Geraldo Hasse
A controvérsia sobre a construção de prédios no pontal do Mello ignora sistematicamente o que o Estaleiro Só e outros estabelecimentos similares representam para a história da indústria no Rio Grande do Sul – não apenas a indústria naval, mas a metalúrgica.
Seja qual for o aproveitamento da área do extinto estaleiro, a memória histórica de Porto Alegre daria um salto se um dos mais antigos estabelecimentos fabris da capital reservasse uma parte de sua área para abrigar um museu de indústria naval gaúcha.
O Estaleiro Só foi fundado em 1850, época em que Porto Alegre era pouco mais do que uma aldeia, como escreveu o jornalista Manoelito de Ornellas num folheto publicitário sobre o centenário dessa indústria.
Seus fundadores foram Antonio Henriques da Fonseca, João Ribeiro Henriques e José Manuel da Silva Só. Tratava-se da primeira ferraria e fundição de que se tem notícia na capital, estabelecida no coração de Porto Alegre — esquina da rua Uruguai com a Praça Montevideo, mais conhecida então como a Praça dos Ferreiros.
O centro da cidade era voltado para o Lago Guaíba. Em cada boca de rua transversal havia um trapiche. Era por água que a cidade recebia tudo que precisava para viver.
O catálogo de produtos da oficina era imenso. Ela produzia canos, pregos, lamparinas, bacias, lampeões para faróis de navegação, bandejas, ferros de passar roupa, bombas para poços, sinos para igrejas e tachos de cobre.
Durante a Guerra do Paraguai (1865-1870), forneceu bocais, estribos e cornetas para o Exército Brasileiro. Foi nesse período que a empresa descobriu uma nova vocação após fazer reparos em navios da Marinha do Brasil.
Também fez reparos em barcos particulares. Henriques era sócio da Companhia de Navegação do Jacuhy, dona dos vapores Riopardense, Correio, Viamão, 7 de Setembro, Guarani, Irapuá e Tupi. Pela reforma do vapor Tupi, em dezembro de 1865, o estaleiro recebeu 215 780 réis.
Em 1870, Henriques saiu da firma, que ficou sob controle de José Manuel da Silva Só, deputado provincial pelo Partido Liberal. Em 1900, depois de várias alterações societárias, passou a se chamar Só e Filhos e, posteriormente, Só e Cia., mudando, também, diversas vezes de endereço. Em 1901, na exposição estadual, apresentou o primeiro motor a querosene fabricado no Brasil. Foi premiado com medalha de ouro.
Nas últimas décadas de sua existência, estabeleceu-se finalmente como sociedade anônima, adotando o nome de Estaleiro Só S.A. Depois de já constituído como um estaleiro, produziu mais de 170 embarcações, cerca de 30 modelos de navios, entre eles ferry boats, navios-tanque, baleeiras, rebocadores, iates e pesqueiros.
Seu apogeu ocorreu durante a década de 1970. Nessa época, que coincide com a maior atividade da indústria naval brasileira – concentrada então em Niterói e no Rio de Janeiro –, o Só chegou a ter cerca de 3 mil funcionários.
Nos anos 80, o setor naval no Brasil sofreu um forte declínio, principalmente devido à falta de financiamentos para a construção de navios. O Estaleiro Só iniciou, então, um processo de diversificação de suas atividades, abrindo uma divisão de metal-mecânica, destinada à fabricação e pré-montagem de caldeiraria pesada, semi-pesada e leve. Essa iniciativa, que chegou a dar uma sobrevida à empresa, não foi suficiente para impedir sua extinção.
Além do Só, houve outros fabricantes de barcos em Porto Alegre. Os mais conhecidos e duradouros foram os estaleiros Alcaraz, João Becker, Mabilde e Marteletti. Como o Só, mas sem alcançar o porte do pioneiro, eles viviam da prestação de serviços para navegadores avulsos, do atendimento de encomendas de empresas de navegação e principalmente de contratos com o governo estadual, sobretudo antes que as rodovias começassem a tomar conta do transporte de cargas.
