A Revolução Eólica (53) ​- ​ Setor ignora crise, cresce 2GW/ano e busca 10% da matriz elétrica

​​Por ​Cleber Dioni Te​n​tardin​i​
A Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica projeta chegar no ano de 2020 com 20GW de capacidade instalada no país, o que representa 10% da matriz elétrica nacional.
O otimismo da entidade, que reúne cerca de 100 empresas, baseia-se no desempenho apresentado até agora, em meio à crise econômica.
O setor tem hoje no país uma potência instalada de 6,6GW, o que dá 5% da matriz. Até o final do ano, serão acrescidos mais 3,2GW, já em construção. Outros 14GW foram vendidos no último leilão de energias renováveis, realizado pelo governo em abril. A cada ano, estão sendo vendidos entre 2 e 3GW.
“Vamos chegar em 2019 com 18GW instalados”, comemora a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum. A executiva mineira falou com exclusividade ao JÁ sobre os principais avanços do setor e aproveitou para anunciar a criação de uma rede de intercâmbio de  tecnologias e experiências visando fortalecer a cadeia produtiva de energia eólica.
Como estão os investimentos em energia eólica?
Elbia Gannoum – Hoje, pela primeira vez, o Brasil possui política para a energia eólica e promove debates e eventos internacionais. Isso é importante para mostrar à sociedade o que a pesquisa científica traz de efeitos para a economia. O Brasil é o segundo país mais atrativo do mundo em fontes renováveis, só perde para a China. No ano passado, foi o quarto país que mais investiu no setor. Já é a décima economia em capacidade instalada de energia eólica.
Essa crise não ​afetou o setor ?
​​O Brasil está enfrentando dificuldades de abastecimento devido à queda dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, então, com crise ou sem crescimento, o país tem que contratar energia, manter a capacidade instalada, e aí entra a necessidade de investimento em energia eólica. De cinco anos para cá, 50% da energia contratada no país foi de energia a partir dos ventos porque é a segunda fonte mais barata do Brasil. A terceira fonte é 30 ou 40 reais mais cara. É o único setor que está crescendo, o único que está gerando empregos. Ano passado a indústria eólica criou 37 mil empregos, enquanto nos demais setores foram fechados 100 mil postos de trabalho.
Quanto ao preço, só perde para a energia hidrelétrica. Qual foi o preço praticado no último leilão, em abril?
O preço do último leilão de energias renováveis se mostrou bem defasado em relação ao custo de produção da eólica, porque as condições macroeconômicas mudaram muito no último ano. Câmbio, financiamento, taxa de juros a longo prazo, participação do grau de financiamento do dinheiro do banco versus do acionista, então essas mudanças que aconteceram de um ano pra cá pressionaram muito os custos de produção. Além disso, tem o fato de as empresas terem de nacionalizar os produtos torna mais caro. O preço foi de R$ 179 por MWh, hoje nós entendemos que tem de ser R$ 210. A energia vendida para a Usina Eólica Cerro Chato (Santana do Livramento) foi de R$ 131, mas em valores atualizados é de R$ 205.
A produção de uma usina eólica no Brasil está muito aquém da capacidade instalada?
Estamos adaptando e estudando a tecnologia de ponta dos aerogeradores, que ainda vem de fora. Mas o nosso fator de produtividade é da ordem de 50%, ao contrário da média mundial que é de 30%. Porque nós temos dos melhores ventos do mundo.
Na época em que surgiram os primeiros parques no Brasil, nós fazíamos medições da velocidade do vento a 50 metros de altura. Então nos primeiros parques de Osório o cálculo era de que a produção média seria de 30% da capacidade instalada, a mesma da Europa. A tecnologia mudou. Hoje são feitas medições a 120 metros do chão. E a eficiência dos equipamentos melhorou bastante. A produção de energia eólica no Brasil está caminhando rapidamente para assumir uma posição de liderança no mundo.
O Mapa Eólico foi atualizado em todo o​ pa​ís​?
Se antes, em 2001, quando foi feito o Mapa Eólico, o potencial de capacidade instalada no Brasil era de 143 GW, hoje é superior a 400GW. Ainda não se tem o número exato porque somente dois estados atualizaram seus atlas: o Rio Grande do Sul tem 195GW, a Bahia tem outros 195GW. Aí, já temos quase os 400GW. Então, esse potencial é bem maior com essas novas tecnologias. Estamos, inclusive, criando uma rede que facilite a comunicação e a troca de tecnologia entre os especialistas.
Como vai funcionar essa rede?
É a Rede Brasileira de Inovação de Energias Renováveis Complementares. Vai reunir pesquisadores, investidores e financiadores de projetos de energia eólica. A ideia é colocar uma plataforma na Internet. O projeto está pronto e na fase de captação de recursos. O objetivo é facilitar a troca de tecnologias e experiências e fortalecer a cadeia produtiva de energia eólica.

Parque Geribatu, em Santa Vitória do Palmar / foto Antonio Henriqson
Parque Geribatu, em Santa Vitória do Palmar / foto Antonio Henriqson

