VILSON ROMERO/Famélica Pátria verde-amarela

Vilson Antonio Romero (*)

O planeta Terra está faminto.

A ONU denuncia que há 193 milhões de pessoas em 53 países em situação de insegurança alimentar aguda, ou seja, precisam de assistência urgente para sobreviver.

E o Brasil não está fora deste famélico mapa mundi, como revela a Rede Penssan: 33 milhões de brasileiros passam fome, e mais da metade (58,7%) da população tem pouco ou quase nenhuma comida no prato.

Como causas, além da pandemia, a crise econômica, o desemprego e a inflação impulsionando a favelização e a população em situação de rua. Os mais de 12 milhões de desempregados e de 5 milhões de desalentados (que desistiram de procurar trabalho) estão na ponta deste iceberg da fome.

O número de favelas e palafitas nas médias e grandes cidades dobrou desde 2010, passando de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 743 cidades.

A renda média domiciliar “per capita” caiu para R$ 1.353, menor nível desde 2012, segundo o IBGE. O FGV Social acrescenta que quase 11% dos brasileiros, mais de 23 milhões de pessoas, terminaram 2021 abaixo da linha da pobreza, com menos de R$ 7 ao dia.

Com o preço do gás de cozinha nas alturas, os gravetos, os tocos de árvores e a lenha voltaram a ser fonte de energia nas casas e malocas, consumindo em 2021, 24 milhões de toneladas, o maior patamar desde 2009.

Outro drama que salta aos olhos em cada esquina, semáforo, marquise ou viaduto é o aumento das “pessoas em situação de rua”, os “homeless”, o lumpesinato que o êxodo rural, a desocupação, a vagabundagem ou a drogadição empurra para as cidades

Levantamento da UFMG aponta que só em 2022, mais de 26 mil pessoas foram morar nas ruas. Essa população saltou de 158 mil em 2021, para 185 mil em maio último, em contagem, inequivocamente, subavaliada, em todo o Brasil.

As iniciativas voluntárias têm se revelado insuficientes para enfrentar essa tragédia, pois desde quando, nos anos 90, Herbert de Souza liderou a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, apesar de as campanhas comunitárias continuarem, involuímos, como diagnostica a rede Penssan, pois as políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas 4,2% dos lares brasileiros, foram abandonadas.

Os parlamentares e governantes que assumem em 2023 devem se comprometer com essa meta: comida no prato dos brasileiros.

Como, na nona maior economia do mundo e no segundo maior exportador de alimentos, tem tanta gente passando fome? A calamidade do prato vazio está nas ruas. Alimentos para nossos irmãos!

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(*) jornalista, auditor fiscal aposentado, vice-presidente da Associação Riograndense de Imprensa e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip)

 

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Um comentário em “VILSON ROMERO/Famélica Pátria verde-amarela”

  1. A condição de pobreza de povos no mundo é uma decorrência do egoísmo daqueles que detêm grandes fortunas, se esquecem de seus semelhantes infortunados, e pensam que vão levar tudo consigo no caixão.
    No plano político, por exemplo, no Brasil, a fome, o estado de miserabilidade de grande parte de sua população desassistida, é uma decorrência da falta de seriedade de nossos governos e políticos, que descumprem as obrigações constitucionais com a dignidade da pessoa humana, não trabalham para erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
    No Brasil, os famélicos continuarão a passar fome e comer o pão que o diabo amassou enquanto (1) persistir a corrupção política desviando dinheiro da nação; (2) a máquina pública não for enxugada com a redução dos gastos nos Três Poderes, exemplos: a orgia das despesas com a ilha da fantasia Brasília e o inchado e inoperante Congresso Nacional, repleto de parlamentares desnecessários, montados em indecentes mordomias; (3) as normas fiscais forem desrespeitadas; (4) destinarem bilhões de dinheiro público para política em detrimento das necessidades sociais etc.

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