Sempre houve licitações de barcos novos e de reformas em embarcações de serviço, como as dragas usadas na manutenção de canais, lagoas e rios. Em 1940, o mercado de serviços para os estaleiros gaúchos era constituído por cerca de 3 mil embarcações – dragas, vapores, gasolinas, veleiros, lanchas, botes e escunas – catalogadas pela Secretaria de Viação e Obras Públicas.
As relações entre os estaleiros e o governo estadual nem sempre foram serenas. Em 1927, o presidente do estado Getúlio Vargas criou estaleiros públicos em Porto Alegre , Pelotas e Rio Grande. Esses estabelecimentos não deram conta dos serviços, tanto que os estaleiros particulares continuaram em atividade, atendendo demandas privadas e encomendas públicas. Às vésperas da revolução de 1930, o Estaleiro Mabilde fabricou dois tanques de guerra em suas oficinas na Ilha da Pintada. Esses veículos foram usados para intimidar os adversários na Revolução de Outubro.
Fundado no início do século XX pelo belga Pierre François Alfonse Mabilde (1856-1918), o Estaleiro Mabilde também começou com uma oficina próxima de um trapiche no centro de Porto Alegre. Assim que sentiu a firmeza do mercado, instalou-se na Ilha da Pintada onde prosperou até ser arrasado pela enchente de 1941.
A luta pela recuperação foi infrutífera: em 1943, o Mabilde foi comprado pelo Consórcio Administrativo de Empresas de Mineração (Cadem), que precisava cuidar da sua frota de transporte de carvão das minas da região de São Gerônimo para grandes consumidores de Porto Alegre, inclusive navios.
Em 1947, quando possuía 467 funcionários, o estaleiro da Ilha Pintada foi encampado pelo governo do Estado, que reduziu o pessoal para 10% do encontrado. Suas instalações foram alugadas para estaleiros particulares. O locatário mais duradouro foi o Estaleiro Só, que por mais de 20 anos fez da Ilha Pintada a sua base de reparos navais.
Da década de 90 até o início do século XXI, o Estaleiro Sorenave operou na Pintada até se transferir para Triunfo. A partir de 2004, a antiga área do Mabilde foi arrendada pelo Estaleiro Ecnavi, pertencente à Navegação Amandio Rocha, que opera uma frota de 15 rebocadores no Lago Guaíba e arredores. O Ecnavi dá prioridade à manutenção dos barcos do grupo, mas faz reparos em embarcações de terceiros e pode fabricar veículos novos.
Um ano antes da criação do Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais (DEPRC), em 1951, o governo gaúcho comprou o terreno onde instalaria um estaleiro de reparos em Triunfo. Nos seus melhores momentos, essa oficina junto ao rio Jacuí teve mais de uma centena de operários aptos a fazer reformas navais e fabricar toda espécie de bóias e sinais náuticos.
Crescentemente desfalcado, seu pessoal reduziu-se ao mínimo necessário para fazer reparos leves nas embarcações de serviço da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), sucessora do DEPRC. Por isso, o estaleiro oficial de Triunfo é considerado hoje um bom retrato da situação da navegação no Rio Grande do Sul.
(O texto acima faz parte do livro Navegando pelo Rio Grande, que conta a história das hidrovias gaúchas. Para adquiri-lo, ligue para Já Editores no 51 3330.7272).
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Acionostas da Aracruz decidem processar diretor que especulou com derivativos
Em assembléia geral extraordinária, na segunda-feira, 24 de novembro, os acionistas que controlam 96,5% do capital votante da Aracruz Celulose decidiram responsabilizar o diretor financeiro Isac Zagury pelos prejuízos que a empresa sofreu nas “operações com derivativos, acima dos limites previstos na Política Financeira”.
A administração da empresa irá agora avaliar com advogados especializados a forma adequada para a proposição da ação.
A Aracruz foi uma das empresas brasileiras que mais perdeu com a crise financeira que fez desabar as bolsas desde setembro. Estimou-se entre R$ 900 milhões e R$ 2 bilhões os prejuízos da empresa nas operações com derivativos.
O abalo no caixa – numa hora em que o crédito ficou restrito – obrigou a empresa a suspender seus investimentos no Rio Grande do Sul. Inclusive a ampliação de sua fábrica em Guaíba, um projeto que previa US$ 2,5 bilhões de investimentos no Estado até 2011.