A indústria nacional de equipamentos eólicos está acompanhando o crescimento das usinas?
A exigência de conteúdo nacional está associada ao financiamento, pois 95% dos parques construídos no Brasil são financiados pelo BNDES, logo tem de ser aplicada a política de nacionalização. A partir de 2010, quando se deu o processo de crescimetno do setor, o programa de nacionalização da indústria de energia eólica, que já existia desde o Proinfa (2002), começou a ser implementado com rigor. A partir de 2013, esse programa foi mudado e se tornou mais exigente. Hoje, 80% das turbinas em parques eólicos no Brasil têm que ser nacionalizadas. Há um processo de implementação gradual da nacionalização, que termina em junho de 2016. Estamos vivendo o auge dessa nacionalizaçação e construindo, de fato, uma cadeia produtiva de energia eólica.
Mas há parques menores que não precisaram dos recursos do BNDES
Sim, esses parques que não pegaram dinheiro do BNDES compram equipamento diretamente de outros países. Não tÊm esse impedimento e nem é bom que tenham mesmo, porque não faz sentido querer vetar o capital estrangeiro. Temos dois parques no Brasil que pegaram recurso externos e trouxeram máquinas de fora. Há um parque pequeno em Xangri-lá, que é da Honda, de 27MW, para autoprodução de energia. Os equipamentos são da Vestas, totalmente importados, embora essa empresa também tenha fábrica no Brasil. E tem outro, em Barra dos Coqueiros, que é investimento chinês, de 90MW.
Havia um projeto de uma empresa indiana, que iria construir uma usina eólica grande em Tapes…
Há uma fábrica de aerogeradores indiana, a Suslon, que está no Brasil desde 2007, e suas turbinas são bem comercializadas nos parques eólicos nacionais. Eles até participam do processo de construção, mas não investem nos parques, pois são fornecedores de máquinas.
E existem fabricantes de aerogeradores e de pás, ou hélices, no país?
Sim, há sete fabricantes de turbinas operando ativamente no país, três em processo de instalação, três fabricantes de pás e muitos fabricantes de torres e fonrnecedores de outros serviços. Por questão de logística, as fábricas tendem a se instalar próximas aos parques eólicos. Então, a maioria está indo para o Nordeste. Há fábricas em São Paulo que se instalaram antes desse crescimento da energia eólica. A primeira fábrica que chegou ao Brasil tem quase 20 anos, a Wobben, de Sorocaba.
E no Rio Grande do Sul?
Aqui há fábricas de torres, mas não de naceles, os aerogeradores. De pás, não há necessidade porque há uma fábrica que começou um pouco depois da Wobben, que é a segunda maior fabricante do mundo, a Tecsis, em Sorocaba, genuinamente brasileira, fundada por um engenheiro do ITA. E, há mais duas, um brasileira que se instalou há dois anos no Ceará, e outra americana, em Pernambuco. Então essas três atendem à demanda.
Executivos da, Eletrosul, Ministério de Minas e Energia e Eletrobras anunciando investimetnos no setor em 2011 / Foto Umberto Caletti_Ascom Eletrosul
Executivos da, Eletrosul, Ministério de Minas e Energia e Eletrobras anunciando investimetnos no setor em 2011 / Foto Umberto Caletti_Ascom Eletrosul

Em termos de produção de energia, o Rio Grande do Sul perde para alguns estados nordestinos…
Hoje, os estados com maior capacidade instalada de produção de energia eólica são, na ordem, o Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul.
Difícil competir com os ventos do litoral nordestino.
Isso de achar que os melhores ventos estão no litoral, depende muito de que local estamos falando. No Nordeste, nós descobrimos que o melhor vento do país fica no semiárido baiano, na região de Xique-xique, onde a velocidade média do ventos varia de 10 a 12 metros por segundo ou de 36 a 46 quilômetros por hora. Para se ter ideia, em Santa Vitória do Palmar, que registra um dos melhores ventos no RS, segundo o Atlas Eólico, 40% do vento chegam a 8 m/s ou 28,8 km/h.
RS é mais atrativo, segundo especialista alemão
O Rio Grande do Sul tem condições de vento melhores do que a Alemanha para geração de energia eólica, segundo o Jens Peter Molly, diretor geral do Grupo DEWI, empresa alemã com filial no Brasil, que atua na área de consultoria. Ele esteve em Porto Alegre, no fim de junho, onde foi palestrante da 14ª edição do Congresso Internacional de Engenharia do Vento.
Petter Molly conhece bem a realidade brasieira pois foi um dos autores do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), instituído no final do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2012, com o objetivo de aumentar a produção de eletricidade a partir de três fontes alternativas: o vento, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas.
Segundo ele, a velocidade dos ventos em solo gaúcho fica na média de 8 metros por segundo, enquanto na Alemanha oscila entre 6 e 7 m/s. Mas, pondera, mesmo em condições melhores que o país europeu, o Rio Grande do Sul, assim como outras regiões brasileiras, sofre com a excessiva burocracia e com a falta de infraestrutura. Ele exemplifica as diferenças: “A Alemanha tem 25 anos de experiência em energia eólica. Todas as regras são transparentes para quem deseja investir neste setor. Lá, proprietários das terras receberem 10% do rendimento anual, a possibilidade dos investidores obterem rendimento médio de 5 mil euros; no Brasil, os ganhos ainda são inseguros, pois dependem de leilões do governo federal, e a liberação para funcionamento leva no mínimo sete anos.”

A Revolução Eólica (52) – RS atinge 1,3 mil MW, capaz de abastecer o Acre

Cleber Dioni Tentardini
Com a entrada em operação neste mês de julho dos 17,9 megawatts (MW) do Parque Eólico Chuí 9, o Rio Grande do Sul chega a 1.321,6MW de capacidade instalada de energia eólica. Isso representa 20% da produção nacional, que hoje é de 6,6GW, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica.
Através de uma estimativa, pode-se dizer que essa capacidade pode gerar 375 gigawatts hora(GWh) e abastecer em média 2 milhões de residências mensalmente. Segundo o Balanço Energético Nacional – BEN 2014, publicado pela EPE, a geração estimada seria capaz de abastecer o consumo residencial de eletricidade do Acre, que consumiu 373 GWh em 2013.
No RS, estão produzindo energia 51 parques distribuídos em nove municípios da região metropolitana de Porto Alegre, Llitoral Norte e Sul e Fronteira-Oeste. Além desses, já estão contratados e em construção mais 41 parques eólicos no Estado, que somam 764,3 MW para entrar em operação até 2017.
O novo parque em Chuí com dez aerogeradores de 80 metros ocupa uma área de 112 hectares no Chuí, Litoral Sul, fronteira com a cidade uruguaia de Chuy. Recebeu a licença de operação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) no final de junho e parecer de acesso do Operador Nacional do Sistema – ONS e aguarda sinal positivo da Agência Naconal de Energia Elétrica (Aneel) e demais órgãos responsáveis para começar a operar. Conforme a LO, a empresa deverá manter monitoramento de aves, morcegos, mamíferos terrestres, anfíbios, répteis e peixes anuais e sinalizar as estradas para controle de atropelamento de animais.
Megausina de Campos Neutrais

