A Polícia não tem qualquer pista do grupo que atacou na sexta-feira passada os caixas eletrônicos no Supermercados Zaffari, na rua Fernandes Vieira, bairro Bom Fim, em Porto Alegre
O delegado Joel Wagner, que comanda as investigações, disse ao JÁ que “talvez demore um pouco”.
As imagens colhidas pelas câmeras internas, até o momento, não permitiram qualquer reconhecimento.
Mesmo as imagens que vazaram para a imprensa não renderam nenhuma informação que pudesse levar à identificação de qualquer um dos quatro homens que aparecem.
Isso reforça a hipótese que o grupo, ou pelo menos os líderes, sejam de fora. O delegado Wagner acredita nisso. “Alguns deles, pelo menos”. O delegado Abílio Pereira concorda e acha que a precipitação na abordagem, que acabou frustrando o assalto, pode ser sinal de inexperiência.
O ataque ocorreu no início da manhã de sexta-feira, 27 de setembro.
Mais de cem tiros e armas pesadas foram disparados no confronto entre os assaltantes e os vigilantes que escoltavam os malotes de dinheiro.
A polícia diz que o assalto foi frustrado, os bandidos nada levaram. “Eles erraram o bote”, diz um investigador. “Foi a reação do colega que surpreendeu eles”, disse o vigilante que na terça feira reforçava a segurança no local.
Segundo ele, quando os homens avançaram atirando, um dos vigilantes atirou e acertou no peito de um deles. O colete à prova de bala salvou-o, mas o bandido recuou. Os vigilantes então se entrincheiraram atrás dos caixas eletrônicos e o tiroteio foi ouvido em toda a rua.
O delegado Abílio Pereira, que ouviu os guardas da Prossegur no dia, confirma: os bandidos se precipitaram e começaram a atirar ainda de dentro da garagem, os guardas tiveram tempo de se proteger e revidar. “Se eles tivessem chegado em cima, os guardas não teriam como reagir”, diz o delegado.
Ele foi a primeira autoridade a chegar ao local. Por casualidade, estava chegando ao supermercado, para comprar café. Estava com o carro da polícia, com o motorista, não quis entrar no estacionamento.
Estacionou na calçada vinte metros antes. Desceu, andou uns metros, ouviu o pipocar dos tiros. Correu de volta ao carro para pegar uma arma, mas já os dois carros dos assaltantes saiam cantando os pneus.
Pouco antes das nove horas, um Focus prata subiu a rampa da garagem do Zaffari. O motorista manobrou e deixou-o ao fundo, bem de frente para a rampa de saída. Tinha cinco homens dentro, mas os vidros escuros não deixavam ver. Um deles desceu e foi checar o banheiro, do outro lado. Encontrou a faxineira lavando o chão. Mostrou a arma e disse: “Fica aí e não sai”. Ela se encostou na parede e ficou tremendo. Em seguida ouviu os tiros, os gritos, a correria.
O carro forte da Prossegur encostou minutos antes das nove horas na frente do supermercado. O chaveiro “Gaúcho”, do seu quiosque na esquina, viu tudo. Saltou um guarda com a escopeta, olhou ao redor, em seguida desceram outros três com revólveres, um com o malote de dinheiro na mão. Tensos, olhando pros lados, atravessaram a rua e entraram no supermercado para alcançar a escadinha que leva ao primeiro andar, onde funcionam um café, uma loja de telefones e uma loja de chaves e fechaduras, junto à porta que dá para a garagem e os caixas eletrônicos, três do lado de dentro, um do lado de fora.
Estima-se que no mínimo 100 mil reais seriam colocados nos caixas, para o fim de semana. O chaveiro prestou atenção num homem encostado numa árvore que falou ao celular e se afastou rapidamente. Ele acredita que aquele era um dos comparsas avisando que os guardas estavam subindo com o dinheiro.
São quatro caixas eletrônicos: Banrisul, Banco do Brasil e Banco 24 Horas na parte interna, separada da garagem por uma porta pantográfica automática, e um do Bradesco junto à parede da garagem.
“Pressenti qualquer coisa errada nele”
Os policiais da Delegacia de Roubo procuram um homem de 1,70 m, mulato, magro, musculoso, “com cabeça de nordestino”. Ele é, possivelmente, o chefe do grupo.