As perdas financeiras embaralharam também as negociações com o Grupo Votorantim, que pretendia assumir o controle da Aracruz. A Votorantim foi outro grupo brasileiro que teve perdas na casa dos bilhões com o tombo das bolsas.
(Da redação, com Aracruz Notícias, 321)
Uma empresa para cada 24 habitantes em 2015
Setor de serviços vai concentrar o maior número de negócios nos grandes centros
O país pode chegar a 2015 com uma empresa para cada 24 habitantes. Isso representa um universo de quase 9 milhões de pequenos negócios em 2015, para uma população em torno de 210 milhões de pessoas. Este é um dos dados apontados pela pesquisa Cenários para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) do Estado de São Paulo 2009/2015, realizada pelo Observatório das MPEs do Sebrae-SP.
A pesquisa, que mapeou as principais tendências econômicas nacionais e mundiais, faz um recorte do impacto do desenvolvimento econômico brasileiro neste cenário global e aponta as oportunidades e caminhos para os pequenos negócios em 2015.
O estudo identificou um aumento expressivo na relação empresas x habitantes, evoluindo de uma empresa a cada 42 habitantes, em 2000, para uma a cada 24, em 2015, aproximando o Brasil dos índices europeus registrados em 2000, quando Alemanha, França, Reino Unido e Itália apresentavam, respectivamente, 23, 24, 23 e 14 habitantes por empresa. A projeção é que, em 2015, o universo de MPEs passe dos atuais 5 milhões para 8,8 milhões, e que mais da metade destes negócios (4,8 milhões) esteja concentrada no setor de comércio (55%), em todo o país, seguido pelos serviços (34%) e indústria (11%).
Para o superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, o crescimento da relação empresas por habitantes no país pode ser atribuído em sua maior parte à estabilidade econômica originária do Plano Real, ao aumento da confiabilidade institucional, ao crescimento econômico e à consolidação do ambiente democrático. “Quando há crescimento econômico aliado a um ambiente institucional estável, há maior sensação de previsibilidade, o planejamento se torna menos difícil e o empreendedor se sente mais confiante em investir. O resultado é o aumento do número de empresas no país”, avalia Tortorella, que destaca ainda a sanção da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no final de 2006 (Lei Complementar 123/06), como um dos marcos que contribuem para a melhora do ambiente institucional e de investimentos no país.
Crescimento dos Serviços
O Estudo aponta também os setores que devem ter maior índice de crescimento nos próximos anos. No comércio, os destaques são para os segmentos de materiais e equipamentos para escritórios e informática (crescimento de 12,5% a/a no número de MPEs), comércio de autopeças (7,7% a/a) e quitandas, avícolas e sacolões (7,1% a/a). No setor de serviços lideram: informática (12% a/a), transporte terrestre e atividades auxiliares de intermediação financeira empatadas, com 8,4% a/a. Na indústria, o destaque é para o ramo de fabricação de máquinas e equipamentos (7,5% a/a), edição e gráfica (5,6% a/a) e confecção de artigos do vestuário (5,0% a/a), este, um dos setores que historicamente vem puxando o bom desempenho da indústria nos pequenos negócios.
Mas esta tendência muda nos grandes centros, como na região metropolitana de São Paulo, onde o setor de serviços deve ultrapassar o comércio, em 2015, com 717 mil novas empresas (47%), contra 665 mil estabelecimentos comerciais (44%) e 134 mil na indústria (9%). Os segmentos de serviços que puxam este crescimento são os de aluguel de veículos, máquinas e equipamentos (15,5% a/a) e informática (14,8% a/a). As perspectivas também são positivas, porém mais comedidas para os serviços de alimentação e alojamento que registraram crescimento de 18% em 2000, e a projeção é de 12% em 2010.
Oportunidades
Além de destacar uma retomada do crescimento mundial a partir de 2010, com índice de 4,9% ao ano de variação projetada para o produto mundial (ritmo mais forte dos últimos 40 anos), o estudo também apontou segmentos que representam oportunidades para empreender, a partir de novas tendências na economia e na sociedade. São elas: educação on-line, lojas especializadas para população com mais de 60 anos, negócios voltados à preocupação com a saúde como cursos, lojas e atividades e centros de lazer e brinquedos, atendendo a forte emancipação do consumo das crianças.