Linha de transmissão em Santa Vitória do Palmar / Foto de Cauê Mendonça
Linha de transmissão em Santa Vitória do Palmar / Foto de Cauê Mendonça

Os novos aerogeradores fazem parte de um conjunto de seis usinas do Parque Eólico Chuí, que terá 144 MW de potência instalada. O investimento é da Eletrosul /Eletrobras (49%) em parceria com o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Rio Bravo, que detém 51% do negócio.
Somado aos outros dois parques que estão sendo construídos naquela região litorânea – os parques eólicos Geribatu, com 258 MW, e Hermenegildo, com 181 MW de capacidade, ambos em Santa Vitória do Palmar – formam o Complexo Eólico de Campos Neutrais, que pretende ser o maior da América Latina. Os 583 megawatts (MW) de capacidade instalada é suficiente para atender ao consumo de 3,3 milhões de habitantes.
Os investimentos em Campos Neutrais chegam a R$ 3,5 bilhões, levando em conta os parques e as obras do sistema de transmissão, que leva a energia do extremo Sul ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A Eletrosul em parceria com a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE-GT), construíram perto de 490 quilômetros de linhas de transmissão (525 kV), três novas subestações e ampliando uma unidade existente.

A Revolução Eólica (51) – RS gera 17% da energia nacional

Com a inauguração, nesta sexta-feira (27), do parque eólico Geribatu – com capacidade instalada de 258 MW – em Santa Vitória do Palmar, o Rio Grande do Sul atingiu a potência de 975 MW, ou 17,3% da geração nacional de eletricidade originária dos ventos. Foi a primeira vez que se encontraram em um evento a presidenta Dilma Rousseff e o governador José Ivo Sartori.
Em todo o país, a potência eólica instalada é de 5.612 MW, o que representa 4% da geração de energia nacional, que é de 134.793 MW.  Deste total, 66% são de origem hídrica.
Embora pese pouco na matriz energética brasileira, o vento está crescendo no ranking dos investimentos em geração de eletricidade.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estão em construção no país 118 projetos eólicos, totalizando 3.124 MW gerados – o que representa 14,2% da potência entre as 197 usinas em construção atualmente, que exploram diversas fontes energéticas.
Se o olhar recair sobre projetos já autorizados a produzir, mas que ainda não tiveram iniciada a construção, a participação da energia proveniente dos ventos é ainda maior: são 279 projetos eólicos entre 588, que deverão gerar 6.711 MW ou 46,75% da potência somada.
Se todos os projetos energéticos aprovados forem concluídos, o Brasil aumentará em 36 mil MW sua potência instalada. Segundo a Aneel, o Brasil possui 3.322 operadores no setor elétrico.
Estado despertou para potencial dos ventos com Dilma como secretária
Os principais produtores de energia eólica no Brasil são os estados do Nordeste, principalmente Ceará e Rio Grande do Norte, pioneiros na exploração dessa fonte no país.
O Rio Grande do Sul, que se destacou no uso de cataventos para gerar eletricidade em fazendas do interior na primeira metade do século XX, despertou para o potencial eólico no final do século XX, quando a economista Dilma Rousseff foi secretária de Minas e Energia do governo de Olivio Dutra. A construção de grandes aerogeradores no Estado foi iniciada por investidores espanhóis em 2005 em Osório.
Oito municípios possuem aerogeradores no território gaúcho – a grande maioria no litoral. Pela marcha dos investimentos, a liderança da produção tende a ficar com Santa Vitória.
Os novos parques eólicos gaúchos, totalizando uma potência de cerca de 400 MW, estão em construção em Santa Vitória, Chuí, Rio Grande, Livramento e Viamão.
Há projetos aprovados mas a construção não foi iniciada nos municípios de Santa Vitória, Rio Grande, Palmares do Sul, Viamão e Giruá.

A Revolução Eólica (49) – Usina Cerro Chato terá novo centro de visitações

O Centro de Visitações da Usina Eólica Cerro Chato (UECC), em Santana do Livramento, deve ser inaugurado em janeiro, informa o coordenador, o guia turístico Nereo Rodrigues Mendes.
O centro está sendo construído no topo de cerro que dá nome à região. Aliás, foi bem naquele ponto que D. Pedro II e familiares, acompanhados do Luis Filipe Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, genro do imperador, estiveram no dia 10 de outubro de 1865 em visita ao amigo ‘Machado’ (possivelmente trata-se do sesmeiro Silvano Machado do Couto). A comitiva vinha de Uruguaiana em direção à vila de Santana do Livramento.

