RBS "desapega" do jornalismo para continuar crescendo

O presidente da RBS, Eduardo Melzer, está certo: mudar não é opcional, é questão de sobrevivência para os grupos empresariais que têm origem nos meios tradicionais de comunicação – rádio, tevê e jornal.

Ante as “transformações radicais” provocadas pela internet, os meios precisam se reinventar, sem dúvida.

As dúvidas começam quando se tenta ver os rumos da mudança, que envolve a maior empresa de comunicação do Sul do país

Em sua carta aos funcionários, Melzer menciona “os ajustes que precisam ser feitos para continuarmos crescendo”. Aí estaria incluida a demissão de 130 funcionários, “principalmente da operação dos jornais”.  Se a maioria forem jornalistas, como se diz, sinaliza uma direção.

Melzer diz, com razão, que “os modelos tradicionais estão altamente desafiados”. Não diz, mas se presume: os jornais impressos, mais que tudo.

Por outro lado, há um “mundo novo” conformado pelo  “avanço tecnológico e a forma de consumir mídia” quenunca geraram tantas oportunidades e tanta abertura para a inovação”.

Como o grupo vai enfrentar a crise anunciada dos jornais? A medida concreta é o corte de custos. O jornal Zero Hora passou por uma reforma radical recentemente, mudou até o nome para ZH. Graficamente, ficou mais limpo, mais simétrico, mas com menos espaço para as notícias (a coluna política foi reduzida em quase um terço).

A prometida qualificação do conteúdo não ocorreu, a não ser pontualmente. O grau de independência aos interesses comerciais e políticos também não aumentou.

Embora proclame diariamente nos editoriais sua disposição para a imparcialidade, o noticiário é usualmente engajado.

A reforma da Zero Hora começa agora a ser replicada em outros jornais do grupo “Nesta quarta-feira, 6,  Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina entram também nessa nova fase”. O grupo tem dez títulos impressos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O que não é dito: a crise do jornalismo impresso não decorre só da internet.  É mais ampla: é também a crise de um modelo de negócio, em que o jornalismo é sustentado pela publicidade. Desfazer-se do papel, não vai alterar o desgaste desse tipo de jornalismo num universo em que a palavra vai ser: credibilidade. E na televisão, onde a RBS é lider inconteste há décadas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina?  “Teremos nesse ano as 18 emissoras com equipamentos totalmente renovados e tecnologia de última geração, cobrindo com sinal digital o Rio Grande do Sul e Santa Catarina antes do prazo determinado pelo governo federal”. E no rádio, origem do grupo? “Em rádio, nosso alcance cresceu com o lançamento da Gaúcha Serra, da Gaúcha Santa Maria e da Gaúcha Zona Sul. O rádio também tem feito um excelente trabalho na internet”. Melzer faz profissão de fé “no jornalismo de qualidade, na comunicação e no desejo cada vez maior por conteúdo de entretenimento diferenciado”. A decisão, diz ele,  é “investir em atividades e negócios que geram resultados positivos e deixando de fazer o que não agrega para nossa empresa e para o mercado”.

Melzer faz questão de dizer que a RBS “não passa por uma crise financeira”. Os investimentos visam um “redesenho da nossa operação”, buscando “velocidade e despreendimento”, qualidades que nem sempre favorecem o jornalismo de qualidade. Provavelmente favorecem o “conteúdo de entretenimento diferenciado”.

As decisões não são impensadas, obviamente. Há um ano o grupo analisa e propõe caminhos para seus “negócios e atividades”, segundo diz Melzer. “Eu me envolvi pessoalmente nesse processo. A partir do que vimos, fizemos investimentos importantes que ajudam a deixar clara a nossa crença no negócio”.

A opção é explícita: “Dobramos as equipes dedicadas ao digital, tanto nas redações quanto no Tecnopuc, e triplicamos os investimentos nesta área. Até o fim do ano, só no Tecnopuc, em Porto Alegre, teremos quase 100 profissionais trabalhando exclusivamente na criação de soluções digitais para nossos produtos, em especial para os jornais”.

A e.Bricks, lançada em São Paulo há três anos, marcou a aposta da RBS no negócio digital: “Lançamos o Early Stage, um fundo para impulsionar ideias em tecnologia – um negócio contemporâneo que atrai empreendedores em busca de parceria para crescer. O fundo deve chegar ao final do ano com 16 empresas no portfólio”.

Através da e.Bricks, opera a Wine, “que já é a maior empresa de vinhos online do mundo, tanto que estamos agora preparando sua entrada no mercado internacional”.

Muitos funcionários da RBS são sócios da Wine, “agora poderão também ser da Have a Nice Beer, o maior clube online de cervejas da América Latina, que está vindo para o Grupo”.