Responsabilidade social e eco-soluções também são setores em relevância com créditos de carbono, comércio justo, reciclagem, construções e brindes ecológicos, assim como produtos e serviços voltados para busca espiritual e mística (retiros, livros) e para estética e aparência (cirurgias plásticas e serviços).
As oportunidades de negócio seguem a tendência de mudança de consumo da população. Os indicadores sociais do estudo ratificam o aumento da classe C e queda das classes D e E.
A redução das desigualdades e a melhora dos indicadores sociais apontam para uma maior escolaridade e aumento na renda das pessoas. Além disso, a pesquisa registra também um aumento da expectativa de vida e da idade média dos brasileiros (pessoas com mais de 40 e mais de 60 anos empreendendo). Para atender a estas demandas, os negócios voltados para pessoas que moram sozinhas e que passam mais tempo em casa tendem a estar aquecidos, como lojas e sistemas de segurança, serviços de leva-e-traz, entrega em domicílio, serviços para idosos, necessidades na área de saúde e artigos que proporcionem mais comodidade no lar.
Perfil do Empreendedor
O estudo apontou também uma mudança significativa no perfil deste empreendedor nos próximos anos. Ele terá mais escolaridade, maior expectativa de vida e aumento na renda média de pelo menos 12% em termos reais.
Os homens continuarão sendo a maioria dos empreendedores, apesar do forte avanço das mulheres, que representavam 32% em 2007 e deverão ser 36% dos empreendedores brasileiros em 2015. No estado de São Paulo este número deve chegar a 40%.
As previsões indicam ainda uma elevação no tempo de estudo nos dois tipos de empreendedores. De 6,2 anos em 2006 para 7,7 anos entre os que trabalham por conta própria, e de 9,7 anos para 10,7 anos para os empregadores, no mesmo período.
Internet e Informação
As fontes de informação do empreendedor também devem mudar. Ele utilizará de forma mais intensiva a internet, computadores e celulares. Hoje, a principal fonte de informação dos empresários de pequenos negócios ainda é o contador (87%), seguido pelas pessoas ou empresários do mesmo ramo (72%) e a internet (62%). Mas a expectativa de utilização da internet para busca de informações deve crescer ainda mais nos próximos anos com aumento do número de computadores e das redes de acesso de alta velocidade.
Braskem quer cinco usinas de biomassa no RS a partir da casca do arroz
Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ
A Braskem iniciou no dia 1º, as tratativas com produtores de arroz do Estado para comprar matéria-prima que irá mover cinco usinas de biomassa. Toda produção gerada servirá para consumo próprio. A expectativa é que elas gerem 50 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade com 350 habitantes.
Mapeamento inicial da empresa apontou os cinco municípios para receber as usinas. São Borja, Itaqui, Pelotas, Dom Pedrito e Camaquã. O Rio Grande do Sul já conta com quatro delas movidas à casca de arroz que geram um total de 13 MW. Todas são empreendimentos de produtoras de arroz em Itaqui, Alegrete (2) e São Gabriel.
O diretor de Energia da Braskem, Marcos Vinicius Gusmão do Nascimento, justifica o investimento. “Somos o terceiro maior consumidor de energia do país e queremos ampliar nosso mix de fontes. O Rio Grande do Sul nos dá a chance do reaproveitamento de resíduos agrícolas”.
A empresa baiana, que controla a Copesul e Ipiranga Petroquímica no Estado, consome energia gerada por óleo diesel, gás natural e carvão mineral e ainda vem estudando a possibilidade de outras fontes, até mesmo a hídrica.
Para o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) os gaúchos sempre sentiram falta de investidores para que esse tipo de energia finalmente fosse alavancada. Ele lembrou que as usinas da Braskem também poderão aproveitar cavacos e outros resíduos de madeira. “Temos também na Metade Sul do Estado essa possibilidade com os investimentos das empresas de papel e celulose”, destacou.