Casa terá telhado com jardim, painéis solares e aerogerador
Casa terá telhado com jardim, painéis solares e aerogerador

O projeto do Centro de Visitações é da arquiteta Claudia de Moura Incerti, 41 anos, Ela foi selecionada pelo arquiteto Sato Yoshiki, quem supervisionou as obras de construção da subestação coletora de energia Cerro Chato e da linha de transmissão. “Quando fui conhecer o Cerro Chato, já visualizei o centro como um cartão postal para a cidade, uma casa integrada àquela região e, principalmente, que não agredisse o meio ambiente”, diz.
Claudia tomou como exemplo a casa inteligente da Eletrosul em Florianópolis, com telhado verde, painéis solares e incorporou outras ideias resultados de suas pesquisas e sugestões do próprio Sato. O terraço do prédio terá terá um jardim e o guarda-corpo será de vidro para facilitar a vista do parque eólico. Os painéis solares e um aerogerador que inicialmente iriam fornecer energia para os jardins, agora se prevê que possam abastecer pelo menos a metade da energia consumida no centro. Também irão ajudar a aquecer a água. O telhado verde que ajudará na captação da água da chuva.
“Haverá tratamento de esgoto, será feito através de uma zona de raízes, que é ecologicamente correto. Não é simplesmente uma fossa e filtros. Então são vários sistemas que serão instalados ali. Uma casa autossustentável”, resume a arquiteta.
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O projeto

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interno

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Externo

Por enquanto, os visitantes dos parques eólicos são recepcionados por Mendes e auxiliares num posto de informações improvisado junto ao aerogerador nº 5 do Parque III. São visitantes do próprio município e da vizinha cidade de Rivera, Uruguai, assim como turistas vindos das mais diversas cidades do Estado e do País, e do Norte do Uruguai. Durante os dias de semana são programadas visitas escolares das mais diversas escolas da cidade, universitários de diversas universidades existentes no Estado. Ali, recebem orientações, cartilhas explicativas e são convidados a assistir a um vídeo sobre a Usina. As dicas são indispensáveis para quem quiser ir além do registro fotográfico.

A Revolução Eólica (48) – Nova rede vai conectar usinas do Extremo Sul

Além dos contratos de locação das áreas, do licenciamento ambiental e da exata localização das torres, outra exigência para um projeto poder disputar o leilão de energia do governo federal é a capacidade de escoamento do que será produzido pela futura usina.
Assim, a Eletrosul Centrais Elétricas, em parceria com a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE-GT), está construindo cerca de 470 quilômetros de linhas de transmissão, além de três novas subestações de energia e ampliando uma unidade existente, a fim de conectar os parques eólicos em construção naquela parte do litoral gaúcho e integrar a metade sul do Rio Grande do Sul ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Serão investidos aproximadamente R$ 900 milhões no sistema de transmissão que inclui linhas nos trechos Nova Santa Rita – Povo Novo, Povo Novo – Marmeleiro (inclui 15 km dentro da Estação Ecológica do Taim), Marmeleiro – Santa Vitória do Palmar (todas em 525 kV); e seccionamento da linha Camaquã 3 – Quinta na SE Povo Novo (230 kV). Também foram construídas três subestações de energia – Povo Novo (525/230 kV), Marmeleiro (525 kV) e Santa Vitória do Palmar (525/138 kV) e ampliada a subestação Nova Santa Rita.

SE Santa Vitória do Palmar / Foto Divulgação TSLE
SE Santa Vitória do Palmar / Foto Divulgação TSLE

Rede percorre 15KM dentro do Taim / Foto  Cauê Mendonça / Divulgação
Rede percorre 15KM dentro do Taim / Foto Cauê Mendonça / Divulgação

Técnico no alto de uma torre de transmissão / Foto Cauê Mendonça / Divulgação
Técnico no alto de uma torre de transmissão / Foto Cauê Mendonça / Divulgação

A Transmissora Sul Litorânea de Energia S.A – TSLE, sociedade de propósito específico (SPE), é a responsável pela construção, operação e manutenção do sistema de transmissão, Foi constituída entre Eletrosul (51%) e CEEE-GT (49%) em julho de 2012, um mês após o consórcio arrematar os projetos no leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica.
O diretor técnico da TSLE, engenheiro Carlos Matos, garante que todo o sistema estará pronto dentro do prazo previsto pela Aneel, até o final deste ano. “As subestações já estão prontas, falta finalizar a parte de infraestrutura das unidades, ruas, iluminação e cercamento, o que ocorrerá até final do ano”, projeta Matos.
(Cleber Dioni Tentardini, com Assessoria de Imprensa da Eletrosul)

A Revolução Eólica (47) – Vem aí a megausina de Campos Neutrais

Por Cleber Dioni Tentardini
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou o início dos testes em 14 aerogeradores do Parque Eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar. A subestação coletora começou a escoar a energia ainda por meio de uma conexão provisória, em uma linha de transmissão da CEEE Distribuidora.
O Complexo Eólico de Campos Neutrais, como foi batizado um conjunto de três parques gigantes que estão sendo construídos nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí, no litoral Sul gaúcho, será o maior da América Latina. Geribatu, Chuí e Hermenegildo terão 583 megawatts (MW) de capacidade instalada, suficiente para atender ao consumo de 3,3 milhões de habitantes.
Os acessos para as dez usinas de Geribatu e para as seis do Chuí estão prontos. No primeiro parque, que terá um total de 129 aerogeradores, 121 já estão com a montagem mecânica concluída, dos quais 108 também já estão com a montagem elétrica finalizada. A  previsão é que comecem operar comercialmente ainda este ano. No segundo, estão sendo construídas as primeiras de um total de 72 bases para os cataventos gigantes. Começa a abastecer a rede elétrica nacional no primeiro semestre de 2015.
O Parque Eólico Hermenegildo ainda aguarda a emissão da Licença de Instalação (LI) pela Fepam – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler – para o início das obras, o que deve se dar ainda neste semestre. Deve iniciar a operação primeiro trimestre de 2016.
A previsão é de que os três parques beneficiem três mil trabalhadores, direta e indiretamente.

