Seria uma manchete, mas está na ZH desta quarta, encoberta por um título em que a indústria de armas Taurus se explica. A passagem por Porto Alegre de Fares Mohamed Mana-á, um dos nomes do terrorismo internacional.
Fares Mohamed Mana-á tem um verbete como político e traficante de armas na Wikipédia desde 2011, mas a Taurus, que exporta armas há décadas, não sabia nada que o desabonasse.
Vendeu-lhe oito mil revólveres e pistolas em 2013 e, em 2015, vendeu um novo lote de três mil no total de dois milhões de dólares. E trouxe-o a Porto Alegre como convidado especialíssimo.
A notícia não esclarece se a visita de Fares Mohamed Mana’a foi antes ou depois do negócio fechado.
Com todas as despesas pagas, ele veio conhecer a fábrica de onde sairam as armas que ele estava comprando. Tudo numa reserva tamanha que nem os “colunistas bem informados” ficaram sabendo. Quem soube não publicou.
A explicação da Taurus, que usurpou a manchete, é que nada sabia e, quando soube que se tratava de uma organização que tem parceria com a Al-Qaeda, interceptou o lote de armas que já estava a caminho.
O assunto foi levantado pela agência de notícias Reuters, a partir de uma investigação internacional.
Safra de boas notícias está começando
A capa da nossa gorda e patusca ZH desta quarta-feira é exemplar: o otimismo está em alta. Começa pela manchete: “Concessões devem atrair mais capital estrangeiro”, tentando tirar leite de uma vaca magra como é o requentado pacote de concessões do ministro Padilha (fonte infalível em ZH).
Segue com outro primor: “PIB gaúcho cai, mas em menor ritmo”, minimizando o fato de ser o quarto semestre consecutivo de queda e que ainda é de 3,1%. E para não dizer que o governo não faz nada: “BM mata três assaltantes após ataque de loja”.
Sobrepondo-se a tudo, uma majestosa foto aérea da avenida Ipiranga, com a manchete, sobre fundo amarelo: “Em breve, com faixa exclusiva”. Um velho projeto de pintar de azul uma faixa de algumas avenidas para facilitar o tráfego dos coletivos nos horários de pico, prometido para o próximo dezembro.
Como dizia o finado Buonocuore: “Há que se aguentar com os novos tempos”