A descrição do suspeito foi montada a partir de diversos testemunhos de pessoas que o viram (algumas falaram com ele) nos dias anteriores ao tiroteio que apavorou o Bom Fim.
A imagem do assaltante, captada pelas câmeras de segurança, está um pouco deformada, parece gordo, tem o rosto parcialmente encoberto, até agora tem sido insuficiente para a identificação.
Na véspera, à tarde, ele circulou numa moto pelas ruas no entorno do supermercado, usava um capacete velho e um surrado colete de motoboy. Fez perguntas sobre o trânsito (como se procurasse um endereço), queria saber onde havia um posto da Brigada Militar.
“Pressenti alguma coisa errada nele, tinha um olhar de mau”, diz o chaveiro Gaúcho, que há 30 anos é uma referência na esquina defronte ao Zaffari.
Rotina violenta
Às onze da manhã o sargento Mello já registrava a sexta ocorrência do dia. O furto de um celular, um homem com uma pedra que ameaçava os transeuntes, dois rapazes em atitude suspeita que os guardas do parque da Redenção trouxeram algemados…
O sargento comanda o postinho da Brigada Militar no parque. É um cubículo construído pela comunidade, junto ao mercadinho Bom Fim.
Ele dispõe de um rádio, para falar com a central do policiamento da capital, um telefone por onde recebe as denúncias e um computador, que no momento não está funcionando.
“Está bem tranquilo”, diz o sargento enquanto finaliza a anotação no boletim de ocorrência.
Num sábado assim, de sol, em que o parque se enche de gente, seis ocorrências até as onze horas “é pouco”, repete o sargento, do alto de seus 23 anos de policiamento ostensivo da Brigada Militar.
A redução das ocorrências começou há um mês, com a vinda reforços do interior, em rodízio. A cada mês vem um contingente de 200 homens para a capital.
Isso permite, por exemplo, colocar mais duas viaturas no entorno e mais duas duplas de policiais com bicicleta ou moto no interior do parque. É o que fez diminuir as ocorrências na área no último mês.
É um cobertor curto, porque no interior também falta policiamento, Mas não há melhor solução à vista.
Uma unidade como o 9º Batalhão, que responde pelo policiamento em 14 bairros, onde vivem quase 300 mil pessoas, tem 300 homens para um serviço que é exigido 24 horas por dia.
Há dez anos o 9º Batalhão tinha mais de mil soldados.
A falta de policiais não é privilégio do Bom Fim ou da região atendida pelo 9º BPM.
Estima-se que o contingente da Brigada Militar está desfalcado em cinco mil homens.
Depois de quatro anos, a Brigada Militar, que responde pelo policiamento ostensivo em todo o Rio Grande do Sul, está fazendo um concurso para admitir mais dois mil soldados, menos da metade do que precisa para completar seu efetivo.
Inscreveram-se vinte mil candidatos, 17.400 compareceram, porém apenas 2.500 foram aprovados nas provas de conhecimentos.
Desses, mais de 400 caíram no exame físico, ainda falta o psicotécnico e outros.
Provavelmente restarão pouco mais de mil, que serão incorporados em janeiro de 2015. Quando forem para as ruas, depois de oito meses de treinamento, já não preencherão sequer as vagas dos que se aposentaram ou se afastaram naquele ano.
POLÍCIA CIVIL
Três investigadores para dez bairros
A Décima Delegacia, um prediozinho de tijolo aparente na tranquila rua Jacinto Gomes, é para convergem todas as ocorrências de dez bairros, que abrigam mais de 200 mil moradores.
Há dez anos, a Décima tinha 34 funcionários, hoje tem 14, dos quais somente três são investigadores.
Nos três cartórios que ali funcionam, atendidos por seis funcionários, tramitam dez mil processos. As salas são cubículos, com móveis velhos, cadeiras quebradas. Há carência de gente, de equipamentos, de espaço.
“Esse prédio é uma vergonha. Isso aqui seria uma bela casa para um casal de idosos, mas uma delegacia…”, diz o titular da Décima, delegado Abílio Pereira, que já anunciou sua aposentadoria no fim do ano, depois de 36 anos na polícia.
O delegado considera que a situação da segurança está “fora de controle”. “Nessa região aqui tem uma legião de delinquentes, de todo o tipo, de todo o lado, aplicando golpes, roubando, agredindo.”
