Reflexão sobre a perda de policiais em ação.

A morte de um casal de irmãos é uma indicação de todas as famílias estão cercadas pela bandidagem.
No enfrentamento da violência e da criminalidade, as baixas que sofrem a organizações policiais estão projetadas em cálculos realizados com absoluta frieza pelos estrategistas em segurança pública. Essas baixas são as materiais e em vidas humanas. As baixas materiais são diárias e permanentes. A perda de vidas são eventuais, mas estão diretamente vinculadas ao nível de violência médio que é constatado através das estatísticas oficiais. Os serviços de inteligência – uma vez existente, é claro, – têm condições de projetar quantos civis vão morrer em determinado espaço de tempo, vítimas da bandidagem e, com precisão maior, quantos policiais deverão ser medalhados depois de mortos. É doloroso isso. É, evidentemente. No entanto, trata-se de algo que pode, no máximo, ficar sob controle, mas nunca será inevitável. Sigam-me.
O cerco
A morte dos PMs Leandro Murussi Prestes, 29 anos, e de Michele Muri Prestes, 24 anos, tem, no quadro da violência e da criminalidade em que todos nós somos personagens, pelo menos duas significações. Primeira, a realidade da missão policial, que muitas vezes é confundida com as séries de TV onde os defensores da lei resultam salvos e sorridentes; segunda, a confirmação de que estamos todos cercados, pois Leandro e Michele, mais do que brigadianos, eram irmãos de sangue. A morte de Leandro e Michele, num espaço de duas semanas, é um desenho do risco que correm todas as famílias deste nosso Rio Grande enquanto a segurança pública não for prioridade dos go-vernantes e, quando escrevo governantes, refiro-me, sempre, aos Três Poderes, pois todos eles são responsáveis diretos pela vida de cada cidadão.
Segurança em debate
Os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre estarão, hoje, a partir das 14h30min, participando de um debate na Asdep (Associação dos Delegados de Polícia do RS), cuja sede se localiza na rua Visconde de Inhaúma, 56, próximo do Estádio Olímpico Monumental e da rótula do Papa, no bairro Azenha. Segundo o presidente da entidade, Wilson Müller, será uma oportunidade única dos candidatos centralizarem suas idéias num dos temas que mais preocupa os eleitores, a segurança pública. A cúpula da segurança pública deverá estar presente além da representação de todas as entidades que representam os segmentos dos profissionais da área.
Crime e castigo
É grave o estado de saúde do homem identificado como Volnei da Silva Ribeiro, 28 anos, que trocou tiros, na manhã de ontem, com o PM André Daniel de Vargas, 34 anos, que levou um tiro de raspão na barriga e foi medicado no HPS. Volnei, acusado de estuprar uma jovem de 19 anos, levou três tiros e foi internado no Hospital Cristo Redentor. O atentado contra a jovem ocorreu no bairro Humaitá, Zona Norte da capital.
Assassinatos
O corpo do segurança Dênis Mariano Nunes, 26 anos, foi encontrado por volta das 6h10min de ontem na avenida Princesa Isabel, esquina com a Avenida Azenha, em frente à CEEE. Nunes foi baleado quatro vezes nas costas. Um quinto projétil chegou a ser lançado, mas atingiu apenas um muro. Segurança da cervejaria Sttutgart, ele portava um revólver calibre 38 com a numeração raspada. O segurança trabalhou normalmente na casa noturna até as 6h e foi morto quando se deslocava para sua residência, no bairro Restinga. Na Vila Augusta, em Viamão, o dono de um açougue foi assassinado a tiros, ontem. As causas do crime ainda são desconhecidas.
Velhos truques
Valendo-se de dois velhos truques, uma serrinha para cortar grades e uma jibóia (corta feita de lençóis e cobertores) o bandido Juliano Silveira, 26 anos, escapuliu da Penitenciária Modulada de Osório. A fuga foi constatada ontem. Juliano é membro da quadrilha de um dos mais famosos bandidos gaúchos, que se encontra preso, José Carlos dos Santos, o Seco.
Cabeças cortadas
Até ontem, pelo menos 25 membros da secretaria da Segurança Pública foram exonerados de suas funções, com publicação no Diário Oficial. Não há notícia de que a decisão tenha passado pelo crivo do titular da pasta, Edson de Oliveira Goulart, que teria sido um dos últimos a saber do corte de cabeças. Detalhe interessante é o de que o PMs lotados naquela secretaria permanecem como intocáveis.

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