A orquestra, seu Coro Sinfônico, cantores, atores e bailarinos convidados se preparam para apresentar o espetáculo “Chimango”. Essa é a primeira vez que o poemeto homônimo de sátira política, lançado em 1915 por Ramiro Barcellos, é montado em forma operística. Com música de Arthur Barbosa e libreto de Alpheu Godinho, a obra será interpretada nos dias 17 e 18 de outubro, às 20h, e no dia 19 de outubro às 18h. Os ingressos custam entre R$10 e R$40 e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro.
Às vésperas do seu centenário de lançamento, o poemeto “Antônio Chimango”, uma das joias da literatura regional, será apresentado em forma de musical pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Nos dias 17 e 18 de outubro, às 20h, e no dia 19 de outubro, às 18h, a orquestra, seu Coro Sinfônico, cantores, atores e bailarinos levam ao palco do Theatro São Pedro a adaptação da sátira política escrita pelo médico, jornalista e político Ramiro Barcellos (1851-1916) sob o pseudônimo de Amaro Juvenal. Com música de Arthur Barbosa e libreto de Alpheu Godinho, o Musical Chimango (baseado no poemeto) é a primeira montagem em forma operística do texto. Os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 40 e já estão à venda na bilheteria do teatro.
O enredo de “Antônio Chimango”, lançado em 1915, gira em torno da ardilosa ascensão na política sul-rio-grandense de Antônio Augusto Borges de Medeiros, Presidente da Província do RS e adversário de Barcellos. O contexto histórico é a passagem do Império para a República. “No poema, Borges de Medeiros é transformado num personagem fracote, sem vontade, submisso e incompetente. Um anti-gaúcho, se formos considerar o mito criado em torno do homem rio-grandense”, afirma Alpheu Godinho. Arthur Barbosa completa: “é uma crítica incisiva sobre o governo da época, fala de inimizades políticas de Barcellos. O texto acaba sendo muito atual por satirizar quem briga pelo poder”.
Godinho assumiu liberdades poéticas ao adaptar a obra para os palcos, criando um libreto com humor e leveza comparável às operetas bufas. Barbosa inspirou-se em grandes orquestras de milongas e tangos do início do século XX para compor a música. “Apesar de o texto de Barcellos já ter sido apresentado em peças teatrais e musicais, nunca foi feita uma montagem em forma de opereta com tanta gente em cena. São quase cem pessoas”, reforça o músico, que será também o regente da orquestra na ocasião.
Quem encarna Chimango é o versátil ator e bailarino Raul Voges, que atuou nos musicais “O Apanhador”, “Godspell, a Esperança” e “Lupi, O Musical”. O pequeno Vinicius de Costa interpreta o papel-título na sua infância. No elenco figuram expoentes da cena artística regional, como Sirmar Antunes, Alvaro RosaCosta, Alexandre Borin, Ricardo Barpp, Cintia de los Santos, Eduardo Alves, Simone Rasslan, Pedro Coppeti, Analu Bastos e Elaine Fraga. Participam também os músicos Matheus Kleber, no acordeon, e Edison Silva, com suas boleadeiras.
A direção cênica é de Marcelo Restori; a assistência de direção cênica, de Fábio Cunha, a coreografia, de Aline Karpinski (que também é uma das bailarinas do espetáculo, ao lado de Gabriela Garcia Maia e Julia Ludke); o desenho e operação de luz, de Cláudia de Bem; e os figurinos, de Liane Venturella. Manfredo Schimiedt rege o Coro Sinfônico.
Os ingressos custam R$ 10 (galeria), R$ 20 (camarote lateral), R$ 30 (camarote central) e R$ 40 (plateia), com descontos para seniores, estudantes e titulares do cartão Clube do Assinante ZH. A bilheteria do teatro funciona de segunda a sexta-feira, das 13h às 21h (quando não há espetáculos noturnos, das 13h às 18h30); nos sábados, das 15h às 21h, e domingos, das 15h às 18h. Mais informações pelo site www.ospa.org.br ou pelo telefone 32275100.
