Era uma passeata normal do Fórum Social Mundial (este ano Temático), com todos aqueles grupos organizados, seus cartazes, seus slogans, suas camisetas, suas músicas, suas palavras de ordem; todos procurando chamar atenção pra seus temas.
A marcha durou cerca de uma hora e meia, reunindo mais de 12 mil pessoas, que percorreram a Avenida Borges de Medeiros, da esquina democrática até próximo ao anfiteatro pôr-do-sol, Centro de Porto Alegre. Entre as cobranças mais comuns estavam os protestos contra o novo código florestal, que contou com coreografias teatrais – um enterro do meio ambiente era encenado na rua; no final de cada ato, mudas de plantas eram entregues ao público.
Também ficou evidente a divisão em blocos, como num desfile de escola de samba, mas aqui com vários carros de som, e algumas bandas – desde latas até baterias que poderiam tocar numa mini escola de samba.
Na metade do trajeto, políticos se juntaram a marcha, no setor dos trabalhadores, liderados pelo governador Tarso Genro e o prefeito José Fortunati, eles integraram a marcha até quando a chuva se apresentou.
A banda que animava o último reduto do desfile, tinha atrás de si um coletivo desigual, que não portava cartazes e não tinha uniforme. Quando a chuva desabou, a banda correu para baixo do viaduto da Borges. Eram dois trombones, dois trumpetes e uma pequena bateria. O desfile de protesto virou carnaval, festa, celebração, meninos rolavam no leito encharcado da Borgers. A certa altura uma mulata puxou a camiseta e aqueles peitos saltaram… Ainda não vimos a imagem. Parece quefotógrafos, que eram muitos, já se haviam recolhido.
O temporal dispersou a multidão, em cerca de 20 minutos a chuva forte alagou ruas próximas e deixou boa parte da região central sem luz, aumentando os transtornos no trânsito nas vias bloqueadas para a caminhada.
Por Elmar Bones e Tiago Baltz
Imagens da marcha: Ayrton Centeno, Tiago Baltz e Velci Matias
Tag: Forum Social Temático
Fórum da educação aborda crise capitalista
O Salão de Eventos da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul recebeu nesta terça-feira, 24, mais de 300 pessoas para a abertura do Fórum Mundial de Educação (FME).
Sérgio Haddad, do movimento Ação Educativa (Brasil), abriu a primeira mesa de debates, cujo eixo central tratou da crise capitalista, suas causas, impactos e consequências para o mundo da educação. Haddad contextualizou a evolução histórica do sistema capitalista e destacou a importância de analisar com calma a crise e como os movimentos sociais que estão em constante organização tem ocupado papel importante no processo de identificação de soluções potenciais. Ele disse, ainda, que essa crise converge num momento muito particular e que seus reflexos ainda não chegaram aos países emergentes como o Brasil.
Entretanto, alguns sinais da crise já podem ser observados nesse cenário, como a onda de imigração de haitianos para o Brasil que está se formando devido à intensa redução da qualidade de vida naquele país. “Sem serviços públicos adequados a distância de cada país é maior a cada ano e as diferenças entre os indivíduos também aumentam. A mídia internacional tem mostrado o aumento do número de pobres e de milionários, o que cria um espaço muito grande entre esses dois tipos de indivíduos”.
Haddad criticou ainda o quanto o modelo capitalista tem criado uma crise de natureza conceitual onde o valor das pessoas se dá pelo consumo e sua relação com o mercado, que por sua vez produz bens para satisfazer cada vez mais essa falsa necessidade. “O valor está naquilo que indivíduo tem, aquilo que ele usa, quanto ele tem no banco e não no que ele realmente é. Esse modelo está criando uma crise civilizatória”, completa.
Haddad chamou a atenção também que o sistema capitalista é insustentável em relação à questão ambiental, social e econômica por se pautar na separação dos povos entre os países e entre indivíduos do mesmo país. Sobre o modelo de “esverdear” a economia, Haddad colocou que há um grande avanço no movimento que é válido, mas que a profundidade da crise exige que se pense em outro modelo com outros valores alternativos. “Ações individuais são importantes, mas as grandes corporações devem assumir suas responsabilidades socioambientais. Não podemos nos satisfazer apenas com uma roupagem ambiental”.