Torres de transmissão sendo instaladas em Santa Vitória do Palmar /Foto Cauê Mendonça
Torres de transmissão sendo instaladas em Santa Vitória do Palmar /Foto Cauê Mendonça

Investimentos chegam a R$ 3,5 bilhões
Os investimentos no Complexo Eólico de Campos Neutrais chegam a R$ 3,5 bilhões, levando em conta os parques e as obras do sistema de transmissão, que irá escoar a energia e integrar o extremo Sul ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O Parque Eólico Geribatu, com 258 MW divididos em dez usinas, e o Parque Eólico Chuí, que terá 144 MW de potência instalada em seis usinas, são uma parceria da Eletrosul (49%) com o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Rio Bravo, que detém 51% do negócio.
O consórcio construtor é formado pela empresa espanhola Gamesa, que fabricará os 129 aerogeradores; a Schahin Engenharia S.A., que ficará responsável pela parte de construção civil, como as bases das torres eólicas, e a implantação da rede de média tensão; e a ABB, que fornecerá os equipamentos do sistema de transmissão.
Já o Parque Eólico Hermenegildo, que terá 13 usinas com 181 MW de capacidade é um projeto da estatal subsidiária da Eletrobras (99,99%) com a Renobrax (0,01%).
Quase metade da potência instalada de geração eólica no Rio Grande do Sul, contratada nos leilões desde 2009, é de empreendimentos da Eletrosul e parceiros, que somam aproximadamente 800 MW.
“Com esse gigantesco complexo, a Eletrosul consolida sua presença como maior empreendedora em energia eólica no Sul do país, e queremos manter essa tendência de crescimento”, afirmou o presidente da estatal, Eurides Mescolotto.
Campos Neutrais
A denominação do complexo eólico remete ao período da colonização. A área compreendida entre os banhados do Taim e o Arroio do Chuí, onde foram posteriormente instalados os municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí, foi palco de várias disputas entre tropas portuguesas e espanholas. Para evitar mais conflitos, com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, a região ficou sendo um território neutro e, portanto, conhecida como Campos Neutrais.

A Revolução Eólica (46) – Mais três parques eólicos no Pampa

Começa esta semana a construção de mais três parques eólicos na região do Cerro Chato, em Santana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai, em pleno pampa.
O projeto, fase 2 do Complexo Eólico Livramento, que prevê quatro parques, com 34 aerogeradores numa área de 4.380 hectares, e capacidade instalada de 68 megawatts (MW) de energia.
Por enquanto, três foram contemplados no último leilão realizado pelo governo federal. São eles: Galpões (8MW), Capão do Inglês (10MW) e Coxilha Seca (30MW). Apenas Ibirapuitã II (20MW) ficou de fora.
Os contratos preveem o início de suprimento em 1º de setembro de 2015, com prazo de vinte anos. O investimento é de R$ 270 milhões.
Assim como a fase 1 do Complexo Eólico Livramento, estes também são gerenciados pela Eletrosul Centrais Elétricas, que detém 49% do investimento, em parceria com a Fundação Eletrosul de Previdência e Assistência Social – Elos, com 10%, a Renobrax, empresa de engenharia de Porto Alegre, e o Fundo de Investimento Privado (FIP) Rio Bravo , com 41% das ações. A estatal e as parceiras constituíram a Livramento Holding S.A para gerenciar as usinas.
Três empresas formam o consórcio construtor: a fabricante argentina de aerogeradores IMPSA; o grupo português Efacec, especializado em equipamentos eletromecânicos; e a Iccila, empreiteira local da construção civil, que está executando os trabalhos de infraestrutura da área – abertura das vias de acesso aos locais onde serão instalados o canteiro de obras e as turbinas.

No Cerro Chato, apenas Ibirapuitã II (parte superior, em rosa) ainda não foi contratado
No Cerro Chato, apenas Ibirapuitã II (parte superior, em rosa) ainda não foi contratado

Leilão teve recorde de projetos
O Leilão de Reserva que o governo federal promoveu em 23 de agosto do ano passado, exclusivo para fonte eólica, teve cadastrados na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 655 projetos em nove estados, somando capacidade instalada de 16.040 megawatts (MW).
“É recorde, o maior número de projetos já inscritos em um leilão para energia eólica no mundo”, entusiasmou-se o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
A Bahia foi a campeã em inscrições com 238 parques, que somam 5.854 MW. Em segundo aparece o Rio Grande do Sul, com 153 projetos para produzir 3.437 MW.
O leilão apresentou duas novidades: a primeira é que atrela a contratação de parques eólicos à garantia de conexão na rede de transmissão, que elimina o risco de os empreendimentos ficarem prontos e não terem como escoar a produção. A segunda, é que a energia negociável será calculada com base em um critério de pelo menos 90% de chance de a produção dos empreendimentos eólicos ser igual à quantidade vendida. “Haverá apenas 10% de probabilidade de o parque gerar menos energia do que o volume vendido no leilão”, explicou Tolmasquim. (Cleber Dioni Tentardini)
 

A Revolução Eólica (45) – Energia dos ventos supera a nuclear até 2020

A expansão da energia eólica em escala mundial avança a passos largos. A eletricidade a partir dos ventos já equivale à produzida por 280 reatores. A cada ano, o número de aerogeradores cresce 20%. A Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês) estima que até 2020 o volume energético gerado pelo vento irá quadruplicar, chegando a mais de mil gigawatts.
Na Espanha e na Dinamarca, o vento é a fonte de 20% da eletricidade. Na Alemanha, essa percentagem é de 10% e, segundo os prognósticos, até 2020, será de 20% a 25%.
Mas é a China o país que mais promove esse avanço. A parcela da energia eólica no abastecimento nacional gira em torno de apenas 3% – a maior parte (75%) é proveniente das térmicas a carvão -, no entanto é de lá que vem quase a metade de todas as turbinas produzidas.
No entanto, em termos de volume absoluto, a geração de energia eólica na China ultrapassa o total da produção em toda a União Europeia. Em 2013, a eólica superou a nuclear e tornou-se a terceira matriz energética do país, atrás das termelétricas a carvão e das hidrelétricas.
O país asiático projeta para os próximos seis anos duplicar o número de turbinas eólicas no país ao longo dos próximos seis anos elevando sua capacidade instalada de energia eólica dos atuais 75GW para 200GW até 2020.
Novos parques estão a ser criados em ritmo acelerado na China. O Governo chinês tem lançado uma série de subsídios, preocupado com a elevada poluição do ar em muitas cidades do país. Uma fabricante chinesa já consegue produzir duas turbinas por dia. Esse ‘boom’ do setor, com novos modelos de turbinas, reflete na indústria mundial, ocasionando uma quebra de preços nos mercados da Ásia, América Latina e África.

