RAUL ELLWANGER
O grande compositor mineiro disse que a MPB “está uma merda”. Discordo.
Cancionistas, chorões, arranjadores, cantoras se mantém e surgem às centenas, com alta qualidade. Citemos Simone Guimarães, Pablo Lanzoni, Pedro Franco, Claudia Amorim, Oscar dos Reis, Camila Lopes, Everson Vargas, Monica Salmaso, Luis Claudio Ramos.
O que, sim, tornou-se uma imensa cloaca é a mídia pública. Na grande midia aberta, há dois monopólios.
O primeiro é comercial, que impõe desde 1985 o repertório medíocre que será escutado e vendido no país, parindo o êxito das Misiboras e dos Minitelos. Aqui falamos de dinheiro.
O segundo monopólio é de conteúdo da musica difundida no país, que silencia os temas de politica, de região, sociais, filosóficos, de protestos, de amores verdadeiros, de gênero.
Trata-se de uma política cultural autoritária, que priva os brasileiros de conhecer sua riqueza musical (em especial a regional). Trata-se de uma ditadura deseducadora planejada e executada para encher nossos ouvidos de bobagens.
Trata-se de matar uma cultura, um entretenimento, um saber. Nos querem burros, desinformados, vulgares.
Há quantos anos não surgem como fenômeno de massa interpretes e compositor@s de boa e normal MPB? Será acaso? Terá sido o Djavan o último, na década de ’80?
Nos 7 anos em que “sumiu”, Cartola seguiu fazendo suas canções, mesmo que não aparecessem. As obras de Charles Ives foram conhecidas após sua morte.
Nossa gloriosa MPB pulsa firme por detrás da cortina de ocultamento que os poderosos tecem, como o sangue vital e invisível que anima cada fração de nossos viveres.