Nélida Cespedes (CEAAL, Peru), iniciou sua participação focando na preocupação que os educadores devem ter para não formarem apenas consumidores. Ela reforçou a ideia de que a crise civilizatória se expressa em todos os aspectos da vida, em todo o planeta e consequentemente será também percebida na educação. Nélida compartilhou experiências com o público e questionou “Que articulações estamos fazendo ou propondo no âmbito local ou nacional em termos de justiça, democracia e justiça ambiental?”.
Finalizando a primeira mesa de debates a educadora das Filipinas Gigi Francisco, destacou que o modelo capitalista de educação que é baseado em acúmulo financeiro e contratos sociais voltados para o consumo está se quebrando em diversos lugares do mundo. “Outro modelo de educação que valorize mais cursos com questões mais humanas seria uma forma mais produtiva de formação”, ressaltou Gigi Francisco.
Além dos representantes de movimentos ligados à educação de diversos estados brasileiros, participaram também educadores de Portugal, Peru, Chile, Bélgica, Espanha, Itália, África, Haiti, Uruguai, Bolívia e Argentina. Sob a coordenação de Leslie Campaner de Toledo a primeira atividade do FME contou com a participação de educadores ligados a atividades alternativas de educação.
O FME segue nesta quarta-feira, 25, com a mesa “Justiça ambiental: práticas educativas para a construção de um outro mundo possível”.
Fórum terá mais de 700 atividades
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Um Fórum, dois mundos: legitimidade do Fórum Social Mundial é questionada
Por André Guerra
Ativistas ligados a movimentos sociais alegam que o FSM teria se transformado em um “megaevento”.
“A coisa toda me parece, cada vez mais, um megaevento, como uma Olimpíada ou Copa do Mundo: um formato fechado, uma periodicidade definida e um alto investimento para acontecer. O fórum se tornou um evento que não faz a pergunta necessária: será que ainda está realmente servindo como espaço de organização para os movimentos sociais?”, critica Rodrigo Guimarães Nunes. Ele é PhD em filosofia pela Universidade de Londres, editor da revista internacional Turbulence e membro do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre.
Guimarães Nunes tem um histórico considerável em participações no Fórum Social Mundial: participou ativamente na organização de todas as edições de Porto Alegre, desempenhando várias funções de 2001 a 2005. Em 2003 e 2005, ele foi organizador do Acampamento Intercontinental da Juventude e, em 2005, organizador do espaço Caracol Intergalactika. Além disso, Guimarães Nunes participou dos Fóruns Sociais Europeus de Paris (2003), Londres (2004) e Atenas (2005). No Fórum de Londres, ele esteve envolvido no processo de organização do evento principal e dos espaços autônomos.
Representatividade social
“A partir de 2004, o movimento global entra em refluxo, e a dinâmica do FSM se descola, se torna auto-referencial. Nesse meio tempo, ele passou a funcionar menos como um espaço de articulação a serviço dos movimentos, e mais como uma ferramenta na mão de seus organizadores, que passam a se posicionar como ‘mediadores’ entre os movimentos e os governos, usando o fórum para se cacifarem politicamente”, analisa Guimarães Nunes.
Em outras palavras, os ativistas consideram que, justamente quando a verdadeira representatividade social do fórum diminuiu, ele teria começado a se fazer passar por legítimo “representante” das reivindicações por transformações sociais. Um exemplo disso seria a apresentação de governos progressistas eleitos como a realização das reivindicações sociais de dez anos atrás. Na visão dos ativistas, isso seria uma forma limitada de compreender os anseios dos movimentos populares.
“O fenômeno da ‘falsa representação’, que ocorreu desde o início, se torna mais forte quando o movimento global recua. Daí a prática, por exemplo, de abrir os fóruns com a presença de presidentes como Hugo Chávez, Evo Morales e etc. Nada contra eles, mas o problema é que, se quisermos ter mediadores entre nós e o governo, gostaríamos de poder escolhê-los, e não tê-los indicados pela organização do fórum”, explica Guimarães Nunes.
Para os ativistas, o espaço deveria resgatar a capacidade de mobilização social, colaborando para identificação coletiva das dinâmicas necessárias às transformações sociais e ultrapassar a questão meramente eleitoral.