A Revolução Eólica (44) – Cerro Chato produz mais 30MW

Mais três parques eólicos estão produzindo eletricidade em Santana do Livramento, totalizando 30MW. São eles: Cerro Chato IV, Cerro Chato V e Cerro dos Trindades. A nova energia se soma aos 90MW em operação desde 2012 na Usina Eólica Cerro Chato.
Dessa primeira fase do Complexo Eólico Livramento, ainda estão sendo instalados 12 aerogeradores do Cerro Chato VI e outros 12, do Ibirapuitã I.
Esses cinco parques representam o Entorno I, com 78 MW, e ocupam uma área de 4.776 hectares e terão capacidade para abastecer 180.117 residências com 574.573 habitantes.
O gerenciamento é da Eletrosul Centrais Elétricas, que detém 49% do investimento, em parceria com a Fundação Eletrosul de Previdência e Assistência Social – Elos, com 10%, e o Fundo de Investimento Privado (FIP) Rio Bravo , com 41% das ações. A estatal e as entidades constituíram a Livramento Holding S.A para gerenciar as usinas.
Três empresas formam o consórcio construtor: a fabricante argentina de aerogeradores IMPSA; o grupo português Efacec, especializado em equipamentos eletromecânicos; e a Iccila, empreiteira local da construção civil, que está executando os trabalhos de infraestrutura da área – abertura das vias de acesso aos locais onde serão instalados o canteiro de obras e as turbinas.
Os empreendimentos foram viabilizados no último Leilão de Energia Nova (A-3), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizado em agosto de 2011. Nesse certame, saíram vencedores 21 empreendimentos que somam 492 MW de potência. Entre eles, novas usinas no Litoral Sul do Rio Grande do Sul, batizados de Geribatu (258 MW), em Santa Vitória do Palmar, e Chuí (144 MW), no município de Chuí.