O delegado acha que, além da precariedade do aparato de segurança, há uma causa fundamental no aumento da delinquência: a impunidade. “Essa é a lenha da fogueira”, diz.
Muitos já nem procuram a polícia
O comissário Gerson está de pé atrás da mesa. Tem um ar cansado, mas é gentil. “Me diga um lugar onde a violência não está aumentando que eu vou pra lá”, brinca ele.
O comissário Gerson tem 53 anos, entrou aos 16 para polícia. Já trabalhou em todas as delegacias de Porto Alegre. Cristal e Glória foram as últimas, antes da Décima. “Não dá pra comparar: aqui é mais tranquilo”.
Ele diz que um foco de tensão se localiza na Vila Planetário, que resultou da regularização de uma antiga invasão. “Mas é pequeno, sob controle”.
O comissário diz que viveu duas polícias: uma até 1988, autoritária, arbitrária muitas vezes; outra depois da nova Constituição, mais limitada. Tem dúvidas se houve melhoras.
Hoje, ele deixou as ruas e como burocrata percebe que a violência se banalizou: o serviço interno diminuiu porque as pessoas, sabendo que a polícia não vai conseguir fazer nada, já não se dão ao trabalho de registrar as pequenas ocorrências.
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Associação quer fundo para sustentar a Redenção
Por Daiane Menezes
Falta de segurança, danos causados por eventos (sem contrapartida) e falta de funcionários. Estes são os principais problemas do parque da Redenção, constatados na reunião da Associação dos Usuários da Redenção com a atual gestora Sônia Medeiros Roland, na quinta-feira 5.
A utilização do parque para eventos culturais só pode ser feita mediante contrato que estabelece uma contrapartida para auxiliar na sustentabilidade do local e a responsabilização pelos possíveis danos causados. Há, porém, dois problemas. O primeiro: quando há pagamento, o dinheiro acaba indo para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que geralmente dá outra destinação à verba. Segundo: os produtores dos eventos geralmente se recusam a pagar pelos estragos.
“É muito difícil conseguir fazer com que paguem depois que a vistoria é realizada”, revela Sônia Roland.
A solução proposta pela Associação dos Usuários do Parque é a criação de um Fundo para a Redenção, para que todo o dinheiro que entre em função da realização de eventos seja investido no próprio parque. Também foi sugerido o estabelecimento de algum tipo de caução para a recuperação dos gramados e do que mais possa ser danificado, como bancos e monumentos, durante as programações não usuais.
“Os grandes eventos são os que mais maltratam o parque. Precisamos dar prioridade a eventos típicos e pensar melhor nos atípicos”, diz Roberto Jakubaszko, representante da associação.
Cogita-se, ainda, a possibilidade de destinar parte das arrecadações para a construção do Museu da Redenção.
Os problemas recentes e recorrentes como o roubo do Orquidário e atos de vandalismo no Minizôo passam pela ampliação do policiamento do parque e pela sua ocupação em horários alternativos. “O dia que o parque precisa de menos segurança, porque o próprio volume de pessoas circulando por ele a garante, é o dia que temos mais policiamento”, diz o ex-administrador da Redenção Clóvis Breda.
Representantes da Guarda Municipal participaram da reunião e se colocaram à disposição para ajudar a fazer um plano de policiamento para o local, levando em consideração o movimento dos turnos e dias no parque. Atualmente, existem duas duplas de guardas municipais a pé, uma viatura e seis guardas-parque se responsabilizando pela segurança, mas somente das 7h às 19h.
A Associação de Usuários propôs uma banca ao lado do Expedicionário, nos finais de semana, onde possam ser encontrados: um brigadiano, um guarda municipal, um guarda-parque, um funcionário da SMIC e um funcionário da SMAM. Assim, quando os problemas forem encontrados, como a presença de bancas clandestinas ou a venda de animais proibidos, a questão poderá ser rapidamente resolvida ali mesmo.
A questão do número de funcionários do parque responsáveis pela sua limpeza e conservação se complica com o passar dos anos. Atualmente são 22 funcionários. A Redenção já chegou a contar com 72. Há duas gestões atrás, ou seja, oito anos, eram mais de quarenta funcionários.
