Zero Hora e os jornais de bairro

Por Elmar Bones
Zero Hora está lançando quatro cadernos de bairro em Porto Alegre – Bom Fim, Moinhos de Vento, Bela Vista e Zona Sul.
Para nós é uma vitória ver que o maior jornal do Estado reconhece a importância desses mercados.
Há quase duas décadas nós apostamos no micro-jornalismo e defendemos a importância da informação local, da cobertura aos fatos e à vida das comunidades, geralmente abandonadas pelos grandes veículos.
Agora, eles se voltam para o mercado local. A concorrência é sempre saudável e informação nunca é demais. Diversidade é a palavra chave quando se trata de comunicação.
Mas é preciso atentar para o seguinte: não é a primeira tentativa que Zero Hora faz no jornalismo de bairro em Porto Alegre. A primeira, há dez anos mais ou menos, durou dois anos e meio, o tempo suficiente para aniquilar um florescente grupo de pequenos jornais, que se firmavam nos principais bairros da cidade.
O nosso JÁ Bom Fim foi um dos poucos que sobreviveu e levou anos para se recuperar. Hoje há uma segunda leva de jornais comunitários florescendo na cidade. Serão novamente arrasados?
Acredito que as condições são muito diferentes hoje e pode ocorrer o contrário: com seu poderio, ZH chamar atenção para os mercados dos bairros, valorizando não só os seus cadernos mas toda essa rede de pequenos jornais locais – são mais de vinte.
Se a iniciativa deriva do espírito monopolista e a intenção for apenas limpar o mercado de “ervas daninhas”, pode ser mais um tiro no pé. Os jornais de bairro hoje são pequenos arbustos, bem enraizados.
Se for uma iniciativa consciente, voltada para os interesses das comunidades, poderá representar o amadurecimento e a profissionalização do jornalismo de bairro em Porto Alegre. Quem viver verá.

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