Saiba mais:
Sinfonia para um poema centenário – Alcy Cheuiche, escritor
Chimango é gavião campeiro da planície americana. Ave nativa que irmana, no lenço branco altaneiro, um partido brasileiro que abriu picadas na História, dividindo sua glória com o lenço colorado, irmãos do mesmo passado, que vive em nossa memória.
Chimango é também poesia, o livro de um trovador, versos de ódio e amor, gauchesca rebeldia; um poema que recria, cantado junto ao bandônio, a vida de um tal Antônio, Chimango por sobrenome, magro como o lobisomem, mesquinho como o demônio.
Antônio Chimango, o Poemeto campestre de Amaro Juvenal, pseudônimo do médico e senador Ramiro Barcelos, está no limiar do seu centenário de nascimento. Escrito para satirizar a ascensão política de Antônio Augusto Borges de Medeiros, foi publicado em 1915, quando o Chimango exercia um poder quase absoluto. E ninguém melhor que Ramiro para conhecer a intimidade de Borges de Medeiros, para ele usurpador da herança de Julio de Castilhos, uma vez que pertencia ao mesmo partido, o Republicano Riograndense.
O livro Antônio Chimango é irmão de outra obra famosa no extremo sul da América: o Martin Fierro, de José Hernandez. Ambos com cheiro de campo e destinados à crítica social e política, ambos escritos em sextilha e representativos da cultura gaúcha nos dois lados da fronteira. A diferença é que Martin Fierro mereceu estudos profundos de argentinos do porte de Jorge Luiz Borges, enquanto os intelectuais do Brasil, como um todo, pouco conhecem do nosso Antônio Chimango.
Assim sendo, nada mais justo do que iniciar as comemorações do centésimo aniversário de uma das obras mais preciosas da literatura brasileira, com um espetáculo musical orquestrado pela Ospa. A música é irmã da poesia. E ambas só sabem respirar o ar puro da liberdade.
Arthur Barbosa
Regente
Bacharel em violino pela Universidade Federal da Paraíba, Arthur Barbosa iniciou seus estudos de violino em 1977 com Alberto Jaffé. Em composição, teve aulas com alguns grandes mestres, entre eles Hans Koelheuter. Se especializou no Chile em 1990, quando tocou na Filarmonica de Santiago. Em seguida foi para a Argentina, onde foi spalla da Orquesta de San Luis.
Em 1996 voltou ao Brasil, onde atua como spalla de naipe da Orquestra de Camara da Ulbra e é co-criador do projeto Sinos a Corda, na Unisinos. É Primeiro Violino da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
Entre 1997 e 2003 participou como co-fundador do projeto Orquesta Juvenil del Mercosur, e tornou-se membro fundador da Fundación de Acción Social por la Musica, com sede em Buenos Aires (RA). Em 1999, começou a estudar regência. Suas obras têm sido executadas por orquestras como Camerata Bern (Suíça), Klagenfurt Symphony Orchestra (Austria), Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Brasil), Orquestra Sinfônica de Mendoza (Argentina), Southern Mississipi Symphony Orchestra (USA), Symphony of the Americas (Flórida-USA), Orquestra de Câmara da Ulbra (RS), Orquestra Sinfônica Nacional (Brasília), entre outras.
Também tem se destacado na criação de trilhas sonoras para espetáculos diversos pelas quais foi indicado a vários prêmios no estado. Ganhou o Açorianos em 2005 e em 2010 de melhor trilha sonora em dança e teatro. Teve seu CD autoral “Concerto Incidental” como um dos selecionados para o 23º Prêmio da Música Brasileira.
Em 2013 foi convidado pelo Ministério da Cultura brasileiro a fazer parte da comitiva de dez maestros que representaram o país tanto dando assessoria consultiva como ativamente visitando a Venezuela, país com o qual o Brasil firmou acordo a fim de introduzir no Brasil núcleos baseados no sistema de orquestras juvenis daquele país.
Atualmente, além de músico da Ospa, é Regente Titular da Orquestra Eleazar de Carvalho (Fortaleza) e da Ospa Jovem (Porto Alegre).
Alpheu Godinho
Libreto
Alpheu Ney Godinho nasceu em Porto Alegre, em 16 de dezembro de 1936. Bacharelou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, em 1979.