Além disso, a entrega das obras na fonte do parque continua indefinida e o projeto para a drenagem do parque continua sendo apenas um projeto no DEP. Com 15 minutos de chuva, o parque já fica empoçado e demora um dia para secar. Os cidadãos que querem aproveitar o local ficam prejudicados e os canteiros acabam estragados por conta dos desvios que as pessoas têm que fazer. “Acredito que o projeto está parado porque estão esperando para fazer as obras junto com a reforma do Araújo Viana”, diz Sônia. A previsão é que as reparações no auditório iniciem dia 15.
Brasília e o bom trato com os policiais
Por Wanderley Soares
Enquanto os policiais gaúchos sonham com a equiparação salarial com os seus colegas de Brasília, lá no Planalto vantagens maiores ainda são silenciosamente encaminhadas. Agora, a Câmara analisa o Projeto de Lei 4160/08, do deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), que prevê promoção automática, para a classe ou posto imediatamente superior, quando os policiais, civis e militares, do Distrito Federal passarem para a reserva ou inatividade. O benefício, que já é concedido aos militares das Forças Armadas, seria estendido também às carreiras da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.
Segundo a proposta, os proventos da inatividade civil ou militar serão revistos nos mesmos índices e nas mesmas datas das revisões das remunerações dos servidores em atividade. De acordo com, as estatísticas demonstram que a expectativa de vida desses profissionais está muito abaixo da dos demais servidores públicos. “Policiais e bombeiros exercem atividades de risco que provocam grande estresse em seu cotidiano. Por isso, a expectativa de vida entre esses profissionais não ultrapassa a faixa de 54 anos, enquanto, para os servidores comuns, ela passa dos 70 anos”, garante. A proposta será analisada, em caráter conclusivo, pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Com isso, constata-se que os policiais do RS, que recebem os mais baixos salários do país, não são de carne e osso como os de Brasília.
Susepe (1)
A Susepe está disponibilizando para os empresários do RS uma central de informações, junto ao DTP (Departamento de Tratamento Penal), para esclarecimentos sobre os PACs (Protocolos de Ações Conjuntas). Os empresários que contratarem apenados não terão nenhum encargo trabalhista e social, não descontam PIS, Cofins, não há pagamento de férias, 13º salário e também não há despesas com rescisão contratual. O sistema prisional do RS têm hoje 156 PACs, com um total de 2.060 presos trabalhando. Os empresários que precisarem de mais informações, podem entrar em contato com a Divisão de Trabalho Prisional da Susepe, pelo telefone/fax (51) 3288.7304 ou e-mail trabalhoprisional@susepe.rs.gov.br.
Susepe (2)
A Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), através do Dsep (Departamento de Segurança e Execuções Penais) está criando um espaço para os servidores inativos, oportunizando encontros, retomando vínculos, trocando informações e orientará na renovação da carteira funcional, procedimentos para a aquisição de armas de fogo, concessão de registro de arma nova, renovação de registro e transferência junto ao IGP e Polícia Federal. O Dsep está à disposição dos inativos através do e-mail dsepe@susepe.rs.gov.br e no telefone (51) 3288.7226.
Tiroteio
Uma mulher de 62 anos foi presa, ontem, por porte ilegal de arma no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre. Ela estava sentada na frente de casa portando um revólver calibre 38. A Brigada Militar foi chamada por causa de um tiroteio entre gangues em um ponto de venda de drogas e prendeu a mulher que estria dando cobertura para o seu filho, Rodrigo de Assis Medeiros, de 27 anos. Ao ver a mãe ser rendida e algemada, Rodrigo abriu fogo contra os policiais e acabou morto durante o enfrentamento.
Homicídios
O RS teve um assassinato a cada cinco horas em 2008, num toal de 1.641 casos, o que corresponde a um aumento de 4% em relação a 2007. O balanço foi publicado no site da Secretaria Estadual da Administração Pública. Dos dez municípios que registraram mais ocorrências, sete estão na Região Metropolitana de Porto Alegre. Houve aumento de mortes em Canoas e Viamão e dimuição em Alvorada. A capital aparece em primeiro lugar com 406 homicídios. Outro crime que teve aumento foi o furto de veículos. Três carros foram furtados ou roubados por hora no ano passado.
Diretor
O coronel da Brigada Militar Jarbas Rogério Vanin é o novo diretor do Departamento de Relações Institucionais e Comunitárias da Secretaria da Segurança Pública do RS. Este posto estava vago desde a aposentadoria do coronel Floriovaldo Pereira Damasceno, que foi para a reserva no ano que passou.
