Campanha tenta estancar crise dos jornais

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) lançou uma campanha de valorização do jornal como veículo de informações e anúncios.
A ideia em si, de uma campanha de marketing, para fazer frente à grave crise que atinge os jornais com a perda compulsiva de leitores e anunciantes, já revela o equívoco.
As primeiras peças que começaram a ser veiculadas nos jornais na quinta feira, 21, não deixam dúvida.
A ANJ acredita que o jornal ainda é o centro do universo informativo e que se souber valorizar isso pode ser beneficiado com as novas mídias. Como? Com uma campanha mostrando para as pessoas como o jornal é importante na vida delas.
Ou seja, a ANJ faz questão de continuar ignorando que jornal vem se tornando irrelevante para as pessoas desde muito antes da internet.
A crise, na base de tudo, é de um modelo de jornal sustentado pelos anunciantes que chegou ao seu esgotamento, com a crescente submissão do noticiário aos interesses do anunciante, em detrimento do leitor.
A necessidade de controles estritos levou a uma hierarquia rígida e a uma homogenização das redações. Jornalistas confiáveis, que não ficam furungando assuntos inconvenientes, têm ascensão garantida.
E o resultado é que os jornais cheiram mal nas bancas, de tão velhos. A profundidade de suas matérias e opiniões é tal que, como diria Nelson Rodrigues, “uma formiguinha atravessa com a água pela canela”.
A “imprensa nanica” já escancarou esse quadro na década de 1970, mas os jornalões contaram com a obsequiosa colaboração do regime militar para esmagar aquela semente de jornalismo independente, que se esgueirava pelas frinchas da ditadura e entre os dedos de uma imprensa acomodada.
A docilidade foi bem recompensada e seguiu-se um longo e generoso ciclo de crescimento para os grupos escolhidos. Esse é o ciclo que chega ao fim.
Se há chance para os jornais, ela exige uma revolução de método, na maneira de apurar e transmitir a informação, na organização das redações, para chegar a um novo conteúdo.
Sem isso, que só seria possível dentro de outro “modelo de negócio”, as campanhas de marketing têm o efeito de um esparadrapo num talho infeccionado. (E.B)

Crise no marketing do Banrisul ameaça Prêmio ARI

A Associação Riograndense de Imprensa já marcou o dia 8 de dezembro, no Teatro Dante Barone, para a entrega do tradicional Prêmio ARI, que em 2010 chega a sua 52a. edição, inabalável na condição de “mais importante distinção da imprensa gaúcha”.
Os premiados deste ano, porém, talvez recebam somente diplomas e troféus. A premiação em dinheiro ainda não está garantida, pois o Banrisul, que patrocina o ARI há 13 anos, não quer renovar o contrato alegando a necessidade de cortar custos de publicidade e marketing.
O corte nas verbas foi determinado em agosto, depois que o ministério público e a polícia federal tornaram públicas as investigações para apurar o desvio de verbas, via superfaturamento, que teria causado, prejuízos de mais de R$ 10 milhões ao banco, nos últimos 18 meses.
Estima-se que os gastos com propaganda e marketing do Banrisul cheguem aos R$ 60 milhões em 2010.
O patrocínio do Prêmio ARI este ano está orçado em R$ 105 mil, 70% dos quais se destinam à premiação dos melhores trabalhos em cada uma das 13 categorias em que se divide o certame.
Nos primeiros 34 anos do Prêmio Ari, o patrocinador foi a Caixa Econômica Estadual. Com a extinção da Caixa, parte de suas atividades foram absorvidas pelo Banrisul, que passou também a patrocinar o prêmio.