É cineasta amador desde 1954 e profissional a partir de 1970.
Foi Assessor Técnico na Secretaria de Estado da Cultura do Estado do RS, no período de 1999/2002.
Em 2003 e 2004 foi premiado nos Concursos: Histórias de Trabalho – 10ª Edição, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – RS, com o conto “Sombras”; 13º Concurso de Contos Luiz Vilela – da Fundação Cultural de Ituiutaba – Ituiutaba – MG, com o conto “Batismo”; Nacional de Contos Newton Sampaio, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, com o conto “Um Maragato” (com o título de “Respingos de Sangue”).
Participou das seguintes antologias literárias: “101 que Contam” (2004), “Brevíssimos” (2005), “Histórias de Quinta” (2005 e “30 Contos Imperdíveis” (2006), organizadas por Charles Kiefer.
Em 2007, teve publicada sua antologia pessoal de contos “Eros em Decúbito e Outras Histórias”, editada pela editora Palmarinca de Porto Alegre – RS. Prêmio Açorianos 2008, para o autor da capa: Rudiran Messias.
Em 2008, adaptou o libreto do espetáculo musical francês “Notre Dame de Paris”, registrado na Biblioteca Nacional (nº do registro 418.252) sob o título de “O Corcunda de Notre Dame”; no mesmo ano adaptou para ópera o poema “Antônio Chimango”, registrou-o na Biblioteca Nacional (sob nº419.541), tendo o projeto cultural aprovado pela Lei Rouanet (Pronac nº 08 0189). Reapresentado e aprovado em 29/04/2011 – PRONAC N° 110750.
Em 2011 adaptou para libreto de ópera o romance “Frankenstein, ou o Moderno Prometeu” de Mary Shelley, com o título de “Frankenstein, a Ópera” – Conforme Registro n° 534.604 da Fundação Biblioteca Nacional.
Desde (2012) trabalha na adaptação para espetáculo musical (Ópera), do romance clássico, anônimo “As Mil e Uma Noites”.
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Música americana de bombacha e gaita ponto
Depois de ter sido cancelada por falta de apoio em 2005, o mês outubro vai marcar a primeira edição do Festival Jazz às Pampas, produto da dedicação apaixonada do pesquisador e jornalista Guinter
Kleemann. “Jazz é um vício do qual a gente nunca se livra”, brinca.
Apesar do conhecimento de Guinter – que possui uma das mais importantes discografias do gênero, com mais de 1000 discos de jazz – conseguir apoio financeiro para o projeto não foi fácil.
Tanto que o cachê camarada dos músicos será pago pela única empresa que se interessou pelo Festival. “Aconteceu mais de uma vez de o encarregado do marketing achar que jazz era uma dança”, revela a produtora Ivana Dalle Molle.
Mesmo com um caráter independente, o festival nasce importante. Vai acontecer no Theatro
São Pedro (nos dias 21, 22 e 23 de outubro) e reunirá mais de 70 músicos locais, cujas influências
conferem uma sonoridade própria ao estilo.
Bairrista assumido – “moro na República do Piratini” – o curador do festival observa que a música regional e platina influencia muito os compositores gaúchos, abrindo espaço para os “derivados do jazz”. “Quem for ao teatro esperando um cover dos americanos, vai se decepcionar”, alerta Guinter.
Ele também lembra o parentesco entre o estilo de Nova Orleans e a bossa-nova. “O mestre Tom Jobim
é o melhor exemplo de jazz latino”, elogia Guinter.
Mas não deixa de citar que as influências tupiniquins também chegaram ao hemisfério de cima. “John Coltrane gravou Bahia”, complementa. O principal objetivo do Jazz às Pampas é resgatar o circuito local
do gênero, que hoje está restrito ao Bar Odeon, na Andrade Neves, e – mais recentemente – à Casa dos Bancários, na Ladeira. “É tanta gente boa aqui que tem bandas sobrando na programação”, comemora Guinter.
