Entre Namíbia e Noruega

Vilson Antonio Romero
No sudoeste da África, em cerca de 825 mil km2, vivem mais de 1,9 milhões de pessoas, compartilhando seu espaço com dois grandes desertos, o da Namíbia e o de Kahlahari. Fronteiriça com Angola, Botswana, África do Sul, Zimbabwe e Zâmbia, e banhada pelo Oceano Atlântico, a República da Namíbia, com um PIB de US$ 9 bilhões, é o segundo maior produtor mundial de chumbo e possui expressivas reservas de urânio e diamantes.
Mesmo tendo a menor densidade demográfica do planeta, é o país mais desigual do mundo, aliado à constatação de que aproximadamente 15% de sua população é soropositiva do HIV, chaga que assola o continente africano.
Com muitas montanhas e um terço de seu território situado ao norte do Círculo Polar Ártico, mais precisamente na península escandinava, localizamos os mais de 4,5 milhões de habitantes, que ocupam os 386 mil Km2 da monarquia constitucional da Noruega. Costeados pela Rússia, Finlândia e Suécia e banhados pelo Mar do Norte e Oceano Atlântico, vivem 4,5 milhões de noruegueses, produzindo um PIB de US$ 152 bilhões. O país dos fiordes, do bacalhau, do sol da meia-noite e da aurora boreal destaca-se como uma das indústrias pesqueiras mais importantes do mundo, bem como grande exportador de gás natural, petróleo e carvão.
Por que tudo isto? Porque a Namíbia foi apontada como a nação ocupante da 125ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano, divulgado pela ONU e a Noruega continua, pela quinta vez consecutiva, liderando a classificação, que considera dados de 2003.
No meio destes dois países, encontramos o Brasil, na 63ª posição entre 177 nações analisadas. Em 8,5 milhões de Km2, mais de 184 milhões de pessoas produzem um PIB de mais de R$ 1,5 trilhão. Apesar disto, e sabedores que os números de 2004 e 2005, mais alvissareiros, com crescimento da economia, podem resultar em um novo e melhor enquadramento, há dados alarmantes: o Brasil “miserável” – 10% mais pobres – é o 6º mais pobre do mundo e a desigualdade nacional é a 8ª maior do planeta, somente superada, segundo a ONU, por Namíbia, Lesoto, Botswana, Serra Leoa, República Centro-Africana, Suazilândia e Guatemala.
Por mais que o primeiro mandatário da Nação, impassível aos escândalos que pululam à sua volta, tenha dito, no dia da Pátria, que a economia, a indústria, o comércio, as exportações, o emprego, o salário, a transferência de renda para os mais pobres, tudo cresce em seu governo, paralelamente às quedas da inflação e do custo da cesta, muito ainda há a nos preocupar no desfraldar diário de nossa bandeira.
Embora estejamos longe da Namíbia, com seus safáris, 300 dias de sol anuais e sua desigualdade, falta muito para chegarmos próximos ao reino da Noruega, suas 75 mil ilhas e o vento cortante das ruas de Oslo, a capital. O abismo entre ricos e pobres perdura como uma das maiores pragas a serem enfrentadas pelos governos e muito há a ser construído na direção de uma melhor qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, como demonstram a ONU e suas estatísticas.
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(*) jornalista, administrador público, auditor fiscal da Receita Federal do Brasil, diretor de Direitos Sociais e Imprensa Livre da Associação Riograndense de Imprensa e consultor da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social – E-mail: Vilson.romero@terra.com.br

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