Floriano Isolan, consultor florestal da CaixaRS, aprova a iniciativa da empresa. Ele defende que seja ampliada para o setor florestal como um todo. “Podemos agregar empresas menores em torno das grandes para produzir uma gama ampla de sub-produtos para a Indústria da Madeira. Para o especialista, essa geração energética através de resíduos da madeira seria como “fechar o ciclo”.
Distância pode ser entrave
Ana Carla Petiti, gerente de comercialização da Braskem, explicou aos produtores presentes ao evento em Porto Alegre que estudos de viabilidade econômica exigem que a distância da geração de resíduos até as usinas não pode ultrapassar um raio de 10 quilômetros.
Para o produtor Alcir Buske, da Cooperativa Agrícola e Mista de Agudo, a intenção da empresa “parece uma ótima oportunidade”. O problema, segundo ele, seria realmente essa limitação de distância. “Nós (arrozeiros) temos dificuldade em encontrar solução para a casca de arroz”, afirma ele, que vai participar da rodada de conversações durante a semana. A cooperativa de Agudo conta com 500 produtores que geram cerca de 30 toneladas por mês desse resíduo, que hoje é utilizado como cobertura morta (adubação no solo).
Depois de receber muitos questionamentos sobre essa limitação, os técnicos da empresa admitiram a possibilidade de ampliar a distãncia em razão das tecnologias de compactação dos resíduos. “Tudo isso será conversado no decorrer das negociações que teremos com os interessados”.
Marcelo Wasem, coordenador Sul de Energia da Braskem, explicou que 100% do risco dos investimentos serão de responsabilidade da empresa, mas os produtores terão de comprovar capacidade de fornecimento pelo período mínimo de 15 anos.
A empresa pretende firmar protocolos de intenções com interessados já com a definição da capacidade de fornecimento e do preço a ser pago aos produtores ou cooperativas. O valor, no entanto, não foi divulgado. Conforme Ana Carla Petiti, a petroquímica ainda não tem como afirmar qual valor poderá pagar. “ Vai depender da quantidade, do tempo e da distância no transporte da matéria-prima”. Também não há definição de quantidade mínima para compra da matéria-prima de cada produtor.
As usinas
A expectativa da Braskem é que seja possível construir cinco usinas, cada uma com capacidade de, no mínimo, 10 MW, o suficiente para abastecer uma cidade de 70 mil habitantes. Para o funcionamento de cada uma são necessários 5 ml toneladas/mês de casca de arroz. Conforme o diretor de Energia da empresa, as usinas serão projetadas para queimar tanto casca de arroz quanto resíduos de madeira.
Para o produtor que desejar vender esse resíduo à empresa ainda existe a possibilidade de receber um repasse referente a créditos de carbono. “Isso também será estudado pela empresa”, explica Marcos Vinícius.
Embora já seja um tipo de resíduo, a casca de arroz ainda pode gerar um sub-resíduo (cinza) durante sua queima, que os técnicos da empresa admitem ainda não ter resolvido como destiná-lo.
Empresa lança novo suco em Porto Alegre
Lançamento será durante a EXPOAGAS 2008, que começa amanhã
A General Brands, maior fabricante nacional de refresco em pó, vai testar em Porto Alegre o seu produto de estréia no segmento de sucos prontos para beber. Top Orange é o novo suco de laranja que será apresentado ao mercado brasileiro durante a Expoagas 2008, que começa na terça-feira, dia 19.
A empresa está investindo R$ 10 milhões e sua meta é estar entre os três maiores do segmento no país em três anos. A categoria de suco pronto para beber fatura anualmente, no Brasil cerca de R$ 1,2 bilhão.
Com uma estratégia ousada, a empresa pretende conquistar 10% do mercado brasileiro em 12 meses. A meta é ambiciosa, mas, segundo seu diretor-presidente, Isael Pinto, a General Brands está acostumada a concorrer com multinacionais, o que já fez por ocasião de seu ingresso no mercado de refresco em pó, há 11 anos, quando lançou o Camp – hoje o carro chefe de vendas da empresa, que fabrica ainda uma série de outros produtos, como refrescos em pó de outras marcas, chicles de bola, gelatina e cremes de chocolates.
