois, é a vez da Bordini”.
Mas não recebe muito crédito de moradores e comerciantes da região, cansados dos transtornos que duram dois anos. Ainda assim, a maioria admite a importância da obra que deve terminar com as inundações causadas pela insuficiência da rede pluvial.
Interrupção do trânsito e das vendas

O uruguaio Eduardo Anqueres é o dono da pastelaria El Cuervo, inaugurada há seis meses na Cel. Bordini, e nunca recebeu clientes vindos de carro. A rua está fechada desde que a casa abriu e o uruguaio contabiliza 40% de prejuízo. “Os comerciantes e a sociedade estão reféns da incompetência da Prefeitura e da empreiteira”, ataca.
Empreendedores da Cristóvão temem uma repetição dos transtornos do final de 2006, quando promoveram uma campanha para evitar as obras na época do Natal. Amanda, gerente da loja da Boticário da galeria Esplanada Center, conta que muitos comerciantes deixaram o empreendimento por conta da dificuldade de acesso, barulho e poeira que todos os dias afastam os clientes.
Buraco na Bordini completou um ano em agosto
Uma cratera e uma tela laranja é o que Humberto Carvalho enxerga a cada vez que sai de seu prédio, na Cel. Bordini. A obra parou ali para não trancar a Marquês do Pombal enquanto a Cristóvão não fica pronta. A demora gerou um protesto em agosto, quando o buraco completou um ano.
A principal reclamação é a retirada da calçada, que custou caro aos moradores. “Quero ver se vão botar de volta ou se só vão jogar cimento”, explica.
Com a chegada do calor, a preocupação deve aumentar porque a água acumulada no buraco pode causar a proliferação da dengue.
O diretor do DEP explica que todas as calçadas serão arrumadas, mas que as que eram feitas de pedras específicas serão refeitas com basalto, como determina a Legislação de Porto Alegre. (Reportagem de Alexandre Haubrich)