“Não quero diminuir em nada os muitos méritos desses governos progressistas, mas o FSM deveria servir para a organização e fortalecimento dos movimentos sociais entre si. Parece que ninguém, dentro do FSM, se pergunta por que os movimentos estão cada vez menos interessados no fórum, por que as lutas mais novas não veem nele um espaço relevante e etc.”, alerta Guimarães Nunes.
Esvaziamento popular
Como exemplo do que representaria um “esvaziamento” do fórum, Guimarães Nunes lembra que eventos ocorridos no mundo, em 2001, influenciaram diretamente o engajamento popular no fórum de 2002. Entre os eventos citados, ele traz as manifestações ocorridas em Gênova, na Itália, contra a reunião do G-8. Em função do encontro das potências, durante os dias 19 e 22 de julho daquele ano, o movimento antiglobalização organizou dezenas de protestos nas ruas de Gênova. Os protestos foram reprimidos com grande violência pela polícia local, resultando na morte do manifestante italiano de 23 anos, Carlo Giuliani, atingido pelo disparo feito por um policial contra a multidão.
“Compare: 2001 foi o ano da dura repressão ao G8, do 11 de setembro e da crise da Argentina. Em 2002, Porto Alegre estava cheia de italianos, estadunidenses e argentinos, gente comum, não lideranças ou intelectuais. Eram pessoas que consideravam aquele espaço importante. Se fosse hoje, você teria uma pessoa da Espanha, uma da Tunísia, uma do Egito e uma dos Estados Unidos, todas convidadas pelos organizadores para contar algo sobre a Primavera Árabe, sobre o Occupy. Mudou o FSM ou mudou o mundo? Principalmente o mundo, mas o FSM não acompanhou”, pontua Guimarães Nunes.
Isolamento
Os ativistas também levantam a questão de o fórum ter se tornado um evento estruturalmente dependente de grande apoio financeiro e governamental, o que inviabilizaria a função de promover o diálogo e a democratização das relações onde isso fosse realmente necessário.
“O fórum tornou-se uma dinâmica independente dos ritmos e das demandas dos movimentos sociais: para se viabilizar, ele necessita de um alto investimento, tornando-se dependente de financiadores. Uma coisa que ninguém parece perceber é que jamais ocorrerá um FSM num local em que esteja havendo um conflito mais intenso. E isso é óbvio. Como ele depende de altos investimentos e do apoio dos governos locais, ele só pode ir a lugares ‘amigos’. Mas uma convergência de forças como um fórum mundial não seria muito mais importante em um lugar onde estivesse ocorrendo um conflito?”, questiona Guimarães Nunes.
Novos horizontes
Os ativistas pontuam, ainda, que o FSM seria um espaço de um movimento mais amplo, criado pelos movimentos sociais a partir de seus próprios espaços de convergência. Para os ativistas, eventos dessa linha deveriam partir de “questões mais imediatas, organizados pelos interessados mais diretos, com metodologia apropriada a seus fins e sem ter ambições de ser aquilo que engloba todas as outras manifestações”. Além disso, eles enfatizam que o fórum não possui a mesma relevância produzida em suas primeiras edições.
“O FSM foi uma experiência enriquecedora nessa história e ainda há muitas lições para extrair de sua trajetória, de seus erros e acertos. Mas, atualmente, ele vale muito mais por aquilo que foi há dez anos atrás do que por qualquer relevância efetiva que realmente ele tenha hoje”, encerra Guimarães Nunes.
Diretor-geral da ONU abre programação do Fórum Social Temático
Garantir acesso a alimentos em quantidade e qualidade para todas as populações é o tema da primeira atividade do Fórum Social Temático (FST), que começa na terça-feira (24), às 8h30, com a palestra do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano, no Palácio Piratini, em Porto Alegre.
Está será a primeira atividade de Graziano no Brasil após assumir o cargo.
O colóquio “A importância da sociedade civil para a Segurança Alimentar e Nutricional” contará com a participação do governador Tarso Genro; do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e conselheiro do CDES nacional Alberto Broch; do presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea) do RS, Miguel Medeiros Montaña; e do conselheiro do CDES-RS, Sérgio Schneider, professor associado do Departamento de Sociologia da Ufrgs.