O Top Orange é um produto sem conservantes, natural, utilizando laranjas selecionadas e fornecidas por uma única fazenda. O suco pronto para beber da GB deverá estar nas gôndolas dos principais supermercados, já no próximo mês. O Top Orange será oferecido aos consumidores em latas de alumínio de 335 ml e em embalagem Tetra Pak de 1 litro, nas versões laranja natural reconstituída (sem adição de açúcar) e adoçada.
A empresa apostou na sofisticação da embalagem com um visual clean e dando ênfase no aspecto saudável e natural do produto. Para auxiliar no lançamento do Top Orange, a empresa está desenvolvendo ações em pontos de venda como degustações, além de uma estratégia agressiva de preços.
A General Brands está localizada em Guarulhos (SP), com uma área construída de 20 mil metros em 80 mil metros quadrados e tem 700 empregados.
Pólo de celulose pode ficar pela metade
Aracruz já constrói nova unidade em Guaiba
Elmar Bones
Desde 2003, quando três dos maiores grupos do setor – Aracruz, VCP e Stora Enso – apresentaram seus projetos, o Rio Grande do Sul vive na expectativa de US$ 4,5 bilhões de investimentos que seriam necessários para construir as três fábricas de celulose e plantar cerca de 300 mil hectares de eucalipto, para garantir a matéria prima.
Até agora, o único que avançou de acordo com as previsões foi o projeto da Aracruz, que partiu da antiga Riocell em Guaíba e já iniciou a construção, no mesmo sítio, de uma nova unidade que vai elevar sua produção de 450 mil toneladas/ano para 1,25 milhão de toneladas ano. A previsão é de que entra em produção em 2011.
A VCP por enquanto limitou-se a comprar terras e a produzir mudas para o plantio dos eucaliptos. Já tem cerca de 100 mil hectares adquiridos, boa parte já plantados, mas a fábrica ainda não tem projeto preciso. Nem o local está definido. Sabe-se que será na Zona Sul, provavelmente em Rio Grande.
No meio, comenta-se que a real prioridade da VCP é a unidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, onde adquiriu um projeto que era da International Paper.
Com o controle da Aracruz, a VCP ganha automáticamente uma grande fábrica no Rio Grande do Sul, cujas obras já estão em andamento. Haverá espaço para outra fábrica do mesmo grupo no Estado?
Quanto à Stora Enso, ainda não conseguiu vencer a etapa da compra de terras. Já comprou 46 mil hectares, mas não conseguiu regularizar pois são terras em área de fronteira, sob uma legislação especial, com restrições à propriedade de estrangeiros.
Começou o plantio de eucaliptos, mas não chegou aos 20 mil hectares plantados e teve que suspender em virtude das dificuldades com o licenciamento e com a legalização das terras compradas.
Uma fonte ligada à empresa diz que a disposição é deslindar a situação até o final deste ano. Caso contrário, o projeto pode ficar comprometido. Além das questões ambientais, que geram críticas fortes, as denúncias de compra ilegal de terras tem repercutido internacionalmente, gerando inclusive protestos na Finlândia, sede da empresa.
Setor fica na mão de dois gigantes
A concentração de empresas no setor de celulose/papel é uma tendência mundial, assim como já ocorreu na Petroquímica, onde Braskem e Quattor engoliram os concorrentes e passaram a dividir o mercado nacional.
A competição internacional exige escala e por conta disso há um movimento de incorporações e fusões que, no caso brasileiro, se define em torno de dois grupos: o grupo Suzano que abriu mão de suas posições na petroquímica para concentrar investimentos na celulose; e agora a Votorantim, que com o controle da Aracruz, torna-se a maior do setor no país, uma das maiores do mundo.
Ao comprar as ações dos herdeiros de Erling Lorentzen, empresário norueguês, um dos fundadores da empresa, a VCP fica com 56% do capital votante da Aracruz e passa a responder por uma produção total de 4,6 milhões de toneladas de celulose por ano.
Somados os investimentos, incluindo os plantios florestais no Rio Grande do Sul e a implantação de duas fábricas no Estado, o grupo será o maior do país, ultrapassando a Suzano Celulose, mesmo com as duas novas unidades anunciadas no Piauí e Maranhão.
