ELMAR BONES
O Espírito Santo tem menos de 4 milhões de habitantes, 2% da população brasileira, 0,5% do território nacional.
O que ocorre lá há uma semana é, em escala piloto, o que pode ocorrer em todo o país, se a crise política e econômica continuar se aprofundando.
O atraso nos salários e as más condições de trabalho que levaram os policiais militares à greve…a onda da violência que se desencadeou na região metropolitana da capital, Vitória, com a falta de policiamento nas ruas…
São ingredientes de uma situação latente em todas as capitais brasileiras, em muitas delas, o Rio, por exemplo, com potencial explosivo ainda maior.
O saldo neste sábado à tarde era de 138 mortos, 300 casas comerciais arrombadas, 200 carros roubados, saques a lojas e supermercados na periferia de Vitória.
Uma relativa normalidade era garantida por cerca de 3.200 homens do Exército, que desde a quarta-feira patrulham as áreas mais movimentadas da capital e cidades do entorno.
Como num laboratório social, no Espírito Santo misturou-se a falência do poder público, que não consegue garantir nem o básico policiamento das ruas, o esfacelamento da cidadania, desamparada e ameaçada pelo desemprego e a pobreza, o crime organizado cada vez mais armado e poderoso…
O resultado é uma situação explosiva que leva sempre à mesma solução: intervenção das Forças Armadas.
Como naquela propaganda, o recado que o Espírito Santo parece mandar ao Brasil é esse: “Eu sou você amanhã”.