A atividade é organizada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social gaúcho, com apoio do Consea e da FAO.
Preparando a Rio+20
O tema segurança alimentar e nutricional está entre as questões prioritárias do documento inicial da Conferência Rio+20, divulgado pela ONU no dia 10 de janeiro, que reúne contribuições de diversos países e vai nortear as discussões durante a Conferência, em junho de 2012, no Rio de Janeiro.
Dilma vem, mas vai ter que ouvir
Está confirmada a participação da presidente Dilma Rousseff no Fórum Social Temático (FST), que acontece entre os dias 24 e 29 de janeiro nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Ela será a estrela do painel “Diálogos da Sociedade Civil com os Governos”, no dia 26 de janeiro, às 19 horas, no Gigantinho. A presidente vai dividir o palco com seu colega uruguaio José Pepe Mujica – que volta a Porto Alegre dois meses depois de ter sido recebido pelo governador Tarso Genro.
O nome do debate no qual os mandatários latino-americanos vão estar não é decorativo. Nele será aberta uma janela para que as organizações possam apresentar ideias e proposições sobre os rumos de cada um dos países e do bloco regional como um todo.
“Estamos discutindo uma metodologia de trabalho para permitir essas intervenções. Mais do que saber o que os países pensam em fazer queremos que o Estado ouça os movimentos sociais”, pontua o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Celso Woyciechowski, que pertence ao Comitê Organizador do evento.
Escutar as demandas das organizações vai ser um desafio para Dilma Rousseff. A presidente vem sendo atacada por movimentos ecologistas por estar a frente de um governo cujas políticas de desenvolvimento – assim como as costuras partidárias necessárias no governo de coalizão – muitas vezes atropelam o cuidado com o meio ambiente.
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e a recente aprovação do novo Código Florestal certamente serão alvo de questionamentos. “A presença das presidente representa a possibilidade que teremos de apresentar nossas críticas ao modelo de desenvolvimento do Brasil e da maior parte do mundo, que não é sustentável. E Belo Monte está no centro dessa discussão”, alfineta Woyciechowski.
Outro elemento indicativo de que a presidente deve estar preparada para ser questionada é o fato de que o Fórum Social Temático é um evento preparatório para a Cúpula dos Povos da Rio+20, a conferência que vai refletir sobre as duas décadas que se passaram desde a Eco92.
Apesar de o lema deste ano ser mais amplo – Crise capitalista, justiça social e ambiental – o FST vai ser dominado por atividades relacionadas à preservação da natureza. Mesmo debates que abordem os demais assuntos anunciados no subtítulo do evento serão abordados sob a ótica ecologista.
Um exemplo será o Fórum Mundial da Educação, um encontro paralelo que também está ligado ao Fórum Social Mundial. Ainda que a discussão se centre, naturalmente, no sistema educacional e suas problemáticas, ela será atravessada pelo tema meio ambiente.
“Sabemos que educação e meio ambiente estão fortemente relacionados. Nosso desafio vai ser justamente mostrar esse vínculo, como os problemas na natureza afetam a educação e como podemos trabalhar diante dessa realidade”, analisa o coordenador do evento, Albert Sansano Estradera.
Também fazem parte da programação atividades do Fórum Mundial de Saúde e do Fórum de Mídia Livre.
Cidades, habitação e água como subtemas
Outro exemplo de que todas as discussões serão permeadas pela temática da Rio+20 é a forma como as atividades nas cidades da Região Metropolitana foram organizadas. Ainda que tratem de questões diversas, elas estão intimamente ligadas à ecologia.
Em Canoas, os seminários vão abordar a questão das Cidades; São Leopoldo concentrará as abordagens sobre Habitação e Novo Hamburgo sediará as reflexões sobre Água.
Assembleia dos movimentos sociais, que será realizada no dia 28, às 13h, no mezanino da Usina do Gasômetro, vai definir os encaminhamentos para a Rio+20. “Queremos entregar um documento com propostas concretas de acordos para este outro evento”, ponderou outro organizador do FST, Mauri Cruz.
