Opinião: A maldição do padre Cordeiro​ ainda assombra a ​F​ronteira​

A lenda da praga do padre Cordeiro, de que Santana do Livramento não conseguiria se desenvolver, “daria um passo para frente e dois para trás”, vez por outra assombra a cidade da Fronteira Oeste ​​gaúcha.
Digo isto porque, em tempos de eleições, se vê um bombardeio de informações que é preciso reciclar, jogar no lixo essa bobagem de anti-PT, anti-PSDB, que os partidos políticos tentam implantar na cabeça das pessoas e que não leva a lugar nenhum. ​Esse discurso serve para defender empregos aqui e ali, ou futuros empregos. E o interesse coletivo? ​
É preciso focar no que realmente importa, tratar de fatos concretos, reais, que estão mudando a vida das pessoas da família, na rua, no bairro, na cidade. e aí, sim, decidir por um ou outro candidato.
Até 2003, antes do governo Lula assumir, Livramento era uma cidade fantasma. Sua população amargou 30, 40 anos de pobreza e dificuldades de toda a ordem, perdeu todas indústrias, ​todas, e ​90% da população universitária foi embora e muito mais em mão de obra qualificada. ​O que resta para uma cidade nessas condições? ​Não foram feitos investimentos em nada versus nada. Ou estou enganado?
Nos últimos anos, alguns investimentos retornaram à terra de Paixão Côrtes. A saúde, claro, ainda é muito precária na cidade, muito mesmo, como em todo Estado, por falta de leitos e profissionais.
Mas, pra quem não sabe, a Eletrosul, que o governo de Fernando Henrique Cardoso proibiu de receber investimentos para justificar sua privatização, acabou sendo salva a tempo por Lula e Dilma, então presidente da República e ministra de Energia. Hoje, a estatal com​ ​sede em Florianópolis, investe pesado nos parques eólicos em Livramento​ e Extremo-Sul gaúcho​, gera capacitação profissional, empregos e renda, inclusive a produtores rurais. Isso é ​um ​fato​ concreto​.
No campo do ensino, vejo parentes e amigos profissionalizando-se, cursando de graça os cursos técnicos do IFSul e as faculdades da Unipampa, investimentos federais recentes na minha cidade natal. Isso é real. Graças a quatro alunas iluminadas da Unipampa, em novembro próximo Livramento realiza junto com a uruguaia Rivera a fantástica Feira Binacional do Livro, que já está em sua ​5​ª edição. ​A UFPEL também se instalou na cidade. ​
A Uergs, criada no governo Olivio Dutra, foi sucateada pelos governos posteriores, até quase seu fechamento na ​F​ronteira, mas ainda está resistindo no antigo prédio do Banrisul.
A Urcamp, entidade privada, onde cursei em 1992 o primeiro ano do recém instalado curso de Direito, esteve à beira do colapso, e foi salva pelo governo Lula.
Outro fato, quase inacreditável, é que a luz elétrica, sim, a luz do nosso dia a dia, só chegou em várias regiões da Campanha gaúcha a partir de 2003, através do programa Luz para Todos, do governo Lula. Podem acreditar nisso? Eu acredito porque entrevistei os próprios pecuaristas.
Mas e a corrupção escancarada nos governos do PT? Ora, investiga, julga e prende. Mas alguns foram soltos. Bom, aí é com a Justiça que segue leis feitas por nossos representantes. Corrupção há em todos os governos, desde sempre. Ou acredita sinceramente que não?
O senador Aécio Neves continua réu na Justiça de Minas Gerais acusado de desviar R$ 4,3 bilhões da área da saúde. ​Bilhões. ​Eu posso enumerar uma lista desses escândalos aqui no Rio Grande do Sul dos últimos 20 anos, só pra aperitivar. Um deles é recente, o Caso Detran, no governo Yeda. Lembram? Outro é o fabuloso Caso CEEE, do governo Simon, que ainda deve estar em andamento, mas em segredo de Justiça até hoje, se já não caducou. O valor do prejuízo do rombo na CEEE aos cofres do Estado representa hoje 10 vezes o mensalão.​ ​
Bem, mas independente de quem vencer essas eleições, torço para que a maldição do padre Cordeiro, que reza a lenda ​levou uma surra de santanenses ​descontentes com o sermão ​e foi embora da cidade, deixando a praga, não volte a assombrar ​a minha querida Santana do ​Livramento, nunca mais.​​

Brasil é segundo país mais desigual do G20, aponta estudo

O Brasil é o segundo país com maior desigualdade do G20, de acordo com um estudo realizado nos países que compõem o grupo.
A pesquisa “deixados para trás pelo G20?”, realizada pela Oxfam – entidade de combate à pobreza e a injustiça social presente em 92 países, apenas a África do Sul fica atrás do Brasil em termos de desigualdade.
Como base de comparação, o estudo ainda examina a participação na renda nacional dos 10% mais pobres da população, de acordo com dados do Banco Mundial. Neste quesito, o Brasil apresenta o pior desempenho de todos, com a África do Sul logo acima.
A pesquisa afirma que os países mais desiguais do G20 são economias emergentes. Além de Brasil e África do Sul, México, Rússia, Argentina, China e Turquia têm os piores resultados.
Já as nações com maior igualdade, segundo a Oxfam, são economias desenvolvidas com uma renda maior, como França (país com melhor resultado geral), Alemanha, Canadá, Itália e Austrália.
Avanços
Mesmo estando nas últimas colocações, o Brasil é mencionado pela pesquisa como um dos países onde o combate à pobreza foi mais eficaz nos últimos anos.
O estudo cita dados que apontam a saída de 12 milhões de brasileiros da pobreza absoluta entre 1999 e 2009.
Se o Brasil crescer de acordo com as previsões do FMI (3,6% em 2012 e acima de 4% nos anos subsequentes) e mantiver a tendência de redução da desigualdade e de crescimento populacional, o número de pessoas pobres cairá em quase dois terços até 2020, com cinco milhões de pessoas a menos na linha da pobreza.
“Mesmo que o Brasil tenha avanços no combate da pobreza, ele é ainda um dos países mais desiguais do mundo, com uma agenda bem forte pendente nesta área”, disse à BBC Brasil o chefe do escritório da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst.
“As pessoas mais pobres são as mais impactadas pela volatilidade do preço dos alimentos, do preço da energia, dos impactos da mudança climática”, acrescentou.
Para ele, é importante que o governo dê continuidade às políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e que o Estado intervenha para melhorar o sistema de distribuição.
Para o representante da Oxfam, a reforma agrária e o estímulo à agricultura familiar também é importante para reduzir a desigualdade. “Da parcela mais pobre da população brasileira, cerca de 47% vivem no campo. Além disso, 75% dos alimentos que os brasileiros consomem são produzidos por pequenos produtores, que moram na pobreza”, disse TiceHurst.
Segundo o estudo da Oxfam, a maioria dos países do G20 apresenta uma tendência “preocupante” no sentido do aumento na desigualdade. A entidade afirma que algumas dessas nações foram “constrangidas” pelas reduções significativas da desigualdade registradas nos países de baixa renda nos últimos 15 anos.