Como está todo mundo em casa se informando pela Globo, pela Folha ou o Estadão e suas afiliadas e blogs e sites, ainda não caiu a ficha sobre as manifestações do sábado passado, 29 de maio (marquem a data).
Os ditos jornalões e seus agregados não acreditaram na mobilização. Não se interessaram pelos preparativos, ou sequer noticiáram que ia acontecer, Os governistas eu nem cito, porque é ocioso.
O fato é que, leitor desses guardiões da democracia, fui à esquina democrática em Porto Alegre, onde foi marcado o início da manifestação, para ver um fracasso,
Há seis meses não ia a Porto Alegre, cheguei na véspera e o que vi sobre os protestos marcados para o sábado 29, foram esparsos cartazes apócrifos colados em algumas paredes na avenida Borges da Medeiros.
Devo confessar que, embora já com as duas vacinas e me sentindo razoávelmente protegido, eu não teria ido se soubesse que teria tanta gente.
A companhei as passeatas de 2013, as célebres “jornadas de junho”, as de 2014 e de 2015. (Na verdade acompanho passeatas em Porto Alegre desde 1967). Digo: essa foi uma das maiores.
Quando cheguei na esquina da Borges com a Riachuelo, os espaços visíveis estavam todos tomados.
A massa vinha subindo a Borges e entrando na Riachuelo (desviando do trajeto tradicional pela Borges até o Largo Zumbi dos Palmares).
Estava a meu lado o colega Flávio Ilha, ficamos vendo as fileiras passando, todos de máscara, procurando manter um minimo de distanciamento.
Era visível que havia uma organização, um ritmo no andamento e era muita gente. Várias vezes comentamos: uma das maiores já acontecidas em Porto Alegre em período recente.
Mais do que a quantidade: um “clima” diferente das mobilizações controladas por partidos, nas palavras de ordem e nas alegorias, estrategicamente entremeadas com os grupos de tambores ao longo da marcha. O predominio de jovens.
Vendo as manifestações por todo o país, ouso dizer: foi o mais duro golpe em Bolsonaro, porque anula as suas armas principais: o medo e a ameaça, Ele não está mais sozinho nas ruas.
Ouvi dizer que uma outra manifestação está sendo convocada para o próximo dia 12. Estou curioso para ver, mas acho que a barreira do medo foi vencida e as ruas agora vão para cima do Bolsonaro.