Novos líderes terão espaço próprio
Além dos chefes do Executivo brasileiro e uruguaio, o Fórum Social Temático vai receber participantes tradicionais do evento – mais de 400 conferencistas estão sendo esperados.
“Teremos aqueles convidados históricos como Leonardo Boff, Boaventura de Souza Santos, Ignacio Ramonet e Frei Betto”, anunciou o membro do Comitê Organizador, Mauri Cruz.
São ativistas que deverão atrair um público estimado entre 20 e 50 mil pessoas. O destaque, entretanto, para Cruz, serão os encontros diários com as “novas lideranças políticas mundiais”, como ele se refere.
Trata-se dos protagonistas dos movimentos contemporâneos que mais tem questionado o modelo econômico e político mundial vigente. São membros do Ocuppy Wall Street, que condena a concentração de riquezas e de poder nas mãos dos integrantes do sistema financeiro, dos Indignados, cuja mobilização pede uma renovação nas ideias e propostas dos governos europeus, e integrantes das revoluções que deram origem à chamada Primavera Árabe, a sequência de manifestações populares que derrubou ditaduras longevas em países como Egito e Líbia e que mantêm a população vigilante em outras nações do norte da África e do oriente Médio.
“Será uma troca muito rica entre os jovens de hoje e os que protagonizaram a ECO92, que já estão mais velhos”, aponta Cruz.
As conferências dos novos líderes mundiais acontecerão diariamente das 12h às 14h no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, no final da tarde, na Casa de Cultura Mario Quintana.
A programação completa do Fórum Social Temático pode ser acessada aqui: http://www.fstematico2012.org.br/imagens/programacao.pdf
Por Naira Hofmeister
Entenda o Fórum Temático
Cidade onde nasceu os Fóruns Sociais Mundiais (FSMs) — que há mais de dez anos represente um espaço de articulação da sociedade civil global — Porto Alegre sediará, entre 24 e 29 de janeiro, um evento similar, embora sem a mesma relevância, chamado Fórum Social Temático.
O tema do encontro é “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”. As discussões vão se dar em torno de atividades inscritas pelos próprios participantes e num conjunto de reuniões preparatórias para a “Cúpula dos Povos” — um encontro autônomo na Rio+20, em junho, paralelo à reunião dos chefes de Estado na Rio + 20.
Significa que as atividades do FST 2012 vão debater questões referentes a esses três temas: a crise capitalista que atinge a Europa, e a busca por justiça social. A proximidade da cúpula da ONU para o desenvolvimento sustentável (Rio+20), que acontece em junho, no Rio de Janeiro, e a Cúpula dos Povos, reunião alternativa à Rio+20, colocam a pauta ambiental em evidência e motivam a formulação pelos movimentos sociais de propostas alternativas às que serão apresentadas pelos governos.
Desde 2005, o Fórum Social Mundial ocorre apenas bianualmente. Nos anos pares do calendário, há, ao invés de um grande encontro de convergência, eventos menores, espalhados pelo mundo. Em Porto Alegre, há quem proponha que a cidade volte a sediar, a partir de 2013, o que já foi um encontro mundial das alternativas.
O Fórum temática de 2012 é organizado por um grupo de movimentos e organizações sociais brasileiras e internacionais com apoio do Conselho Internacional do FSM e que contam com o apoio dos Governos Brasileiro, Gaúcho, da UFRGS, Assembleia Legislativa do RS e das prefeituras das quatro cidades anfitriãs.
FST 2012 abre calendário de eventos preparatórios para Cúpula dos Povos
O Fórum Social Temático 2012 será o primeiro de uma série de eventos preparatórios para a Cúpula dos Povos, em junho, no Rio de janeiro.
A Cúpula dos Povos será uma reunião paralela de movimentos e ativistas sociais e ambientais que vão apresentar propostas alternativas ao documento produzido na cúpula das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável, a Rio +20.
No FST 2012, 9 Grupos Temáticos já estão reunidos em torno dos temas relevantes à questão do desenvolvimento sustentável.
Quem quiser participar da discussão pode se inscrever em dialogos2012.org.
