O prefeito e seus aliados, obviamente, vão desqualificar o estudo feito pelo Instituto Idea sobre a situação das finanças públicas de Porto Alegre.
Vão argumentar que os autores são notórios petistas e que produziram uma peça para a campanha eleitoral deste ano.
Tudo isso é verdade, mas não toca no essencial: na realidade dos fatos que os números apresentados e analisados no estudo resumem.
Os autores reuniram dados oficiais – de instituições de pesquisa, como o IBGE, de órgãos do governo, como o a Secretaria da Fazenda – que revelam uma situação das finanças municipais muito discrepante da que é apresentada reiteradamente pelo prefeito e sua equipe.
Se os dados e gráficos apresentados no estudo não forem contestados ponto a ponto, será inevitável concluir que a situação das finanças apresentada pelo prefeito e seus aliados é, como diz o estudo, “um simulacro de crise”.
Nesse caso, não é mais uma questão partidária ou eleitoral.
É algo muito mais grave: trata-se de mentir sobre o orçamento público, que é o instrumento mais importante da administração municipal. Pior ainda: para justificar decisões que impactam a administração pública e os serviços prestados à população.
A mídia comercial não se interessou pelo assunto, é provável que se limite a um registro secundário.
Afinal, não é pequeno o poder emoliente de R$ 30 milhões, que é o valor estimado das verbas publicitárias que a prefeitura dispõe este ano.
Nem por isso deixa de ser uma questão que deveria inclusive ser esclarecida pelo Ministério Público, para que não se dilua num embate eleitoral uma denúncia tão grave como essa.