Mercado já esperava o anúncio *Por Carlos Matsubara
O anúncio de que a VCP pretende comprar 28% do capital votante da Aracruz pertencentes à Arapar, holding da família Lorentzen, não chegou a causar surpresa no meio. O negócio já era comentado nos bastidores há algum tempo.
Em abril, quando caiu o poder de veto do BNDES para venda a estrangeiros, começaram as conversas de uma possível absorção da Aracruz Celulose por um dos seus sócios. A Suzano também aparecia como uma das prováveis compradoras da Aracruz.
A VCP já integrava o bloco de controle da Aracruz, com 28% das ações ordinárias e investiu R$ 2,71 bilhões para comprar a parte da família Lorentz. O desfecho, porém, ainda depende da Arainvest Participações, do Grupo Safra, que também integra o bloco de controle da Aracruz com 28% das ações ordinárias.
E é por esta posição que a VCP aguarda para se pronunciar, segundo afirmou a assessoria de imprensa.
Empresa nasceu à sombra dos incentivos fiscais
A Aracruz, que nasceu Aracruz Florestal, foi uma das primeiras empresas nascidas à sombra os incentivos fiscais para reflorestamento, criados depois de 1964. O Tesouro Nacional abria mão de uma parcela do Imposto de Renda de Pessoas Físicas para criar negócios diretamente gerados pela iniciativa privada.
As primeiras quotas da Aracruz Florestal foram subscritas por dirigentes de grandes empresas: Walter Moreira Sales (Unibanco), Fernando Portela (Banco Boa Vista), Oscar Americano Filho (CBPO, construtora), Otavio Lacombe (Construtora Paranapanema) Olivar Fontenelle (Casa Slooper) e Erling Lorentzen (Norsul, navegação).
Boa parte do capital inicial foi aplicada na compra de cerca de 7 mil hectares de terras no município de Aracruz, no Espírito Santo. As terras pertenciam à Companhia de Ferro e Aço de Vitória (Cofavi) que nunca havia conseguido explorar convenientemente os eucaliptos ali plantados muitos anos antes, para produzir carvão vegetal.
O armador Erling Lorentzen aderiu à Aracruz Florestal não apenas para se tornar sócio de um empreendimento sem riscos, mas porque viu ali a grande oportunidade para um emigrante vindo da Noruega.
Além de navios, o dono da Norsul, tinha canais direto de acesso às fontes de tecnologia nos países escandinavos, a vanguarda mundial da industria de transformação da madeira. Em 1978, saiu a primeira carga de celulose da Aracruz. Com uma produção anual de 400 mil toneladas, era a maior indústria de celulose do Brasil e uma das maiores do mundo, desenvolvendo avançada tecnologia para produção de eucalipto para celulose.
Era um projeto tripartite, envolvendo capital estrangeiro, capitais nacionais e dinheiro público. Como outros grandes projetos implantados pelos governos militares no período 1964/81, a Aracruz teve inspiração, incentivo e apoio da União. O BNDES entrou com 42% do capital do empreendimento, no qual mantém até hoje uma participação de 12,5%. (Do livro Eucalipto:Histórias de Um Migrante Vegetal, Geraldo Hasse, JÁ Editores.
Eucalipto – Histórias de um imigrante vegetal
Autor: Geraldo Hasse
Livro-reportagem, explica os ciclos econômicos da madeira desde o descobrimento e aborda os atuais investimentos da indústria papeleira em plantios de eucalipto, que geram polêmica entre investidores, ambientalistas e governos, especialmente na região do Pampa.
2006, 128 páginas, 12,5 x 21 cm, 183 gr
ISBN: 85-87270-18-4
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Reflorestamento e Desenvolvimento Sustentável
Organizador: Geraldo Hasse
Registro do seminário promovido em 2005 pela agência Ambiente JÁ, em Porto Alegre. As palestras (com gráficos), os debates, perguntas e respostas no encontro em que empresários do setor florestal e ambientalistas debruçaram-se juntos sobre os investimentos em andamento no Sul.
2005, 112 páginas, 21 x 21 cm, 251 gr ISBN 85-87270-09-5
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