A Revolução Eólica (42) – Embalados pelos ventos

Sem contar os cataventos que no século passado puxavam água de poço ou acendiam lâmpadas e aparelhos de rádio em fazendas na campanha gaúcha, a energia eólica chegou ao Rio Grande do Sul em meados de 2006, quando o parque de Osório começou a enviar eletricidade para uma subestação da CEEE.
Em seis anos,13 parques eólicos operam no Estado, com capacidade para gerar 414 megawatts, 22% do total instalado no país.
No ano passado, os 600 aerogeradores espetados em diversos pontos do Estado mandaram para a rede elétrica 150 megawatts, energia suficiente para abastecer uma cidade como Santa Maria.
Mesmo com a desvantagem de ser inconstante, o vento fornece uma energia complementar limpa, que permite economizar nas hidrelétricas e nas térmicas.
NORDESTÃO QUEM DIRIA…
O vento Nordeste, que sempre irritou os moradores do litoral Sul, hoje é motivo de orgulho em Osório. É ele que move o primeiro parque eólico do Rio Grande do Sul.
Construído pela espanhola Elecnor em parceria com os alemães da Wobben Windpower. Começou a operar em abril de 2006, com 75 aerogeradores somando 150 MW de capacidade instalada.
Por ser o primeiro do Rio Grande, gozou de condições privilegiadas oferecidas pelo Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (Proinfa), do Ministério das Minas e Energia.
A maior vantagem foi o preço do megawatt/hora: R$ 240, três vezes mais caro do que a energia de origem hídrica na época e quase o dobro da cotação da energia eólica no leilão de agosto do ano passado promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica.
Nesse último leilão, a cotação do megawatt hora caiu para R$ 130,86, bem mais baixo que o valor ofertado pelas usinas movidas a queima de bagaço de cana (R$144,20) e pelas pequenas centrais hidrelétricas (R$141,93).
O sucesso do empreendimento de Osório virou um marco no litoral norte, onde o vento dominante (o nordestão) garante um aproveitamento (da potência instalada) acima da média mundial (33%).
Se o rendimento é de 34%, 36% ou 40% nunca se soube, mas o fato é que os aerogeradores de Osório só param para manutenção.
Acossada por um enxame de concorrentes – a argentina Impsa, a norte-americana General Electric, a espanhola Gamesa, a indiana Suzlon, a dinamarquesa Vestas, a francesa Alstom, a alemã Siemens –, a pioneira Elecnor não se acomodou e conseguiu licença para implantar novos geradores em Osório e na vizinha Palmares do Sul.
Somados, os dois parques terão sua capacidade total ampliada para 500 MW.
Dona da rede de transmissão, a CEEE se tornou sócia (10%) do grupo espanhol operador dos cataventos de Osório e Palmares do Sul.
Em 2011, o grupo colocou em operação o Parque Cidreira I (70 MW), também no litoral norte.
CATAVENTOS NA COXILHA
Mais de uma década depois de ter seu parque de geração totalmente privatizado, a Eletrosul tornou-se, em julho de 2011, a primeira empresa do Sistema Eletrobras a produzir energia a partir dos ventos – no Cerro Chato, em Santana do Livramento, um dos lugares mais pobres do Rio Grande do Sul, área de grandes propriedades dominadas pela pecuária extensiva, na fronteira do Brasil com o Uruguai, no extremo sul.
A reviravolta da Eletrosul começou em 2004, quando o presidente Lula enviou ao Congresso uma medida provisória elaborada pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que reorganizava o setor elétrico e retirava as estatais, incluíndo a Eletrosul, no Plano Nacional de Privatizações.
A partir dali, os valores investidos somente em geração saltaram de R$ 189,9 milhões, em 2008, para R$ 723,4 milhões em 2012. E seguem crescendo.
VENTOS NA FRONTEIRA
São dois ventos dominantes na fronteira oeste do Rio Grande do Sul – o Aragano, no verão, e o minuano, no inverno. Sopram o ano inteiro, chegam a 80 quilômetros por hora.
Para colher a energia deles, a Eletrosul ergueu 45 cataventos a 98 metros de altura distribuídos em 25 áreas de propriedade particular. Cada torre rende ao proprietário do terreno R$ 2.500 por mês de aluguel. Uma centena de pessoas trabalha na administração e manutenção do parque eólico. O ICMS do município cresceu 10% em 2012.
Em termos energéticos, Cerro Chato está aquém das expectativas. Ao longo do último ano, ele não conseguiu alcançar 30% da sua capacidade.
Mas o negócio é bom, tanto que a Eletrosul está construindo mais três complexos eólicos – em Santana do Livramento, Santa Vitória do Palmar e Chuí – que irão acrescentar 480 MW ao sistema elétrico a partir de 2014.
O maior deles é o Geribatu (em Santa vitória), com 129 aerogeradores e potência instalada de 258 MW.
Nesses projetos serão investidos mais de R$ 1,5 bilhão, abrindo a possibilidade de incrementar a interligação energética com o Uruguai.
O Grupo CEEE estuda parceria com a Eletrosul para implantar o Parque Eólico Serra dos Antunes, em Osório, com 98 MW.
ENERGIA QUE MAIS CRESCE
Há 20 anos, a energia eólica era uma utopia improvável. Hoje o vento já contribui com 4,2% da energia consumida no mundo e é uma das fontes que mais crescem.
Há dois anos cresce acima de 20% ao ano.Já está presente em 80 países.
A capacidade total das usinas eólicas supera os 200 mil MW, segundo o Conselho Global de Energia Eólica.
Na América Latina, o Brasil apresenta as maiores taxas de crescimento. Mais de 1.800 MW já podem ser gerados nos parques eólicos brasileiros. E o crescimento é exponencial.
Pesquisas estimam que o potencial eólico no país chegue a 143 mil MW, mais de dez vezes o que é gerado pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, cuja potência é de 14 mil MW.
Embora o Brasil tenha o maior parque eólico da América Latina, os ventos ainda correspondem a menos de 1% da energia produzida no território brasileiro. No ranking dos países produto res, os Estados Unidos lideram com 35 mil MW de capacidade instalada. Na sequência vêm a China, com 26 mil MW e a Alemanha, com 25,8 mil MW, segundo a Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês).
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, prevê que em três anos o parque eólico do país chegará aos 8 mil MW, figurando entre os dez maiores produtores.
“O setor continuará crescendo, inclusive a indústria de aerogeradores, facilitada pelo governo que estabeleceu  pelo menos 60% de conteúdo nacional  nos equipamentos”, observa.
UM PARQUE EM VIAMÃO
Há outros empreendimentos, com estudos ambientais aprovados, que aguardam a abertura de novos leilões de energia.
Algumas empresas mantêm sigilo sobre seus projetos, enquanto outras divulgam seus investimentos e anunciam a intenção de disputar contratos de venda de energia.
Em Viamão, a Oleoplan constrói um parque eólico com potência de 25,6 MW. O investimento de R$ 100 milhões deve estar concluído em 2014. Segundo seu presidente Irineu Boff, que apostou na produção de biodiesel de soja, o grupo Oleoplan não vai ficar num único investimento eólico.
TODA PRODUÇÃO É COMPRADA
Uma grande vantagem das eólicas brasileiras é dispor de passagem livre nas redes de transmissão. As concessionárias como a CEEE não podem recusar a corrente oriunda dos aerogeradores.
Ou seja, com vento forte ou brisa leve, um catavento girando é sinal de que o parque eólico está faturando. Se estiver sobrando energia na rede, devem parar as hidrelétricas para poupar água nas represas e as térmicas para economizar combustível. Os cataventos não descansam.
ONZE USINAS EM 2013