Ambiente
Hoje, às 17h, o tenente coronel da Brigada Militar Atamar Cabreira Filho assumirá o Comando Ambiental da Brigada Militar. Cabreira sucede no posto o tenente coronel Ladimir da Silva. A posse será na sede da unidade, na avenida Aparício Borges, 3850.
Assassino
Delegacia de Capturas prendeu, ontem, no centro de Cidreira, um homem de 39 anos acusado de ter assassinado, em Porto Alegre, um casal de irmãos. O crime ocorreu em 04 de dezembro de 2008 na Estrada dos Alpes, 1330, bairro Glória. Nesta data, o homem entrou na casa dos irmãos efetuando vários disparos. Volmir da Silva Ellias, 29 anos, e Joelma, 36 anos, morreram na hora. Uma terceira irmã, Rosângela, 41 anos, foi ferida nas pernas. O motivo do crime teria sido o vazamento de água em uma valeta aberta no chão batido da viela, já que o assassino era vizinho das vítimas.
Wander.cs@terra.com.br
Sonhos no entorno da segurança pública
A partir de Brasília, mesmo no campo da violência e da criminalidade, todas divagações parecem concretas.
Ontem, o secretário-adjunto da Segurança Pública, Rubens Edison Pinto, presidiu mais um encontro de planejamento da Confesp (Conferência Estadual de Segurança Pública), que será realizada em Porto Alegre, em julho de 2009. A reunião teve lugar no auditório da pasta da Segurança. Estiveram presentes ao evento autoridades e entidades ligadas ou interessadas no tema. Para a conferência de julho é prevista a participação de 1.200 pessoas, ocasião em que será projetada a participação do RS na Conferência Na-cional de Segurança Pública, marcada para o fim de agosto do próximo a-no, em Brasília. Sigam-me.
Radiografia
A Conferência Nacional de Segurança Pública, para o Ministério da Justiça e, especialmente, para a Senasp (Secretaria Nacional da Segurança Pública) é considerada como o maior e o mais importante fórum de discussão das atividades das policias no campo teórico e prático contra todo o leque da violência e da criminalidade. Na preparação deste acontecimento estão sendo mobilizados todos os municípios do país. A busca é de uma radiografia plena da questão.
Sem negar a importância sociológica, psicológica, antropológica, etnológica e tantos outros estudos das conferências regionais e da nacional, não posso negar meu ceticismo em torno de seus insondáveis resultados práticos, não obstante acredite, sem pestanejar, que no campo político a repercussão midiática será da maior importância para os atuais donos do poder.
Ilha
Fico imaginando, aqui da minha torre, delegados do Rio Grande do Sul atalhando as teses de seus colegas do Acre que, por sua vez, poderão apar-tear representantes de Santa Catarina que, com algum esforço, encontrarão afinidades com a delegação das Alagoas. E, por tais rumos, obrigo-me a lembrar que uma coisa é ser delegado em Gramado e, outra, é ser titular da DP de Soledade. Mas, conformemo-nos, pois a Conferência Nacional da Segurança Pública, em Brasília, é a realidade projetada para agosto de 2009. Mais um sonho a ser vivido na ilha da fantasia.
Fugas
Neste ano, 83 fugas de presídios do regime fechado foram registradas no sistema prisional gaúcho. O levantamento foi divulgado pela Susepe. Considerando que são os bandidos que têm a pretensão de dominar os presídios, o quadro não deverá ter alteração tão cedo.
Albergue
O secretário estadual da Segurança Pública, Edson Goularte, participou, ontem, da inauguração das obras de ampliação do albergue de Bento Gonçalves, localizado junto ao Presídio Estadual, naquele município. A ampli-ação permitirá a abertura de 110 vagas. O albergue, atualmente, abriga 262 detentos para uma capacidade de 96 apenados.
Assalto
A relojoaria e óptica Dallas, localizada na rua dos Andradas, centro da capital foi assaltada ontem. Um homem armado entrou no estabelecimento e levou objetos num valor estimados em CR$ 150 mil. Ninguém foi ferido.
Crime hediondo
Em Cidreira, a Brigada Militar prendeu dois homens que monitoravam duas crianças – um menina de sete anos e um menino de cinco anos – no tráfico de drogas. As crianças eram filhas de um dos traficantes. Foram apreendidas no local 119 pedras de crack e 30 trouxinhas de maconha.