Segundo Melzer, “dois exemplos de inovação e empreendedorismo que marcam a nossa gestão” são: 1) O HypermindR, um centro de pesquisa no Rio de Janeiro, que vai desenvolver softwares para medir hábitos do consumidor. E o segundo diz respeito ao nosso modelo de gestão de pessoas, baseado na meritocracia. As ferramentas que desenvolvemos para dar mais transparência aos planos de carreira tornaram-se benchmark para muitas empresas e agora serão disponibilizadas ao mercado através da Appus, um negócio que nasceu aqui, dentro do RH”.

,Segundo Melzer a situação exige “coragem, energia e desapego para deixar de fazer coisas que não agregam e investir no que pode nos fazer crescer”. 

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Levy diz que não retoma Gazeta Mercantil

“A Gazeta Mercantil vai ser retomada pelo empresário Luiz Fernando Levy”. Essa é a manchete que circula nos bastidores da imprensa em São Paulo há dois dias, sem confirmação.
Nelson Tanure, atual proprietário, que há cinco anos comprou o jornal de Levy, enfrenta dificuldades no projeto e quer devolvê-lo, segundo essas versões. Há até uma data para a mudança: 1º. de junho.
Nós conversamos com Levy, por telefone, sexta-feira à noite. Eis um resumo do que ele disse:
“Infelizmente está acontecendo, mas é bem complicado. O Tanure quer devolver, mas é uma coisa unilateral, por enquanto. No fundo a gente não desliga da Gazeta, mas pra mim é definitivo: a hipótese da minha participação não existe. É uma decisão pessoal, familiar. Não vou ter ações de uma empresa de comunicação!”
Prossegue Levy:
“Algum tipo de solução vai ter que ter. Nada comigo. Evidentemente há esse espírito de renascer, eu estou disposto a contribuir. Mas tem que ver o que vai ser, não pode ser pior do que já foi. Minha participação? Pode ser num conselho editorial, num projeto sério. Mas sem envolvimento financeiro”.
Acompanhe nosso noticiário sobre o assunto.

Gaúchos ensinam a negociar com chineses

Empresas que pretendem fazer negócios com a China estão procurando os técnicos e dirigentes da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) para conhecer a experiência deles com os chineses.
Na última quarta-feira, 03/09, representantes do consórcio que vai construir a Hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, estiveram em Porto Alegre.
Experiência pioneira desperta interesse de grupos nacionais
Há três anos, a CGTEE, subsidiária da Eletrobrás no Rio Grande do Sul, fechou um contrato pioneiro com a Citic, estatal chinesa, para construção da Fase C, da Usina de Candiota, que vai queimar carvão para gerar 350 MW.
Os chineses financiam a obra, orçada em US$ 400 milhões, fornecem o equipamento que está sendo fabricado em oito indústrias na China e montam a usina.
É a primeira experiência no Brasil de uma parceria que envolve o governo dos dois países e está atraindo o interesse de grupos nacionais dispostos a explorar as oportunidades de negócios com a China na área de energia.
O primeiro a querer conhecer a experiência dos gaúchos com os chineses foi o grupo Vale, responsável pela termelétrica de Barcarena ( duas unidades de 300 MW) também a carvão. Em junho, representantes do grupo estiveram em Porto Alegre para um encontro técnico com o pessoal de Candiota. Eles já agendaram um novo encontro de 16 a 19 de setembro.
Na última quarta-feira, 03/09, foi a vez de representantes do Consórcio que vai construir a hidrelétrica de Jirau, de 3.300 MW, no Rio Madeira. O Consórcio é formado por quatro empresas (Suez Energy Brasil, Chesf, Eletrosul e Camargo Correa) e está em negociação com a Citic, estatal chinesa,  para o fornecimento de equipamentos para o megaprojeto em fase inicial de implantação no Rio Madeira, na Região Norte do Brasil.
O encontro visou a troca de experiências referentes à relação técnico-comercial com empresas e fabricantes chineses.
Os representantes do Consórcio foram recebidos pelo presidente da CGTEE, Sereno Chaise, pelo diretor Técnico e de Meio Ambiente, Luiz Henrique Schnor,e pela equipe da UGP – Unidade de Gerenciamento da Fase C, em Porto Alegre. Ficou estabelecida a seqüência de contatos para aprofundamento da troca de informações e experiências entre os dois projetos.
Participaram do encontro pela UGP, o coordenador Hermes Ceratti Marques, Antônio Augusto Linhares, Delcio Moretti, Zeca Moraes e Giuseppe Rovatti, este da Unidade de Apoio Técnico. Pelo Consórcio o gerente de Negócios Matheus Amorim (Suez), Eduardo Manoel da Mota Silveira (Chesf), Phebus Dourado
(Camargo Corrêa) e Luiz Palma (Leme Engenharia – contratada do consórcio).