Saudosista, o curador lembra que “houve um tempo em que existiam muitas casas de jazz em Porto Alegre”. Ele credita a decadência do gênero na capital à chegada das canções modernas, nas quais a
letra é mais importante que a harmonia. “O jazz é muito mais instrumental, ainda que existam alguns cantores”.
Outro fator determinante foi a eletrificação da música, característica que o festival também
vai enfatizar nos shows, que serão acústicos. “A amplificação deixa o som chapado”, critica Guinter.
A primeira edição vai homenagear a legendária Ivone Pacheco, considerada “a dama do jazz na Capital”.
Há 26 anos, ela criou um clube secreto que reúne músicos no porão da sua casa: o Take Five. É
Ivone quem abre a primeira noite de espetáculos, com Ricardo Arenhaldt e Luciano Kersting.
Serviço:
O quê: Festival Jazz às Pampas.
Quando:
Noite de Abertura: Terça 21/10:
* Ivone Pacheco, Luciano e Ramiro Kersting
* Caixa Preta com participação especial de Andréa Cavalheiro (Hard Working Band)
* Camerata Brasileira – participação especial Plauto Cruz
*Dionara Schneider Plauto Cruz e convidados
* Adão Pinheiro e quarteto
Segunda Noite: Quarta 22/10:
* Barlavento Quarteto de Saxofones e convidados
* Sexteto Blazz com participação especial de Solon Fishbone,
* Trezegraus – Cordas + Percussão- James Liberato, Tiago Colombo, Ana Paula Freire, Luis Jakka
* Tonda Y Su Combo – participação especial de Jorginho do Trumpete, Rochinha e Cláudio Sander
Terceira Noite:Quinta 23/10
* Trio de Janeiro – lançamento do 3º CD Scenário Urbano,
* Quartchêto – participação especial Arthur de Faria,
* Geraldo Flach , Marcelo Corsetti – Xquinas,
* Porto Alegre Orquestra de Espetáculos – (Big Band Maestro Garoto)
Onde: Theatro São Pedro.
Horário: 20 horas.
Quanto: Os ingressos variam
entre R$25,00 (platéia) e R$10,00
(galerias). Com desconto de 50%
para o Clube do Assinante ZH.
Circuito jazzista está restrito
O saxofonista gaúcho Claudio Sander é uma atração do festival bairrista que acontece em outubro
Música americana de bombacha e gaita ponto
A batalha que levou centenas ao São Pedro
Adriana Lampert
A renomada companhia Deutches Theater apresentou sua versão de Os Persas, de Ésquilo, nos dias 03 e 04 de setembro, no Theatro São Pedro, para uma platéia atenta e cheia de expectativas. Com a direção do búlgaro Dimiter Gotscheff o espetáculo faz uma homenagem sutil à linguagem cênica do teatro grego em um formato contemporâneo. A história contada é uma adaptação de Heiner Müller para o texto de Ésquilo datado de 472 a. C., baseado em fatos inerentes à época do autor e não na mitologia. A peça fala da batalha de Salamina, que o exército persa perdeu para os gregos, pondo fim a uma longa história de dominação.
Na montagem da Deutches Theater, pouca ação e excesso de texto exigem dos atores uma encenação onde o que conta é a intensidade de sentimentos. Almut Zilcher é quem mais atinge este objetivo, justamente porque sua personagem é quem mais sofre com o resultado da batalha, até o dia em que descobre que seu filho sobreviveu. Ela intepreta Atossa mãe de Xerxes (Samuel Finzi), o rei derrotado.
Por sua vez, Finzi e seu colega Wolfram Koch levam outra energia ao palco, bem mais leve e por vezes cômica e debochada. Os dois são carismáticos em cena, mostrando grande harmonia, principalmente quando interpretam (ao mesmo tempo) o mensageiro. São eles que iniciam o espetáculo divididos por uma parede de madeira de cinco metros de altura que divide o palco ao meio. Ela representa o motivo da batalha de Salamina, onde o exército persa perde para os gregos, que os mantém sob seu jugo por longo tempo. Em seguida, a ação se passa em Susa, capital da Pérsia.