Confira abaixo, a agenda de eventos:
24 e 29 de janeiro de 2012
Fórum Social Temático
Tema: Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental
Porto Alegre e Região Metropolitana – RS
Fórum Mundial de Educação Temático Justiça Social e Ambiental
Porto Alegre e Gravataí, RS
www.forummundialeducacao.org
28 a 31 de março
VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental
Centro de Convenções
Salvador – BA
http://midiasocial.rebea.org.br/foruns-de-ea
15 a 23 de junho de 2012
Cúpula dos Povos na Rio+20 Por Justiça Social e Ambiental
Aterro do Flamengo
Rio de Janeiro – RJ
www.cupuladospovos.org.br
20 a 22 de junho de 2012
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento sustentável – RIO+20
Riocentro Convention Center
Rio de Janeiro – RJ
www.rio20.info/2012
Abertas inscrições para o Acampamento da Juventude do FST 2012
Faltam 28 dias para ter início o Fórum Social Temático 2012 – o evento está previsto para ocorrer de 24 a 29 de janeiro. O prazo único de inscrições, porém, termina bem antes – na primeira sexta-feira do próximo ano, dia 6 de janeiro.
Esta é a data limite tanto para quem deseja apenas assistir à programação quanto para aqueles que pretendem desenvolver iniciativas no encontro – atividades autogestionárias, participação como voluntário ou mesmo garantir espaço para a própria barraca no Acampamento da Juventude.
O Acampamento da Juventude ocupará o tradicional espaço já ocupado em outras edições de Fóruns, no Parque Harmonia, região da orla do Guaíba, em Porto Alegre. O valor da inscrição é de R$ 20,00 e dará direito à participação nas atividades do FST 2012.
Todos os participantes receberão uma bolsa e uma caneca de plástico reciclada. Para fazer a sua inscrição, entre em http://www.fstematico2012.org.br/acampamento.
A organização do FST 2012 aproveita para lembrar que inscrições para todas as demais modalidades de participação no FST 2012 só terão validade quando feitas no site oficial do evento, em http://www.fstematico2012.org.br
A edição do FST tem como temas Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental e é preparatória à Cúpula dos Povos da Rio+20 – em maio e junho de 2012, no Rio de Janeiro. Os debates irão contemplar questões relacionadas a movimentos sociais em todo o mundo, desigualdades políticas e sociais, além da situação econômica e ambiental.
O Comitê Organizador do FST destaca a necessária reinvenção do mundo, com respostas para o agravamento da crise social nas economias centrais e contra a desigualdade e a crise ambiental. Porto Alegre e Região Metropolitana serão o ponto de encontro para tais debates.
O objetivo do comitê e “tornar a capital gaúcha sede permanente de discussões, onde se possa debater e refletir sobre as desigualdades e injustiças políticas e sociais, fazendo um contraponto ao Fórum Econômico realizado em Davos, na Suíça”. A ideia é firmar Porto Alegre como referência nesses temas e que todos os anos o debate por outro mundo possível, que se consolidou desde o primeiro FSM, no ano de 2001, aconteça aqui, independentemente de se realizar em qualquer outra parte do mundo.
Outros destaques do FST serão o Fórum Mundial de Educação, a Feira de Economia Solidária e a Aldeia da Paz, que pretendem servir como exemplos de espaços de sustentabilidade ambiental e social.
Os Grupos Temáticos se encontrarão em Porto Alegre nos dias 25 e 26 de janeiro de 2012 para a sistematização dos debates. Nos dias 27 e 28 de janeiro haverá articulação dos vários diálogos entre si ao redor dos eixos temáticos. Para estes encontros já estão confirmadas mais de 200 atividades.
As ações podem ser promovidas por pessoas ou entidades e precisam se encaixar em um dos quatro eixos temáticos fundamentais do evento:
Eixo1 – Fundamentos éticos e filosóficos: subjetividade, dominação e emancipação.
Eixo 2 – Direitos Humanos, povos, territórios e defesa da mãe terra.
Eixo 3 – Produção, distribuição e consumo: Acesso às riquezas, bens comuns e economia de transição.
Eixo 4 – Sujeitos políticos, arquitetura de poder e democracia.
As atividades podem acontecer em uma das quatro cidades que receberão o FST 2012, sendo elas Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo. O proponente deve também escolher a cidade onde realizará sua ação, entre as quatro.