A cinco meses das urnas

Geraldo Hasse
Em vez de esperar um enganoso salvador da pátria o povo precisa construir partidos confiáveis.
Os petistas dizem que eleição sem Lula é fraude, mas mantê-lo como candidato configura uma espécie de blefe. A esta altura do jogo, parece não haver chance de que ele seja libertado antes da eleição do novo presidente, dentro de cinco meses.
Sobram os outros candidatos. Algum deles – Alckmin? Barbosa? Bolsonaro? Ciro? Maia? Marina? – tem cara de que pode corresponder às aspirações da maioria da população?
Não precisa ser o salvador da pátria nem o redentor dos pobres. Bastaria que fosse uma síntese do que de melhor fizeram Getúlio e Lula nos seus respectivos mandatos.
Quem parece mais próximo desse perfil é Ciro Gomes, candidato pelo PDT, o partido de Brizola. Se estivesse vivo, Tio Briza abençoaria o boquirroto do Ceará?
Temos muitas dúvidas e poucas certezas. Uma delas é que a saída para tamanho impasse não virá de agentes do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.
Os três famosos poderes da República hospedam um funcionalismo que se acredita depositário de direitos supremos. Tragédia.
Talvez apenas os agentes das bases, nos postos de saúde e repartições de ensino do interior, possam ser isentados da pecha de parasitas da nação. São 4,8 milhões de funcionários públicos federais, estaduais e municipais.
Quanto mais altos os cargos, maiores os salários e as mordomias, espelhando dentro da burocracia estatal a desigualdade existente na sociedade em geral. Dupla tragédia.
Mesmo assim, é preciso acreditar que as distorções do poder econômico e político possam ser corrigidas. Pobre esperança. No Supremo Tribunal Federal, os ministros ficam fazendo média uns com os outros, aparentemente perturbados pelas luzes das câmeras de televisão e temerosos de tomar decisões que só a eles compete tomar.
Parecem contemporizadores de ofício.Há quem acredite que eles julgarão melhor sem TV.
Mais corajosos parecem ser os militares, a quem compete garantir a ordem interna e manter as fronteiras livres, mas esses servidores públicos, que se caracterizam pela disciplina, também têm medo de avançar além de pronunciamentos verbais ou por escrito – ações só dentro dos regulamentos, ainda bem e benza-os Deus.
O candidato Bolsonaro, felizmente, só representa a parcela mais desvairada desse segmento do serviço público.
Então volta a pergunta: quem vai colocar o(s) guizo(s) no rabo do(s) gato(s)?
Evidentemente, com Lula fora do baralho, o próprio povo terá de buscar uma saída para o impasse vigente. Que a Globo se sujeite, não há solução fora da democracia.
Em 7 de outubro, temos a obrigação de eleger deputados decentes, senadores dignos, governadores corretos e uma chapa presidencial confiável.
CONSOLO DE CRISTÃO
Apenas uma parcela da riqueza acumulada nas mãos das elites é suficiente para redimir a pobreza espalhada pelos bolsões onde proliferam as doenças, a fome e a raiva.
 

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