Missão
Hoje, o Comando Regional de Policia Ostensiva Centro Sul e a Prefeitura Municipal de Guaíba, através da Secretaria de Trânsito, realizarão a forma-tura do Projeto Vida Segura. A iniciativa beneficiou 21 crianças pertencentes a estabelecimentos de ensino da região daquela região. Não obstante seja louvável iniciativas como essa, da Brigada Militar, tal missão deveria ser assumida pelas área de educação e cultura do Estado e dos municípios.
Banco
Para não escapar da rotina, cinco homens armados assaltaram, ontem, uma agência do Sicredi, em Gramado Xavier, no Vale do Rio Pardo. O bando fugiu em um Focus e um Kadett, levando um gerente do banco como refém. Um dos veículos e o servidor foram liberados. Foi o décimo primei-ro ataque a banco em 22 dias em dezembro.
Mundial
O diretor da 3ª DP Regional Metropolitana, com sede em São Leopoldo, delegado João Bancolini, recebeu uma homenagem do presidente da Asso-ciação World Tackwondo Chung do Kwan, no Brasil, o mestre Luiz Cezar Nunes, pelo incentivo as artes marciais, em especial das modalidades hap-kido e taekwndo, entre policiais daquela região do RS. Esta homenagem, inédita no Estado, é oferecida pela Federação Mundial Chung do Kwan se-diada na Coreia do Sul. Bancolini incentiva as artes marciais entre os mem-bros de sua equipe com o objetivo de evitar, ao máximo, o uso de violência nas operações que resultam em prisões.
Novo presídio de Caxias é dotado de sistema de segurança de última geração
Penitenciária de Caxias começa a ser ocupada quinta-feira
A Penitenciária Regional de Caxias do Sul, inaugurada em setembro, começará a ocupação na próxima quinta-feira (23), com 76 presos oriundos da outra penitenciária da cidade, a Industrial. A nova unidade prisional tem capacidade para 432 vagas, e a forma de transferência dos presos foi definida ontem em Caxias do Sul, em reunião entre o superintendente dos Serviços Penitenciários (Susepe), Paulo Roberto Zietlow, a juíza da Vara de Execuções Criminais, Magali Rabello Justin, e integrantes do Ministério Público.
A logística da ocupação agradou o Judiciário e o Estado, e ficou decidido o remanejamento de 30 presos condenados, 30 provisórios e 16 em isolamento. Os primeiros transferidos foram selecionados por terem um perfil mais tranqüilo e voluntários, para exercerem atividades na cozinha, lavanderia e na manutenção do presídio.
O superintendente da Susepe, Paulo Roberto Zietlow, destacou que o processo licitatório para instalação de grades nas galerias, e a construção de abrigo para as viaturas da Brigada Militar será concluído em 15 dias. Acrescentou que já mandou fazer o orçamento para a construção da muralha, que é uma exigência do Ministério Público e do Judiciário, e que os processos estão sendo discutidos na Comissão da Força-tarefa, para acelerar os trâmites, inseridos no Plano de Emergência do Sistema Prisional do Governo do Estado.
AL aprova vigilância eletrônica
Na sessão plenária de ontem(9), a Assembléia Legislativa aprovou por unanimidade (48 votos) o Projeto de Lei PL 106 2008, de autoria do Poder Executivo, que estabelece o uso de equipamentos de vigilância eletrônica em presidiários gaúchos, para casos específicos.
De acordo com o PL 106 2008, equipamentos como pulseiras e tornozeleiras com sensores controlados via satélite ou por sinais de radiofreqüência permitirão que seja realizado o monitoramento de detentos dos regimes aberto e semi-aberto, em prisão domiciliar ou com proibição de freqüentar determinados lugares.
Segundo o PL, a medida deverá ser aplicada a condenados por tráfico de drogas, terrorismo, crimes decorrentes de ações praticadas por organizações criminosas de qualquer tipo, homicídio qualificado, latrocínio, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante seqüestro, estupro, atentado violento ao pudor ou outra condenação cujo crime recomende tal cautela. A exigência se dará após determinação judicial, precedida de parecer do Ministério Público e da defesa. A proposição do governo do Estado teve como base um projeto similar de autoria do deputado Giovani Cherini (PDT) e foi aprovada com duas emendas da Comissão de Constituição e Justiça.