É aí que inicia a versão dos derrotados através do coro feito por Margit Bendokat – atriz com grande potencial de interpretação, mas que sozinha, na condição de coro, torna-se um pouco cansativa aos ouvidos da platéia.
Apesar do diretor não investir em grande fisicalidade nas ações, existe um jogo sensível entre os atores e suas sombras projetadas na grande parede, único cenário que se movimenta em várias direções no decorrer do espetáculo.
Os Persas é recheado de sutilezas bem executadas como as relações não explícitas, mas densas, que ocorrem em cenas distintas, com ações simultâneas. Porém nem sempre uma grande companhia como a Deutches Theater apresenta um espetáculo arrebatador. A promessa de que seria um dos melhores espetáculos do 15º Porto Alegre em Cena não se concretizou para algumas pessoas – mas a companhia vinda de Berlim (Alemanha) cumpriu seu papel ao apresentar teatro de qualidade, incontestavelmente maduro e bem resolvido.
Édipo revisitado
Naira Hofmeister
Os primeiros acordes da guitarra de Keith Richards em Time is on my side surpreendem o público no Theatro São Pedro, especialmente levando em conta o cenário montado no palco, com estátuas gregas e elementos que remontam a 2.500 anos atrás.
A trilha sonora – composta por canções das décadas de 1960 e 70 dos Rolling Stones – é possivelmente a única surpresa da interpretação que o gaúcho Luciano Alabarse faz da tragédia de Édipo, escrita por Sófocles.
A história não precisa ser detalhada: Édipo é aquele cara que matou o pai e casou com a própria mãe sem saber. Torna-se um rei poderoso, mas sucumbe quando descobre sua verdadeira origem. Como castigo, arranca os próprios olhos e bane a si mesmo do reino de Tebas, que governava.
A escolha dos ingleses para embalar a tragédia soa um pouco estranha em determinados momentos e não acrescenta significados para o espetáculo. É discutível o mérito de Alabarse em tentar aproximar culturas cuja distância pode ser lida nas siglas a.C/d.C. Ainda assim, para fãs da banda é um convite a mais para assistir ao espetáculo, que chega ao seu último final de semana no Theatro São Pedro.
Fora o rock n’ roll, está tudo de acordo com a assinatura do diretor, que sempre preza por cenários e figurinos impecáveis e atuações sinceras. No caso, especialmente do protagonista, cujas fases adulta e velha são interpretadas por Marcelo Adams e Carlos Cunha Filho em diferentes momentos.
A montagem de Luciano Alabarse é recomendável, mas o público tem que estar consciente de alguns detalhes. São duas horas e meia de espetáculo, com texto que apesar de adaptado, segue a estrutura e racionalidade do teatro grego de 400 a.C.
A pouca semelhança com a novela das oito parece importunar a platéia, que depois de assistir à tragédia propriamente dita – entenda-se como o protagonista castigando a si mesmo – começa a ligar celulares para saber que horas são. E ainda há uns 40 minutos do epílogo.
O teatro clássico pode não ser tão comovente quanto alguns espetáculos contemporâneos , mas é fundamental que seja encenado.
Édipo provoca não apenas consternação e pena por seu destino. Permite uma reflexão sobre a trajetória humana, os dramas que nos comovem, os laços que nos unem e que 2500 anos não foram suficientes para desfazer. É tão atual que a psicanálise deu seu nome a um sintoma que só perdeu o posto de mais popular da ciência quando os terapeutas diagnosticaram o transtorno bipolar.
Édipo
Texto de Sófocles/Direção de Luciano Alabarse
Local: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº)
Datas: 12, 13, 14 e 15 de junho
Hora: de quinta a sábado às 21h e domingo às 18h (nesse dia, após o espetáculo, haverá debate com Marisa Eizirik, Tânia Fonseca, Ivo Bender e Luciano Alabarse)
Preços: R$ 30,00 (platéia) R$ 20,00 (camarotes centrais) R$ 15,00 (camarotes laterais) e R$ 10,00 (galerias)
Descontos: 50% de desconto para titular e acompanhante do Clube do Assinante ZH, 50% de desconto para estudantes, 50% de desconto para acima de 60 anos e 50% de desconto para sócios da AATSP