Comerciantes brasileiros participaram de uma audiência pública no final de novembro, promovida pela Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais (CMAI), da Assembleia Legislativa, para debater o comércio entre os países do Mercosul, principalmente a possibilidade de instalação de lojas francas, os freeshops nas cidades de fronteira. A proposta está prevista no projeto de Lei 6316/2009, do deputado federal Marco Maia (PT/RS), em tramitação na Câmara Federal, e no projeto substitutivo do deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB/RS). Também estavam presentes prefeitos, vereadores e parlamentares.
O projeto, que autoriza a instalação de lojas francas nas áreas urbanas dos municípios localizados na linha de fronteira do território nacional com o Uruguai, Paraguai e Argentina, é considerado prioritário para estancar o empobrecimento e êxodo populacional dessas regiões. Nele, são beneficiadas as cidades de Quaraí, Santana do Livramento, Aceguá, Jaguarão, Chuí (fronteira com Uruguai), Uruguaiana (fronteira com Argentina) e Foz do Iguaçu (no Paraná, fronteira com Paraguai).
A CMAI irá encaminhar uma carta de apoio à aprovação urgente do substitutivo aos deputados federais gaúchos e às comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e Constituição e Justiça, da Câmara Federal. O objetivo é garantir que o projeto possa ser aprovado em todas as instâncias sem necessidade de passar pelo Plenário.
O projeto e o substitutivo permitem que estabelecimentos brasileiros credenciados recebam o mesmo tratamento tributário que recebem os instalados nos países vizinhos. “Estas áreas podem ser caracterizadas como economias regionais atualmente isoladas dos centros dinâmicos e de decisão nacionais e com potencial de desenvolvimento reprimido por esta situação”, justifica o texto. O comércio tipo freeshop é responsável pelo extraordinário desenvolvimento urbano das cidades uruguaias, paraguaias e argentinas de fronteira em função da geração de novos empregos que promoveu ao longo do tempo.
Por outro lado, as chamadas cidades gêmeas do lado brasileiro, empobreceram e continuam perdendo habitantes. Segundo dados da Receita Federal, os brasileiros gastaram nos freeshop’ das cidades vizinhas, em 2009, cerca de R$ 1 bilhão. Na justificativa do projeto, o parlamentar proponente cita o exemplo de Santana do Livramento que, nos últimos 15 anos, perdeu cerca de 400 empresas de médio e grande porte, provocando desemprego para cerca de 10 mil pessoas. (Com Assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa)
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Aumentam apreensões de mercadorias na Fronteira
“É comum termos de confiscar ar condicionado que custa 320 dólares por que o comprador não quis pagar o imposto, que é de 50% sobre os 20 dólares que excederam a cota individual, ou seja, 10 dólares, explica o inspetor, que trabalha há 16 anos em Livramento.
Entre os itens apreendidos em novembro estão cinco mil projéteis calibres .22 e .12, cujo portador foi preso por tráfico internacional de armas; um carro com 593 litros de bebidas alcoólicas e de energéticos no valor de mais de 10 mil reais; outro veiculo com 188 frascos de perfumes avaliados em cerca de 15 mil reais; uma ambulância com defensivos agrícolas, um caminhão que ia para Caxias do Sul transportando em um fundo falso carregamento de queijo; um ônibus carregado de produtos contrabandeados que tentava ingressar na cidade para abastecer os camelôs, e produtos unitários como ar-condicionados e outros eletrodomésticos. Tudo é encaminhado para o depósito da Receita Federal e, posteriormente leiloado em outros municípios.
Um dado importante, segundo o policial, é que por questões legais não há possibilidade de fazer declaração fiscal e pagar o imposto na PRF. Somente os postos da Receita Federal podem fazer a declaração e emitir o boleto para o pagamento do imposto. Nesse caso os bens são retidos. E se forem vários produtos cuja soma de valores ultrapassar a cota sem ter sido pago o imposto, tudo é apreendido.
“Alguns pensam que, caso sejam descobertos, poderão deixar alguns produtos até ficar na quota, mas isso também não acontece porque tudo é retido”, completa.
Valdir lembra também que a cota de 300 dólares, via terrestre, e de 500 dólares, via aérea, é individual, portanto é proibido dividir o valor de uma mercadoria em mais de uma cota.
Em hipótese alguma é permitido transportar defensivos agrícolas, armas, munições, qualquer tipo de medicamento e veículos automotores. Alimentos e objetos cujas quantidades e finalidades caracterizam comércio de importação, sem o devido registro e pagamento de impostos, também são confiscados.
Poucos declaram à Receita
As mercadorias apreendidas na Polícia Rodoviária Federal são colocadas em um depósito da Receita Federal e, posteriormente, são leiloadas, para pessoa física ou jurídica.
“Uma alternativa para diminuir o contrabando e as compras no país vizinho seria reduzir os impostos que incidem sob as mercadorias fabricadas no Brasil”, acredita Valente.
Uísque à base de cachaça
“Fizemos várias apreensões de bebidas, perfumes e bolsas que emitam marcas famosas e caras. Nós mandamos fazer uma análise em algumas bebidas falsificadas e constatou-se a presença de fragmentos de cigarros, insetos, um tipo de caramelo usado como corante e álcool etílico da pior qualidade”, revela Valente. “Não é por nada que eles ficam instalados bem na linha divisória. Além de ser o principal caminho de acesso às lojas uruguaias, qualquer ação policial no local, os ambulantes cruzam a fronteira e os agentes não podem fazer mais nada. Minutos depois todos estão de volta”, completa.
Por todas as ruas centrais de Livramento e Rivera há muitos menores vendendo dvds, meias, isqueiros e outras mercadorias fruto de contrabando.
Como acontece todos os anos, em dezembro a Associação dos Freeshops de Rivera realiza a “Noite Mágica”, quando o comércio volta abrir as portas às 20h e só encerra as 2h da madrugada. Uma oportunidade a mais para os turistas adquirirem produtos com descontos. Este ano o evento ocorre no dia 21.
A reportagem tentou ouvir o presidente da Associação dos Freeshops de Rivera, o empresário Gandhi Abdullah, mas sua assessoria não retornou o contato. (Por Cleber Dioni Tentardini)