Do site da AL
Uma trama no sistema penitenciário gaúcho
Somente o poder de decisão do titular da pasta da Segurança poderá dar equilíbrio à administração da Susepe.
Ao assumir a SSP-RS (Secretaria da Segurança Pública) na manhã de 27 de julho último, um domingo tempestuoso em Porto Alegre, Edson de Oliveira Goularte recebeu equipes montadas por seu antecessor, José Francisco Mallmann, e, aparentemente, imexíveis (neologismo consagrado pelo Aurelião) na Brigada Militar, Polícia Civil e IGP (Instituto Geral de Perícias). Apenas na Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), cujo titular estava demissionário, Goularte deveria impor um nome de sua escolha pessoal. Isso, até agora, não aconteceu. Um complexo que envolve três mil funcionários responsáveis pelo controle de cerca de 27 mil apenados, está com um superintendente interino, fato preocupante para a sociedade mas que parece não ser prioridade nem para o Piratini, nem para a pasta da Segurança. Nos bastidores, no entanto, a discussão sobre quem deverá conduzir a política penitenciária determinada pela governadora Yeda Crusius está efervescente. Sigam-me.
A trama
Nas últimas horas, o nome com maior respaldo político para assumir a Susepe é o do atual ouvidor-geral da Segurança Pública do RS, Adão Paiani. Ele é tucano como a governadora, tem o apoio das lideranças dos servidores da instituição e, até mesmo, de significativos segmentos da Polícia Civil e da Brigada Militar. Mas Paiani não é o nome da preferência de Goularte e, se ele for o escolhido, seria a primeira derrota importante do titular da Segurança. Há dois outros obstáculos: 1º – Paiani está plenamente satisfeito com a sua atividade na Ouvidoria; 2° – O apoio que recebe de significativos segmentos das organizações policiais é para que ele, assumindo a Susepe, deixe de ter chance de chegar a secretário da Segurança Pública durante o governo de Yeda, pois, por ora, é notório o enfraquecimento de Goularte. Esta trama só poderá ser desfeita se Goularte tiver, de fato, poder de decisão.
Bonés
A tentativa de roubo de um caixa eletrônico em usina hidrelétrica de Cotiporã surpreendeu a policia da Serra gaúcha. Aliás, a polícia gaúcha, diariamente, é sacudida por surpresas. Todos os bandidos usavam luvas, toucas e bonés. Eles portavam fuzis e metralhadoras e renderam vigilante da usina 14 de Julho. O grupo não conseguiu levar o caixa eletrônico porque o cabo de aço amarrado ao equipamento e a um caminhão se rompeu. Um erro técnico dos homens de bonés.
Máquinas
Ontem, em Novo Hamburgo, nas ruas Minuano e Oiapoque, bairro Liberdade, PMs realizaram operações de combate a jogos de azar, quando foram abordados dois estabelecimentos comerciais. No total foram apreendidas seis máquinas caça-níqueis. Todo o material foi recolhido ao 3° BPM.
Gado
Uma quadrilha de abigeatários foi desarticulada, na madrugada de ontem, no Vale do Taquari. Dois homens foram flagrados, em Boa Vista do Sul, levando dez cabeças de gado furtadas no município de Estrela. Na noite anterior, a policia apreendeu 31 animais furtados em uma propriedade de Harmonia. A delegada de Bom Retiro do Sul, Flávia Frai, coordenou a in-vestigação e disse que os quadrilheiros agiam também no Vale dos Sinos e na região da Serra.
Tráfico
Seis pessoas envolvidas com tráfico de drogas foram presas, ontem, em Montenegro. Foi numa operação conjunta entre a policia civil e a Brigada Militar. O grupo era investigado há 20 dias. Houve a apreensão de mais de 100 pedras de crack, além de objetos eletrônicos e jóias.
Crime e castigo
Um PM à paisana matou a tiros assaltante e feriu outro, na noite de quinta-feira, ao ser vítima de uma tentativa de assalto na RS-118, em Cachoeirinha. O PM estava de moto com a esposa e foi abordado por dois homens que estavam em outra motocicleta. O bandido ferido fugiu.
Execuções
Paulo Volni Pereira da Cunha, de 52 anos, foi morto dentro de casa, em Esteio. Segundo a policia, um homem chegou e chamou a vitima. Quando Volni abriu a janela foi baleado. O atirador fugiu. Desde a noite de quinta-feira, quatro pessoas foram assassinadas na Região Metropolitana.
