Pepsi promove consulta sem esclarecer o que vai fazer na Redenção

Quem passa pelo parque da Redenção no fim de semana já notou o stand azul e vermelho da Pepsi, e o slogan “Eu amo Porto”, copiando aquele recurso gráfico do coraçãozinho no lugar do verbo.
Moças e rapazes distribuem panfletos e cupons para votar na “consulta popular” que a empresa está fazendo para eleger obras que vai realizar no parque. Em momentos de empolgação, os atendentes chegam a prometer “uma nova Redenção”.
Na verdade, toda a divulgação do que será feito é bastante vaga. O cupom para votar oferece três alternativas genéricas: mais esporte, mais lazer ou mais cultura.
A votação pode ser feita também na Internet. No site, um título: “Uma declaração de amor a Porto Alegre que vai dar cara nova aos cartões postais da cidade”.
O texto diz que “ a marca quer dar um passo adiante na restauração do Parque Farroupilha e pede ajuda da população portoalegrense” ,para escolher “o próximo presente para o cartão postal da cidade”.
A página seguinte, “para votar”, tem uma imagem do Parque (Monumento ao Expedicionário), o slogan da campanha e um texto:
“A Pepsi Ama Porto. Ama tanto que vai realizar restauros no cartão postal da cidade, o Parque Farroupilha. Além de colocar iluminação e segurança a Pepsi quer mais. Agora os gaúchos vão escolher qual será o próximo presente para o parque mais popular de Porto Alegre. O projeto escolhido será patrocinado na íntegra pela Pepsi”.
Há outras referências a “projetos”: “Para votar escolha seu projeto favorito e preencha os campos abaixo”. “Vote aqui no seu favorito”.
Mas o voto, ilustrado com imagens do parque, oferece as três alternativas genéricas: mais esporte, mais lazer ou mais cultura.
As obras que a Pepsi vai fazer no parque fazem parte do Termo de Adoção firmado com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ( SMAM).
Foi assinado em 2008 e prevê a revitalização da Orla do Guaíba e da Redenção, em troca da veiculação de publicidade nesses locais.
No ano passado, o foco foi a orla. No site diz que desde 2008 a Pepsi promove “uma restauração das margens do Guaíba e que promove até dezembro atividades voltadas para música (apresentação de instrumenstistas, pista com MCs, circo (com oficinas de malabares e esporte, basquete ciclismo, entre outras”.
Em 2009, começam os projetos na Redenção. A primeira melhoria – restauração do chafariz – foi concluída em março e custou R$ 200 mil.
Segundo o supervisor de praças e parques da SMAM, Luiz Alberto Carvalho Júnior, a “consulta popular” que a Pepsi está fazendo é para decidir as próximas melhorias.
Em qualquer das alternativas, as obras a serem feitas não correspondem ao que promete a propaganda, quando fala em “dar uma cara nova” ao parque.
Se vencer a primeira alternativa ( mais lazer) serão feitos:
-um bicicletário, um chimarródromo e restauração de recantos.
Se vencer a segunda alternativa: (mais cultura):
– restauração de monumentos, bibliotecas ambulantes e áreas de leitura.
Se vencer a terceira alternativa (mais esporte):´
– melhorias no estádio Ramiro Souto e uma nova pista de caminhada.
O supervisor da SMAM afirma, que além do projeto ganhador da consulta, a Pepsi assumiu outros compromissos, tais como a renovação da iluminação e de floreiras, a colocação de placas de sinalização, o restauro do recanto do ancoradouro e marcação da pista de corrida.
Apesar de constar no site da empresa que ela colocará segurança no parque, Luiz Alberto alerta que isso é de responsabilidade da Brigada Militar e da secretaria de segurança, uma vez que o local é público.
Investimento é de R$ 600 mil até abril
A Sinergy Novas Mídias é co-adotante do parque e da Orla junto com a pepsi. É uma agência de propaganda que trabalha com mídias não convencionais.
Eles são os responsáveis por fazer a gestão da verba que a Pepsi investe. O diretor geral, Eduardo Ferreira disse ao jornal JÁ que o termo de adoção prevê aplicação de R$ 1,4 milhão, valor que, deduzidos os impostos, reduz-se a R$ 1,1 milhão, por ano.
Em abril de 2009 completou um ano do acordo e o valor (R$ 1,1 milhão) foi investido na orla e no chafariz, que foi a primeira obra feita na redenção. O chafariz custou R$ 250 mil ( R$ 50 mil a mais do que informou Luiz Alberto Carvalho, da Smam).
Para o próximo período, até abril do ano que vem, estão destinados para a Redenção pouco mais de R$ 600 mil (60% do total) para realizar as obras escolhidas na consulta popular e as melhorias definidas pela prefeitura.
Os restantes 40% (cerca de 400 mil) serão investidos na manutenção das obras já realizadas na orla.
Parque não terá painéis de propaganda
Embora esteja previsto no Termo de Adoção, a Pepsi não vai instalar out doors ou painéis fixos na Redenção. Pelo menos foi esse o compromisso assumido, perante a Prefeitura, com o Conselho de Usuários do Parque.
Lei para adoção de praças foi mudada este ano
Adoção de praças públicas por empresas privadas não é nenhuma novidade. Em Porto Alegre, cerca de 80 praças já são adotadas.
A lei que permite a doação de praças, parques, áreas e equipamentos de lazer e de cultura é de 1986, quando era prefeito Alceu Collares. Em contrapartida, as empresas podem veicular publicidade nos locais que adotarem.
A legislação, entretanto, sofreu modificação, aprovada pela Câmara dos Vereadores em março desse ano. Houve a ampliação da possibilidade de adoção, agora estendida para monumentos, rótulas e áreas verdes da malha viária, de elevados e de viadutos.
Além disso, a nova lei permite que mais de duas empresas, em consórcio, adotem uma mesma área, ou que uma entidade adote duas áreas diferentes.
A prefeitura , representada pela SMAM, fica com a responsabilidade de controlar a difusão de propaganda dos adotantes.
(Com reportagem de Daniela de Bem)

Cerca do Instituto de Educação vai tirar mais 1.600 metros do parque

Até o fim de janeiro estará concluída a cerca em torno do Instituto de Educação, aprovada como medida de segurança contra os freqüentes arrombamentos do prédio.. A obra executada pela CSM Construtora avança vagarosamente, com poucos operários trabalhando.
Serão 411 metros de pilastras e grades de ferro a quatro metros das paredes do prédio. Os quatro metros entre o muro e a parede serão observados mesmo na parte dos fundos onde já há uma cerca, que será derrubada.
Com esse novo espaço será possível criar um estacionamento para os carros dos professores, que hoje ficam no pátio interno, obrigando aos alunos no recreio brincarem no meio dos veículos.
No total serão mais 1.644 metros quadrados suprimidos ao parque, equivalentes a um terreno de 40 x 40metros. Nos últimos 100 anos, o parque já perdeu mais da metade do seu tamanho original, que está reduzido a menos de 37 hectares.
Enquanto isso, a população que o freqüenta é cada vez maior, principalmente nos fins da semana quando fica evidente que o parque não dá mais conta das necessidades de espaço verde na região.