Hoje, 13 parques geram 414 MW no Estado, o que representa 22% da produção nacional. As regiões sul, nordeste, centro-norte, litoral norte e fronteira oeste oferecem as melhores condições para a instalação de parques eólicos no Estado, não só pelo maior constância de ventos mas, também, pela boa infraestrutura do sistema elétrico de transmissão.
A energia contratada em sete leilões realizados pelo governo brasileiro entre dezembro de 2009 e dezembro de 2012, para ser entregue até 2017, foi de 7 mil MW, sendo mais de 1 mil MW em solo gaúcho, com previsão de investimentos de R$ 4,9 bilhões. Em apenas dois leilões de 2011, foram vendidos 506,4 MW em três complexos eólicos no litoral sul, onde a velocidade média dos ventos chega a 9,0 m/s, ou 32,4 km/h.
Neste ano, estão previstos entrar em operação 11 usinas, com 725,8 MW. Até 2016, a previsão é que o Rio Grande do Sul tenha instaladas 49 usinas eólicas.
Tentando turbinar o setor, o governo gaúcho isentou 17 produtos entre máquinas e equipamentos eólicos do pagamento de ICMS até 31 de dezembro de 2015. Além disso, garantiu financiamentos dos bancos públicos em que tem mando ou influência.
DILMA DEU O SOPRO INICIAL
A exploração econômica do vento no Rio Grande do Sul começou em 1999, quando Dilma Rousseff, secretária de Energia do governo Olívio Dutra (1999 2002), mandou medir a velocidade desse fenômeno meteorológico tradicionalmente associado ao folclore regional.
Sem dados concretos sobre o potencial eólico, não seria possível atrair investidores dispostos a montar usinas de produção de eletricidade.
Os primeiros contatos para elaborar o Atlas Eólico gaúcho foram feitos no segundo semestre de 1999, quando se realizou o primeiro seminário sobre a energia eólica no RS. Nesse evento apareceram pela primeira vez os espanhóis da Elecnor que mais tarde fundariam a Ventos do Sul Energia, com sede em Porto Alegre e base operacional no litoral norte. Antes disso, apenas a CEEE, dirigida por Telmo Magadan no governo de Antonio Britto (1995-1998), havia feito alguns movimentos para iniciar a exploração dos ventos no Rio Grande do Sul.
Coordenado pelo engenheiro elétrico Ronaldo Custódio dos Santos, funcionário da Secretaria de Energia que na época fazia mestrado em energia eólica, o primeiro protocolo para medição dos ventos no RS envolveu a CEEE e a empresa alemã Wobben Windpower, que possuía uma fábrica de componentes eólicos em Sorocaba e montaria uma parceria com a Elecnor.
Para fazer o trabalho de campo, foi contratada a empresa Intercâmbio Eletro Mecânico, do imigrante Hans Dieter Rahn, que desde a década de 1950 mora em Porto Alegre, onde representa uma fábrica alemã de anemômetros (medidores da velocidade do vento).
Em 2001, havia 21 torres recolhendo dados no litoral e no interior gaúcho.
Em 2002, esse número chegou a 34 torres, as primeiras medindo a velocidade do vento a 50 metros de altura, outras a 75 metros e as mais novas com 100 metros. Armazenados na Secretaria por Anderson Barcelos, jovem funcionário que se tornaria assessor direto de Dilma quando ela ascendeu ao ministério do presidente Lula e depois chegou à Presidência, os números deram origem ao Atlas Eólico do Rio Grande do Sul.
Publicado em 2002, esse documento-gigante identificou um potencial para gerar 15 840 MW em solo firme com aproveitamento mínimo de 30% da potência dos aerogeradores, considerando-se úteis os ventos acima de 7 metros por segundo a 50 metros de altura. Esse potencial de geração representava quatro vezes a demanda média do Estado na época. Entretanto, nas medições que se seguiram, concluiu-se que, quanto mais alto fosse instalado um aerogerador, melhor seria o seu rendimento, pois é longe do chão que os ventos sopram mais fortemente. Por isso o pioneiro projeto da ventos do Sul Energia em Osório, que inicialmente previa torres de 75 metros e aerogeradores com capacidade de 1,5 MW, foi alterado para operar a 100 metros com geradores de 2 MW.
Com o sucesso do parque eólico de Osório, que opera desde fins de 2006, outros investidores encomendaram medições dos ventos à IEM do velho Rahn e a outras empresas como a Camargo Schubert, de Curitiba, responsável pelo Atlas do Potencial Eólico do Território Brasileiro (Eletrobrás, 2001).
Os levantamentos confirmaram o que se sabia desde a chegada dos primeiros colonizadores portugueses – em fevereiro de 1727, o “mau tempo” (chuvas e ventos) impediu por dez dias a entrada a frota do brigadeiro José da Silva Paes, fundador de Rio Grande, no canal de ligação da Lagoa dos Patos com o Atlântico.
Os ventos gaúchos são mais intensos na segunda metade do ano. No litoral são mais fortes no período da tarde; no interior, sopram mais à noite. Predominam os ventos do leste e do nordeste com velocidades médias anuais de 5,5 a 6,5 metros por segundo. Ventos de mais de 7 m/s sopram de Imbé para o sul e também na Campanha, onde predominam o aragano ou pampeiro (em 60% do ano) e o minuano (40%, mais no inverno). Não por acaso, foi nas coxilhas de Sant’Anna do Livramento que a Eletrosul, sob a direção do engenheiro Custódio dos Santos, se tornou a primeira estatal a produzir energia eólica, desde meados de 2011.
EÓLICAS TAMBÉM INCOMODAM
Os estudos ambientais realizados em Santana do Livramento começaram em 2008. Foram necessárias várias licenças dos órgãos de fiscalização, como Fepam, DEMA e ICMBio. Embora o complexo eólico não esteja na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, um trecho da linha de transmissão atravessa porção da APA, o que provocou mudanças no traçado original.
Segundo a geóloga Bibiane Michaelsen, contratada para realizar a supervisão ambiental da UECC, antes do início das obras foi feito o monitoramento da fauna durante um ano para identificar locais de reprodução, nidificação e alimentação de espécies, obedecendo ainda uma distancia mínima de 600 metros desses locais e 400 metros das residências, devido ao ruído e à sombra provocada pelos aerogeradores.
A disposição desalinhada das torres obedece critérios técnicos mas, sobretudo, segue orientações dos estudos ambientais.
A recuperação de áreas alteradas durante as obras e o monitoramento mensal das aves e morcegos se estenderá até 2015.
No livro sobre a Usina Cerro Chato (reprodução abaixo) podem ser vistos alguns animais comuns da Campanha, como as cobras, tatus, lebres, ratões do banhado, lagartos, além de milhares de espécies de aves e os animais de criação como gado, ovelhas e emas.
Antes, durante a construção do Parque Eólico de Osório, os órgãos ambientais (Fepam e Ibama) exigiam apenas estudos para evitar interferência na vida das aves migratórias.
Depois se viu que a operação dos cataventos interferia na vida dos morcegos e dos sapos. E também se concluiu que os estudos prévios deviam levar em consideração os humanos que habitam os arredores.
No Ceará, pioneiro na exploração dos ventos para geração de eletricidade, o Ministério Público Federal denunciou diversos problemas socioambientais como devastação de dunas, aterramento de lagoas, interferência em aquíferos.
Em outros países o aumento dos conflitos sociais gerados pelos grandes parques eólicos intensificou os estudos sobre os impactos dessa modalidade de negócio.
Na Alemanha, aerogeradores foram obrigados a parar de funcionar em horários matutinos em que as pás produziam um giro de sombras no interior das residências vizinhas. Para evitar reclamações, os investidores passaram a construir geradores em torres dentro do mar.