Bancos
Na manhã de ontem, dois homens assaltaram a agência do Banco do Itaú localizada no Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre, na área central da Capital. A agência do Itaú da Praça da Alfândega, no coração de Porto Alegre, também foi assaltada. Em Pelotas, quatro quadrilheiros atacaram a agência do Bradesco no centro da cidade. Eles entraram pela garagem, renderam os vigias e funcionários, que foram trancados no cofre. O grupo fugiu em um carro roubado. Apesar do aumento da violência, o Grupo de Trabalho de Segurança Bancária, coordenado pela Secretaria da Segurança Pública, integrado pela Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, bancos, bancários e vigilantes, não se reúne desde o dia 6 de março.
Estado perde peritos para o Acre por causa dos baixos salários
Cleber Dioni
Peritos criminais querem resposta do governo
O Sindicato dos Peritos Oficiais da Área Criminal do Estado pediu audiência com o secretário de Segurança do Estado, Edson Goularte, para retomar esta semana as negociações salariais com o Governo, paralisadas desde a saída do delegado da Polícia Federal José Francisco Malmann. O dia ainda não foi confirmado.
A presidente da entidade, Cristiane Marzotto, afirma que as conversações iniciaram em julho, no dia 11, com a entrega ao então secretário Mallmann e à governadora Yeda Crusius uma “Carta de Alerta” relatando as conseqüências da baixa remuneração e do atraso nas promoções da categoria.
Segundo ela, os baixos salários estão fazendo com que os servidores busquem outras atividades ou se transfiram para outros estados, que estão pagando salários mais atraentes, como Santa Catarina, Distrito Federal e Acre. Em alguns estados, os salários chegam a ser cinco vezes maiores.
“O perito responde civil e criminalmente pelo laudo pericial que emite, sem remuneração adequada os profissionais procuram outras atividades. A estrutura da segurança púbica não pode aceitar a diminuição de seu quadro funcional por baixos salários, isso vai acabar inviabilizando a eficiência do trabalho pericial, policial e judiciário”, ressalta.
Hoje, o Estado possui 134 peritos criminais, sendo que 100 atuam em Porto Alegre e 16 nos quatro postos do Interior, quatro em cada um – Pelotas, Santa Maria e Passo Fundo e Caxias do Sul. Dos que atuam na Capital, alguns estão em atividades administrativas.
O governo do Estado tenha abriu concurso público para contratar 55 peritos criminais, incluindo a abertura de novos postos regionais, mas a representante sindical teme que mais peritos acabem se desiludindo com a profissão devido à remuneração.
O salário inicial de um perito criminal está por volta de R$ 2.700,00. No âmbito nacional, o Rio Grande do Sul é o penúltimo ou antepenúltimo em salários, segundo Cristiane.
Excetuando a área de abrangência dos postos, hoje os peritos de Porto Alegre atendem a todo o Estado e em algumas ocasiões, têm de se deslocar a Uruguaiana ou a Marcelino Ramos, por exemplo.
“A degradação de material biológico é obvia quando demoramos para realizar a coleta mas, o que realmente faz a diferença é a preservação do local do crime, que é incumbência da Brigada Militar e da Polícia Civil até a chegada do perito. Quanto mais demorado o atendimento mais profissionais ficam sem atender outras ocorrências e mais difícil evitar o acesso da população, muitas vezes emocionada. A demora no atendimento priva, também, os agentes da Policia Civil das informações que são passadas pelo perito na cena do crime e que via de regra podem auxiliar na investigação de autoria do crime.”
Os profissionais reclamam também do atraso nas promoções e reivindicam a inclusão dos quadros do IGP na Lei Britto. Segundo a presidente da Acrigs, com exceção dos primeiros grupos que solicitaram o aumento e não obtiveram êxito, a maioria dos funcionários que acionaram a Justiça já estão recebendo os adicionais.
“Estamos falando de profissional muito qualificado. O perito tem na hierarquia da segurança pública posição similar à do delegado de Polícia e dos oficiais da Brigada Militar. O trabalho da perícia oficial é o que dá suporte, dentro do inquérito presidido pelo delegado, ao promotor de Justiça para a formação de seu posicionamento e para a efetivação da prova”, completa Cristiane.